1 INTRODUÇÃO O princípio do século XXI vem marcado com algumas características: a globalização e a emergência de uma nova sociedade que se convencionou chamar de sociedade do conhecimento.


A atividade produtiva passa a depender de conhecimentos e das habilidades, e o trabalhador deverá ser criativo, crítico e pensante, organizado e preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova sociedade. O exercício de uma profissão está relacionado diretamente à qualificação pessoal; as competências técnicas deverão estar associadas à capacidade de decisão, de adaptação às novas situações, de comunicação oral e escrita, de trabalho em equipe.

Estas mudanças ocorridas na sociedade nos últimos anos, ocasionadas pela globalização, pela velocidade das informações compartilhadas, pela redefinição de tempo e espaço, pela descoberta do virtual e do digital, alterou completamente o cotidiano das pessoas e consequentemente do ambiente em que vivemos.

Os reflexos dessa revolução ainda estão sendo assimilados por todos: as pessoas adaptam-se às novas tecnologias, organizações buscam soluções para os seus problemas e estratégias para diferenciá-las das demais. É exatamente no campo organizacional que se pode identificar as maiores mudanças nas suas abordagens, empresas redirecionando seus objetivos, Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.1, p.26-36, jan./jun., 2008. 27 ampliando seus produtos e serviços e redefinindo a sua estrutura política e administrativa.

É neste ambiente de transição que nos encontramos, nós usuários e profissionais da informação, capazes de gerenciar recursos disponíveis em sistemas de informação, que mais se adapta as nossas necessidades, que funcione como apêndice às tomadas de decisão. Estes sistemas de informação auxiliarão no processo de organização da informação, seja em qualquer tipo de suporte.

2 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS AUXILIARES

Neste processo, verifica-se a importância crescente da informação nas organizações, a velocidade com que são disseminadas, é natural que as instituições tradicionais, entre elas a biblioteca, que utilizam procedimentos manuais e materiais em formato impresso se tornem obsoletos.

A construção de um centro de informação que utilize os meios tecnológicos existentes para atender ao cliente/usuário com eficiência, disponibilizando a informação em diversos formatos (impressos e digitais) é um processo que envolve algumas etapas, entre elas a escolha de equipamentos, como hardwares e softwares a serem utilizados. É de suma importância para o bom funcionamento da instituição, o conhecimento dos tipos de equipamentos disponíveis no mercado, as especificações técnicas e marcas existentes são essenciais aos profissionais da informação.

O centro de informação para atender as necessidades do usuário/cliente deverá disponibilizar além dos materiais tradicionais existentes (livros, CD, fita de vídeo, revista), documentos eletrônicos para acesso remoto (via internet) ou local.

Esses documentos podem estar disponíveis na íntegra ou em partes, além de informações referenciais. A consulta e/ou empréstimo de materiais é feita utilizando mecanismos automatizados, gerenciados por um software de automação hospedado no servidor.

O profissional da área de informação que quer implementar um sistema informatizados no centro de informação onde atua, deverá estar atento às novas tecnologias disponíveis no mercado. Não perdendo de vista o objetivo final do processo de informatização que é atender a necessidade informacional do cliente/usuário.

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3 AS MUDANÇAS OCORRIDADAS NAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO (UI)

Vivemos no século XXI, era da informação, das buscas do ser humano pelo conhecimento infinito; era das avalanches de novas tecnologias, da informática (redes de computadores) e principalmente da Internet que, estão explodindo e adentrando em todos os campos de atuação do homem, facilitando as suas atividades em todas as suas áreas de ação e/ou atuação, principalmente, no ambiente educativo, ao qual, a Internet e as redes de computadores estão contribuindo qualitativamente no desenvolvimento do educando.

Da mesma forma que são maravilhosos esses "novos" acontecimentos, tornam-se preocupantes na medida em que não se pode apreender tudo o que se passa à nossa volta, no mundo em que se vive e o que está ocorrendo e surgindo em nossas áreas profissionais. Com isso a Internet e as redes de computadores são consideradas a maiores evidências da revolução dos conceitos comunicativos, disseminadores de informação e principal realidade desta era.

Não é somente a prova de que a evolução tecnológica não tem limites, mas também a quebra de idéias e valores que até então mantiveram o mundo preso ao entendimento e ao conhecimento.

