A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL[1]

 

 

SOARES, Juliane da Silva Medeiros[2]

BORGES, Elizabete Velter[3]

RESUMO: Este trabalho tem como perspectiva levantar discussões a respeito da utilização da literatura infantil como elemento motivador da aprendizagem. O tipo de pesquisa realizado foi bibliográfica e de campo, sendo a de campo realizada por meio de observação das aulas da professora e também de um questionário contendo sete perguntas sobre a organização do ambiente para a leitura e como a literatura infantil vem sendo desenvolvida nas aulas, ou seja, uma pesquisa quantitativa e descritiva visando também demonstrar, por meio dos teóricos como: Silva (1998), Lajolo (1994), Bamberger (2000),  sobre as diversas formas que a literatura infantil pode ser utilizada em sala de aula a fim de facilitar a aprendizagem dos alunos e despertar o gosto e interesse pela leitura. Como resultado da pesquisa, é possível observar que com base na análise realizada entre teoria e prática, podemos constatar que a literatura infantil ainda deixa muito a desejar, pois o mesmo é visto apenas como forma de entretenimento.

 

 

 

PALAVRAS- CHAVES: Literatura Infantil, escola, aprendizagem.

 

INTRODUÇÃO

Atualmente, sabe-se que os anos iniciais não são apenas um espaço para ensinar ler e escrever, mas também para educar a outras áreas do conhecimento. E isto significa abrir novos horizontes onde  a criança  possa descobrir, criar e construir seu aprendizado. Nada melhor do que a leitura para proporcionar isso. Uma das formas mais prazerosas para realizar a leitura  é por meio de histórias infantis. Através delas, pode-se entrar num mundo magnífico, onde tudo é possível, ao mesmo tempo em que se ensinam lições maravilhosas, aproximando assim os alunos das atividades lúdicas. Para isso, não se pode deixar de lado o prazer da descoberta, que não é possível tornando o hábito da leitura como algo obrigatório. Se isto ocorrer, a leitura torna-se um fardo, levando o educando não desfrutar do prazer que poderia resultar de seu ato.

A pesquisa será bibliográfica e de campo. A pesquisa de campo será realizada por meio de um questionário sobre a organização do ambiente de leitura e também da observação das aulas da professora durante uma semana, fazendo-se o registro das aulas, com o objetivo maior de diagnosticar como é o ambiente de leitura, sendo sujeitos da pesquisa os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental do Centro Educacional Municipal Criança Esperança IV.

Para demonstrar a importância de um trabalho bem feito com a literatura infantil, estaremos desenvolvendo uma série de considerações sobre a mesma. Para isto, organizamos o presente trabalho em três seções.

Na primeira seção abordará o ensino de literatura na escola, ou seja, como a escola tem trabalhado a leitura, bem como os diversos métodos do trabalho com literatura infantil, enfatizando sempre a importância de formamos leitores, de incentivar desde cedo as crianças a adquirirem o hábito/gosto/prazer pela leitura. Na segunda aborda de forma clara e simples o histórico da escola, como forma de conhecermos um pouco mais a realidade da mesma. A terceira capítulo trata da análise dos dados obtidos com o resultado dos questionários analisados.

Pretende-se com esse artigo mostrar a necessidade e importância da literatura infantil em sala de aula visando também a necessidade de um ambiente adequado para a leitura e que este seja acolhedor, silencioso, organizado, prazeroso, onde o aluno se sinta a vontade.  A base bibliográfica deste artigo recorrerá aos seguintes teóricos, entre eles  Silva (1998), Sordi (1991), Bamberger (2000), Lajolo (1994), entre outros.

As inquietações levantadas nessa pesquisa foram: Como trabalhar a Literatura Infantil em sala de aula, de modo a facilitar a aprendizagem do educando? Qual o ambiente adequado para a prática da leitura na escola? De que maneira o professor pode motivar e incentivar o hábito da leitura? De que maneira o professor pode organizar o ambiente de leitura? Optei pela literatura infantil, pois todas as crianças em geral gostam dos clássicos, do maravilhoso que as histórias contam. Podemos trabalhar a oralidade através de teatros, fantoches, contar e recontar histórias e a escrita, onde as crianças irão usar a imaginação e a criatividade para escrever suas próprias histórias, ilustrando-as, tornando as aulas mais atrativas, trabalhando assim a literatura infantil de maneira agradável e lúdica. A idéia é de mostrar a importância de se adquirir desde cedo o hábito da leitura. Os alunos devem estudar cada clássico em sua totalidade explorando-o ao máximo, interpretando-o, analisando-o com criticidade, passando para os colegas o seu entendimento e não apenas fazer uma leitura simples descontextualizada, sem reflexão como observamos muito ainda hoje em nossas escolas.

