UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A importância da psicanálise para a formação do psicopedagogo:

O estudo de conceitos de psicanálise para o entendimento das dificuldades do ensino-aprendizagem.

Por: José Luiz Teixeira da Silva

Orientador

Prof. Dr. Carlos Alberto Cereja de Barros

Rio de Janeiro

2006

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A importância da psicanálise para a formação do psicopedagogo:

O estudo de conceitos de psicanálise para o entendimento das dificuldades do ensino-aprendizagem.

Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em psicopedagogia.

Por: José Luiz Teixeira da Silva

Rio de Janeiro

Julho/2006

AGRADECIMENTOS

A todas as pessos que colaboraram para o engrandecimento dessa pesquisa, ora incentivado, ora indicando livro, artigos, enfim, dando sugestões. Aos amigos e principalmente a Deus pois sem a força vital e espiritual este trabalho acadêmico seria muito menos que é, pois de que vale o saber sem amor?


Epígrafe

" O inconsciente é estruturado como uma linguagem."

(Mannoni, 1976 , p.53)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho acadêmico a todas as pessoas com ânsia do saber elaborado, estruturado e extremamente humano. Aos meus professores que alicerçaram meus conhecimentos, aos meus colegas de curso pois foi na interação com eles é que pude apreender e ao mesmo tempo trocar informações , ideias e ideais que espero compartilhar com outras pessoas durante toda minha existência.

RESUMO

O intuito deste trabalho acadêmico é contribuir com elementos pertinentes a formação do profissional Psicopedagogo. Nesse processo de construção do conhecimento fez-se uma pesquisa bibliográfica buscando saberes na área da psicanálise que possam ser compartilhados nos processos do psicopedagogo para entender a "Psiquê" dos aprendentes, das pessoas envolvidas no processo ; pais,outros educadores e os gestores das instituições assistidas por este profissional especialista.

Portanto este trabalho monográfico propõe-se a agregar valores à formação do especialista em psicopedagogia , trazendo a tona conhecimentos relativos a psicanálise que possam facilitar o entendimento do comportamento humano , seus traumas e outros conceitos que serão abordados cumulativamente às experiências do cotidiano.

O primeiro capítulo versa sobre a Psicanálise, definição, seu fundador, seus principais conceitos e sua aplicabilidade, enfim, uma visão geral que engloba história, teoria e capacitação.

O segundo implicará sobre o tema psicopedagogia, suas argumentações teóricas e práticas entre eles os conceitos inserindo as dificuldades e os transtornos e como reconhecê-los. A psicanálise e a pedagogia de forma a conhecer as dificuldades inerentes a instituição que esse profissional psicopedagogo exerce sua atividade laboral.

O último capítulo faz uma relação do primeiro com o segundo buscando observar as teorias e aplicações pertinentes ao psicopedagogo, sua formação e as contribuições da psicanálise na qualificação do especialista e profissional psicopedagogo.

ABSTRACT

The purpose of this paper is to contribute to academic elements relevant to professional training psychopedagogists. In the process of knowledge construction became a literature seeking knowledge in the field of psychoanalysis that can be shared across processes psychopedagogists to understand the "Psyche" of learners, the people involved in the process, parents, other educators and managers of institutions assisted by this professional expert.


So this monograph intends to add value to the training of specialist in educational psychology, bringing out knowledge of psychoanalysis that may facilitate the understanding of human behavior, its traumas and other concepts that are addressed concurrently to the experiences of everyday life.
The first chapter deals with psychoanalysis, definition, its founder, its key concepts and its applicability, finally, an overview that encompasses history, theory and training.


The second lead on the issue psychopedagogy, its theoretical and practical arguments among them the concepts entering the difficulties and disorders and how to recognize them. Psychoanalysis and pedagogy in order to meet the difficulties inherent in the institution that exerts its activity psychopedagogists professional labor.


The last chapter gives an account of the first with the second notice seeking theories and applications relevant to psychopedagogists, their training and the contributions of psychoanalysis in the qualification of expert and professional psychopedagogists.

RESUMEN

El propósito de este trabajo es contribuir a elementos académicos relevantes para psicopedagogos de formación profesional. En el proceso de construcción del conocimiento se convirtió en una literatura que buscan el conocimiento en el campo del psicoanálisis que se pueden compartir entre psicopedagogos procesos para entender la "psique" de los estudiantes, las personas involucradas en el proceso, los padres, los educadores y directores de las instituciones asistido por el profesional experto.


Así que esta monografía tiene la intención de aportar un valor añadido a la formación de especialista en psicología de la educación, llevando a cabo el conocimiento del psicoanálisis que puede facilitar la comprensión de la conducta humana, sus traumas y otros conceptos que se abordan simultáneamente a las experiencias de la vida cotidiana.


El primer capítulo trata con el psicoanálisis, la definición, su fundador, sus principales conceptos y su aplicabilidad, por fin, un panorama que abarca la historia, la teoría y la formación.
El segundo cable de la psicopedagogía cuestión, sus argumentos teóricos y prácticos, entre ellos los conceptos que entran en las dificultades y trastornos y cómo reconocerlos. El psicoanálisis y la pedagogía con el fin de responder a las dificultades inherentes a la institución que ejerce su actividad laboral psicopedagogos profesional.


El último capítulo da cuenta de la primera con la segunda notificación que buscan teorías y aplicaciones relevantes para psicopedagogos, su formación y los aportes del psicoanálisis en la capacitación de expertos y profesionales psicopedagogos.


INTRODUÇÃO

A educação é um processo que deve ser humanizado, servindo como base para um processo maior, ou seja, colaborar com a internalização do conceito de emancipação, fazendo com que o aprendente rompa paradigmas excludentes da dignidade, da moral e dos saberes que cada indivíduo traz dentro de si, o seu currículo oculto. Assim sendo, as pessoas ditas "problemáticas", com seu desempenho escolar ou social fora dos padrões que parametrizam a normalidade não devem ser rotuladas mas sim orientadas para que possam usufruir dos direitos de todo o cidadão. Respeitando os limites de cada um e agregando suas qualidades numa conduta sócio-interacionista-construtivista. Segundo Maria Cristina Kupfer em seu livro "Freud e a Educação" aquilo que Freud denominou transferência pode ser encontrado num contexto analítico, mas também na relação professor-aluno. É a partir da análise dessa relação que se pode pensar no que faz um aluno aprender. O que faz acreditar no professor, permitindo que um ensino seja eficaz. Pois, superando instituições escolares castradoras, coibitivas, "achatadoras" de individualidades, surgem alunos pensantes, desejosos de saber, capazes mesmo de produzir teorias.

Aprendentes que necessitem de um atendimento especial, seja por distúrbios neurológicos, seja por limitações físicas associadas a traumas que atrapalham seus processos de ensino-aprendizagem bem como sua inserção na sociedade. Precisam de um acompanhamento profissional no qual serão feitos estudos que possam indicar o melhor procedimento a ser executado para cada situação. Podemos citar o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), TDO ( Transtorno Desafiador Opositivo), Autismo e outros tantos problemas relacionados com o comportamento humano e a aprendizagem.

Logo é muito importante estabelecer parâmetros entre o ser humano, o ser psicológico e o ser social. Que para ser respeitado tem que se submeter aos rígidos padrões de uma sociedade "perfeita" caso contrário, esse ser com dificuldades em se relacionar, é apartado da sociedade e condenado a solidão. Como Educadores e Psicopedagogos têm uma difícil missão a qual é quebrar esse paradigma e reintegrar essa parte da população. Mas para isso é necessário um estudo mais especializado , usando o saber elaborado em diversos segmentos tais como: filosofia, psicanálise, psicologia, sociologia, antropologia e outras tantas disciplinas que buscam o saber eclético sobre o ser humano.

O ser humano é único e como tal deve ser estudado caso a caso, o psicopedagogo dentro de suas competências deverá encaminhar o aprendente ao profissional mais indicado ao caso do problema por ele identificado. Pode ser um psicólogo , um psiquiatra, fonoaudiólogo etc. O psicopedagogo atua preventivamente, agindo como mediador entre o aprendente, o ensinante , a família do aprendente e a instituição em que atua.

Na perspectiva de melhoria contínua para a formação do psicopedagogo, utilizando os conhecimentos mais pertinentes da psicanálise para a rotina escolar ou da instituição em que trabalha. Focadas no comportamento humano, no ensino-aprendizagem e nas dificuldades de relacionamento, é que foi o fator estimulador para a elaboração deste trabalho.


CAPÍTULO I

I.1- HISTÓRICO DA PSICANÁLISE

 

Sigmund Freud, pelo poder de sua obra, pela amplitude e audácia de suas especulações, revolucionou o pensamento, as vidas e a imaginação de uma era ... Seria difícil encontrar na história das ideias, mesmo na história da religião, alguém cuja influência fosse tão imediata, tão vasta e tão profunda.

(Wollheim, 1971,p.IX)

 

 

Psicanálise é uma ciência do inconsciente , fundada por Sigmund Freud que nasceu no dia 6 de maio de 1856, em Freiberg, pequena cidade da Morávia, que , na época, pertencia à Áustria. Seus pais eram judeus, e foi com essa identidade cultural que Freud costumou se reconhecer ao longo dos seus 83 anos de vida. Quando tinha 4 anos, sua família mudou-se para Viena, onde Freud viveu quase todo o resto de sua vida. Em 1873, Freud, ingressa na Universidade de Viena para estudar medicina . Em 1876 desenvolve trabalhos em neurologia e fisiologia, forma-se em 1881.

 

A teoria do recalque é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise. É a parte mais essencial dela e todavia nada mais é senão a formulação teórica de um fenômeno que pode ser observado quantas vezes se desejar se empreende a análise de um neorótico sem recorrer à hipnose. Em tais casos encontra-se uma resistência que se opõe ao trabalho de análise e, a fim de frustrá-lo, alega falha de memória. O uso da hipnose ocultava essa resistência; por conseguinte, a história da psicanálise propriamente dita só começa com a nova técnica que dispensa a hipnose.

(Freud, ESB, v. XIV, p.26)

 

Freud em seus apontamentos destaca a importância das fases do desenvolvimento das quais ele fez as seguintes observações:

 

Fase de nascimento=> Narcisismo e autoerotismo primário;

 

Em relação à escolha de objeto nas crianças de tenra idade ( e nas crianças em crescimento ) o que primeiro notamos foi que elas derivam seus objetos sexuais de suas experiências de satisfação. As primeiras satisfações sexuais autoeróticas são experimentadas em relação com funções vitais que servem à finalidade de autopreservação. As pulsões sexuais estão, de início, ligadas à satisfação das pulsões do ego; somente depois é que elas se tornam independentes destas, e mesmo então encontramos uma indicação dessa vinculação original no fato de que os primeiros objetos sexuais de uma criança são as pessoas que se preocupam com sua alimentação, cuidados e proteção : no primeiro caso, sua mãe ou quem quer que a substitua.

(Freud, ESB, v.XIV, p.104)

 

Fase oral (Pré- genital)=> De 6 à 12 meses- Seio, conforme as modalidades de incorporação do objeto (sugar) ou morder (refutar). A pulsão básica do bebê é apenas receber alimento para saciar sua fome e sede como também ser confortada. Predomina os lábios e a língua , pouco mais tarde os dentes.

 

O importante a assinalar aqui é o fato de que a fase oral, tal como já foi salientado acima a respeito a noção de fase, não se caracteriza apenas pelo predomínio de uma zona de corpo, mas também por um modo de relação de objeto : a incorporação.

 

Karl Abraham propôs, em 1924, que se subdividisse essa fase em duas: a fase oral precoce, caracterizada pela função de sucção, e a fase oral-sádica, caracterizada, com o aparecimento dos dentes.

(Roza,1998,p.104)

 

Fase anal (Pré-genital) de 18 à 36 meses=> Todo objeto é assimilado à este objeto fecal que pode ser expulso ou retido com prazer ou dor. Expulsão e separação do objeto torna-se o fundamento da existência, a objetivação do objeto em relação ao corpo.

 

Essa fase está impregnada de valor simbólico, sobretudo ligado às fezes. Tal é o caso da significação de que se reveste a atividade de dar e receber ligada à expulsão e retenção das fezes. Foi o próprio Freud quem, no artigo "As transformações do instinto exemplificadas no erotismo anal (1917) " , salientou a equivalência simbólica entre as fezes e o dinheiro.