No princípio a Internet era vista como mero lazer, depois passou a ser um outdoor de divulgação, como uma ferramenta que estava revolucionando o comércio, a educação, entre outros setores. Já as redes de computadores eram vistas como um "emaranhado" de computadores que mandavam dados entre si, após este conceito veio o de que esta grande rede é o meio mais rápido e eficaz de comunicação entre os seres humanos em qualquer ponto do mundo.

Hoje ambos já se impõem como as melhores opções para se reduzir custos e ganhar competitividade no relacionamento de negócios e/ou divulgação entre pessoas, empresas , instituições e outros órgãos. Para muitas Unidades de Informação, tanto a Internet como as redes de computadores tornaram-se uma ferramenta indispensável, utilizada para várias atividades das mesmas: contato com um cliente/usuário, organização de tarefas administrativas, uma comunicação interna na própria instituição; dando maior agilidade aos processos desempenhados pela mesma, e também, com um custo muito baixo, tempo reduzido de implementação e à dispensa de treinamentos caros e prolongados, o relacionamento via rede e Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.1, p.26-36, jan./jun., 2008. 29 Internet, são hoje imprescindível para qualquer Unidade de Informação que queira manter-se competitiva na nova economia.

À velocidade que a tecnologia avança, as barreiras que ainda existem podem ser consideradas mais de cunho cultural. Uma delas, que já começa a ser derrubada, é a preocupação com a segurança na rede. É provável que nenhuma área hoje esteja sendo tratada com tanto cuidado, como a segurança na Internet.

Se a informação é um bem de valor hoje, o tempo é outra moeda que não pode ser menosprezada. A rapidez na cotação e na concretização de negócios, aliada à facilidade de se trabalhar com dados em formatos padronizados, está facilitando muito o trabalho dos profissionais de todas as áreas. Estes já podem tomar decisões em tempo real e enxergar os resultados imediatamente. O resultado acaba refletindo nos custos dos "produtos" e/ou "serviços" que, por sua vez, irão influenciar o grau de competitividade da UI no mercado.

Em uma época em que as Unidades de Informação procuram reduzir custos e aumentar seus "lucros" e proporcionando serviços de qualidade, somente os que insistirem em permanecer apegados a processos obsoletos de comunicação de dados, disseminação da informação, organização da informação, que geram um grande fluxo de papel e exigem um volume considerável de recursos e mão-de-obra, arriscam perder terreno em um mercado cada vez mais exigente.

Com a entrada das novas tecnologias, especialmente pela implementação da rede de computadores, o que temos hoje de opção de acesso à rede mundial de computadores no cenário nacional, se resume a opções tecnológicas que oferecem conexão dedicada, o que já difere significativamente dos idos de meados dos anos 90.

As possibilidades de acesso aumentaram e os custos baixaram, mas fundamentalmente, e o que interessa discutir nesse momento, o processo de enculturação da comunicação mediada por redes de computadores (CMC) que está sendo consistentemente deflagrado.

Giordan (2003, p. 2), explica que: Por enculturação, entenda-se a aproximação entre culturas diferentes, aquela com origem nos processos de organização, processamento e comunicação da informação próprios dos ambientes informatizados, e aquelas de origem diversificada, reunidas no ambiente Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.1, p.26-36, jan./jun., 20 30 08. das unidades de informação.

Para ter uma medida desse processo basta notar a presença de endereços eletrônicos e URLs de páginas pessoais ou institucionais nos cartões de visita, faixas, anúncios de rádio e TV, o que às vezes é motivo de confusão, como por exemplo, a presença de acentos e cedilha nesses endereços. Essa incapacidade de dominar as regras da sintaxe básica dos serviços da rede flagra o processo de enculturação num estágio ainda francamente alfabetizador.

As redes eletrônicas de computadores proporcionam a seus usuários comunicação a baixo custo e acesso a fontes inesgotáveis de informação.

