*Marizelia dos Reis Ferreira

* Talita Laione Souza Santos

RESUMO

O presente trabalho visa relatar como se deu o surgimento da EJA no Brasil, mostrando a sua importância para os jovens e adultos não alfabetizados. E como é a relação entre os professores e os alunos, mostrando a necessidade de escolas e professores mais qualificados e preparados, para que possa trabalhar com esse público os incentivado, para não apenas aprender a ler e escrever, mas que tenha uma educação continuada e com uma visão crítica, relacionado com a visita a uma determinadaescola do município de Jequié Bahia.

Palavras - chave: professor, aluno, alfabetização, relação professor e aluno.

INTRODUÇÃO

Foi a partir do período de desenvolvimento industrial no Brasil no século XX, que houve a necessidade de escolarizar o adulto, não com a intenção de qualificá-lo, mas de dominar a leitura e a escrita apenas para o mercado de trabalho. A partir daí vai surgindo o interesse político para investir na educação destes, e até mesmos os próprios jovens e adultos não alfabetizados, começam a sentir necessidades e interesses pela alfabetização para uma melhor inserção na sociedade.

Segundo Ribeiro (2001). Com as novas tecnologias o mercado de trabalho exige pessoas mais qualificadas e versáteis, capazes de compreender essas novas exigências do mercado de trabalho de maneira ampla, dotados de autonomia e iniciativas, capazes de resolver problemas não só individual, mastambém em equipe. Com capacidade de se relacionar e se comunicar continuamente, e que sejam capazes de buscar e relacionar diversas informações.

*Discentes do curso de Pedagogia. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB- Campus/ Jequié. Departamento de Ciências Humanas e Letras - DCHL.

Segundo Galvão e Di Pierro (2007). Foi a partir do século XX, que o analfabetismo no Brasil passou a ser visto pelas elites, como principal causa do atraso econômico e das mazelas sociais do país, mas até então o analfabetismo era visto como normal, as pessoas levavam uma vida mais de oralidade, onde as informações era passada de geração a geração através da fala e da vivencia com as outras pessoas. Pois a educação nessa época era privilegio de poucos, apenas as pessoas que faziam parte da elite.

Segundo Haddad e Di Pierro (2000). A educação de jovens e adultos pode ser visto que começou no Brasil por volta de 1934, mas as condições que favoreceram para que essa educação viesse a eclodir foi em torno de 1940 com o Plano Nacional de Educação. Em 1938 foi criado o INEP Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos que projetou o Fundo Nacional do Ensino Primário, no intuito de promover a educação de jovens e adultos.

Umas séries de atividades foram desenvolvidas, a partir de um órgão chamado SEA Serviço de Educação de jovens e Adultos que contribuiu e produziu material didático para mobilizar a opinião publica, bem como governos estaduais e municipais. Durante as décadas de 1940 a 1950 os índices de analfabetismo caíram e com o Congresso Nacional de Educação de Adultos no Rio de Janeiro, deu-se um novo período na educação que se caracterizou pela intensa busca de maior eficiência metodológica e pela reflexão sobre o social no pensamento pedagógico brasileiro.

Dentro desse contexto é que diversos programas e campanhas educacionais de jovens e adultos passaram a ganhar importância, são eles: Movimento de Educação de Base; Movimento da Cultura Popular do Recife; Centros Populares de Cultura; Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler e Programa Nacional de Alfabetização do Ministério da Educação e Cultura que contou com o apoio do professor Paulo Freire com o seu método Pedagógico.

A partir de 1964 com o Golpe Militar os movimentos de educação foram reprimidos, muitos dirigentes desses movimentos foram perseguidos e os seus ideais censurados; com a ditadura, a resposta do Estado autoritário tentou acabar com as práticas educativas, mas em resposta ao Regime Militar foi fundado o MovimentoBrasileiro de Alfabetização (MOBRAL) e logo em seguida a implantação do ensino Supletivo em 1971, quando foi promulgada da Lei 5.692 de 15 de dezembro de 1967 que reformulou diretrizes de ensino de primeiro e segundo graus. O MOBRAL, não deu certo devido às imposições do Estado e ao longo da década de 90 foram concebidas e tiveram inicio três programas federais de formação de jovens e adultos de baixa renda e escolaridade do qual nenhum coordenado pelo MEC, mas desenvolvidos por diferentes instâncias governamentais, organizações da sociedade civil e instituições de ensino e pesquisas são eles: Programa de Alfabetização Solidária (PAS), Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) e Plano Nacional do Trabalhador (PLANFOR), o primeiro programa destinava-se a alfabetização de adultos com duração de cinco meses, nas periferias e municípios que se encontrava em índices elevados de analfabetismo.

O segundo tem por objetivo principal a alfabetização de trabalhadores rurais assentados no MST e o terceiro programa visou ampliar e diversificar a oferta da educação profissional ou ensino profissionalizante. Atualmente existem os programas: Brasil Alfabetizado; Educação do Campo; Leia Mais; Fazendo Escola, entre outros que tem por objetivo aumentar o aceso de jovens e adultos na educação.

Enfim pôde ser percebido que desde a década de 1934 até os dias de hoje vários foram os programas desenvolvidos de jovens e adultos num intuito de diminuir o índice de analfabetismo; mesmo com alguns programas que deram certo ainda hoje é grande o numero de analfabetos e se tem muito a fazer pela educação de jovens e adultos no Brasil. Pois a maioria desses programas é de curta duração, onde os alunos apenas aprendem a fazer seu nome e ler poucas palavras.