(Roza, 1998, p.105)

 

Fase fálica => De 3 à 5 anos- identificação do eu e as primeiras relações objetais ( comparação com os pais), complexo de Édipo e formação do ego, sexualização do corpo, conflito, inveja do pênis (na menina) e medo de perdê-lo (no menino)= angústia da castração, o ego despreende-se dos instintos (Id) e das repressões instintivas que obedecia ( superego);

 

Corresponde à organização da libido que vem depois das fases oral e anal, na qual já há um predomínio dos órgãos genitais. Essa fase apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto. O que a distingue fundamentalmente da fase genital madura é que nela a criança reconhece apenas um órgão genital.

(Roza, 1998, p.105)

 

A descoberta de que é castrada representa um marco decisivo no crescimento da menina. Daí partem três linhas de desenvolvimento possíveis: uma conduz à inibição sexual ou à neurose, outra à modificação do caráter no sentido de um complexo de masculinidade e a terceira, finalmente, à feminilidade normal.

(Freud,1933, livro 29, p.31 na ed. bras.)

 

Fase de latência=> De 5 à 8 anos- organização do aparelho psíquico ( Id,,Ego e Superego), o sistema inconsciente se organiza por repressão, o Ego tem a função de defesa e adaptação à realidade, e sintetizando o pensamento social, lógico e moral que afasta o princípio do prazer ;

 

Fase da Pré-puberdade=> De 9 à 12 anos- Retorno das tendências infantis reprimidas (pulsões genitais) , reativação da escolha objetal (identificação sexual), escolha do objeto libidinal ;

 

Fase da Puberdade=> De 12 à 14 anos- Escolha objetal definitiva, busca do amor do outro, hesitações ou regressões da escolha (angústia sexual, revive a situação edipiana, época de agressividade, dos conflitos, crise da escolaridade e disciplina, primeiras aventuras amorosas, formação definitiva do caráter, processo de separação (individuação).

 

Fase da adolescência=> Período entre a infância e a idade adulta, caracteriza-se por intenso crescimento e desenvolvimento que se manifestam por marcantes transformações anatômicas , é nesta fase que os adolescentes começam a tomar ciência de suas identidades sexuais buscando satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.

Para Freud a maior parte do funcionamento mental se passa fora da consciência, e que a consciência é antes uma qualidade ou atributo excepcional do que comum funcionamento mental.

 

Em 1885 Freud, viaja a Paris para iniciar um estágio com Chacot. Este terá papel fundamental na formação do jovem Sigmund.

 

Em 1886, Freud volta a Viena, onde se estabelece como médico e dirige o Departamento de Neurologia, primeiro instituto público para crianças. No período de 1886 à 1890 exerce medicina como especialista em doenças nervosas.

 

"Uma pessoa sadia é um neurótico, só que os únicos sintomas que ela consegue produzir são os seus sonhos. Assim, os sonhos não são apenas a via privilegiada de acesso ao inconsciente, eles são também o ponto de articulação entre o normal e o patológico."

(Sigmund Freud,ESB, vs.XV-XVI, p.532)

 

Freud,em 1892, elabora o método das associações livres ( técnica usada pela psicanálise no qual o paciente deve esforçar-se a dizer tudo que lhe vier a cabeça, principalmente aquilo que ele se sinta tentado a omitir).

A psicanálise sugere que é possível, porém difícil, chegar a um acordo com as repetidas exigências do id.

 

" O propósito da psicanálise é revelar os complexos reprimidos por causa de desprazer e que produzem sinais de resistência ante as tentativas de levá-las à consciência"

(Freud,1906, livro 31,pp.62-63 na ed. bras.)

 

 

Aos 82 anos, foi morar em Londres onde morreu, a 23 de setembro de 1939. A psicanálise consiste num método de investigação, essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de uma pessoa. Basea-se principalmente nas associações livres do indivíduo que garantem a validade da interpretação.

 

 

I.2- DEFINIÇÕES: TECENDO COMENTÁRIOS

 

Como foi dito anteriormente, psicanálise é um método para investigação de processos mentais ,quase inacessíveis, de modo a fazer tratamento de desordens neurológicas que outras ciências eram incapazes de solucionar.

 

A grande originalidade de Freud -escreve ele - não foi descobrir a sexualidade sob a neurose. A sexualidade estava lá, Charcot já falara dela. Sua originalidade foi tomar isto ao pé da letra e edificar a partir daí a Traumdeutung, que é algo diferente da etiologia sexual das neuroses (...) o forte da psicanálise é ter desembocado em algo totalmente diferente que é a lógica do inconsciente.

(Foucault, 1979,pp. 261-262)

 

Chamamos Psicanálise ao trabalho pelo qual levamos à consciência do doente o psíquico recalcado nele. Da mesma maneira quanto as manifestações psíquicas consideradas não patológicas, que ele só imperfeitamente estava consciente das motivações delas, que outros motivos pulsionais que para ele permaneceram desconhecidos tinham contribuído para as produzir. Podemos dizer também que Psicanálise é um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento. A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento, e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise e os fundamentos de sua teoria, abordando os diversos vieses da psicanálise.

 

A Psicanálise é uma disciplina científica instituída por Sigmund Freud há cerca de oitenta e seis anos atrás, as teorias psicanalistas se referem tanto ao normal quanto ao anormal, ainda que se tenham derivado essencialmente do estudo e do tratamento da anormalidade. De acordo com a teoria psicanalítica, os processos mentais inconscientes são de grande frequência e significado no funcionamento normal como no anormal.

 

O inconsciente está sempre vazio; ou, mais exatamente, ele é tão estranho às imagens quanto o estômago aos alimentos que o atravessam. Órgão de uma função específica, ele se limita a impor leis estruturais, que esgotam sua realidade, a elementos inarticulados que provêm de outra parte: pulsões, emoções, representações, recordações.

(op.cit., pp.234-235)

 

Freud relaciona a teoria evolutiva da sexualidade com o desenvolvimento das relações do objeto. Enfatiza a importância dos relacionamentos iniciais da criança que buscam o equilíbrio homeostático (prazer, frio, fome etc.) e não percebem o mundo externo , apenas os estados de tensão e relaxação. As relações são do tipo primitiva e se iniciam neste momento, quando percebe que as sensações ruins persistem na ausência do objeto.

 

 

A teoria do trauma psíquico vai ter profunda repercussão sobre os escritos iniciais de Freud e , paradoxalmente , vai se constituir no impedimento maior à elaboração da teoria psicanalítica. Enquanto persistir a teoria do trauma, a sexualidade infantil e o Édipo não poderão fazer sua entrada em cena, posto que nela os sintomas neuróticos permanecem dependentes de um acontecimento traumático real que os produziu e não das fantasias edipianas da criança.

(cf. Mannoni, 1976, pp. 35-36)

 

Pelo determinismo psíquico, é que na mente, assim como na natureza física que nos cerca, nada acontece por acaso ou de modo fortuito portanto não existe descontinuidade na vida mental.

 

Por meio da técnica psicanalista, Freud pôde demonstrar que por trás de todo sonho existem pensamentos e desejos inconscientes ativos, quando se produzem sonhos, estes são provocados por uma atividade mental que é inconsciente para a pessoa que sonha, e que assim permaneceria a menos que se empregue a técnica psicanalítica. O sonho é uma forma de satisfazer desejos que não foram ou não podem ser realizados durante o dia. Freud pôde demonstrar que por trás de todo sonho existem pensamentos e desejos inconscientes ativos , e assim estabelecer, como regra geral, que , quando se produzem sonhos, estes são provocados por uma atividade mental que é inconsciente para a pessoa que sonha, e que assim permaneceria a menos que se empregue a técnica psicanalítica.

 

Em determinadas circunstâncias, um sonho só é capaz de levar a efeito a sua intenção de modo muito incompleto, ou, então, tem de abandoná-la por inteiro. A fixação inconsciente a um trauma parece estar acima de tudo, entre esses obstáculos à função de sonhar. (Freud,1933,livro 28,p.43 na ed. bras.)

 

O inconsciente contém todas as ideias e afetos reprimidos e está relacionado com os instintos.

 

O inconsciente está sempre vazio; ou, mais exatamente, ele é tão estranho às imagens quanto o estômago aos alimentos que o atravessam. Órgão de uma função específica, ele se limita a impor leis estruturais, que esgotam sua realidade, a elementos inarticulados que provêm de outra parte: pulsões, emoções, representações, recordações.

(op.cit., pp.234-235)

 

O pré-consciente é uma ponte de acesso à consciência dos elementos do inconsciente, uma das funções e manter a censura dos desejos.

 

Já o consciente e a consciência de estímulos perceptuais do mundo externo, apenas elementos do pré-consciente podem penetrá-lo.

 

Ego possui a tarefa de autopreservação, consciência dos estímulos,armazena experiências (memória),evita estímulos fortes (fuga) , traumáticos, lida com estímulos moderados (adaptação). Controla as exigências do instinto , adiando sua satisfação para condições mais favoráveis.

 

São estas as principais características do ego : em consequência da conexão pré-estabelecida entre a percepção sensorial e a ação muscular, o ego tem sob seu comando o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de autopreservação. Com referência aos acontecimentos externos desempenha essa missão dando-se conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre elas (na memória), evitando estímulos excessivamente internos (mediante a fuga) , lidando com estímulos moderados ( através da adaptação) e, finalmente, aprendendo a produzir modificações convenientes no mundo externo, em seu próprio benefício ( através da atividade). Com referência aos acontecimentos internos, em relação ao id, ele desempenha essa missão obtendo controle sobre as exigências dos instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias favoráveis no mundo externo ou suprimindo inteiramente as suas excitações. É dirigido, em sua atividade, pela consideração das tensões produzidas pelos estímulos; despejam estas tensões nele presentes ou são nele introduzidas. A elevação dessas tensões é , em geral, sentida como desprazer e o seu abaixamento como prazer... O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer.

(Freud,1940, livro 7, pp. 18-19 , ed. bras.)

 

Id é desorganizado, sob o domínio de processos primários, energias instintivas. Opera de acordo com o princípio de realidade, ou seja, os instintos primários.

 

O id contém tudo que é herdado, que se acha presente no nascimento, que está presente na constituição- acima de tudo, portanto, os instintos que se originam da organização somática e que aqui ( no id) encontram uma primeira expressão psíquica, sob formas que não são desconhecidas.

(Freud,1940, livro 7, pp. 17-18 , ed. bras.)

 

 

O superego está relacionado com o comportamento moral, forma-se com a dissolução do complexo de Édipo agindo como repressor dos instintos.

 

O superego se desenvolve não a partir do id, mas a partir do ego. Atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do ego. É o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos construtos que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do superego : consciência, autorealização e formação de ideias. Enquanto consciência, o superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente; mas também age inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas, aparecendo como compulsões ou proibições. "Aquele que sofre (de compulsões e proibições) comporta-se como se estivesse dominado por um sentimento de culpa, do qual, entretanto, nada sabe"

(Freud,1907, livro 31, p. 17 na ed. bras.)

 

Jacques Lacan foi seguidor que mais contribuiu e deu continuidade as obras de Sigmund Freud, Lacan (1901-1980) nasceu na França em Orleans. Formou-se em medicina, atuando como neurologista e psiquiatra e se considerava um psicanalista Freudiano. Lacan nasceu numa família na qual a religião católica tinha um grande valor íntimo. Lacan perdeu a fé no final dos anos 20.

 

Para Lacan, a psicanálise é uma prática, onde através do método da livre associação chegaremos ao núcleo do seu ser. É historicamente definida pela elaboração da noção do sujeito à sua dependência significante.

 

Objeto "bom" e objeto "mau" foram termos introduzidos por Melanie Klein para designar os primeiros objetos pulsionais, parciais ou totais, tal como aparecem na vida fantasmática da criança. As qualidades de "bom" e "mau" são-lhes atribuídas não apenas em do seu caráter gratificante ou frustrante, mas sobretudo da projeção neles das pulsões libidinais ou destruidoras do indivíduo. Segundo Melanie Klein, o objeto parcial ( o seio, o pênis) é clivado num "bom" e num "mau" objeto, e esta clivagem constitui o primeiro modo de defesa contra a angústia.

