Ana Maziles de Souza Gama¹

A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO SUPERIOR

RESUMO
Este artigo tem como objetivo abordar a importância da produção textual no ensino superior para formação de alunos conscientes e críticos e discorrer um pouco sobre a importância da Língua Portuguesa.
Ao ingressar no Curso superior, muitos acadêmicos sentem dificuldades na produção de textos acadêmicos. Não é somente a produção textual a responsável pelo problema, claro que existem outros, contudo o maior martírio para os acadêmicos é ela, a produção textual.
Partindo deste princípio, chama-se a atenção para as contribuições da lingüística e da gramática Normativa ao ensino necessário da produção textual através da disciplina Língua Portuguesa nos cursos acadêmicos e sem dúvida nenhuma este será um passo importantíssimo que fará a diferença na carreira profissional.
Assim, o trabalho com produção textual no Ensino Superior é de suma importância, pois coloca no mercado de trabalho profissional mais preparado no desempenho de funções que exijam o uso de uma linguagem tecnicamente correta, objetiva e clara e, por conseqüência, que não estabeleça dúvidas. E o professor tem um papel importante como um fomentador de novas estratégias de ensino do português, pautadas em novos parâmetros, que privilegiem as potencialidades reais dos universitários.
PALAVRAS CHAVE: Língua Portuguesa, produção textual, ensino superior

INTRODUÇÃO
É através da linguagem que o homem se expressa e a sua compreensão de mundo se faz pela palavra, por isso Aristóteles diz que o homem é um ser social. A falta de domínio da língua materna pode ocasionar alguns obstáculos nas tarefas desempenhadas, pois até quem se julga um ilustre falante, sofre ao se deparar com a produção de um texto. Deste modo, a leitura torna-se indispensável à sobrevivência e ao reconhecimento do homem como pessoa e como cidadão que pertence a um grupo social.
O que se percebe é que a maioria dos estudantes chega à faculdade sem o mínimo de conhecimento de como fazer um resumo, uma resenha, um artigo.
Pergunta-se: quais são as causas?

São muitas, e dentre as mais importantes, pode-se dizer que a falta de um ensino sistematizado dos gêneros acadêmicos é preponderante, pois os acadêmicos são muitas vezes cobrados em escrever o que nunca lhes foi ensinado.
As questões pertinentes sobre as investigações sobre a linguagem não é recente, mas é um tema recorrente entre professores e pesquisadores que se preocupam com o desempenho dos falantes sobre o domínio da língua portuguesa. Desta forma, passou-se a imputar ao ensino da leitura e escrita o "salva-vidas" para melhorar o desempenho intelectual dos acadêmicos.
Na verdade não há uma receita pronta de como escrever textos eficientes, mas há uma farta literatura em que há a preocupação em descobrir quais as causas das dificuldades em produzir textos no ensino superior.
Diante dessas considerações só nos dá a certeza de que a prática da escrita também pode estar atrelada às experiências de leitura. Assim, cabe aos professores oportunizar aos acadêmicos, diferentes leituras para se constituir uma extensa analogia entre os indivíduos que procuram no mundo da leitura o gosto, o aprendizado e a formação de cidadãos críticos, reflexivos e atuantes.

A PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO SUPERIOR

Ao ingressar na Graduação muitos alunos sentem dificuldades quando necessitam produzir textos acadêmicos e quando são cobrados é uma tortura, pois os textos mais comuns solicitados no ensino superior são as resenha, os resumos, os fichamentos e os artigos científicos, gêneros estes que não são ensinados no ensino médio.
LIMA (2004) diz que as palavras constituem o caráter da comunicação. Os acadêmicos são cobrados a escrever a todo o momento, ou pelo menos, deveriam escrever constantemente. Neste diapasão, porque há tanta dificuldade em se expressar? Por que não conseguem escrever textos coesos e coerentes?
Dominar a língua portuguesa é participar socialmente, pois é através dela que o homem se comunica. Deste modo, não se aprende só palavras, mas os seus significados culturais. Assim, os acadêmicos devem interagir com as mais diferentes modalidades de textos escritos e não pode nunca esquecer de que a linguagem humana é essencial.
Para se trabalhar a produção textual faz-se necessário uma leitura para que se compreenda de forma integral o conteúdo. No entanto, como muitos não lêem, o resultado é desanimador ao se constatar que o acadêmico se limita a produzir literalmente as partes do texto proposto de forma mecanizada, pois querem atingir somente a nota para passar.
Daí se conclui que a leitura em sala de aula é de extrema importância, pois este passo é determinante para a formação de leitores. Considerando que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas também por outra forma de escrevê-lo, de transformá-lo através de nossa prática consciente, Freire (2008, p.20).
Segundo Geraldi (1993), o grande problema na produção textual se dá pelo fato da lacuna sobre a concepção de linguagem que dê um significado à produção escrita do aluno. Portanto produzir um texto não pode ser um exercício de solidão, uma vez que o acadêmico precisa de um interlocutor para se comunicar.
Mas afinal, o que é texto?
Segundo ECO (2003, p. 12), o texto é um convite à liberdade de interpretação, entretanto a leitura "nos obriga a um exercício de fidelidade e de respeito na liberdade de interpretação", assim, não podemos ler no texto aquilo que queremos, "lendo aquilo que nossos mais incontroláveis impulsos nos sugerirem", faz-se necessário o respeito ao que Eco chama de "intenção do texto".
Para Torres o bom texto é o que desempenha a finalidade de quem produz e, para que isso aconteça, é indispensável que os alunos sejam incentivados freqüentemente a escrever de forma contextualizada.
Desta forma, o texto acadêmico tem características próprias e que não fazem parte da realidade dos alunos do ensino médio. Assim, cobra-se do aluno um texto objetivo, conciso, em que haja precisão e correção. Sem contar que a precisão vocabular está profundamente pautada com o uso da nomenclatura exclusiva da área.
Cabe ao professor, independente da disciplina, antes de solicitar qualquer atividade de produção textual escrita a seus alunos, mostrar-lhes a organização esquemática e as peculiaridades do tipo de texto que ele pretende trabalhar, para que sejam conhecidos e armazenados em suas memórias, a partir de gêneros textuais.

Na produção textual o acadêmico deverá seguir três parâmetros: o "que dizer", "para quem dizer" e "como dizer", as respostas irão direcionar se o texto cumpriu o seu objetivo ou não. Daí conclui-se que escreve mal quem não tem o que dizer ou não aprendeu a organizar seu pensamento, desta forma, não adianta o domínio das regras gramaticais ou selecionar as palavras para cada ocasião se o texto não tiver conteúdo.
Mas se a faculdade cobra textos completos para se ingressar, seria injusto que ao longo da graduação o acadêmico não seja capaz de refletir e escrever de forma crítica sobre vários pontos fornecidos, em diferentes matérias.
Mattoso Câmara diz que "qualquer um de nós senhor de um assunto é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem". (Mattoso, 2001, p.61)
Não se pode esquecer também que a revisão ortográfica é importante, pois a Língua Portuguesa apresenta regras gramaticais complexas, algumas trazidas pela reforma ortográfica e que, no texto, são difíceis de ser notadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo representa uma pequena análise em que se discutiu a importância da produção textual no ensino superior. O tema não é novo, mas é marcante em estudos e debates nas relações entre o ensino de Língua Portuguesa e a formação acadêmica.
Formar alunos leitores/escritores não é tarefa fácil, mas é um processo de conquista gradativa. Para isso deve haver uma interação entre os professores das disciplinas da graduação e os mais diferentes tipos de leitura para se tornar um leitor crítico e consciente, com capacidade de expressão oral e escrita eficaz.
O objetivo do artigo não é criticar ou explicar a admissão dos egressos despreparados, mas refletir sobre as dificuldades com o intuito de fornecer aos acadêmicos subsídios mais sólidos para que desenvolvam de forma competente suas atividades acadêmicas.
Cabe às IES estabelecer uma relação sociocultural dos alunos para que contribua para a formação do leitor e este possa compreender que a linguagem ultrapassa todas as áreas de conhecimento. Desta forma, a Instituição de Ensino Superior deve envolver-se em projetos educativos para que o acadêmico tenha condições de dominar efetivamente os saberes lingüísticos.
Em relação à produção textual, recomenda-se que, por meio de oficinas, dêem oportunidades para que os acadêmicos interajam com diferentes modalidades de textos em situações didáticas, capazes de desenvolver, com competência, a utilização da língua materna em todos os contextos.



REFERÊNCIAS

ECO, Umberto. Os limites da interpretação. São Paulo : Perspectiva, 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 9ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam.
22 ed. São Paulo: Cortez, 1988.
GERALDI, J. W. (1993). Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes.
GERALDI, J.W. O texto na sala de aula, São Paulo: Ática, 2000.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6 ed. Trad. Cláudia Schilling. Porto Alegre: ArtMed, 2007.