A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO COTIDIANO ESCOLAR.

 

Fernanda Spielmann[1]

Glaé Corrêa Machado[2]

 

RESUMO

Este estudo aborda a importância da participação das famílias no contexto escolar. O trabalho tem como objetivo discutir por que as famílias devem estar presentes na vida escolar de seus filhos, dando continuidade nas atividades escolares e trabalhando como parceiros da Escola, proporcionando sucesso no desempenho escolar, e perceber no que a participação e envolvimento irão contribuir. Para desenvolver a investigação foram realizadas pesquisas bibliográficas e documentais, além disso foi adotado o estudo de caso, tendo como objeto de estudo uma turma de anos iniciais do ensino fundamental. Os dados foram alcançados através de entrevistas padronizadas e um momento de vivência com os famílias seguido de relato da experiência, com a intenção de conhecer a realidade destes e perceber qual a importância que dão a vida escolar de seus filhos. Dessa experiência pôde-se fazer algumas constatações, dentre elas, percebe-se que as famílias estão centradas no trabalho para poder oferecer uma boa escola e conforto a seus filhos, tendo a visão de que a Escola é a principal responsável pela educação e aprendizagem e que a participação da família no processo escolar, fica restrita ao acompanhamento de tarefas e questões comportamentais. Ocorrendo o chamado à participação o que se constata é a quebra de alguns mitos em relação aos familiares, pois os pais participam, relatam de forma oral e escrita suas opiniões, e se predispõe a colaborar, embora não tenham claro como o podem fazê-lo. Daí, a principal interferência deste estudo - a necessidade da escola voltar-se, coletivamente, para a reflexão sobre a relação escola e família, atribuindo-lhe real importância e viabilizando práticas de integração, imprescindíveis para o sucesso no processo escolar.

Palavras-chave: família, escola, aluno, participação escolar, sucesso escolar.

 

ABSTRACT

This study addresses the importance of family participation in the school context. The paper aims to discuss why families should be present in the school life of their children continuing in school activities and working as partners of the School, providing success in school performance, and realize that the participation and involvement will contribute. To develop research were conducted literature searches and document furthermore we adopted the case study, with the object of study a class of first years of elementary school. Data were obtained through interviews and a moment of experience with families followed reporting experience, with the intention to know the reality of these and realize how important giving the school life of their children. That experience could make up some findings, among them, one realizes that families are focused on the job in order to provide a good school and comfort their children, taking the view that the school is primarily responsible for the education and learning and that family involvement in the educational process, is restricted to the monitoring of tasks and behavioral issues. Place the call to share what one finds is breaking some myths in relation to the family, since parents participate, reports the oral and written form their opinions, and predisposes to work, although not as clear as they can do it . Hence, the main interface of this study - the need to return to school, collectively, to reflect on the relationship between school and family, giving it real importance and enabling integration practices, which are essential for success in school process.

Keywords: family, school, student, school participation, successful school.

INTRODUÇÃO

No sistema educacional, percebe-se que a participação das famílias no cotidiano da escola não é compreendida de maneira a contribuir com o sucesso escolar do aluno. Dessa maneira, há necessidade de intervenção pedagógica do docente para desenvolver a união e compreensão dos familiares com a escola e vice-versa, para o auxílio e motivação dos estudantes no processo de aprendizagem. Para desenvolver este tema, estuda-se especificamente o caso de uma turma que demonstra não receber os estímulos esperados da família quanto os estudos a serem realizados na Escola.

O norteamento da investigação pauta-se nas seguintes questões: Como as mudanças históricas contribuíram para a ausência das famílias na vida escolar de seus filhos? Qual o papel da família para alcançar o sucesso escolar? E como a escola poderá intervir ou contribuir para que as famílias participem mais no cotidiano escolar de seus filhos? Para que poderá contribuir a união da Escola e da Família na formação global do indivíduo?