I. O ENSINO E A LITERATURA NA ESCOLA

Hoje, nos deparamos com inúmeros educadores que enfatizam a importância da literatura a ser inserida em sala de aula. No entanto, não basta oferecer obras aos alunos para transformá-los em leitores. É preciso motivá-los, com textos que tenham um significado para sua realidade. Assim, podemos observar a afirmação de Lajolo (1994, p. 15): Ou o texto dá um sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum. E o mesmo se pode dizer de nossas aulas”.

A escola tem papel fundamental no processo de formação do leitor, onde o aluno adquire a habilitação inicial na prática da leitura. Nesse sentido, possui o compromisso de despertar o gosto de ler e o hábito da leitura.

O ensino da leitura exige bastante cuidado; e, quanto mais desenvolta a criança estiver em leitura, mais fácil será para ela adquirir outros conhecimentos. Para motivar uma criança a ler é preciso dar-lhe uma série de motivos que a estimule e que a faça sentir uma necessidade crescente de ler. Sabe-se que esse é um objetivo difícil de atingir, mas, por outro lado, sabe-se também como é importante caminhar nessa direção.

A criança procura o livro como uma forma de recreação, para se sentir e adquirir novas realidades que venham enriquecer seu mundo interior. Para despertar a atenção da criança e ser por ela assimilado, o livro deve estar ligado aos seus interesses e estar relacionado com o seu cotidiano, com sua experiência de mundo, pois só assim ele será atrativo e prazeroso para a criança.

Assim, compreendemos que o primeiro passo é motivarmos nossos alunos para despertar o prazer pela leitura.  Lajolo (1994, p. 105)  afirma que:A literatura constitui modalidade privilegiada de leitura, em que a liberdade e o prazer são virtualmente ilimitados”.

Desta forma, compreendemos que o aluno deve ter sua criatividade aguçada, para que passe a gostar e ter o hábito de leitura. Sabemos das infinitas possibilidades de trabalho com a literatura infantil em sala de aula. Cabe agora o professor organizar esse trabalho.

Sabemos que são inúmeros os objetivos da leitura e que esses podem variar bastante, servindo para resolver um problema prático, para comunicar, estudar, escrever ou revisar o próprio texto. Mas, qualquer que seja a sua finalidade, a leitura nos leva sempre a  compreender, interpretar e a transformar  informações em conhecimentos.

Neste contexto, o objetivo da escola é formar leitores autônomos, que vejam no ato da leitura um modo útil para aprender significativamente, mesmo fora do cotidiano escolar, conhecimentos para a vida, como forma de mudança de realidade, de horizontes, saindo do conhecimento empírico para o conhecimento sistemático.

É importante lembrarmos que a leitura deve ser uma atividade de interação: “No processo [de leitura] são cruciais a relação do locutor com o interlocutor através do texto e da determinação de ambos pelo contexto num processo que se institui na leitura”. (KLEIMAN, 2001, p.39)

Assim, é preciso que o aluno veja no texto lido, aspectos interessantes, que consiga aproximar o que lê de seu cotidiano, conseguindo interagir com a leitura realizada. Ele deve encontrar sentido no que lê e, para isso, deve ter uma idéia do texto que lhe é apresentado, para que possa fazer inferências necessárias, visando relacionar o que lê com seu dia-a-dia.

Além de motivar, a leitura tem a função de auxiliar o crescimento intelectual e psicológico da criança. Para isso, ela não pode ser encarada como obrigação, mas como algo agradável, conforme enfatiza Sordi (1991, p. 189): “(...) a literatura não pode ser imposta como uma tarefa, uma obrigação. Ela deve ser uma atividade prazerosa, que tem na escola um terreno fértil para se desenvolver”.

A leitura constitui-se na melhor maneira para aprimorar vários aspectos na aprendizagem, como o sensorial (pelo manuseio do livro), o emocional (ao provocar sentimentos diversos no leitor) e o racional (ao produzir reflexão, que constrói o conhecimento e reordena a visão de mundo). Podemos, então, concluir que há um consenso sobre a importância da leitura. Tanto que Cadematori (1987, p. 80) coloca que: “O papel da literatura nos primeiros anos é fundamental para que se processe uma relação ativa entre falante e língua”.