 

O seio é o primeiro objeto assim clivado. Todos os objetos parciais sofrem análoga clivagem ( pênis, feses, filho, etc.). E igualmente os objetos totais , quando a criança é capaz de os apreender. "O bom seio- externo e interno- torna-se o protótipo de todos os objetos benéficos e gratificantes, e o mau seio o de todos os objetos perseguidores externos e internos",

Klein (M), Some Theoretical Conclusions regarding the Emotional Life of the Infant, 1952. In Developments, 200.

 

O conceito de fantasia inconsciente foi elaborado por Freud e aprimorado por outros analistas, especialmente por Melanie Klein e seus seguidores. As fantasias ocorrem o tempo todo na mente sem percebermos. É por meio da fantasia que reconhecemos e compreendemos o mundo , daí a sua importância para influenciar comportamentos, modificar pensamentos e sentimentos. Em constante transformação , as fantasias se modificam conforme as diferentes situações da vida , respeitando seu período maturacional e surgem das experiências reais e dos desejos do inconsciente.

 

A função que tende a impedir aos desejos inconscientes e às formações que deles derivam o acesso ao sistema pré-consciente- consciente é denominado censura, aparece principalmente nos textos freudianos e é considerada por ele como uma função permanente: constitui uma barragem seletiva entre os sistemas inconsciente,por um lado, e pré- consciente- consciente. Como no sonho, o estado do sono impede que os conteúdos do inconsciente abram caminho até o consciente e portanto possam revelar fatos que poderiam desestabilizar o bom funcionamento do cérebro .Como um guardião que delineia a noção do superego, censor do ego, exerce a censura dos sonhos, é dela que partem os recalcamentos de desejos inadmissíveis.

 

Um sonho, então, é uma psicose, com todos os absurdos, delírios e ilusões de uma psicose. Uma psicose de curta duração, sem dúvida, inofensiva, até mesmo dotada de uma função útil, introduzida o consentimento do indivíduo e concluída por um ato de sua vontade.

(Freud,1940, livro 7, p.47 ed. br.)

 

O conceito de complexo é um conjunto organizado de representações e recordações de forte valor afetivo, parcialmente ou totalmente inconsciente. Um complexo constitui-se a partir das relações interpessoais da história infantil; pode estruturar todos os níveis psicológicos: emoções , atitudes, comportamentos adaptados. Assim, segundo Freud, o termo "complexo" poderia ser útil numa intenção demonstrativa ou descritiva para por em evidência, a partir de elementos aparentemente distintos e contingentes. O fato é que Freud o utilizará muito pouco, ao contrário de numerosos autores que invocam a psicanálise.

 

O complexo da castração é centrado no fantasma (fantasia) de castração, que vem trazer uma resposta ao enigma posto à criança pela diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) : esta diferença é atribuída a um corte do pênis da criança do sexo feminino.

 

A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no rapaz e na menina. O rapaz teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais, do que lhe advém uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar.

 

Se penetrarmos profundamente na neurose de uma mulher, não poucas vezes deparamos com o desejo reprimido de possuir um pênis.

(Freud,1917, livro 27, p. 151,ed. br.)

 

O complexo de Édipo é um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente aos pais. Na forma positiva, o complexo apresentá-se como na história de Édipo-Rei : desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual da personagem de sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se inversamente: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, estas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de Édipo.

 

Segundo Freud , o complexo de Édipo é vivido no seu período máximo entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período de latência. Conhece na puberdade uma revivescência e é superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha do objeto. O complexo de Édipo desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano.

 

Complexo de inferioridade é uma expressão que tem sua origem na psicologia adleriana; designa, de um modo geral, o conjunto das atitudes, das representações e dos comportamentos que são expressões mais ou menos disfarçadas de um sentimento de inferioridade ou das reações deste.

 

Conflito psíquico é quando, no indivíduo, se opõem exigências internas contrárias. O conflito pode ser manifesto ( entre um desejo e uma exigência moral, por exemplo, ou entre dois sentimentos contraditórios) ou latente, podendo este exprimir-se de forma deformada no conflito manifesto e traduzir-se designadamente pela formação de sintomas, desordens do comportamento, perturbações do caráter, etc. A psicanálise considera o conflito como constitutivo do ser humano, e isto em diversas perspectivas: conflito entre o desejo e a defesa, conflito edipiano, onde não apenas se defrontam desejos contrários, mas onde estes enfrentam a interdição.

 

Elaboração psíquica é uma expressão utilizada por Freud para designar, em diversos contextos, o trabalho realizado pelo aparelho psíquico com o fim de dominar as excitações que chegam até ele e cuja acumulação ameaça ser patogênica. Este trabalho consiste em integrar as excitações no psiquismo e em estabelecer entre elas conexões associativas.

 

Não pode haver dúvida de que o aparelho psíquico só atingiu sua perfeição atual após longo período de desenvolvimento. (...) A fim de chegar a um dispêndio mais eficaz da força psíquica, é necessário dar um alto à regressão antes que ela se torne completa, de maneira que não avance além da imagem mnemônica e seja capaz de buscar outros caminhos que finalmente a conduzam à desejada identidade perceptiva que está sendo estabelecida a partir do mundo externo.

(Freud,ESB, vs. IV-V, pp. 602-03)

 

Freud concentrou-se em desvendar o que acreditava estar no centro da personalidade humana, mais precisamente, a psicanálise é alicerçada nas dinâmicas do inconsciente da personalidade que estão profundamente enterradas na psique. Ele acreditava que os impulsos sexuais e agressivos eram a raiz de nosso comportamento, e que a infância é o período crítico durante o qual a personalidade do indivíduo e formada pela interação desses ímpetos com o processo de socialização na família.

 

A abordagem psicanalítica é um método de terapia que pode reduzir a ansiedade neurótica e o sofrimento ao ajudar as pessoas a melhor compreenderem e lidarem com as poderosas tendências emocionais dentro de si.

Deparamos com algo no próprio ego que é também inconsciente, que se comporta exatamente como o reprimido -isto é, que produz efeitos poderosos sem ele próprio ser consciente e que exige um trabalho especial antes de poder ser tornado consciente.

( Freud,ESB, v. XIX, p. 30)

 

Freud evidencia os estágios psicossexuais do desenvolvimento ( oral,anal, fálico,latente e genital) pelos quais passamos com mais ou menos sucesso.

 

O início da infância, até os cinco ou seis anos, é de importância crítica e duradoura na determinação da estrutura e da dinâmica da personalidade; as primeiras três fases oral, anal e especialmente fálica- são as mais significativas e afetam muito o desenvolvimento posterior.

 

Freud insistiu que os sentimentos e o autoconceito de uma pessoa têm papéis vitais e inegáveis na determinação do comportamento. Terapia centrada no cliente, ou centrada na pessoa, é projetada para permitir que o indivíduo explore sentimentos interiores e faça escolhas de vida baseadas em uma maior autoconsciência.

 

A alternativa que Freud desenvolveu gradualmente para resolver ou ao menos suavizar problemas psicoanalíticos, é a técnica da associação livre na qual o paciente relaxa e diz aquilo que surge conscientemente. Junto com a análise dos sonhos, são as maiores contribuições de Freud para os métodos da terapia psicanalítica.

 

No próximo capítulo será melhor delineado alguns conceitos importantes relativos a psicopedagogia e sua aplicabilidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO II

 

 

II.1 - HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

 

(...) o objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos- bem como a influência do meio (família, escola,sociedade) no seu desenvolvimento. ( Kiguel apud Bossa, 2000, p.19)

 

Pode-se afirmar que a psicopedagogia é uma ciência complexa que tem por objetivo adotar procedimentos preventivos pertinentes as dificuldades de aprendizagem e as questões comportamentais incluidas neste contexto. As principais disciplinas que mais norteiam o lastro cultural do psicopedagogo são a pedagogia, psicologia , psicanálise, filosofia, sociologia e neurobiologia.

 

Do seu parentesco com a pedagogia, a psicopedagogia traz as indefinições e contradições de uma ciência cujos limites são os da própria vida humana. Envolve simultaneamente, a meu juízo, o social, o individual em processos tanto transformadores quanto reprodutores. Da Psicologia, a Psicopedagogia herda o velho problema do paralelismo psicofísico, um dualismo que ora privilegia o físico (observável) ora o psíquico ( a consciência).

(Bossa,2000,p.23)

 

A psicopedagogia tem ação ( preventiva) nas problemáticas e disfunções da aprendizagem. Sua intervenção torna-se necessária quando é observado na educação suas limitações em resolver problemas que escapam do cotidiano escolar e das teorias de ensino-aprendizagem. Que o sistema educacional precisa olhar as dificuldades de aprendizagem de forma mais holística , avaliando não só quem aprende mas também quem transmite conhecimentos. Não se pode avaliar o aprendente apenas pelo seu potencial meritório mas por suas dificuldades em apreender determinado assunto , observando sempre suas limitações que podem ser temporárias ou definitivas. Podemos apontar como uma dificuldade temporária conflitos familiares e um exemplo de dificuldade definitiva o indivíduo com perda total da audição. Para cada caso, o profissional psicopedagogo procederá com a competência que julgar necessária, lembrando que esse profissional não poderá prescrever remédios , pois não é médico, mas poderá orientar os responsáveis pelo aprendente a procurar o profissional mais indicado a cada caso.

 

O termo psicopedagogia distingui-se em três conotações: como uma prática, como um campo de investigação do ato de aprender e como um saber científico. (Bossa,2000,p.14)

 

O psicopedagogo tem um conjunto de saberes que lhe aguça a percepção dos problemas do cotidiano escolar de modo crítico e seletivo, principalmente os relacionados com os aprendentes com dificuldades de aprendizagem e seus comportamentos, capacitando-o a atuar nas relações familiares, nas reuniões dos diversos grupos envolvidos com o aprendente inclusive nas interações sociais em que estão envolvidos.

É preciso entender que a atuação do ensinante em sala de aula como fora dela podem levar um aprendente a uma desorganização mental séria ou pelo contrário , sedimentar um comportamento ético e moral coerente fazendo assim que esse aprendente se torne um sujeito interessado em descobrir novas fontes de informações, investigar conhecimentos que poderão ser usados em sua vida prática e reinvestidos na sociedade sob a forma de educação, virtudes morais ,sendo um cidadão pleno de direitos e deveres.

 

(...) o objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos-bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento.

(Kiguel apud Bossa,2000,p.19)

 

Atualmente é observado um número elevado de instituições que divulgam ter cursos de psicopedagogia. Há dissertações, palestras, textos e teses que corroboram a necessidade de se ter um profissional que cuide especificamente dos problemas relacionados com as dificuldades de aprendizagem que a pedagogia não consegue resolver. E isto não é necessariamente relativo aos diversos tipos de patologias que podem envolver os alunos mas sim explicar o por que de alunos que aparentemente não possuem dificuldades orgânica , mental, física e econômicas engrossam as estatísticas da repetência escolar . Será que é só o método? Será a falta de capacitação docente? Será o contexto onde vive o aprendente? Ou pode ser fatores conjugados dois a dois, três a três, ..., diversos? Quem cabe investigar isto?

Cabe ao psicopedagogo atuar investigativamente os diversos fatores que podem levar os aprendentes a terem dificuldades no processo de ensino-aprendizagem.

 

Na obra de Pichon-Rivière propõe uma metodologia da aprendizagem desenvolvida a partir da compreensão psicológica e social do progresso de conhecimento. Ele tem uma proposta de intervenção (na prática) que é a de se trabalhar com grupos (operativas) a fim de ajudar os membros do grupo a enfrentar os conflitos e as resistências às mudanças.

 

A técnica permite que os integrantes de um grupo assumam o papel de protagonista na aprendizagem da realidade recuperando sua própria história, sua cultura, suas potencialidades e identidades numa inter-relação dialética homem-sociedade.

 

Para ele,toda psicologia é social na medida em que o homem, mesmo antes do nascimento, já esta inserido em um contexto social. Ele resgata para a aprendizagem o caráter de produção social que cabe ao conhecimento.