No desenvolvimento deste estudo busca-se discutir a realidade atual da maioria das famílias, relacionando-as com a Educação, e percebendo as atitudes que poderão contribuir para o êxito escolar. A realização deste estudo sobre a importância da participação das famílias no contexto escolar demonstra-se relevante por ser uma das dificuldades que surgem em um significativo número de casos nas escolas, interferindo no aprendizado de muitas crianças, não só relacionado aos conteúdos, mas também ao convívio social e afetivo.

Enfim, destaca-se que esta pesquisa poderá contribuir para a intervenção pedagógica, visto que propõe um estudo de caso real de uma turma de alunos, em que as famílias demonstram pouca participação no cotidiano escolar de seus filhos, gerando dificuldades no aprendizado e relacionamento entre o grupo. Identificar os principais fatores que causam a passagem despercebida pela educação e desenvolvimento social do indivíduo, também é fundamental para analisar as estratégias práticas que promovam a união da família com a escola e aluno, para alcançar o sucesso deste.

Para tornar didática a apresentação deste estudo, o artigo está estruturado da seguinte forma: primeiro, faz-se uma exposição histórica e teórica-critica acerca da participação das famílias nas escolas; depois, descreve-se a metodologia adotada no desenvolvimento desta investigação para, então registrar o estudo de caso construído e, por fim, indicar resultados alcançados.

 

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS NO CONTEXTO ESCOLAR

 

 

A família no decorrer da história

 

A questão da participação, de um modo geral, tomou impulso a partir de 1960. Pois de 1964 a 1985, os militares governaram o Brasil, e nessa época, que ficou conhecida como ditadura militar, caracterizou-se pela supressão de direitos constitucionais, falta de democracia, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra esse regime. A ausência da democracia trouxe movimentos sociais que interferiram muito no processo de busca da participação popular. O desejo de ter as famílias mais próximas surgiu na década de 1980, fortalecendo em 1990, antes disso a confiança era maior e os espaços ou papéis, bem definidos. Oliveira, (2002, p.43) diz que, a escola tinha a função de ensinar (educação intelectual); e a família, a função de educar (educação ética e moral).

Oliveira (2002) cita que outro fator que contribuiu a busca pela participação foram as mudanças ocorridas na sociedade a partir da década de 1930 (divórcios, mães no mercado de trabalho, entre outros). A escola passa a assumir algumas demandas que anteriormente eram exclusivamente da família, pois os profissionais da educação sentem-se melhor preparados para essa finalidade, uma vez que possuem os conhecimentos da sociologia e psicologia.

Com a aprovação da Constituição Federal de 1988, o poder foi descentralizado, resignificando o controle social e a participação da sociedade nas decisões. A participação popular institucionaliza-se a partir dessa Constituição, que é considerada a mais democrática. Assim intensificou-se a participação popular em todos os setores, inclusive nas escolas, surgindo os conselhos municipais, as conferencias municipais de educação e os conselhos escolares, de modo a permitir que a escola pudesse vir a ser o ambiente favorável para exercer a democracia.

Alguns anos após a publicação da Constituição Federal, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB- Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996), que trouxe outros avanços em prol à participação da família na escola. Em seu artigo primeiro, a LDB 9394/96 trata da educação de maneira ampla, reconhecendo que a escola compartilha com várias outras instituições da sociedade a responsabilidade de educar as novas gerações e também os jovens e adultos.

Com a escolarização obrigatória constituiu-se uma forma de privar os pais do poder educativo, e a criança deixou de perceber sua família. A lei não só obriga aos pais a não só prover a educação de seus filhos, mas a cederem uma parte dela à escola. Muitos textos afirmam que a escola é a “segunda família”, e de certa maneira a escolarização obrigatória arrancou as crianças de suas famílias, a partir dos seis anos, podendo vir a ser aos três anos de idade. Nos dias de hoje, se a obrigação legal de frequentar a escola fosse suspensa, provavelmente os pais continuariam levando seus filhos assim mesmo, pois quase todos os pais de hoje frequentaram a escola por anos e nelas aprenderam muitas coisas, e também estão cientes da importância da instrução e diploma para o futuro de seus filhos. Develay (1998) menciona a vontade que eles têm de se informar e de se formar para ajudar melhor seus filhos. No entanto, nenhuma sociedade assumiu, até hoje, nem mesmo considerou seriamente o risco de devolver a responsabilidade da educação de seus filhos para às famílias.