Através do texto podemos construir uma ligação com certos aspectos da realidade. A leitura proporciona o conhecimento das forças e relações que regem o mundo, possibilitando o exercício da crítica. A leitura proporciona também o prazer da liberdade, possibilita a mudança, o sonho, a fantasia. Tudo isto somente é possível se houver prazer na leitura e não uma obrigação chata e sem sentido.

Dentre as questões mais polêmicas que pairam sobre nossas instituições de educação básica, a questão do trabalho com livros literários, desde a sua finalidade, bem como a metodologia a ser utilizada em sala de aula, tem despertado grande interesse, dentro e fora da escola. Várias discussões sobre o papel do texto literário dentro da formação dos educandos, sobre o assunto que deva ser abordado para que aja uma interação entre a criança ou o adolescente e o universo artístico da obra literária, sobre o tipo de leitura que o professor deve utilizar em sala de aula, todas essas preocupações tem-se tornado constante entre os membros da classe educacional.

A importância e necessidade do livro literário em sala de aula é algo incontestável. Fonte inesgotável do saber, a literatura, sendo uma atividade cognitiva amplia o processo perceptivo do leitor. O profissional da educação nunca deve perder de vista o princípio artístico, pois a  literatura é, antes de mais  nada é arte, uma criatividade que representa o ser humano, o universo, a vida por meio da palavra, numa relação entre o sonhar e viver, prática, entre a utopia e a realidade. De acordo com Coelho (1991, p. 25):

Na verdade, desde as origens, a Literatura aparece ligada a essa função essencial: atuar sobre as mentes, onde se decidem as vontades ou as ações; e sobre os espíritos, onde se expandem as emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda ordem... No encontro com a Literatura (ou com a Arte em geral) os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida, em um grau de intensidade não igualada por nenhuma outra atividade.

Justamente por ser a representação artística é tão vasto e multifacetado como a natureza humana, refletindo toda essa complexidade do ser humano, ao seu mundo e as suas relações existenciais,  a literatura apresenta-se assim como algo misterioso, enigmático, fascinante e essencial. Diante disso, a arte literária torna-se uma necessidade vital para o homem, pois, através do trabalho com a linguagem, do prazer estético que o livro aborda, aguça a criatividade do ser humano, abrindo sua mente para a formação de uma nova mentalidade, com novos pensamentos, novas idéias,  ensinando-o a lidar com seus medos, seus anseios, seus sonhos e frustrações enriquecendo sua própria experiência de vida.

Para que isso aconteça de maneira correta e vantajosa para o aluno recorremos a Pinheiro (2008):

Para o êxito do trabalho com a literatura em sala de aula, é necessário que o professor tome consciência do seu papel, enquanto mediador entre a obra de arte e o aluno; para que este reorganize seu conhecimento e sua consciência-de-mundo, é imprescindível que, antes, o professor reorganize, também seus conhecimento e consciência-de-mundo. Sendo assim, o profissional da educação deve se orientar em três direções essenciais: a da literatura, como um leitor atento, crítico e constante; a da realidade social, como um cidadão consciente de seu papel transformador, de seu espírito crítico e criativo; e a da experiência docente, buscando, como profissional competente, novas formas de despertar em seus alunos o gosto pela leitura e a posição crítica frente à mesma, transformando-os em leitores autônomos. (In: Folha da Região Online)