 

Bem semelhante à concepção de Piaget, para Pichon, a aprendizagem é um processo de apropriação da realidade no qual a conduta do sujeito se modifica a partir de suas próprias experiências. O homem interioriza a sociedade enquanto age sobre ela. E o psicopedagogo trasmuta as teorias em ações.

 

O psicopedagogo é um profissional multifacetado, que possui sólidos conhecimentos da aprendizagem humana e desenvolve funções preventivas nos diversos campos institucionais que pode atuar. Onde houver intervenção dos ensinantes envolvendo o psicomaturacional dos aprendentes deve haver a orientação do psicopedagogo que agirá como mediador e orientador das pessoas envolvidas no processo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

II.2- ABORDAGEM DE ALGUMAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM PSICOPEDAGÓGICAS.

 

Dificuldades de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala , da leitura, da escrita e do raciocínio matemático. Tais desordens, consideradas intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida. Problemas na autoregulação do comportamento, na percepção social e na interação social podem existir com as dificuldades de aprendizagem. Apesar das dificuldades de aprendizagem ocorrerem com outras deficiências ( por exemplo, deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbios sócioemocionais) ou com influências extrínsecas (por exemplo, diferenças culturais, insuficiente ou inapropiada instrução etc.), elas não são o resultado dessas condições

( Fonseca, 1995, p.71)

 

Apesar de poder apresentar uma pedagogia de qualidade e possuir profissionais preparados, as dificuldades de aprendizagem não desaparecem pois a dificuldade está, muitas vezes, no indivíduo e não na técnica aplicada ou na capacitação dos profissionais que lidam com os problemas. É importante observar que quanto mais bem preparada a equipe, melhor será sua intervenção nos problemas de aprendizagem dos seus aprendentes, buscando alternativas viáveis relativas a cada tipo de problema apresentado. Não se pode ter a pretensão de sanar todas as dificuldades que serão encontradas mas com certeza um encaminhamento adequado para ao menos suavizar o problema deve ser proporcionado, melhorando a qualidade de vida dos seus aprendentes e consequentemente de suas famílias.

 

Nos nossos dias , não existe nenhum modelo ou método de avaliação válido conhecido que verdadeiramente identifique um estudante com dificuldades de aprendizagem, ou que detecte uma ineficiente leitura ou escrita, disfunções cognitivas na resolução de problemas de cálculo, ou mesmo problemas na fala .

(Fonseca, 1995, p.73)

 

A avaliação psicoeducacional é uma das áreas fracas do campo das dificuldades de aprendizagem. Inúmeros estudantes identificados com insucesso escolar não atingem as definições mas correntes da literatura internacional, o que pressupõe que a noção de dificuldade de aprendizagem nem sempre abrange a noção de insucesso escolar, exatamente porque não são noções mutuamente exclusivas.

( Fonseca,1987,p.46)

 

 

-Retardo Mental

É um estado neurobiológico no qual o indivíduo apresenta um déficit de aprendizagem. É muito importante saber o grau de comprometimento do aprendente e não pré-julgá-lo.

 

1. Estimulação Mental: O aprendente sempre é capaz de surpreender o ensinante.

2. Estimulação pela arte:. Pintura, dobrar, fazer objetos com massa ( sempre observando suas limitações)

3. Trabalho Ocupacional : Significa ensinar o aprendente, observado suas limitações, a ser independente . Ex: Tomar banho, escovar os dentes etc.

4. Trabalhar a Inserção Social . Atuar nos aprendentes com dificuldades de relacionamento sociabilizando-os.

Ex; Agressivos, muito tímidos etc.

 

Definição de transtorno:

 

-O termo transtorno é usado para indicar "a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais".(CID-10,p.5)

 

O CID-10 situa os Transtornos do Desenvolvimento das Habilidades Escolares (TEDHE) dentro da categoria dos Transtornos do desenvolvimento psicológico e especifica que "compreendem grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades escolares.

 

Estes comprometimentos no aprendizado não são resultado direto de outros transtornos ( tais como retardo mental, déficits neurológicos grosseiros, problemas visuais ou auditivos não corrigidos ou pertubações emocionais),embora eles possam ocorrer simultaneamente em tais condições.

 

"Os TEDHE frequentemente ocorrem junto com outras síndromes clínicas ( tais como Transtorno de Déficit de Atenção ou Transtornos de Conduta ) ou outros transtornos do desenvolvimento ( tais como Transtorno específico da Função Motora ou Transtornos Específicos do Desenvolvimento da Fala e Linguagem)"

(CID-10,p.237).

 

 

TRANSTORNOS DIAGNOSTICADOS PELA PRIMEIRA VEZ NA INFÂNCIA.

 

1. TRANSTORNO DA APRENDIZAGEM

1.1-TRANSTORNO DA MATEMÁTICA (Discalculia)

1.2-TRANSTORNO DA LEITURA (Dislexia)

1.3-TRANSTORNO DA EXPRESSÃO ESCRITA (Disgrafia)

 

2. TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO

-DIFICULDADES NA FALA OU LINGUAGEM

2.1- TRANSTORNO DA LINGUAGEM EXPRESSIVA

2.2- TRANSTORNO MISTO DA LINGUAGEM RECEPTIVO-EXPRESSIVA

2.3- TRANSTORNO FONOLÓGICO

2.4- TRANSTORNO TARTAMUDEZ (Gagueira)

 

3. TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO

 

3.1- TRANSTORNO AUTISTA

3.2- TRANSTORNO DE RETT

3.3- TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA

3.4- TRANSTORNO DE ASPERGER

3.5- TID SEM OUTRA ESPECIFICAÇÃO (AUTISMO ATÍPICO) (ANTIGA PSICOSE INFANTIL)

 

4. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E DIRUPTIVOS

 

4.1- TRANSTORNO DE DÉFICIT ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

4.2- TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

4.3- TRANSTORNO DE CONDUTA

 

5. TRANSTORNOS DE TIQUE

 

- O tique é um movimento motor ou vocalização súbita, rápida, recorrente, sem ritmo e estereotipada. Pode ser suprimida por períodos variáveis de tempo.

 

- Síndrome de Tourette apresenta múltiplos tiques motores, e um ou mais tiques vocais. Ocorrem muitas vezes ao dia, ao longo de mais de um ano, sem fase livre superior a três meses consecutivos.

 

- Transtorno de tique motor ou vocal crônico é observado a presença de um ou de outro, mas não de ambos.

 

- Transtorno de tique transitório apresenta tique motores vocais, isolados ou múltiplos muitas vezes ao dia, por 4 semanas e não mais de um ano.

 

6. TRANSTORNOS ANSIOSOS

 

-Fobia específica

-Fobia social

-Ansiedade generalizada

-Agressividade

-Depressão

-Mutismo seletivo

-Ansiedade de separação

-Transtorno de pânico

-Transtorno de apego teativo na infância

-Transtorno obsessivo

 

TRANSTORNOS DA APREDIZAGEM

 

=> Em presença de déficit sensorial, as dificuldades devem exceder àquelas geralmente a este associado.

 

=> Há possibilidades de indivíduos com TC; TDO; TDAH; Transtorno depressivo de poderem apresentar também transtornos de aprendizagem.

 

=> São diagnosticados quando os resultados em testes padronizados e individualmente administrados de leitura, escrita e matemática estão significativamente abaixo da média, interferindo no rendimento do aprendente na instituição escolar.

 

TRANSTORNO DA LEITURA (DISLEXIA)

 

Entendemos por dislexia específica ou dislexia de evolução um conjunto de sintomas reveladores de uma disfunção pariental (o lobo do cérebro onde fica o centro nervoso da escrita), geralmente hereditária, ou as vezes adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do leve sintoma ao sintoma grave. A dislexia é frequentamente acompanhada de transtornos na aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação. A dislexia afeta os meninos em uma proporção maior que as meninas.

(Condemarin e Blomquist Apud Drouet,2003,p.137)

 

-Dificuldade na decodificação da leitura

 

=>Rendimento da leitura (correção, velocidade, compreensão) sensivelmente inferior ao esperado para idade cronológica, inteligência e escolaridade.

 

=>A leitura oral caracteriza-se por distorções, substituições ou omissões.

 

=> Lentidão e erros na compreensão.

 

=>Raramente diagnosticado antes do final da pré-escola ou início da primeira série.

 

=>É comum comportamento diruptivos associados.

 

=>Podem vir associados aos transtornos da escrita e da matemática.

 

TRANSTORNO DA EXPRESSÃO ESCRITA (DISGRAFIA)

 

Disgrafia é a dificuldade na utilização dos símbolos gráficos para exprimir ideias. Caracteriza-se pelo traçado irregular das letras e pela má distribuição das palavras no papel. A criança consegue copiar um texto, porém quando esse texto é uma dissertação, surgem sérios problemas de escrita. (Cool, 1996)

=>Habilidade de escrita acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando idade cronológica, inteligência e escolaridade.

 

=>Medição por meio de testes padronizados.

 

=>Diagnóstico não é dado apenas por erros ortográficos ou escrita ruim.

 

TRANSTORNO DA FALA (DISLALIA)

 

-É a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na palavra falada.

 

=>Trata-se de falhas de articulação cuja origem pode ser orgânica (defeitos na arcada dentária, lábio leporino, freio da língua curto, língua do tamanho acima do normal) ou funcional ( a criança não sabe mudar a posição da língua e dos lábios).

 

TRANSTORNO DA MATEMÁTICA (DISCALCULIA)

 

É o termo usado para indicar dificuldade em matemática. O aluno pode automatizar os aspectos operatórios ( tabuada ,contas etc) , mas encontra dificuldades em aplicá-los aos problemas. Às vezes não consegue entender o enunciado do problema, porque tem dificuldades na leitura do mesmo.

 

=>Capacidade p/ realização de operações aritméticas sensivelmente abaixo da esperada para idade, inteligência e escolaridade. Mais observável nas séries iniciais.

 

 

TRANSTORNOS ANSIOSOS.

 

TRANSTORNO DE PÂNICO

 

=>apresenta componente somático e cognitivo com o indivíduo relacionando os sintomas corporais aos eventos externos ou objetais.

 

=>Os adolescentes relacionam os sintomas a sentimentos e relações. Podem apresentar sudorese, taquicardia, tremores, dores no peito , etc.

 

=>Importante diferenciar de quadros orgânicos que podem ser similares com depressão e pânico.

 

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC).

 

- Obsessões são ideias, imagens ou impulsos que se intrometem no curso do pensamento, a revelia da vontade do indivíduo, escapam ao seu controle e levam à ansiedade e desconforto, conteúdo sem sentido, o indivíduo tenta resistir.

 

-Compulsão é o comportamento ou atividade mental.

 

O TOC tem as seguintes características.

 

=>Causa um grande comprometimento do desempenho escolar, nas rotinas do trabalho, casa e nas diversas atividades sociais.

 

=>Leva ao isolamento, angústia e à ansiedade.

 

=>Características clínicas iguais nas diferentes faixas etárias.

 

TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

As crianças hiperativas têm descontrole motor acentuado, o que faz com que elas tenham movimentos bruscos e inadequados, expressão facial descontrolada, fala e respiração entrecortadas, mudanças frequentes de humor e instabilidade afetiva. Elas passam, por exemplo, de uma crise de raiva para demonstração de carinho, do choro ao riso, e vice-versa.

( Martins,2001,p.125)

 

=>O TDAH é condição crônica de saúde de maior prevalência em criança de idade escolar.

 

=>É o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância.

 

=>Estima-se que quatro a seis por cento da população em idade escolar pode ter TDAH.

 

=>Aproximadamente dois por cento dos adultos podem sofrer de TDAH.

 

=>Não viola normas sociais.

 

=>O diagnóstico aplica-se apenas quando o comportamento é sintomático de uma disfunção básica interior ao sujeito, portanto não é considerada um transtorno da personalidade antisocial.

 

-PRINCIPAIS SINTOMAS:

 

-Desatenção; dificuldade em prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e profissionais; dificuldades em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parece não escutar quando lhe dirigem a palavra; não consegue seguir instruções e terminar tarefas escolares, domésticas ou deveres profissionais; dificuldades em organizar tarefas e atividades; procura evitar ou reluta, em envolver-se em tarefas que exijam esforços mentais constantes; perder detalhes necessários para tarefas ou atividades; ser facilmente distraído por estímulos alheios às tarefas; apresentar esquecimentos em atividades diárias; agitar as mãos, os pés ou se mexer na cadeira em demasia; falar desproporcionalmente.