Elas interconectam pessoas para os mais variados fins e têm contribuído para ampliar e democratizar o acesso à informação, eliminando barreiras como distância, fronteiras, fuso horário, etc. Com isso, o que se percebe, é que a informação passou a exercer novos valores, decorrente do uso e principalmente pelo fluxo intenso na transmissão, alterando o seu significado nas organizações. A informação que permeia seja na utilização de redes de computadores, na gestão dos recursos (os indivíduos ou os grupos na organização, ou de bens - produtos e serviços - ou financeiros), na gestão da inovação, no "aprender a aprender" alicerçam novos valores na cultura organizacional. Surge a preocupação dos gestores em converter a informação em produtividade com qualidade inserida no ambiente com características da diversidade e regado pela alta competitividade.

4 O BIBLIOTECÁRIO E OS NOVOS SUPORTES DE INFORMAÇÃO

A definição da função do bibliotecário sempre esteve atrelada a biblioteca em sua forma "física". Assim, os bibliotecários tinham sua imagem associada aos edifícios de bibliotecas, servindo a sociedade apenas para adquirir, organizar, e preservar coleções. Com a explosão documentária na década de 80, juntamente com o advento da Internet, na década de 1990, o profissional bibliotecário começou a se preocupar com o futuro de sua profissão.

A tecnologia da informática surge como grande auxílio ao bibliotecário em suas atividades, mas exige mudanças na função e no perfil do profissional da informação. Santos (2000), publicou um artigo que Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.1, p.26-36, jan./jun., 2008. 31 descreve um pouco dessa preocupação, e cita Robredo (1989), que assim se manisfestam em relação ao papel do bibliotecário no contexto das TIC's:

Na realidade, essa visão alucinada não parece diferir muito da que se observa em alguns setores bibliotecários que pretendem ser os únicos profissionais com direito a lidar com todo o tipo de informação, essa forma de pensar parece que teria surgido nos Estados Unidos, coincidentemente com o aparecimento da novas profissões da informação. O resultado foi que, ao se gastar as energias de uma profissão, numa luta por manter um status, equivalente ao que iam ganhando pouco a pouco as novas profissões, sem cuidar de adaptar os conteúdos das carreiras de biblioteconomia, quando ainda era tempo, a uma realidade imposta pelo mercado e pela sociedade como um todo, as escolas de biblioteconomia mudaram – ou perderam – seu nome, para se converter em escolas de tecnologia da informação, de gerência de sistemas de informação, etc.

A primeira reação do profissional bibliotecário, foi se amparar no status do nome de sua profissão, achando-se o único, no direito de trabalhar a informação documental. O caminho aberto pelo avanço tecnológico, não tem volta. Para Robredo (1989), apud Santos (2000), "abriu uma nova dimensão espacial, onde todas as profissões encontram sua razão de ser e onde permanecerão ativas e produtivas enquanto o justifiquem a necessidade e a qualidade de suas contribuições, em função das exigências da sociedade".

Ainda em Robredo (1989), apud Santos (2000), Não se conhece transformação sem conflito. [...] e a luta de uns por preservar seu espaço, como a dos outros por abrir espaços novos, são normais. O que parece importante é tratar de evitar que o conflito se converta em confronto, e isso pode-se conseguir mediante a compreensão lúcida da mudança que as tecnologias avançadas estão introduzindo na sociedade como um todo. O que importa, também, é saber canalizar o potencial que nos oferecem as novas tecnologias, no sentido de acelerar o desenvolvimento econômico e cultural de todos os segmentos da sociedade.

É natural que com o advento da era virtual, digital e a automação de acervos impressos, houvesse certa insegurança quanto ao futuro do Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.1, p.26-36, jan./jun., 20 32 08. profissional bibliotecário, pois faltava uma certa visão futura das aplicações de nossa profissão nesse novo momento que se enunciava. De acordo com

Vergueiro (1997), apud Santos (2000), com a "realidade de uma informação eletrônica onipresente, imagina-se que cada cidadão será seu próprio profissional de informação", o que dispensaria o auxílio de um bibliotecário.

O que ocorreu foi justamente o contrário. O profissional da informação tem cada vez mais oportunidade de ser um multiplicador de suas funções, tendo em vista as várias direções que podem ser seguidas, quando nos referimos à tratamento e disseminação de informação.

O simples controlador da aquisição, da preservação e armazenamento de informações passa a exercer a função de colaborador com o computador e cientistas de informação, auxiliando a manutenção de sistemas automatizados de acesso a informação, destacando suas habilidades de ensinar, consultar e pesquisar.