Dentro do trabalho com literatura em sala de aula, devem-se ter uma atenção especial para a leitura dos clássicos da literatura Infantil, estudando-os em sua totalidade, interpretanto-o, analisando-o, com criticidade, passando para os colegas o seu entendimento sobre determinado livro, fazendo assim uma leitura contextualizada. Essas obras que demonstram a genialidade e a criatividade da mente do homem no decorrer da história da humanidade. Livros estes que resistiram ao tempo, pois trazem em seu interior a  essência da verdade; não a simples verdade de uma época ou de uma sociedade, mas, sim, algo que é universal e atemporal: valores éticos, morais e filosóficos, medos e preocupações, questionamentos  que povoam a mente do ser humano em qualquer período histórico. Tais livros, diante da sua essência perene, possuem a capacidade de satisfazer a inquietação humana por mais que os séculos passem. Entrar no universo de sonhos, mágico e fantasioso, de Lewis Carroll (1832 – 1898) e Carlo Collodi (1826-1890) confrontar-se com ao conflito existente nos personagens dramáticos de  William Shakespeare; chocar-se com o ambiente melancólido das histórias Robert Louis Stevenson (1850-1894), viajar pelo planeta Terra, por dentro dele mesmo ou além dele com os personagens aventureiros de Júlio Verne (1828-1905); entrar nas fascinantes e maravilhosas aventuras com os heróis de Jonathan Swift (1667-1745), vislumbrar o ser humano em constante luta em busca de  realizações materiais e espirituais,em Charles Dickens(1812-1870);  emociona-se com as complicações sentimentais dos heróis e heroínas de Emily Brontë (1818-1848), enfim, trazer para o aluno uma infinidade de aspectos da natureza e também das relações humanas, inserindo-o neste universo inesgotável que é a criação literária, sendo um dever capital dentro das instituições educacionais. Tarefa esta que vai muito além da simples transmissão de conceitos e regras.

 

II. HISTÓRICO DO CENTRO EDUCACIONAL MUNICIPAL CRIANÇA ESPERANÇA IV

O Centro Educacional Municipal Criança Esperança IV está situada na Rua Juviano Medeiros, nº 426, Bairro Olímpico, na cidade de Rio Brilhante-Ms. Construída e inaugurada no ano de 1.999 pelo atual prefeito Donato Lopes da Silva, a qual recebeu este nome devido a continuidade de outros Centros Educacionais, CEI, CEII e CEIII.

Na atualidade conta com 502 alunos matriculados e distribuídos em turnos matutino e vespertino. Sendo que na Educação Infantil atende 142 alunos distribuídos em 06 salas de aula, sendo 03 turmas de Pré I na faixa etária de 3 anos a 3 anos e 11 meses e 03 turmas de Pré II na faixa etária de 5 anos a 5 anos e 11 meses. Nossa missão é: trabalhar em parceria, respeitando a comunidade em busca de um ensino inovador e de qualidade, capaz de contribuir para a formação de cidadãos críticos, participativos e conscientes.

 

III. ANALISE DOS DADOS

O questionário foi realizado com os alunos do 3º Ano “C”, do turno vespertino, em um total de 40 alunos, do Centro Educacional Municipal Criança Esperança IV, do município de Rio Brilhante- Ms.

Começamos essa análise de dados refletindo um pouco a cerca do tema pesquisado “Ambiente de Leitura”. Para adquirirmos o hábito da leitura, há a necessidade de um lugar adequado, arejado e bem iluminado, o que acontece com poucas escolas, pois nem todas estão bem estruturadas para o ato da leitura., o que deveria ser o contrário, sendo de  conhecimento de todos que a leitura é o fator principal da permanência do aluno na escola, pois é através desta que adquirimos conhecimento e mudamos nossa visão de mundo. È em torno dessa problemática que gira os questionários dirigidos aos alunos.

1. Ao questionar os alunos sobre o local onde eles mais gostam de ler, 45% disseram que preferem ler no quarto, 27% afirmaram que preferem ler na sala de aula, 15% que preferem ler no pátio da escola e 13% falaram que preferem ler assistindo televisão. Apenas 15% responderam que preferem ler na escola. Por que será? Antes a leitura era acessível a uma pequena parcela da população, atualmente a leitura está sendo livre, todos podem e tem o direito de ler.

2. No que se refere ao ambiente de leitura que a escola oferece, perguntei se o mesmo é prazeroso, 74% disseram que não e 26% que sim. As maiorias dos inquiridos justificaram que o ambiente de leitura não é prazeroso por não ter um lugar próprio para a leitura, no qual haja silêncio e conforto para a leitura. Constata-se então que cabe à escola inserir o aluno no mundo da leitura e entusiasmá-lo, mas para a formação de um bom leitor faz-se necessário local e ambiente adequado.

3. Dos 74 % que disseram que o ambiente da escola é não é prazeroso para a realização da leitura, 38% responderam que os alunos são desinteressados em ler e 36% responderam que há muita conversa. Entretanto, os que afirmaram que há alunos desinteressados em ler, muitos estão insatisfeitos, pois os colegas não colaboram no momento da leitura, ficam conversando sobre assuntos que não estão relacionados à aula, andando de um lugar para o outro, atrapalhando aqueles que estão interessados em ler.

