CENTRO INTEGRADO DE TECNOLOGIA E PESQUISA - CINTEP
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA ? ITAPORANGA D´AJUDA/SE


A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL (DM)

Daniella Hora Gouvêa
Fernando Silva Sobral
Gildete Ribeiro Garcez
Maria Angélica Felix
Professora Mda. Naíza Maria de Jesus

RESUMO


O presente trabalho é parte do resultado de uma pesquisa iniciada em sala de aula, a partir de um estudo introdutório sobre os fundamentos teórico-metodológicos para a atuação junto ao aluno com dificuldades de aprendizagem ou limitações intelectuais, sendo concentrado e aprofundado na importância da participação dos pais no processo de inclusão dos alunos com deficiência mental, possuindo assim necessidades educacionais especiais. A pesquisa aborda o começo do envolvimento e ativismo dos pais no tema educação e deficiência, o tratamento dado ao portador de DM e o conceito utilizado na tentativa de otimizar o processo educativo, verificando a postura e o relacionamento familiar, observando, de maneira geral, se os educadores e as escolas da estão sendo preparados para receberem estes alunos, além de definir qual a contribuição apresentada em relação a educação inclusiva.

Palavras-chave: Deficiência mental. A importância dos pais na Educação Inclusiva. A família é a base da sociedade. Os maiores especialistas são os pais.


INTRODUÇÃO

Diante de todas as áreas das deficiências como a visual, auditiva, física, é a deficiência mental (DM) a mais freqüente na sociedade. O conceito de deficiência mental possui uma relação muito próxima às concepções sócio-econômicas e humanas vigentes. Neste artigo, serão elencadas algumas questões para reflexão relativas à concepção de deficiência mental (DM), à importância do ambiente social para o desenvolvimento dos portadores deste entrave e à dinâmica e funcionamento das famílias com crianças deficientes, portanto, a compreensão desses três aspectos e de suas inter-relações constitui a base para a promoção da inclusão de alunos DM, mediante às relações de suas famílias com a educação. Através de breve estudo realizado, pôde-se observar a necessidade de implementar projetos de pesquisa que focalizem a participação familiar, adotando conceitos apropriados de deficiência mental e de família, para a inclusão de alunos DM no processo educacional.
Segundo Silva e Dessen (2001), é importante conhecer as idéias que norteiam a concepção acerca da deficiência mental em cada período histórico, para que possamos compreender melhor o lugar da criança DM na sociedade contemporânea. Durante a antiguidade, as crianças deficientes eram abandonadas de acordo com as tradições da sociedade da época. A partir da influência da doutrina cristã os portadores de DM começaram a serem vistos como seres com almas, pessoas normais, mas que possuíam necessidades especiais, ou seja, passaram a serem vistos como filhos de Deus, não merecendo o abandono. Com o avanço da medicina, a deficiência mental passou a ser encarada como problema físico-médico e não mais como um problema espiritual. Há nestas pessoas necessidades específicas, especiais, que exigem muito mais do que as ditas normais.
Atualmente, utiliza-se a expressão "necessidades especiais" ou "necessidades educativas especiais", mas estes termos são muito abrangentes. Para Bueno (1997), além de abrangentes esses conceitos perdem na precisão, podendo significar a incorporação de inúmeras crianças, sobre as quais levantam dúvidas se teriam efetivamente algum tipo de necessidade especial.