[...] O que há é a perfeita compreensão de parte dos que se queixam da reforma de ensino. E é o que precisa haver. É necessário que os pais de família se acostumem a visitar frequentemente as escolas onde seus filhos são educados. (FILHO, Faria, 2000, p.47)

           

De acordo com Martelli (2004), não há como justificar uma instituição que realiza sua atividade “de costas para a comunidade”, ignorando suas aspirações e necessidades. Nesse sentido, se levarmos em consideração o resgate aqui realizado, depreenderemos que a participação da família na escola vem sendo pensada e buscada ao longo de décadas. Com a LDB 9394/96 ela foi institucionalizada, mas com isso carrega uma tradição muito conservadora da escola, marcada por discursos parafrásticos, ou seja, discursos que se repetem e são abertos ao debate, ao conflito, ao discurso contraditório, que seria o discurso polêmico.

 

A família e sua função

Enquanto para muitos familiares a escola representa um lugar seguro para se deixar os filhos, para alguns alunos, representa apenas um espaço de referência existencial, ou seja, o que para certos pais parece ser custódia, para os filhos, é o ponto de encontro com um grupo que é seu, pertencem a essa ou àquela escola.

            Algumas famílias comparecem nas reuniões escolares e realizam os deveres de casa frequentemente, independente se seu filho foi auxiliado ou estimulado a pesquisar ou envolver-se pelo assunto. A importância de acompanhar o aprendizado, dar continuidade aos estudos realizados durante o período das aulas, incentivar a pesquisar e a leitura, observar os cadernos, verificar os materiais escolar e conversar sobre o dia são atitudes que os familiares não compreendem como indispensáveis na vida escolar de uma criança. As atitudes citadas são percebidas como uma maneira do aluno perceber que sua família importa-se com o que a escola traz e realiza.

             Se não houver esse fio que liga a família e a escola, o aluno vai continuar realizando o processo educativo, mas sem a participação da família, o que causa falta de estimulo e interesse por valorizar e progredir nas etapa. Automaticamente podendo resultar em repetência, dificuldades na aprendizagem, no convívio escolar.

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (LDB,1996, título I, art.1º)

 

A família enquanto o primeiro ambiente em que o ser humano socializa, atua como mediadora principal nos padrões, influências e modelos culturais. Também é ela quem transmite os valores, crenças, ideias e significados sociais. Influenciando no comportamento do indivíduo, especialmente das crianças, que aprendem as diferentes formas de ver, agir, existir e construir as relações sociais.

            Sabemos que a educação é um conjunto entre a família, escola e sociedade. E que é necessário que cada uma faça sua parte de maneira a sensibilizar, esclarecer, guiar, amar incentivar, assegurar, as crianças e aos jovens, pois eles dependem de nós. Nenhum ser vivo vive sozinho, principalmente o homem, pois ele é um ser sociável que precisa amar e ser amado. Sendo este o maior motivo das pessoas se unirem em família.

           

A escola e sua função

 

As reflexões de Martelli, acerca da LDB 9394/96 e da participação da família na escola trazem as seguintes contribuições:

 

A participação da escola e na escola só se tornará realidade quando os indivíduos aprenderem a participação e, ao lado disso, souberem exigir seus direitos e cumprir seus deveres. A participação não é palavra mágica que basta ser pensada ou proposta em textos legais para tornar-se realidade. Há que ser trabalhada e vivida dentro de muros escolares para depois ser levada para a comunidade. Não basta a força da lei; tem de ser entendida e aceita pelos autores dentro e fora da escola. (MARTELLI, 2004)

 

Cabe a escola convidar e convocar as famílias a participar, realizando momentos onde pais e mães ou outros, possam participar com suas ideias, ou sensibilizando os familiares quando o aluno necessita de um reforço após diferentes tentativas para superar determinada dificuldade. Solicitando auxilio da família, também é uma maneira de fazer com que a família contribua para a educação de seu filho e este receba a atenção necessária evitando o fracasso escolar.