 Diante dessa situação observa-se a necessidade e importância de o professor saber organizar o espaço da sala de aula, dividindo a turma, ou seja, aqueles que estão interessados em ler ficarão em um lugar separado dos que não estão ou até levar alguns alunos para ler no pátio e os demais que não estão interessados no momento ficarão na sala fazendo outra atividade proposta pelo professor. O professor também poderá estar trabalhando diferente, utilizando de metodologias diferentes para despertar o interesse desses alunos desinteressados, conscientizando-os da importância da leitura para nosso crescimento profissional/intelectual. Apeguemos-nos então nas palavras e Bamberger  (2000, p. 10), “o ato de ler, em si mesmo, é como um processo mental de vários níveis, que muito contribui para o desenvolvimento do intelecto”. Quanto mais lemos mais conhecimentos adquirimos, teremos assim nosso ideal, nosso objetivo de vida, conhecendo direitos e deveres, será então mais difícil sermos manipulados pela sociedade. È essa consciência que os professores devem passar para os seus alunos.

 É importante lembrar que o ambiente de leitura também não deve ser o tempo todo silencioso, pois há também os momentos que devemos ter às conversas informais realizadas na rodinha sobre os livros lidos, onde o professor fica mais próximo do aluno para dialogar, onde ocorre de maneira prazerosa e espontânea as discussões, os debates e as troca de idéias entre os alunos. Assim como afirma Silva (1998, p.97), A leitura poderá ser coletiva ou em pequenos grupos, silenciosa ou em voz alta, com isso haverá também debates, discussões, bem como socialização dos alunos e troca e experiências. A leitura em primeiro lugar traz incentivo aos alunos, depois vêm as discussões de diferentes opiniões, troca de idéias, tornando-se assim a leitura prazerosa e com um valor de compreensão maior. O professor é o responsável por mediar esse processo, bem como planejar e organizar.

Resumindo os métodos a serem utilizados para a prática da leitura dependem do professor, do ambiente e do material a ser utilizado. Para isso o professor deve estar consciente de que para fazer bons leitores deve incentivar os alunos a lerem bons livros, trocar opiniões com os colegas, podendo adotar obras que os interesses, mas o professor estará sempre estimulando no aluno o desejo por outras leituras. Deve-se haver um horário especial para a leitura diariamente em sala de aula, onde o professor ofereça livros variados para que os mesmos possam também desenvolver a fluência e entonação na leitura, bem como ampliar idéias na produção de textos e melhorar a ortografia.

4. Quando foi indagado se na escola há um local adequado só para a leitura, 82% responderam que não e 18% que sim. Observamos então a falta que faz na escola um ambiente só para a leitura, um “cantinho da leitura”, pode ser simples, mas um lugar aconchegante onde o aluno possa ler da maneira que achar melhor e sem incomodações. Não posso esquecer de mencionar que a escola não conta com uma biblioteca, o que dificulta mais ainda o exercício da leitura e que a maioria das salas de aula são lotadas, sem lugar suficiente para se fazer o cantinho da leitura, no pátio há pouquíssima sombra e não há bancos para os alunos sentarem para fazer as refeições muito menos para realizar a atividade da leitura. Mais uma vez Bamberger (2000, p. 76) vem nos alertar que uma das metas principais para o ensino da leitura, portanto é acostumar o aluno a utilizar a biblioteca. Bom seria se todas as escolas tivessem uma biblioteca, pois esta abrange livros de todos os tipos, de todos os gostos, oferecendo aos alunos mais facilidade na hora das pesquisas escolares.

5. Dos 18% que responderam que na escola há um local adequado para a leitura, 9% disseram que o lugar é bom, 7% disseram que o lugar é ótimo, 1% disseram que o lugar é regular e 1% que é péssimo. Ao analisar estas respostas e comparar com a realidade que estes alunos estão inseridos, constata-se que estes não sabem corretamente o que é um local adequado para a leitura, pois como já falei no item anterior a infra-estrutura da escola no geral é péssima para a realização da atividade de leitura, sendo também que é na própria sala de aula, enfileirados nas carteiras no meio da conversa e bagunça que os mesmos fazem a leitura, sem contar com a falta de outros recursos materiais, alguns já citados acima que poderiam ajudar a incrementar um ambiente legal para a prática da literatura infantil, como por exemplo: tapetes, almofadas, casinha de fantoches, prateleiras repletas de livrinhos de literatura infantil, tudo decorado, colorido, sonho de toda a criança quando começa a ler.