Existe uma tendência mundial de se substituir a expressão "Deficiência Mental" por "Deficiência Intelectual", devido à relação com o funcionamento do intelecto da pessoa portadora da deficiência. Ocorre, diariamente, uma confusão nas nomenclaturas, em virtude da falta de informações sobre o assunto para a sociedade, limitando esse conhecimento aos interessados na área como, por exemplo, educadores, psicólogos, assistentes sociais e profissionais da área médica. Porém, todos os indivíduos possuem contato e acesso aos portadores de deficiência durante o cotidiano, sendo no trabalho, na escola, na universidade, nas rodas sociais, etc.
Hoje, no Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de deficiência são discriminados nas comunidades em que vivem por falta de informação e educação da sociedade, mas o mercado de trabalho está sofrendo mudanças por causa das alterações na constituição, a qual garante o cumprimento das leis. O paradoxo formado a partir deste assunto se dá em virtude da iniciativa de profissionais em buscar conhecimento na área por necessidade de adaptação ao invés do oferecimento por parte das esferas responsáveis que pretendem garantir os direitos legais, mas que não oferecem capacitação e conhecimento necessários para o cumprimento da Educação Inclusiva.
A estrutura da sociedade, desde os primórdios, sempre inabilitou os portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade e de direitos. É sabido que toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de atingir seus limites, assim como toda criança possui características, interesses, aptidões, habilidades e necessidades de aprendizagem distintas, que não são únicas. Aqueles com necessidades educacionais especiais, inclusive com deficiência mental, devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-lo dentro de uma pedagogia centrada e preparada, capaz de satisfazer tais necessidades.
No grupo dos portadores com deficiência mental, há características peculiares, as quais se expressam em forma de talentos, capacidades, necessidades e algumas incapacidades. A instituição de ensino, o corpo docente e os próprios colegas de classe devem ser preparados para adaptar o aluno DM, evitando a exclusão, por isso a necessidade de capacitação profissional, uma vez que trata-se da multiplicação de informações.
É importante ressaltar que, antes da iniciação do aluno DM, é necessário o diagnóstico da deficiência, a orientação da família e o encaminhamento correto para a especialidade clínica, objetivando a prevenção de problemas futuros, buscando a devida inclusão desse indivíduo.
Feitos todos os procedimentos corretos, a aprendizagem é realizada da forma mais normal possível, podendo alcançar níveis em excelência. A participação dos pais é fundamental para o processo, uma vez que são eles os que convivem a maior parte do tempo com a DM e a educação não está restrita à escola, precisando dar continuidade por meio do convívio sócio-familiar. Os pais ou responsáveis pelos portadores de deficiência mental, ou intelectual, por sua vez, também se tornam pessoas com necessidades especiais, precisando de orientação, participação, responsabilidade e principalmente acesso à escola. Na verdade, são eles que intermediarão a integração ou inclusão dos seus filhos junto à escola.