Viana (1996), apud Santos (2002), afirma que o "bibliotecário será um dos responsáveis por unir as pessoas e colocar à disposição delas recursos de comunicação, informação e produção de conhecimento". Será o gerenciador do mundo virtual e digital, reunindo todas as suas habilidades do moderno profissional da informação.

Na mesma linha de raciocínio, Santos e Passos (2000), entendem que, independente de todas as inovações tecnológicas, o espaço virtual entre o usuário e a informação será complementado pelo bibliotecário e assim se posicionam frente a questão:

Podemos perfeitamente vislumbrar um futuro para bibliotecas tradicionais, virtuais e digitais. Porém, com certeza o papel desempenhado pelos bibliotecários em qualquer um desses ambientes será um só, o de facilitador do acesso à informação.[...] Resta ao bibliotecário estar continuamente se aperfeiçoando, tornando-se um profissional multidisciplinar, em condições cada vez maiores de estar a frente desse mercado tão promissor que é o mercado da informação. (SANTOS e PASSOS, 2000, p. 16)

O bibliotecário deverá caminhar continuamente, a fim de conseguir um nível de aperfeiçoamento que lhe conceda um novo perfil [que] deve ser adotado com rapidez pelo bibliotecário. Ele precisa: ter visão estratégica; ter visão econômica; adotar técnicas de qualidade e marketing; saber trabalhar em equipes multidisciplinares; ser gestor e não guardião da Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.1, p.26-36, jan./jun., 2008. 33 informação; saber manipular e disseminar as novas tecnologias da informação; utilizar as novas tecnologias para redefinir tarefas antigas (VICENTINI apud SANTOS, 2000, p. 9).

Constata-se a partir da literatura, que o avanço tecnológico tem exigido do bibliotecário, competências e habilidades específicas para trabalhar em contextos onde as tecnologias de informação e comunicação são utilizadas como recurso na produção, tratamento e disseminação da informação.

5 COMPETÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS BIBLIOTECÁRIOS

No sentido de conhecer/identificar as competências dos profissionais bibliotecários nos seus papéis, funções e tarefas diante do contexto virtual e digital, buscou-se na literatura identificar estas questões. Inicia-se a reflexão a partir do conceito de competência profissional, apresentado por Ohira e Prado (2004, p. 8), "competências profissionais compreende os conhecimentos e habilidades que o profissional da informação deve ter para desempenhar as funções e atribuições específicas da profissão". Este estudo foi realizado com o objetivo de conhecer a produção científica sobre o profissional da informação publicado no Brasil entre os anos de 1995 a 2002, e segundo os autores, Percebe-se a responsabilidade dos cursos de Biblioteconomia, na capacitação formal dos profissionais da informação, que devem estar constantemente atentos às mudanças que ocorrem no mercado de trabalho e nas áreas de atuação desses profissionais, no sentido de adequar o currículo para atender essas necessidades, como também, no sentido de diagnosticar e levantar novas áreas de atuação. (OHIRA e PRADO, 2004, p. 18) No relatório anual de 1996 enviado ao Comitê Especial de Competências da SLA - Special Libraries Association, Marshall et al.(1996), apud Santos, (2000), relata as principais competências profissionais e pessoais dos bibliotecários especializados nos seus papéis e tarefas que lhe caberão executar no futuro, do bibliotecário especializado nas áreas de recursos de informação, acesso de informação, tecnologia, administração e pesquisa, e a habilidade para o uso destas áreas de conhecimento como base provedora da biblioteca e dos serviços de informação.

Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.1, p.26-36, jan./jun., 20 34 08. Já as competências pessoais segundo Marshall et al. (1996), apud Santos (2000), Englobam um jogo de habilidades, atitudes e valores que permitem aos bibliotecários realizar um trabalho eficaz. Essas competências exigem dos bibliotecários algumas atitudes, como boa comunicação, interesse "especial [na] educação continuada ao longo de suas carreiras; etc. Esses valores - somados a natureza das suas contribuições, são na garantia de sobrevivência dos profissionais da informação no mundo novo de trabalho. Entre as competências profissionais citadas pela SLA – Special Libraries Association, e que serão necessárias ao bibliotecário especializado, estão: • ter conhecimento especializado do conteúdo de recursos de informação, inclusive na habilidade de avaliar criticamente e os filtrar;