6. Ao ser questionado se gostariam que escola tivesse um lugar próprio para a leitura, 91% responderam que sim e 9% que não. Com isso observa-se a extrema necessidade de um espaço próprio para a leitura. Lembrando também que não é só dentro da sala de aula que podemos trabalhar com literatura, se dentro da sala de aula está tumultuado, não tem espaço para se fazer o cantinho de leitura ou roda de leitura, não tem bancos nem sombra, também podemos optar por outros meios, levando os alunos para o pátio da escola com as carteiras da sala e ali fazer uma roda de leitura mediada pela professora, a qual estará o tempo todo dialogando com os alunos, questionando-os sobre os livros lidos por eles, tornando-se assim uma aula de leitura diferente das que estão sendo realizadas. Assim como afirma Silva (1998, p. 99), no momento da leitura criar um ambiente de relaxamento e descontração, com as crianças se acomodando em círculo ou sentados no chão. Caso a escola possua um jardim ou área de lazer, levar as crianças para lá a fim de fruir com as histórias lidas.                                         

7. Ao perguntar como deveria ser o ambiente de leitura, 82% disseram que deveria ser silencioso, 10% disseram que deveria ser com música e 8% acham que deveria ser isolado. Orlandi (1983, p.172),  observa que “A Leitura é o momento crítico da constituição do texto, é o momento privilegiado da interação, aquele em que os interlocutores se identificam como tais e desencadeiam o processo de significação do texto”. Em outras palavras se o ambiente de leitura não for favorável, acolhedor, estimulante, mediado por um bom professor que planeja e organiza suas aulas com seriedade e dedicação logicamente a aquisição pelo gosto/hábito/prazer pela leitura não ocorrerá.

Os dados analisados nos levam a confirmar que muitos alunos até tem o hábito da leitura, porém o que está faltando é um ambiente adequado para a realização da leitura, se possível mais de um ambiente. Pois, constata-se que só o ambiente de sala de aula não basta para a realização da leitura, sendo este pela observação realizada muitas vezes monótono, sem muitas atrações, na época do calor isso se torna ainda mais difícil. A aula quando não é prazerosa para o aluno gera conversas paralelas e desinteresse por parte dos alunos, muita indisciplina, impedindo a concentração dos mesmos e é essa a reclamação da maioria dos alunos ao responder o questionário.  Com isso o grande prejudicado é o aluno mesmo, sendo de responsabilidade de o professor motivar os alunos bem como este tem papel fundamental na organização das atividades e do ambiente de leitura em sala de aula ou fora dela. No que se refere às observações realizadas na sala do 3º Ano “B”, quanto ao trabalho da professora obseva-se que a mesma trabalha a leitura diariamente em sala de aula, utiliza bastante os clássicos da literatura infantil, mas faz pouco uso das infinidades de métodos dinâmicos e atrativos que a escola tem a disposição. As crianças leem de maneira descontextualizada, para passar o tempo mesmo, sem fazer nenhuma reflexão sobre o texto lido. Lembrando que o que falta na escola pesquisada é um ambiente adequado, mas a mesma possuí um bom material para o trabalho com a leitura. Se a escola não apresenta um bom espaço físico para trabalhar a leitura fora da sala convém ao professor o papel de organizar um ambiente adequado e confortável, com diversidades de livros, livros estes que prendam a atenção dos alunos, que sejam de seus interesses, incentivando-os a adquirir o gosto pela leitura, deixar de lado um pouco a rotina de sala de aula, mas nada de deixar de oferecer livros que o professor ache necessário e importante oferecer. Se o trabalho com leitura for em sala há uma infinidade de métodos prazerosos para realizar um bom trabalho com os alunos, como por exemplo estar   trabalhando com fantoches, teatro, dramatização das histórias por meio de desenhos e pinturas, roda da leitura, podendo estar fazendo grupos e tornando o trabalho bem mais produtivo.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desse artigo, concluiu-se que a leitura é o caminho para a transformação, desde que trabalhada em todas as suas dimensões, pois só assim garantira aspectos positivos na formação do leitor, formando seres pensantes que questionam o mundo real em que vivem.  A escola necessita cumprir esse ideal que tanto deixa a desejar. Portanto, como os professores estão sempre em formação, é necessário que estes façam uma reflexão sobre como vem sendo trabalhada a leitura em sala de aula. Com certeza essa reflexão irá contribuir para abrir caminho à conscientização do objetivo maior da literatura infantil, que é o de formar leitores autênticos, autônomos, críticos, dentre outros.