Mesmo que as escolas tenham a obrigação de se articular com as famílias, sendo que este direito está assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):

 

 

 

 

 

Art.12: Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de [...] VI- articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. VII- informar os pais e responsáveis sobre a execução de sua proposta pedagógica.(LDB, 1996, Título IV, Art. 12)

 

 

A escola, enquanto instituição formadora e democrática, deve estar à frente na discussão das mudanças que envolvem a pessoa humana, garantindo a inclusão social, pelo entendimento e mediação da diversidade de relações humanas com as quais se convive. Daí, mais uma razão para a escola unir-se à família, pois somente juntas, num trabalho cooperativo e integrado, ambas poderão minimizar as possíveis consequências de tantas mudanças no campo pessoal e que fatalmente, se não atendidas e bem conduzidas, terão influencias negativas no campo da aprendizagem, pois o aspecto cognitivo não se dissocia do socioafetivo.

Escola, Família e a formação global do indivíduo

                       

A escola e a família são os fatores principais para o processo evolutivo das pessoas, sendo responsáveis pelo crescimento físico, intelectual, emocional e social. Os laços entre eles, contribuem para o desencadeamento do desenvolvimento saudável do indivíduo, pois estabelecem relação entre os acontecimentos, favorecendo um melhor direcionamento para se obter o sucesso escolar,  consequentemente ao longo de sua vida.

            Com isso é possível desenvolver os quatro pilares da educação citados por Delors (2000), tendo a participação da escola e da família. Pois para aprender a aprender, aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver em comunidade (conviver), é necessário termos um mediador, alguém em quem nos espelhar, nos orientar, nos guiar.

            Ainda sobre os quatro pilares podemos perceber que tanto a escola como a família devem construir juntas os pilares. “Aprender a conhecer”, indica o interesse, a abertura para o conhecimento. Se o aluno receber orientação e estímulo para pesquisar, estudar, procurar, irá compreender o mundo que o rodeia, beneficiando-se das oportunidades. “Aprender a fazer”, mostra a coragem de executar, de correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar. Ao desenvolver a autonomia e a aprendizagem de algo novo, pôr em prática, buscando com insistência e trabalhando em equipe. “Aprender a conviver”, mostra o desafio da convivência, que reapresenta respeito a todos e o exercício da fraternidade como caminho para o entendimento. Se bem instruído e vivenciando uma realidade harmoniosa, mesmo havendo dificuldades ou desentendimentos procura-se resolver com paciência, o aluno saberá agir de maneira a aprender a viver junto e com os outros. “Aprender a ser”, explicitando o papel de cidadão, com o objetivo de viver com autonomia, discernimento e responsabilidade, potencializando a memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas e aptidão para comunicar-se.

A visão e a estratégia da educação podem e devem se constituir de bases de apoio para a formação do indivíduo cidadão, aliando a teoria à prática do fazer, através de conhecimentos, habilidades e atitudes comportamentais.

Educação é um processo de desenvolvimento global, integrando os vários níveis de conhecimento e de expressão: sensorial, intuitivo, afetivo, racional e transcendental.

Um dos pensamentos da LDB (1996) é desvincular a educação escolar como exclusiva da sala de aula, atribuindo novas direções, que privilegiam uma cultura voltada para a autonomia do aluno, a transversalidade dos conteúdos, a alteridade, a cidadania, a comunicabilidade, e a integralidade do ser humano. A partir daí, possibilita-se ao aluno o desenvolvimento das capacidades e habilidades intelectuais com base no conhecimento científico, assim como no pensamento crítico e nas técnicas de trabalho intelectual. Cada aluno reage de modo especial à experiência de aprendizagem.