 

-PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS DO TDAH.

 

A característica principal do Transtorno de Déficit de Atenção em Hiperativos (TDAH) é um padrão persistente de desatenção, impulsividade e/ou hiperatividade-impulsividade que é mais frequente e severa que o tipicamente observado em indivíduos em nível comparável de desenvolvimento.

(José e Coelho, 1999, p.43)

 

=>Baixo desempenho escolar.

 

=>Dificuldades de relacionamento.

 

=>Baixo autoestima.

 

=>Interferência no desenvolvimento educacional e social.

 

=>Predisposição a ter distúrbios psiquiátricos.

 

DIAGNÓSTICO DO TDAH.

 

=>Pelo menos seis dos sintomas devem estar presentes.

 

=>É importante considerar a duração dos sintomas e a frequência dos mesmos.

 

=>Deve-se associar medicação, psicoterapia, orientação familiar e acompanhamento psicopedagógico.

 

As terapias entram em cena para ajudar crianças a se autovalorizar e encontrar alternativas para se adaptarem socialmente. A ludoterapia, a psicopedagogia, o psicodrama são técnicas utilizadas no tratamento de crianças hiperativas. Mudar de escola parece ser quase uma rotina para crianças hiperativas. E, assim como as estatísticas internacionais, as pesquisas regionais mostram que uma parcela importante desse mal. Uma pesquisa em 180 colégios da Paraíba, entre 1994 e 1995, confirmou que 3,3% das crianças entre 6 e 12 anos sofrem de TDAH.

( Drouet,1995)

 

QUADRO DE DEPRESSÃO

 

=>Caracteriza-se pela alteração brusca de humor, de psicomotricidade bem como por uma gama de distúrbios somáticos.

 

=> Agir junto com a família, entender as frustrações do indivíduo e da família solidariamente.

 

=>Verificar o comportamento do indivíduo e estabelecer o atendimento conforme suas necessidades.

 

=>Terapia ocupacional.

 

TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

 

-Padrão recorrente de comportamento negativista desafiador, desobediente e hostil para com as figuras de autoridade. Manifesta-se antes dos oito anos. Grande dificuldade em aceitar regras, em respeitar autoridades. Conflitos com pais e professores.

 

=>Não inclui padrão persistente das formas mais sérias de comportamento, nas quais são violados os direitos básicos e normas.

 

=> Possível modo de orientar para enfrentar o problema: A prática de esportes tende a direcionar um maior coleguismo, a respeitar regras para ser competitivo, e ter alguém (o professor, o orientador, o facilitador) em que confia e o conduza a ser uma pessoa mais sociável , unida ao grupo e ao menos tolerante à disciplina necessária ao bom rendimento no esporte e daí levar esse bom exemplo para o cotidiano.

 

TRANSTORNO DE CONDUTA.

 

A criança tem um distúrbio de comportamento quando ela apresenta desvios da expectativa de comportamento do grupo etário a que pertence. Ou seja, quando ela não está ajustada aos padrões da maioria desse grupo e, portanto, seu comportamento é pertubado, diferente dos demais. Nesse caso a criança pode até sofrer punições por parte de seus companheiros ou de seus superiores. E muitas vezes seu comportamento pode se manifestar como um problema para sua aprendizagem.

(Drouet, 2003, p.77)

 

-Padrão repetitivo e persistente de comportamento do qual são violados os direitos básicos dos outros ou as normas sociais importantes e relevantes apropriadas para idade.

 

=> Iniciam com comportamentos agressivos com as outras pessoas do seu contexto social.

 

TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO.

 

-Estes transtornos se manifestam nos primeiros anos de vida e frequentemente estão associados a algum grau de retardo mental (aproximadamente setenta e cinco por cento).

 

=>São caracterizados por prejuízos severos e invasivos em diversas áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social, nas habilidades de comunicação e /ou presença de interesses, comportamento e atividades estereotipadas. Os prejuízos são qualitativos e representam um desvio acentuado em relação ao nível de desenvolvimento ou idade mental do indivíduo.

 

=> Disfunções sensoriais: Tato, audição, paladar etc.

 

=>Estilo cognitivo diferente e que situa-se por trás dos sintomas.

 

=>Relação com o mundo objetivo e subjetivo são bastantes diferenciadas.

 

=> Encontram dificuldades em : saber sua vez; mudar a atenção; incapacidade de interpretar expressões faciais e linguagem corporal; compreensão de símbolos; direção do olhar (resulta na compreensão literal das coisas)

 

TRANSTORNO AUTISTA

 

-Prejuízo qualitativo na interação social

 

=>Comportamentos não-verbais

 

=>Posturas corporais

 

=>Fracasso em desenvolver relacionamentos.

 

=>Desviam a atenção.

 

=>Têm o foco de sua atenção em apenas um aspecto

 

=>Fuga do olhar (Não são todos)

 

=>Imaturos (inclusive os maiores)

 

=>dificuldades em compartilhar

 

=>Prejuízos qualitativos na comunicação.

 

-Acentuado prejuízo em iniciar ou manter conversação.

 

=>Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades.

 

-Adesão visivelmente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não funcionais, preocupação insistente com partes de determinado objeto.

 

=> Os prejuízos devem ocorrer antes dos três anos de idade.

 

TRANSTORNO DE ASPERGER

 

-Caracteriza-se pelos mesmos quadros encontrados no autismo.

 

=>Diferenciado apenas no que se refere à linguagem, pois no Transtorno de Asperger não encontramos um atraso clinicamente significativo da linguagem, como também no desenvolvimento cognitivo.

 

=>Prognóstico favorável em virtude de seu bom desempenho cognitivo.

 

O psicopedagogo com o CID-10 em mãos e mais sua vivência na prática cotidiana dentro das instituições estará apto a indicar o profissional que atuará mais especificadamente na área dos problemas que vão surgindo no processo ensino-aprendizagem. O CID-10 é um manual que classifica os transtornos mentais e de comportamento, também poderá usar o DSM-IV que é o manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Fará um atendimento preventivo, que possa melhorar as condições de ensino para o aprendente que encontra dificuldades na sua aprendizagem e no seu relacionamento social ( convívência com os colegas de turma , com a sua família).

 

No próximo capítulo a psicanálise e a psicopedagogia atuarão numa forma simbiótica, ou seja, uma complementando a outra de forma a dar qualidade a formação do psicopedagogo e com isso desenvolver um maior potencial de qualidade e discernimento quanto a ação do profissional psicopedagogo.

 

CAPÍTULO III

 

 

 

III.1- RELAÇÕES ENTRE CONCEITOS PSICANALÍTICOS E PSICOPEDAGÓGICOS.

 

 

Para Freud, apesar de entender que o rigor como algo necessário para o bom funcionamento psíquico, nem por isso precisava ser excessiva na forma como era imposta pelos educadores aos aprendentes. No excesso do recalque, Freud via um perigo, um desserviço, que , podia responder por algo da natureza de uma neurose. As perversões adultas resultariam da permanência de uma dessas perversões parciais infantis. Assim, um educador pode se tornar a figura a quem serão vinculados os interesses de seu aprendente porque é objeto de uma tranferência e o que se transfere são as experiências vividas com/pelos seus pais.

 

Uma pulsão é dita sublimada quando deriva para um alvo não-sexual. Visando objetos socialmente valorizados. A energia que empurra a pulsão continua ser a sexual (seu nome, já consagrado, é líbido) mas o objeto não é mais, ocorrendo assim, uma dessexualização desse objeto. A esse ato Freud denominou sublimação, são elas atividades segundo expressão usada por Freud de "espiritualmente elevadas". São atividades relacionadas a produções intelectuais, artísticas que fomentem o aumento do bem-estar e da qualidade de vida da sociedade. Um prazer que aproveite essa energia vital como um modo de construção de algo significativo e que possa ser apreciado pelo coletivo e que seja gratificante ao sublimante, assim justificando sua permanência na atividade sublimada.

 

Em um texto de 1913, que versa sobre o interesse educacional da psicanálise, Freud escreve que os educadores precisam ser informados de que a tentativa de supressão das pulsões parciais não só é inútil como podem gerar efeitos , distúrbios como a neurose. Os educadores poderão reduzir a tensão, buscando aproveitar as formas de energias que movem as pulsões. Um exemplo claro disso e a importância do educador no processo de transformação da pulsão escópica - a pulsão ligada ao olhar - em curiosidade intelectual, sendo que tal curiosidade vai fazer com que o aprendente se torne um sujeito investigativo, indagador, desenvolvendo seu direito de saber de forma dinâmica e portanto participativa.

 

Freud nunca se preocupou em construir métodos, que propiciem uma ação educativa. Esperava que os educadores o fizessem. Segundo Freud nossa civilização produz uma ação educativa extremamente severa e portanto neurotizante; que as práticas educativas são determinadas pelos recalcamentos sofridos pelo educador, que incidem sobre a parte infantil da sua sexualidade.

 

Foi escrito por Freud em sua obra " Múltiplo interesse da Psicanálise" o seguinte: "Só pode ser pedagogo aquele que se encontrar capacitado para penetrar na alma infantil" , "Nós , os adultos, não compreendemos nossa própria infância." (1913, p.1866)

 

Toda a teoria de Freud foi construída, durante muito tempo, mais precisamente até 1920, na ideia de que o aparelho psíquico está programado para buscar o prazer, o bem-estar, ou então, no caso do sintoma, para obter o desprazer menor.

 

Do lado das pulsões sexuais, ficam aquelas que , originadas nas pulsões do "eu", delas se destacam, como é o caso da pulsão oral, que não busca mais o alimento como objeto, podendo estar presente nas preliminares do ato sexual, ou levando um sujeito a gostar intensamente de falar por causa do uso sublimado da boca.

 

O princípio do prazer é um dos princípios que regem o funcionamento mental: a atividade psíquica no seu conjunto tem por objetivo evitar o desprazer e proporcionar o prazer.

(Laplanche, J. & Pontalis,1970,p.466)

 

Ao instituir um nome para as forças em luta- pulsões de autoconservação e pulsões sexuais, e os princípios do seu funcionamento - princípio da realidade e princípio do prazer- , Freud montou aquilo que foi chamado de dualidade pulsionar, base do edifício sobre o qual ele pensava estar erigido o aparelho psíquico.

 

O princípio da realidade é o segundo princípio que rege o funcionamento mental. Forma par com o princípio do prazer, e modifica-o, na medida em que consegue impor-se como princípio regulador. (Laplanche, J. & Pontalis,1970,p.470)

 

A educação exerce seu poder através da palavra, tenta estimular através do consciente uma direção por ela própria determinada. O poder de convencimento e de submissão do ouvinte a ela, como leis orientadoras para a construção de atividades comportamentais através do convencimento que é característico do uso da palavra.

 

A realidade do inconsciente ensina, que a palavra escapa ao falante. Ao falar o educador e/ou político pode(m) ir na direção contrária aquela que seu "eu" havia determinado. Como se construísse algo incoerente do seu desejo e do que realmente quer, um apelo paradoxal e ao mesmo tempo lugar de poder e submissão.

 

A pedagogia psicanalítica surge com a perspectiva de descobrir as inibições, recalques, traumas ocasionadas por forças psíquicas inconscientes.

 

O psicopedagogo deve proporcionar uma visão holística para desenvolver através de uma construção crítica da sociedade uma abordagem das dificuldades de aprendizagem de modo claro e objetivo, buscando agregar a família, a instituição e os demais profissionais envolvidos. Direcionando possíveis soluções para as diversas causas dos problemas elencados pelo ensinante e familiares do aprendente. Respeitando os limites de cada um, pois cada ser é único e como tal deve ser orientado individualmente, não esquecendo a liberdade associativa de pensamentos, observando as manifestações livres é que o psicopedagogo poderá intervir acertadamente em suas ponderações sobre cada aprendente.

 

Não há como comandar, e ao mesmo tempo, dar fluxo livre ao inconsciente.

 

" O sonho freudiano, que era o de colocar a psicanálise a serviço de todos, acabou por fazer da análise, paradoxalmente, pelo viés institucional, um instrumento de dominação e de seleção." observa Manonni, p.97.