Considerando que estamos em pleno auge das tecnologias, onde a televisão, vídeo, rádio e computador são elementos fortes e presentes na vida de todos nós, oferecendo facilidades e vantagens através de sons e imagens, podemos até pensar que o livro já perdeu seu espaço, mas isso é um engano. A aprendizagem ainda se dá pela escrita e pela leitura, e resgatar o valor da leitura é uma proposta desafiadora e ousada.

Evidentemente, a tarefa de formar leitores torna-se mais complexa nesse contexto, onde a mídia tem uma influência muito grande na vida das pessoas. Por isso, é fundamental que a leitura na escola deixe de ser obrigatória, para tornar-se prazerosa. Acreditamos que o primeiro passo para isso é motivarmos nossos alunos, sendo preciso que o professor consiga passar-lhes o amor à leitura, sob pena de criar uma aversão aos livros. É isto que sustenta Kleiman (2001, p.16) quando afirma que há atitudes que devem ser evitadas, pois constituem:

(...) práticas desmotivadoras, perversas até, pelas conseqüências nefastas que trazem, basicamente, de concepções erradas sobre a natureza do texto e da leitura, e, portanto, da linguagem. Elas são práticas sustentadas por um entendimento limitado e incoerente do que seja ensinar português, entendimento este tradicionalmente legitimado tanto dentro como fora da escola.

Neste contexto, o objetivo da escola deve estar voltado para formar leitores autônomos, que vejam no ato da leitura um modo útil para aprender significativamente, mesmo fora do cotidiano escolar. E para atingir esta meta, é preciso motivar, despertar interesse, pois “Formas de motivação verdadeira e um acompanhamento estimulante são sempre modos de ajudar o aluno a sentir-se em casa com o livro [...]” (CUNHA, 1997, p. 54). Infelizmente a maior parte das escolas só trabalham com textos didáticos e muitas vezes de maneira burocrática, sem sentido para os alunos. Daí a importância de se trabalhar com os clássicos da literatura infantil, um mundo de fantasia e imaginação que com certeza toda criança gosta.

A leitura é uma atividade essencial no mundo civilizado. Não chega saber ler, isto é, decodificar, por exemplo, alfabeto em palavras. É necessário gostar de ler. E o gostar de ler implica, ir além de obras técnicas e científicas, mas também, e principalmente, obras literárias. Quando uma criança, desde o berço, esta habituada a ouvir historietas lidas ou contadas pelos pais; se ela for bem estimulada na escola; se lhe derem tempo, dentre o oceano das atividades impostas, para então poder se encontrar consigo  mesma num quarto à frente de um livro, talvez, quando crescer seja um adulto que ame a leitura. De outro modo, teremos cidadãos alfabetizados, no entanto extremamente incultos apresentando uma enorme pobreza de espírito.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 7º ed. São Paulo: Àtica, 2000.

CADEMATORI, Lígia. O que é literatura infantil. São Paulo: Brasiliense, 1987. P. 66-87.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, analise, didática. São Paulo:Àtica, 1991.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. São Paulo: Ática, 1997.

KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. 8ª ed. Campinas/São Paulo : Pontes/Editora da Unicamp, 2001.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo : Ática, 1994.

ORLANDI. Eni Pulcinelli. A Linguagem e seu funcionamento. São Paulo: inguagem e seu funcionamento. SBrasiliense, 1983.

PINHEIRO, Carlos Eduardo Brefore. Soletrando: Por que literatura? Disponível em <http://www.folhadaregiao.com.br/noticia?93936>. Acesso em: 01/11/2009.

SILVA, Ezequiel T. Da. Elementos da Pedagogia da Leitura. 3º ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

SORDI, Rose. Magistrando a língua portuguesa: literatura brasileira, redação, gramática, metodologia de ensino e literatura infantil. São Paulo: Moderna, 1991. Vol. 2

 



[1] Artigo apresentado como requisito para avaliação final da Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso2, orientado pela professora Elizabete Velter Borges, Curso de Pedagogia da Unigran.

[2] Graduadaem Normal Superior na UEMS, em 2005, pós-graduada em Psicopedagogia pela Fifasul em 2006 e acadêmica de Pedagogia da Unigran em 2009.

[3] Professora Orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC II.