           

METODOLOGIA

           

Este estudo foi desenvolvido através de alguns procedimentos de coleta dos dados. A pesquisa foi de cunho bibliográfico para conceituar e caracterizar a importância da participação da família na vida escolar do aluno. O Estudo de caso foi adotado e aplicado, em um grupo onde notou-se um diferencial no envolvimento entre as famílias, onde apresentou-se dificuldades na aprendizagem, no relacionamento social, em adquirir sua identidade e segurança. Também foi realizada uma entrevista com as famílias para conhecer a realidade e envolvimento de cada família. A entrevista foi realizada no dia dezenove de outubro de dois mil e doze e contou com questões padronizadas. Após a entrevista, realizou-se uma roda de conversa com os alunos, onde expressaram sua realidade e vontade em relação a participação de suas famílias nas atividades escolares. E ainda uma pesquisa documental que teve como objetivo analisar a proposta da escola e o que consta no Regimento Escolar e Projeto Político Pedagógico, como sendo dever da família.  Para a conclusão do trabalho realizou-se um momento no dia treze de novembro de dois mil e doze, onde oportunizamos atividades com parceria das famílias na Escola.

ESTUDO DE CASO

 

O estudo de caso refere-se a uma turma de vinte e uma crianças, de primeiro ano do Ensino Fundamental, de rede privada, situada no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Sendo que quinze crianças permanecem no turno integral, e seis retornam para suas casas no turno oposto.

O desenvolvimento do estudo deste caso foi realizado através de uma pesquisa padronizada, que foi aplicado entre os pais dos alunos deste grupo. Também realizou-se um estudo no Regimento Escolar e Projeto Político Pedagógico da Escola. Realizamos uma atividade, em que foi possível a família participar de um momento da aula.

A escola que serviu de estudo demonstrou realizar diversos momentos ou atividades, onde as famílias são convidadas à participar como: piquenique de integração no início do ano letivo, momentos de comemoração aos dia das mães, pais e família, festa de inverno, festa de aniversário da Escola, participação em palestras, piquenique de final de ano, entrega de pareceres avaliativos, com momento de conversa com as famílias, além do atendimento e orientação educacional realizados no decorrer do ano. Também percebe-se que a família possui total liberdade em entrar na escola e observar um pouco do que está sendo realizado, o que de certa forma é um ponto muito positivo, pois muitas escolas de rede privada acabam por receber as crianças no portão.

No Projeto Político Pedagógico (2012) da escola citam o papel da família como muito importante e indispensável na vida escolar dos alunos. Quando se caminha lado a lado, da família e escola, pode-se resignificar o papel da escola e dar a devida importância a tudo que ela oferece, tanto cognitivamente como culturalmente, levando em conta a bagagem social e cultural de todos os indivíduos envolvidos no processo, como a troca de experiências e vivências, que poderão servir de exemplo no futuro para todos que fazem parte dessa caminhada. Se faz necessário que estejamos envolvidos e voltados as novidades que a sociedade oferta, mas não devemos esquecer de estimular e valorizar o senso crítico dos nossos alunos. Na escola, o ambiente é propício para cultivar as relações de qualidade, de valores que permitam o verdadeiro exercício de cidadania.

Através de uma pesquisa envolvendo a rotina escolar, aprendizagem e participação percebeu-se que as mães demonstram ser as mais participativas e envolvidas com o cotidiano escolar de seus filhos, também foi possível perceber que o número de filhos se for comparado com antigamente ficou restrito entre um e dois, e os homens e mulheres estão construído suas famílias cada vez mais tarde. Estes dados demonstram que os interesses mudam ano após ano, conforme as mudanças sociais, procurando ter mais segurança financeira, conforto na moradia e na escola, fato este que se bem administrado favorece a melhor aprendizagem das crianças, mas o caso é que para se conquistar tudo isso é necessário todo um conjunto, que possivelmente resultará em uma rotina familiar mais frágil e com menos contato físico e afetivo.