 

Os problemas de aprendizagem em parte se devem aos acontecimentos sofridos pelo aprendente no decorrer de sua infância. Podemos afirmar que o conceito fantasia gera não só prazer e emoção no cotidiano como também medo e ansiedade. O que a criança pensa dos pais e familiares, sua relação com as outras crianças podem torná-la confiante com a autoestima elevada e preparada para ser um indivíduo saudável e propenso a ter uma aprendizagem sem dificuldades ou, pelo contrário, torná-la retraída e recalcada, desanimada, sem interesses em alastrar seus conhecimentos, em casos mais graves pode assumir aspéctos psicopatológicos que irão limitar ou até mesmo impedir seu processo de ensino-aprendizagem necessitando de acompanhamento profissional objetivando uma equilibração em seus estudos. É aí que entra o profissional psicopedagogo que desenvolverá atividades que possam suprir as dificuldades do aprendente, caso seja necessário o encaminhará ao profissional mais indicado ao caso que é objeto de estudo. É atuando dessa forma preventiva que o profissional psicopedagogo deve atuar , em conjunto aos pais ou responsáveis ou diretamente com o aprendente quando este for adulto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

III.2- CONCEITOS DA PSICANÁLISE QUE AUXILIAM A FORMAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

 

 

 

A Pedagogia psicanalítica surge como perspectiva de descobrir as inibições, recalques, traumas, ocasionadas pelas forças psíquicas inconscientes.

 

A aprendizagem é, afinal, um processo fundamental da vida. Todo indivíduo aprende e, através da aprendizagem, desenvolve os comportamentos que o possibilitam viver. Todas as atividades e realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem.

( Campos, 2003,p.122)

 

Para a aprendizagem é fundamental o relacionamento entre ensinantes e aprendentes. Esse relacionamento não deve e nem pode ser esvaziado de afetos e emoções. Como seres humanos em processo interativo é necessário um olhar subjetivo e objetivo de cada aprendente e de cada ensinante. Observando suas dificuldades, seus problemas,suas alegrias, suas apatias, suas conquistas e suas desilusões. O ensinante também deve fazer uma reflexão de sua condição psíquica, seus problemas, fazendo uma autoanálise para que isso não seja passado aos seus aprendentes, na forma de um nervosismo exagerado, uma cobrança fora de propósito ou uma antipatia gratuita. E mesmo se provocado deve manter sua inteligência emocional (capacidade de superar positivamente situações desagradáveis, angustiantes e de conflito) em perfeito equilíbrio.

 

Conhecer é pensar, inventar, descobrir e conectar as qualidades e atributos dos objetos recompondo com a minha capacidade criadora o real externo de minha mente. Este é o significado do aprender

( Saltini, 2002, p.58)

 

Para psicanálise as emoções desempenham um papel muito importante e os afetos são associados as ideias. Deve se observar os aspectos emocionais e afetivos tanto dos aprendentes quanto dos ensinantes. Já que influenciam positivamente ou negativamente os padrões de relacionamento entre eles e a sociedade que se tornam arraigados e se repetem quase sempre inconscientemente.

 

Certas pessoas passam a vida negando os sentimentos, outros não conseguem controlar suas emoções e outras ainda parecem incapazes de reagir aos seus próprios sentimentos. A psicanálise ajuda os pacientes a enfrentar as dificuldades das experiências emocionais , aumentando assim sua capacidade de aceitar os outros e a si mesmo, buscando um relacionamento saudável e equilibrado com a sociedade em que interage.

 

A prática psicanalítica deseja ajudar as pessoas tanto a se tornarem maduras emocionalmente quanto a se sentirem mais confiantes em si mesmas. Conscientes do seu funcionamento emocional como a desenvolver uma capacidade maior de tolerância e convivência com uma gama mais ampla de experiências emotivas de crescimento maturacional.

 

" A vida do corpo é uma vida de sensações e emoções."

(D.H. Lawrence, 1955)

 

O mais importante neste contexto psicopedagógico é buscar o equilíbrio . De maneira que o educador possa se beneficiar da ciência psicanalítica, sem contudo, abandonar seus conhecimentos pedagógicos, sua prática escolar ou institucional. Não se pode transformar professores em analistas. Transmitir a psicanálise ao educador não é simplesmente aplicar esses conhecimentos diretamente nos tratos com os alunos.

 

Com esta identificação abusiva entre a atividade autoestruturante e atividade individual, a insistência totalmente justificada na primeira fez esquecer que os processos escolares de ensino/aprendizagem são, em essência processos interativos com três vértices: o aluno que está levando a cabo uma aprendizagem; o objeto ou objetos de conhecimento que constituem o conteúdo da aprendizagem; e o professor que age, isto é, que ensina, com a finalidade de favorecer a aprendizagem dos alunos. A aprendizagem escolar não pode ser entendida nem explicada unicamente como o resultado de uma série de "encontros" felizes entre o aluno e o conteúdo da aprendizagem; é necessário, além disso, levar em conta as atuações do professor que, encarregado de planejar sistematicamente estes "encontros", aparece como um verdadeiro mediador e determina, com suas intervenções, que as tarefas de aprendizagem ofereçam uma maior ou menor margem para a atividade autoestruturante do aluno.

(Cool, 1994,p.103)

 

Não há como construir um método pedagógico a partir do saber psicanalítico sobre o inconsciente, já que esse saber poderia ser formulado mais ou menos assim: Não existe método de controle do inconsciente.

 

O papel do mestre deve ser aquele de incitar à pesquisa, de fazer tomar consciência dos problemas e não aquele de ditar a verdade. Não podemos nos esquecer que uma verdade imposta não é mais uma verdade: Compreender é inventar, reinventar e dar uma lição prematuramente é impedir a criança de inventar e redescobrir as soluções por si mesma (Piaget,1972,p.72)

 

Para ocupar o lugar do analista responde Millot, seria necessário que o educador tivesse em relação ao aprendente a neutralidade de que pode gozar a desconhecida figura de um analista. Ora, essa neutralidade é impossível, e até mesmo indesejável. Quanto mais contato e conhecimento do seu aprendente melhor para compreender o motivo de suas dificudades com o processo ensino-aprendizagem.

 

O conhecimento é o efeito da inteligência que o produz a seu modo e o saber é o efeito do (desejo) inconsciente que, para não ser menos, também o produz ao seu modo... Nossa intenção é produzir um deslocamento no interior desta problemática. De agora em diante devemos ter claro que o pensamento, antiga produção preciosa da divina e translúcida Razão, é um composto de conhecimento e saber, produtos da imprevisível( e piagetiana) inteligência, o primeiro, e do impertinente ( e freudiano) (desejo) inconsciente, o segundo. Deslocamento, que traz consigo, evidentemente, uma operação de resignificação destes mesmos termos clássicos.

(Lajonquière,1998,p.26)

 

Segundo Piaget, os processos psicológicos humanos desenvolvem-se através da experiência do aprendente em seu ambiente, num determinado contexto social. Essas interações com o ambiente contribuem para uma constante reconstrução mental, tornando sua aprendizagem uma fonte inesgotável de saberes que serão refletidos e criticados conforme são assimilados. Nessa visão teórica o homem é produto de uma bagagem genética que se desenvolve em determinado contexto social.

 

Já para Sigmund Freud , as aprendizagens são funções simbólicas autônomas na constituição do indivíduo. Leva-se em consideração a demanda do desejo, das angústias , dos traumas, que determinarão uma maior ou menor aproveitamento na aprendizagem. As aprendizagens e suas ramificações dependem do equilíbrio do aparelho psíquico estruturado para servir o inconsciente.

 

Não há inteligência inata, mas a gênese da razão, da afetividade e da moral se faz progressivamente em estágios sucessivos em que a criança organiza o pensamento e o julgamento. Por isso sua teoria e as que dela derivam são chamadas construtivistas.

(Aranha,1996, p.291)

 

Para Sara Pain ,a aprendizagem é um processo que inclui a construção do aprendiz e a interação, entendida como a participação de um mediador humano, que se interpôs entre o sujeito e o conhecimento.

 

Há de se educar com sentimento de reflexão, da condição do aprendente, em assimilar o saber elaborado pelas diversas fontes de cultura, sem uma censura castradora que limita as necessidades do aprendente de fazer questionamentos, lidando com suas emoções , suas frustrações e seus êxitos!

 

Para que a aprendizagem provoque uma efetiva mudança de comportamento e amplie cada vez mais o potencial do educando, é necessário que ele perceba a relação entre o que está aprendendo e a sua vida.

(Drouet, 1996, p.11)

 

As limitações do trabalho pedagógico decorrem da dificuldade de compreender a "Psiquê" dos aprendentes. As angústias são inevitáveis e as repressões dos impulsos são excessivas, podem resultar em possíveis distúrbios de comportamento futuros. Portanto o amadurecimento deve ser observado em todas as fases do desenvolvimento humano, dos seus conflitos entre o individual (persona) e o coletivo (social) envolvendo a comunidade que o aprendente se insere.

 

Para tanto o psicopedagogo tem que manter uma linha de estudos que privilegie o ser humano , o ser aprendente, o ser questionador, o ser emotivo e tem que galgar as teorias psicanalíticas que envolvam o comportamento humano e suas dificuldades de relacionamento, como suas habilidades de manter um diálogo culto com seus mestres e seus colegas de turma como também com sua família.

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

 

 

Torna-se clara a importância do entendimento da Psiquê (alma) nos procedimentos de ensino-aprendizagem não só pelos aprendentes ditos problemáticos mas também aqueles denominados "normais". Os que possuem dificuldades na aprendizagem, podem tê-la por outros motivos que não sejam psicológicos ou biológicos. Depende da maneira que é passado o conteúdo, a forma de alusão de determinado assunto pedagógico, uma teoria mal interpretada ou da falta de motivação que pode se tornar um problema complexo.

O psicopedagogo deve atuar de modo a penetrar nos problemas gerados pela dinâmica do ensinar e aprender . Analisando o que deve ser mudado, o que realmente é importante nesse convívio de aprendente e ensinante, como fazer essa relação mais humana e portanto mais dialógica possível. Pois é com o diálogo que o profissional psicopedagogo, os aprendentes , os ensinantes e os pais ou responsáveis que chegaram a um ponto em comum, que é , superar as dificuldades de aprendizagem, de relacionamento e outras que possam nesse processo se manifestar.

Assim, o psicopedagogo precisa buscar uma argumentação teórica baseada nos relacionamentos e nas emoções envolvidas neles. Para tanto surge a necessidade de explorar a ciência da psicanálise como um recurso a mais na formação desse profissional que deve atuar de forma a prevenir maiores problemas aos educandos com dificuldades, como assistir todos os demais quando for necessário ( ensinantes, pais e a sociedade como um todo).

É fundamental no processo de formação do psicopedagogo um aprofundamento dos seus conhecimentos relativos a personalidade , ao comportamento e ao relacionamento entre as pessoas, principalmente do emocional e afetivo. Os sentimentos conflitantes, angustiosos devem ser controlados e se possível resolvidos e evitados. Um relacionamento agradável entre aprendentes e ensinantes facilita a aprendizagem como aumenta o interesse de ambas as partes de superarem suas expectativas diante do aprendizado, podendo ir muito além do aprender e sim permanecer como conhecimento consolidado que eventualmente poderá ser usado numa situação prática na vida cotidiana do aprendente.

O ensinante pode orientar, atenuar e até mesmo dirimir as dificuldades de aprendizagem utilizando o cotidiano do aprendente como referência. É no contexto do aprendente que ele vivencia sua prática e portanto terá menos dificuldades de fazer associações com as disciplinas que lhe são outorgadas.

Estimular seus interesses, não tornar monótonas suas abordagens, e que farão um ensinante mais que um simples professor mas sim um educador. E portanto o psicopedagogo influenciado pelas teorias psicanalíticas terá um ângulo de visão mais privilegiado quanto ao humano e suas limitações. Nunca rotular um aprendente , deve-se observar que ele é um ser único e como tal deve ser tratado diferentimente e não comparado , o aprendente reage a impulsos que aumentarão ou diminuirão sua autoestima. O psicopedagogo irá orientar os professores e pais que lidam com aprendentes com dificuldades de aprendizagem ou alterações de comportamento para que possam ter um trabalho mais completo no emocional ,no profissional e no afetivo. Buscará soluções sendo mediador entre docentes e discentes, ouvindo outras opiniões de profissionais da área, trocando informações com psicólogos, sociólogos, psiquiátras para um entendimento mais completo das dificuldades apresentadas pela instituição que representa.