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL (DM)

O nascimento de um bebê com deficiência mental ou o aparecimento de qualquer deficiência altera consideravelmente a rotina no lar. Os pais logo se perguntam por quê?, de quem é a culpa?, como agir diante da situação, como será o futuro da criança?, afirmando a necessidade de esclarecimento. A família constitui o primeiro universo de relação social e o mais complexo, de ação mais profunda sobre a personalidade humana, dada a enorme carga emocional das relações entre seus membros.
Segundo Silva e Dessen apud Casarin (2001), a reorganização familiar fica mais fácil quando há apoio mútuo entre o casal e a família, ou seja, o ambiente familiar pode contribuir para o desenvolvimento e crescimento da criança DM, ressaltando a necessidade da colaboração dos pais para a escola. Estudar e aprofundar o conhecimento sobre o funcionamento da família com crianças DM constitui um caminho promissor para a compreensão do desenvolvimento destes portadores e de sua adaptação ao meio.
O papel da escola, ou ambiente escolar, representa grande importância para o aluno DM. Gradualmente, o mundo da criança começa a se ampliar e é dentro deste contexto que é inserido o portador da deficiência. A escola deve receber a família da mesma maneira que recebe a criança especial, fazendo com que os pais participem do desenvolvimento escolar dos filhos, neste sentido não há diferenciação entre a criança DM e não DM, a responsabilidade da instituição, dos profissionais e dos responsáveis é a mesma, uma vez que ambos estão inseridos diretamente no processo de transformação cultural, encontrando-se em contínua interação com o meio social.
A educação tem hoje como premissa fundamental conceder uma grande importância à atividade do aluno como sujeito, para que se forme e se desenvolva plenamente sob a direção segura de um professor capacitado, em um processo bilateral que tem lugar em um meio coletivo, no qual todos, dentro de um conceito de educação inclusiva, têm direito à voz. A inclusão dos alunos com deficiência mental deve ser vista como um processo espontâneo e subjetivo que envolve direta e pessoalmente o relacionamento entre seres humanos, principalmente a família, isto é, os pais.
É importante lembrar que a adoção da Educação Inclusiva não significa que se prescinda de pais especialistas em "educação especial", mas sim, que estes tenham novos papéis e responsabilidades, vinculados à escola que deverá apresentar seu trabalho planejado e incorporado à educação regular. O valor que os indivíduos deficientes mentais atribuem a seus pais em seu processo educacional e que possibilitaram que atingissem a Educação em todo o seu sentido, apesar de todas as perspectivas negativas apresentadas pelos segmentos médicos e educacionais, é a prova da importância da participação ativa na vida escolar.
A família é, indiscutivelmente, a base da sociedade e, apesar da existência de debates em torno do seu papel atual e da sua composição, ela permanece como elemento-chave da vida e o principal alicerce do desenvolvimento humano. Constituindo-se uma unidade primária, qualquer acontecimento que afete um dos seus membros poderá causar influências em todos os outros integrantes da sociedade familiar.
Segundo Nogueira apud Pichon-Rivière (2002), o vínculo familiar configura uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, que funciona acionada por motivações psicológicas, resultando daí uma determinada conduta, que tende a se repetir tanto na relação interna como na relação externa com o objeto. Com os pais de portadores de "necessidades especiais", este vínculo pode gerar uma série de sentimentos conflitantes, os quais prevalecem certa confusão devido ao impacto de admitir que seu filho possua algum problema, gerando angústia que podem trazer graves conseqüências, por isso a importância do esclarecimento.
É necessário ratificar que os pais devem participar do processo de inclusão cultural e social de seus filhos, mas esta participação não deve invadir os limites conscientes da responsabilidade escolar. A participação ativa não significa "super-proteção", ou um tipo de "luto" pela DM apresentada pelo seu filho, e sim possibilitar a interação social e o convívio escolar com os outros alunos, ditos normais. A escola é uma instituição organizada e possui o seu sistema educacional, este que não deve ser interferido pelos pais. O resultado final dessa parceria entre família e escola deve ser um soma que proporcione ao aluno com DM uma vida normal e feliz.




REFERÊNCIAS


BUENO, J. G. S. (1997). Práticas institucionais e exclusão social da pessoa deficiente. In: Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (Org.), Educação Especial em Debate. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. P. 37-54.


CARVALHO, Rosita Edler et al. Área da Deficiência Mental. In: JESUS, Naíza Maria de (Org.). Fundamentos teórico-metodológicos para a atuação junto ao aluno com dificuldades de aprendizagem ou limitações intelectuais. Sergipe: CINTEP-PB, 2008. P. 05-10.


GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de Artigos Científicos. 1ª edição. São Paulo: Editora Avercamp, 2004.


MACIEL, Maria Regina Cazzaniga. Portadores de Deficiência: A Questão da Inclusão Social. São Paulo Perspec., Junho 2000, vol.14, no.2, p.51-56. ISSN 0102-8839.


NOGUEIRA, Mário Lúcio de Lima. A Importância dos pais na educação segundo a percepção de universitários deficientes visuais. In: Instituto de Cegos do Brasil Central ? ICBC (Org.). Tema Família. Uberaba-MG: Revista Benjamin Constant, Edição 23, p. 11-18, dezembro. 2002.


SILVA e DESSEN, Nara Liana Pereira and Maria Auxiliadora. Deficiência Mental e Família: Implicações para o Desenvolvimento da Criança. Psic.: Teor. e Pesq., Agosto 2001, vol.17, no.2, p.133-141. ISSN 0102-3772.