Durante a entrevista os pais acreditam estar participando da vida escolar de seu filho o suficiente e em todos os momentos, percebendo ser necessário para um bom desenvolvimento escolar, motivando-o, estando mais perto, transmitindo mais segurança, incentivando sempre e influenciando também no seu comportamento. Caso a criança perceba que não está recebendo o estimulo e atenção necessária ela demonstra tristeza, muitas vezes refletindo na rotina de casa e até cobrando atenção da família. Para o pai e a mãe, o momento dedicado para conversar e pesquisar sobre a aula ocorre logo após a aula, sendo possível realizar esta situação em quinze minutos.

Mediante pesquisas realizadas com as famílias, foi constatado que os pais acreditam que a escola é a principal instituição que deve promover a aprendizagem. E que a escola deve promover mais ações que envolvam as famílias na educação de seus filhos. Também percebem que a escola tem cumprido muito bem seu papel de ensinar e promover o desenvolvimento integral das crianças. Concordaram que se as famílias não acompanharem de perto a educação escolar de seus filhos, estes poderão aprender menos. Afirmam que cabe a família em primeiro lugar e à escola a promoção do desenvolvimento integral das crianças, sendo que a escola deve ensinar a criança os conhecimentos científicos e as famílias os valores. É necessário explicitar que setenta por cento das famílias contribuíram com a pesquisa.

            Neste sentido foi realizado um momento onde as famílias poderiam brincar, jogar, desenhar, ler com seus filhos na escola. Sendo que trinta e oito por cento dos pais participaram da programação. Estes, avaliaram o momento como especial, por poder ver de perto o que seus filhos estão aprendendo, e que perceberam que seus filhos demonstram emocionados e motivados com a presença do pai ou da mãe, até sugeriram realizar com mais frequência.

            Após realizar este s estudo s, foi possível perceber que as famílias sensibilizaram-se para importância destas situações, através das pesquisas e entrevistas refletiram sobre sua própria rotina e as atitudes que vinham tomando. No início do ano seguinte realizamos novamente um momento semelhante com as famílias, onde tivemos cem por cento de participação das famílias. Os resultados apontam que é necessário a escola continuar envolvendo as famílias, investindo em questionários e textos onde as famílias participem e reflitam sobre suas atitudes, e sempre esclarecer como está o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno na escola, solicitando ajuda da família quando necessário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

           

 

            A investigação que se construiu sobre a importância da participação das famílias no contexto escolar permite a percepção de questões importantes. O presente trabalho realizou-se com o objetivo de perceber os fatores e situações que podem ser trabalhados na escola para aproximar as famílias do cotidiano escolar de seus filhos e no que isso irá contribuir.

            A primeira questão observada refere-se aos momentos proporcionados para as famílias pararem e envolverem-se em situações planejadas para manter este vinculo. Também percebe-se a importância de continuar havendo o contato com os pais, com o auxílio da Orientação Educacional, sendo possível rever questões que estão trazendo dificuldades na aprendizagem ou convívio do aluno e junto com a família procurar meios para solucionar o caso. Conforme descrito neste trabalho, o sucesso escolar depende do interesse e envolvimento do aluno e família, consequentemente da escola.

            Foi muito importante realizar este estudo, pois pude perceber quais foram as causas mais evidentes que ocorreram nos últimos anos, que contribuíram para que o sistema educacional tenha sofrido tantas mudanças. Dentre elas, a importância e respeito demonstrados pela escola, professores e colegas, assim como a transferência de responsabilidades, em que a grande maioria transfere a responsabilidade para a escola, até mesmo levando seus filhos doentes para estudar, mas a importância que percebe-se nesta questão não é o estudo, e sim os compromissos da família.