No entanto é necessário ressaltar que nesse trabalho monográfico foi focado de maneira objetiva, o aprendente. E a importância da formação do ensinante, pois o seu trabalho atinge diretamente o aprendente , na sua forma de ver o meio em que vive e poderá mudar ou não o futuro! O aprendente como o ensinante têm desejos, emoções, angústias, transtornos, inveja, depressões, fantasias, culpa e outros tantos sentimentos que podem tornar senão impossível, muito difícil a aprendizagem. Cabe ao interventor psicopedagogo vislumbrar soluções e dirimir possíveis problemas e para tanto deve aprofundar e se utilizar seus conhecimentos sobre a psicanálise.

É fato que este trabalho colabora de modo efetivo, na formação do psicopedagogo. De modo conciso, aborda dificuldades e apresenta diversos assuntos que podem ser lateralizados e aprofundados. Como todo estudo tem muito a melhorar e a instigar novas pesquisas assim como o processo de formação de qualquer profissonal deve ser contínuo e toda fonte de pesquisa deve estar calcada na procura do eterno aprender.

 

 

ANEXOS

Índice de anexos

 

 

Anexo 1 >> Internet (Sintomas da Depressão)

 

Anexo 2 >>

 

Anexo 3 >>

 

Anexo 4 >> Internet( Estágios de desenvolvimento por Freud)

 

 

 

 

 

ANEXO 1

 

 

SINTOMAS DA DEPRESSÃO

Os sintomatologia depressiva muito variada e muito diferente entre as diferentes pessoas. Por isso a psicopatologia recomenda como válido a existência de apenas três sintomas depressivos básicos e suficientes para sua detecção, no entanto, estes sintomas básicos darão origem à infinitas manifestações desta alteração afetiva. Trata-se, esta tríade, da:
1 - Inibição Psíquica,
2 - do Estreitamento do Campo Vivencial e,
3- do Sofrimento Moral.
Compete à sensibilidade do observador, relacionar um sentimento, um comportamento, um pensamento ou um determinado sintoma como sendo a apresentação pessoal e individual de um desses três sintomas básicos, tradução esta adequada a disposição pessoal da personalidade de cada um.
Em crianças e adolescentes, por exemplo, o humor pode ser irritável ao invés de triste. O adulto deprimido também pode experimentar sintomas adicionais durante a Depressão. Estes incluem alterações no apetite ou peso, alterações do sono e da atividade psicomotora; diminuição da energia; sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, ou pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio.
De qualquer forma, a Depressão deve ser acompanhada por sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou outras áreas importantes da vida do indivíduo. Para algumas pessoas com Depressão mais leves, o funcionamento pode parecer normal, mas exige um esforço acentuadamente aumentado. O estado depressivo freqüentemente é descrito pela pessoa com setimentos de tristeza, desesperança, falta de coragem ou como estando "na fossa" (DSM.IV).

Delírio Depressivo

Embora o juízo crítico possa estar conservado no paciente deprimido, suas vivências são suportadas com muito sofrimento e pessimismo.
A interpretação da realidade assume caráter alterado, de acordo com a intensidade da Depressão: poderá simplesmente se apresentar como idéias falsas, nos casos mais leves ou, nos casos mais graves como delírio franco.
Acontece que, para diferenciar o delírio da depressão do delírio da esquizofrenia, chama-se Idéia Deliróide quando o delírio é secundário à depressão e Delírio Primário, quando for da esquizofrenia.

Em alguns casos, a tristeza pode ser negada de início, mas subseqüentemente pode ser revelada pela entrevista, por exemplo, quando a pessoa chora durante a consulta ou pela fisionomia aborrecida e entristecida. Outras pessoas, entretanto, podem se queixar de se sentirem indiferentes, apáticos ou ansiosos ou, ainda, podem referir queixas somáticas sem correspondência clínica mais do que sentimentos de tristeza. Muitos referem ou demonstram irritabilidade aumentada, tendência para responder a eventos com ataques de ira ou culpando outros, ou um sentimento exagerado de frustração por questões menores.

Sofrimento Moral (autoestima baixa)

O Sofrimento Moral, ou sentimento de menos-valia, é um fenômeno marcante e desagradável na trajetória depressiva. Trata-se de um sentimento de autodepreciação, auto-acusação, inferioridade, incompetência, pecaminosidade, culpa, rejeição, feiúra, fraqueza, fragilidade e mais um sem-número de adjetivos pejorativos.

Dependendo do grau da depressão, o Sofrimento Moral aparece em graus variados, desde uma sutil sensação de inferioridade até profundos sentimentos depreciativos. Outro fator que complica o diagnóstico é o fato do Sofrimento Moral nem sempre ser consciente e claro à pessoa que o sente. Muitas vezes a pessoa com baixa autoestima recorre a mecanismos de defesa que ofuscam seus verdadeiros sentimentos.

Por exemplo, nas pessoas com importante traço de irritabilidade e agressividade na personalidade, o sentimento de baixa autoestima se manifesta com agressividade, com comportamentos de superioridade ostensiva, com dificuldades gritantes em lidar com as frustrações, com as filas, com ter de esperar, enfim, são pessoas que manifestam essa sensação de estarem sendo "agredidas" de alguma forma, portanto, revidam com mais agressividade.

Em pessoas naturalmente retraídas e introvertidas, a baixa autoestima se faz sentir com mais retraimento ainda, com mutismo e quietude preocupante, com isolamento e extrema dificuldade em expor sentimentos. Por isso, muitas vezes, "preferem" a manifestação somática dessas emoções.

Em pessoas de personalidade ansiosa a baixa autoestima faz com que os outros (notadamente, a opinião dos outros) pareçam inimigos em potencial, capazes que são de depreciar, de julgar, de avaliar... Portanto, nada mais sensato que apresentarem, esses pacientes, quadros fóbicos sociais, evitação, sintomas autossômicos quando diante de outras pessoas, e assim por diante.

Quando a Depressão adquire características muito graves e psicóticas, o Sofrimento Moral pode ser aparecer sob a forma de delírio. Nesse caso seria o delírio humorcongruente. Um judeu, psicótico depressivo, durante uma de suas crises de depressão profunda apresentava um pensamento francamente delirante, o qual dava-lhe a certeza de ter parte de seu cérebro apodrecido. Outrossim, julgava-se culpado por ter ingerido, contra sua crença religiosa, carne suína há mais de 15 anos. Uma espécie de punição divina aplicada ao pecador incauto.

O prejuízo da autoestima proporcionado pela Depressão Grave ou Psicótica, pode ainda determinar uma ideação claramente paranóide, onde a culpa adquire uma posição destacada. Para fins de diagnóstico, deve-se ter em mente que nas psicoses esquizofrênicas, onde freqüentemente aparece a ideação paranóide, a autoestima não se encontra perturbada como nos estados depressivos psicóticos. Esta observação pode auxiliar o diagnóstico diferencial entre uma depressão com sintomatologia psicótica (ideação deliróide) e uma psicose esquizofrênica (com delírios).

O Sofrimento Moral deve ainda ser considerado o maior responsável pelo desfecho suicida das depressões severas. Aparece como uma prova doentia da incompetência do ser, de seu fracasso diante da vida e de sua falência existencial. Enquanto nos estados eufóricos a autoestima se encontra patologicamente elevada e as idéias de grandeza proporcionam uma aprazível sensação de bem-estar, na Depressão a pessoa se coloca numa das posições mais inferiores entre seus semelhantes.

Organicamente, uma pessoa com Sofrimento Moral, portanto, com tendência a autodepreciar-se em todos os sentidos, pode entender uma simples dor de estômago como prenúncios de um câncer gástrico, uma tontura trivial com indícios de um derrame iminente, uma tosse frugal como sugestiva de câncer de pulmão ou tuberculose, uma simples gripe como sinal de AIDS, etc.

Inibição Global (apatia e desinteresse)

A Inibição global do organismo é um dos sintomas básicos da Depressão e se manifesta como uma espécie de freio ou lentificação dos processos físicos e psíquicos em sua globalidade, uma lassidão e lerdeza generalizada de toda a atividade corpórea. Em graus variáveis, esta inibição geral torna o indivíduo apático, desinteressado, lerdo, desmotivado, com dificuldade em suportar tarefas elementares do cotidiano e com grande perda na capacidade em tomar iniciativas.

Os campos da consciência e da motivação estão seriamente comprometidos, advindo daí a dificuldade em manter um bom nível de memória, de rendimento intelectual, da atividade sexual e até da agressividade necessária para tocar adiante o dia-a-dia. Percebemos os reflexos desta Inibição Global em várias áreas da atividade da pessoa, inclusive na diminuição da atividade motora e até na própria expressão da mímica, fazendo com que o paciente tenha aparência de abatimento e de desinteresse.

A Inibição Global tem sido a responsável pelo longo itinerário que muitos pacientes percorrem antes de se acertarem com um tratamento psíquico. A primeira idéia que os pacientes deprimidos têm, estimulados também pela família, é que seu mal estar pode resultar de alguma anemia, fraqueza, problema circulatório..., depois passam a tratamentos alternativos de macrobiótica, yoga, tai-chi-chuam..., submetem-se a tediosos a passeios de gosto duvidoso, levados por amigos bem intencionados e, muitas vezes, consultam até um neurologista. Este ponto costuma ser o mais próximo que chegam do aparelho psíquico e, normalmente, a causa psíquica é a última a ser questionada, embora seja a primeira que se faz sentir.

As pessoas que rodeiam o paciente com Inibição Global são solícitas em lembrá-lo de que a vida é boa, ressaltam que nada lhes falta, que gozam de saúde, que não são ricos mas tem gente em pior situação, que pertencem a uma família decente e compreensiva... O paciente, por outro lado, não sendo um retardado mental, sabe de tudo isso e as palavras estimulantes apenas aumentam sua perplexidade, sua culpa e seu aborrecimento consigo próprio.

A Inibição Global é secundária à Depressão, é um sintoma decorrente da Depressão e não uma doença que corrompe o juízo crítico, tornando os pacientes completamente desorientados em relação às condições de sua vida ou de sua família.

Outro conceito importantíssimo, é que a Inibição Global é conseqüência da depressão e não o contrário. Essa colocação é importante porque, comumente, o público leigo costuma recomendar à pessoa deprimida para que se esforce e se mobilize para melhorar da depressão, quando na realidade seria o contrário, ou seja, deve melhorar da depressão (tratar) para mobilizar-se normalmente e sem ninguém para pedir.

Estreitamento Vivencial (perda de prazer)

Estreitamento Vivencial é a expressão mais adequada para representar a perda progressiva da pessoa deprimida em sentir prazer. A palavra para designar o ponto mais alto desse fenômeno de perda do prazer é Anedonia, ou seja, a incapacidade em sentir prazer por todas as coisas. No Estreitamento Vivencial o universo de interesses e de prazeres pelas coisas da vida vai sendo cada vez menor e mais restrito.

De fato, o interesse humano está indissoluvelmente ligado ao prazer; nos interessamos por aquilo quer nos dá prazer, por aquilo com o qual temos alguma ligação afetiva. Em situações normais a pessoa abre para si um leque de interesses: interesse pelas notícias, pelos esportes, pela companhia de amigos e pessoas queridas, pelo conhecimento em geral, pelos passeios, pelas novidades, pelas compras, pelas artes, pelos filmes, pela comida, pelas revistas e jornais, enfim, cada pessoa nutre um rol de interesses pessoais, evidentemente, interesses por coisas que lhe dão prazer.

Pois bem. No Estreitamento Vivencial da depressão esse leque de interesses vai se fechando, aparecendo progressivamente um desinteresse e desencanto pelas coisas. Há um momento onde a preocupação com o próprio sofrimento toma conta de todo interesse vivencial do deprimido.

Não há ânimo suficiente para admirar um dia bonito, para se interessar na realização ocupacional, para degustar uma boa bebida, para deleitar-se com um filme interessante, para sorver uma boa companhia, para incrementar a discoteca, visitar um amigo...