A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NA EJA

A educação tem como finalidade enriquecer o processo de criatividade, e tem o papel de construir o conhecimento de forma abrangente; pois ela possui elementos que ajudam na formação intelectual do aluno e também em práticas que irão levar para o seu cotidiano. O educador de jovens e adultos deve ter como qualidade a capacidade de solidarizar-se com os educandos, a disposição de enfrentar dificuldades como desafios, a confiança de que todos são capazes de aprender, a ensinar e aprender numa troca mútua. Devem ser coerentes com essas posturas para que possam identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem no processo de aquisição da leitura e da escrita para em seguida reverter essa tal realidade.

Neste sentido observou-se durante a visita a escola que a interação e comunicação entre educador e educando tem uma relevância tal que pode favorecer ou não o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos da EJA, na escola a qual visitamos os alunos relataram que o professor que se preocupa e intervêm na aprendizagem individual de cada aluno, acaba promovendo uma motivação pessoal dos alunos sendo que estafacilita a superação de dificuldades encontradas.

A relação professor-aluno é fundamental para a organização e assimilação dos conteúdos. Tudo que o professor faz em sala de aula influência no desenvolvimento dos alunos. Pois a maioria vem de um longo e cansativo dia de trabalho, e anos sem irem à escola. E o professor precisa ter muita responsabilidade, dedicação e criatividade para que esses educados sejam incentivados a permanecerem na escola.

"O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um mundo diferente daquele da criança e do adolescente. Trás consigo uma história mais longa (e provavelmente mais complexa) de experiência sobre o mundo externo, sobre se mesmo e sobre as outras pessoas. Com relação à interação em situações de aprendizagens, essas peculiaridades da etapa de vida em que se encontra o fazem com que ele traga consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação com a criança) e, provavelmente, maior capacidade de reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos de aprendizagem". (Oliveira, 1999, p. 60 e 61)O educador de jovens e adultos deve ter como qualidade a capacidade de solidarizar-se com os educandos; a disposição de enfrentar dificuldades como desafios; a confiança de que todos são capazes de aprender; a ensinar e aprender numa troca mútua. Devem ser coerentes com essas posturas para que possam identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem no processo de aquisição da leitura e da escrita para em seguida reverter essa tal realidade

O professor é o mediador e incentivador de cada aluno, e o bom relacionamento, preocupação e carinho com os alunos, ajudam no seu desenvolvimento intelectual incentivando-os a continuarem freqüentando as aulas. Criando sempre métodos criativos que chame a atenção e faça com que os alunos participem das aulas, e relacionado com o que já trazem de suas experiências e vivência em seu cotidiano os deixado a vontade para participarem das aulas trazendo suas contribuições. Sendo assim:

"Algumas qualidades são essenciais ao educador de jovens e adultos são a capacidade de solidarizar-se com os educandos, a disposição de encarar dificuldades como desafios estimulantes, a confiança na capacidade de todos de aprender e ensinar. Coerentemente com esta postura é fundamental que o educador procure conhecer os educandos, suas expectativas, sua cultura, as características e problemas de seu entorno próximo, suas necessidades de aprendizagem... deverá também refletirpermanentemente sobre sua prática, buscando os meios de aperfeiçoá-la". (Programa re-aprender 1995).

Na escola que observamos, podemos perceber que há uma boa relação entre a professora e os alunos, as aulas são bem dinâmicas, onde os alunos podem participar, tem liberdade e se sentem a vontade com a professora são participativos e a respeitam. São alunos adultos com a faixa etária de 25 a 50 anos, onde a grande maioria trabalha, e são trabalhadores informais, com muita vontade de aprender, para suprir as dificuldades encontradas em seu cotidiano. De acordo com os relatos vistos, os alunos apontam que o que os estimula a freqüentarem as aulas, mesmos cansados da maratona diária é o desejo intenso de sair da condição de analfabeto e não se sentirem envergonhados por tal condição, sendo que a fator principal é a auto-estima, vêem na escola a possibilidade de se libertarem da cegueira (termo usados pelos alunos) que limita a realização de determinadas tarefas diárias, e os impede de viverem melhor dentro da sociedade.

Diante de tudo isto, podemos concluir que a relação professor e aluno facilitam o processo de ensino e aprendizagem visto que é de fundamental relevância a interação entre ambos, para que a aprendizagem se torne significativa onde a educação seja continuada para o longo da vida.

Diante de que foi visto podemos perceber que as necessidades em relação à educação da EJA ainda têm muito que melhorar, pois através de observação da escola e conversas com a professora e os alunos. Tiramos a conclusão que a educação desses alunos ainda tem muitas influências que vem da educação infantil, vimos que apesar da professora ter consciência que está trabalhado com adultos, a escola não tem um projeto pedagógico e nem um material específico para esse público. Os alunos do noturno não têm, acesso a boa parte da infra-estrutura da escola como: biblioteca, sala de informática, quadra de esporte os livros são os mesmo utilizados pelos alunos do diurno com uma linguagem voltada para as crianças. Com isso, o desempenho nas atividades realizadas pelos educandos ficamprejudicadas.

BIBLIOGRAFIA

DI PIERRO, Maria Clara e GALVÃO Ana Maria de Oliveira. Preconceito Contar o Analfabeto. São Paulo: Ed. Cortez. 2007.

HADDED, Sérgio e DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação, mai-ago, número 014, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. São Paulo, Brasil, 2000.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e Adultos como Sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, n°12, set- dez, ANPED, 1999.

RIBEIRO, Vera Maria Masagrão. (Cood). Educação para Jovens e Adultos. Ensino Fundamental Propostas Curriculares 1° seguimento. São Paulo: Ação Educativa Brasileira: MEC, 2001.