            Enfim, o estudo sobre a importância participação da família demonstra que a escola já está contribuindo para que seja possível este envolvimento, realizando encontros com as famílias da escola, envolvendo os pais nos estudos, orientando as famílias quando há necessidades, sendo este um processo continuo e que poderá oscilar com o passar do tempo, tendo de ficar sempre atento para manter de uma forma gratificante a participação da família na escola.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. ed.

Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.

_______.Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional. Lei n. 9394/96. Brasília:1996

BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é participação. São Paulo: Brasileirense, 1994. (onde foi citado)

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Modos de Educação, gênero e relação escola-família. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 121, p.41-58, jan./abr. 2004.

_____. Escola como extensão da família ou família como extensão da escola? O dever de casa e as relações família-escola. Revista Brasileira de Educação, n.025, p. 94-104, jan./abr.2005.

DELORS, Jacques (Org.) Educação: um tesouro a descobrir. Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez. Brasília-DF: MEC: UNESCO, 2000.

FILHO, Luciano Mendes de Faria. Para entender a relação escola-família: uma contribuição da história da educação. São Paulo em perspectiva, 2000.

LAJEADO. Escola de Rede Privada. Projeto Político Pedagógico. Lajeado, 2012.

MARTELLI, Anita Favaro. Participação da comunidade na escola. In: Educação Básica: políticas, legislação e gestão: leituras. São Paulo: Thomson, 2004, p.229-235.

OLIVEIRA, Lélia de Cássia Faleiros. Escola e Família numa rede de (des)encontros. Taubaté:Cabral, 2002.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO EM

 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL:

Quem é você?

Grau parentesco do aluno:

(  ) Pai (  ) Mãe  (  ) Vó  (  ) Vô (  ) Padrasto (  ) Madrasta

Quantos filhos possui: (  ) um (  ) dois  (  ) três  (  ) quatro  (  ) cinco

Idade:(  )de 20 a 25  (  ) de 25 a 30 (  ) de 30 a 35 (  ) de 35 a 40 (  ) mais de 40

Você participa da vida escolar de seu filho?

(   ) Sim, sempre

(   ) Sim, na maioria das vezes

(   ) Sim, às vezes

(   ) Não

Em quais momentos?

Que importância você atribui ao acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos? Explique.

Acha que o acompanhamento dos pais à vida escolar dos filhos pode trazer alguns benefícios para a aprendizagem da criança? Quais?

Você percebe diferença no comportamento de seu/sua filho (a) quando você não participa de sua vida escolar?

Se sim, o que ele/ ela demonstra?

Qual o horário e a frequência semanal que você dedica seu tempo para acompanhar as atividades escolares de seu/sua filho(a)?

O que você gostaria de fazer com seu/sua filho (a) na Escola?

Sobre as afirmativas abaixo, marque

A – quando concorda totalmente

B – concorda parcialmente

C- não concorda

1 (    ) A escola é a principal instituição que deve promover a aprendizagem da criança em idade escolar

2 (    ) A escola deve promover ações que envolvam mais os pais na educação dos filhos.

3 (    ) A escola tem cumprido muito bem o seu papel de ensinar as crianças em idade escolar e promover o seu desenvolvimento integral.

4 (    ) Se a família não acompanhar de perto a educação escolar de seus filhos, estes poderão aprender menos.

5 (    ) Cabe á família em primeiro lugar e á escola a promoção do desenvolvimento integral da criança;

6 (    ) A escola deve ensinar á criança os conhecimentos científicos, e os pais, os valores.

7 (    ) As atividades de aprendizagem e de ensino propostas pela escola contribuem de forma adequada para o desenvolvimento da criança.



[1] Aluna do curso de Pós Graduação em Orientação Educacional, graduada em Pedagogia.

[2] Professora orientadora da pesquisa, graduada em Pedagogia – Orientação Educacional, Especialista em Psicopedagogia, Supervisão e Gestão Escolar, Mestre em Educação.