No rol de ocupações do deprimido com Estreitamento Vivencial acaba só existindo a preocupação consigo próprio e com sua dor. Nada mais lhe dá prazer, nada mais pode motivá-lo. Neste caso, o leque do campo vivencial fica tão estreito que só cabe nele o próprio paciente com sua depressão, o restante de tudo que a vida pode oferecer não interessa mais, a própria vida parece não interessar mais.

Enquanto a Inibição Global pode ser entendida como um aspecto exterior do relacionamento do indivíduo com o mundo, como uma espécie de prejuízo em sua performance, em seu rendimento pessoal e de relacionamento com as coisas, o Estreitamento Vivencial, por sua vez, denota uma alteração mais interior, um prejuízo nas impressões que o mundo e a vida causam no sujeito.

Um é centrífugo o outro centrípeto. Na Inibição Global as coisas são feitas com dificuldade e lerdeza, com maior esforço físico e mental. No Estreitamento Vivencial as coisas nem sequer serão feitas.

Como se manifesta a Depressão

Saber como, exatamente, a pessoa apresenta sua depressão é uma questão complicada. Como dissemos, as manifestações depressivas são muito variadas e extremamente dependentes da personalidade de cada um.

Mas uma coisa é certa; a Depressão costuma estar junto com a maioria dos transtornos emocionais, ora aparecendo como um sintoma de determinado estado emocional, ora apenas coexistindo com quadros ansiosos, outras vezes como causa de determinados transtornos. Em muitas situações psíquicas a Depressão se encontra presente, às vezes de forma típica outras vezes dissimulada.

A Depressão aparece como um sintoma associado e impregnando todo o viver dos pacientes emocionais em geral, tanto sob sua forma típica, com tristeza, choro, desinteresse, etc, quanto em sua forma atípica, com somatizações, pânico, ansiedade, fobia, obsessões.

De qualquer forma, o que encontramos mais freqüentemente nos distúrbios depressivos são os sintomas atrelados a essa afetividade alterada. Normalmente os sintomas afetivos não proporcionam prejuízo significativo da crítica mas, apesar do juízo crítico estar conservado, as vivências do deprimido terão representação alterada (veja o capítulo sobre a Representação do Objeto), serão suportadas com grande sofrimento e com perspectivas pessimistas.

Assim sendo, a interpretação e valorização afetiva da realidade podem ter seu caráter alterado, de acordo com a intensidade da Depressão: a pessoa deprimida poderá simplesmente apresentar idéias falsas sobre a realidade, nos casos mais leves ou, nos casos mais graves, poderá desenvolver delírio franco sobre a realidade.

Em sua forma típica e clássica a manifestação da depressão depende sempre da maneira (quadro clínico, freqüência, intensidade) com a qual se manifesta o chamado Episódio Depressivo. Assim sendo, estudando o Episódio Depressivo entenderemos as manifestações clínicas de todas as depressões típicas. Enfatizando sempre o termo "típico".

Apesar de não ser bem o propósito dessa obra classificar doenças, estando mais preocupados em fazer entender as emoções, mesmo assim vamos dar uma pincelada em alguns aspectos classificatórios importantes para o entendimento global.

Saber se o estado depressivo é Leve, Moderado ou Grave é apenas uma questão da intensidade com que se apresenta o Episódio Depressivo. Saber se esse estado depressivo é uma ocorrência única na vida da pessoa ou se é repetitivo, dependerá da freqüência com que os Episódios Depressivos se apresentam. Saber se o Transtorno Afetivo em pauta é simplesmente um quadro depressivo ou se é bipolar, dependerá do fato dos Episódios Depressivos serem a única ocorrência afetiva ou se coexistem com episódios de euforia. Enfim, como se vê, estudando o Episódio Depressivo, sua intensidade, freqüência e apresentação, podemos classificar o tipo de Transtorno Afetivo.

Devido ao fato dos estados depressivos se acompanharem, com assiduidade, de sintomas somáticos, a existência ou não destes sintomas também acaba fazendo parte da classificação. Da mesma forma, a presença concomitante ao Episódio Depressivo com sintomas psicóticos determinará diferentes classificações.

Cumprindo apenas um propósito acadêmico, e aproveitando para mostrar que a classificação dos Transtornos Afetivos (ou do Humor) é relativamente fácil, relacionamos abaixo a classificação formal, de acordo com a CID.10 (Classificação Internacional das Doenças).

DELÍRIO NA DEPRESSÃO

O Delírio Depressivo aparece só nos quadros muito graves. Normalmente surge sob a forma de Delírio de Pecado, quando a idéia principal é de culpa, ou quando o problema é a saúde, sob a forma de Delírio de Doença. Se o medo diz respeito à fortuna, surgirá o Delírio de Ruína ou de Empobrecimento.

Percebe-se claramente que todos esses 3 tipos de delírios depressivos dizem respeito à severo prejuízo da auto-estima.

O doente com Delírio Pecaminoso crê, sem razão, ter cometido os piores crimes e pecados ou aumenta pequenas transgressões reais e tentações, mesmo apenas em pensamentos, para um pecado imperdoável. Por este motivo não apenas o próprio paciente, nesta vida e na vida além da morte, como também todos os seus parentes e até todo o mundo será castigado de forma indescritível.

O Delírio de Empobrecimento ou o castigo muitas vezes é pensado de forma contaminante; não é apenas o doente a ser castigado por suas dívidas ou irá morrer de fome, mas também seus parentes terão igual destino.

O Delírio de Doença depressivo é a crença de ter determinadas doenças, sempre especialmente graves. Devemos estabelecer uma distinção entre este delírio da depressão, do Delírio Hipocondríaco, que surge na Esquizofrenia ou na Psicose Delirante Persistente, sem necessária existência de depressão.

Via de regra existe também uma diferença no fato de que o Delírio de Doença depressivo transfere para o futuro o pior que poderá acontecer, ao passo que o hipocondríaco se preocupa com o presente. O depressivo crê sofrer de obstrução intestinal e que irá morrer de forma especialmente horrenda; o hipocondríaco sofre, neste momento atual, em função de constipação intestinal e exige e espera ajuda.

INTERESSE, APETITE E SONO NA DEPRESSÃO

A perda de interesse ou prazer quase sempre está presente, pelo menos em algum grau nas pessoas com Depressão.

Os pacientes podem relatar menor interesse por passatempos, "não se importar mais", ou a falta de prazer com qualquer atividade antes considerada agradável.
Os membros da família freqüentemente percebem um certo retraimento social ou descaso para atividades agradáveis, como por exemplo, jogar, assitir tv, ler revistas, reunir-se com amigos, brincar com netos e/ou com colegas, etc.

Em muitos casos há uma redução significativa nos níveis de interesse ou do desejo sexual.

O apetite geralmente está reduzido, sendo que muitos indivíduos sentem que precisam se forçar a comer. Outros, por outro lado, podem ter uma incômoda avidez por alimentos específicos, como por exemplo, chocolates, doces, etc.

Quando as alterações no apetite são severas, seja por diminuição ou aumento, pode haver uma perda ou ganho significativos de peso.

A perturbação do sono mais comumente associada com um Episódio Depressivo é a insônia, tipicamente intermediária, ou seja, com despertar durante a noite e dificuldade para voltar a dormir. Menos freqüente é a insônia terminal, isto é, despertar muito cedo, com incapacidade de conciliar o sono novamente. A insônia inicial, isto é, a dificuldade para adormecer, embora menos freqüente, também pode ocorrer.

Além disso, alguns pacientes apresentam, curiosamente, uma sonolência excessiva (hipersonia), na forma de episódios prolongados de sono noturno ou de sono durante o dia.

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Baseado no Livro "Da Emoção à Lesão" - Ballone GJ, Ortolani IV, Pereira Neto, E - Da Emoção à Lesão, ed. Manole, 2002

 

 

Ballone, GJ - Depressão, in. PsiqWeb, Psiquiatria Geral, disponível na Internet em <http://www.psiqweb.med.br/deptexto.html>, atualizado em 2002


G.J.Ballone - Copyright © - 2002

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 2

ENTREVISTA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 3

Reportagens

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 4

INTERNET

 

 

Estágios de Freud do desenvolvimento de Psychosexual

Sigmund Freud HYPERLINK "http://216.239.37.104/translate_c?hl=pt&u=http://allpsych.com/biographies/freud.html&prev=/search%3Fq%3Dsuperego%26hl%3Dpt%26lr%3D%26sa%3DG%26as_qdr%3Dall"(1856-1939) é provavelmente o theorist conhecido o melhor quando vem ao desenvolvimento da personalidade. Os estágios de Freud do desenvolvimento de Psychosexual , como outras teorias do estágio, são terminados em uma seqüência predeterminada e podem resultar na conclusão bem sucedida ou em uma personalidade saudável ou podem resultar na falha, conduzindo a uma personalidade insalubre. Esta teoria é provavelmente a melhor sabida as.well.as o mais controverso, como Freud acreditou que nós nos tornamos através dos estágios baseados em uma zona erogenous particular. Durante cada estágio, uma conclusão mal sucedida significa que uma criança se torna fixated nessa zona erogenous particular e sobre ou sob-under-indulges uma vez o ou transforma-se um adulto.

Estágio oral (nascimento a 18 meses). Durante o estágio oral, a criança se focalizado em prazeres orais (sugar). Demasiado ou demasiado pouco gratification podem resultar em um fixation oral ou em uma personalidade oral que seja evidenciada por um preoccupation com atividades orais. Este tipo de personalidade pode ter uma tendência mais forte fumar, para beber o álcool, sobre coma-a, ou morda- o seu ou pregos. A personalidade sábia, estes indivíduos pode assentar bem excedente no dependente em cima outro, dos seguidores gullible, e perpetual. Na outra mão, podem também lutar estes impusos e desenvolver o pessimism e o aggression para outra.

Estágio anal (18 meses a três anos). O foco da criança do prazer neste estágio está em feces eliminando e de retenção. Com a pressão da sociedade, principalmente através dos pais, a criança tem que aprender controlar o stimulation anal. Nos termos da personalidade, depois que os efeitos de um fixation anal durante este estágio podem resultar em um obsession com cleanliness, perfeição, e controle (retentive anal). No fim oposto do spectrum, podem tornar-se messy e desorganizados (expulsive anal).

Estágio de Phallic (idades três a seis). Os interruptores da zona do prazer aos genitals. Freud acreditou que aquele durante este menino do estágio desenvolve desejos sexual inconscientes para sua mãe. Por causa deste, transforma-se rivais com seu pai e vê-se o como a competição para a afeição da mãe. Durante este tempo, os meninos desenvolvem também um medo que seu pai os punirá para estes sentimentos, como castrating os. Este grupo dos sentimentos é sabido como o complexo de Oedipus (após a figura grega do mythology que matou acidentalmente seu pai e casou sua mãe).

Mais tarde adicionou-se que as meninas atravessam uma situação similar, desenvolvendo a atração sexual inconsciente a seu pai. Embora Freud discordasse fortemente com o este, foi denominado o complexo de Electra por uns psychoanalysts mais recentes.

De acordo com Freud, fora do medo do castration e devido à competição forte de seu pai, os meninos eventualmente decidem-se identificar com ele melhor que lutam-se o. Identificando com seu pai, o menino desenvolve características masculine e identifica-se como um macho, e represses seus sentimentos sexual para sua mãe. Um fixation neste estágio poderia resultar em deviancies sexual ( overindulging e vacância) e na identidade sexual fraca ou confused de acordo com psychoanalysts.

Estágio da latência (idade seis ao puberty). É durante este estágio que os impusos sexual remanescem repressed e as crianças interagem e jogam na maior parte com os mesmos pares do sexo.

Estágio genital (puberty sobre). O estágio final do desenvolvimento psychosexual começa no início do puberty em que os impusos sexual uma vez awakened outra vez. Com as lições aprendeu durante os estágios precedentes, adolescents dirigem seus impusos sexual em pares opostos do sexo, com o foco preliminar do prazer é os genitals.

 

documentos/versão/egosuperego.htm ( maio 2006)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

 

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

 

Título da Monografia: A importância da psicanálise para a formação do psicopedagogo: O estudo de conceitos de psicanálise para o entendimento das dificuldades do ensino-aprendizagem

 

Autor:José Luiz Teixeira da Silva