A Importância da Leitura e da Interpretação para a Compreensão Textual e do Cotidiano

A Importância da Leitura e da Interpretação para a Compreensão Textual e do Cotidiano[1]

Amanda Maria Nascimento Gomes (UNEB)

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Resumo

O presente artigo apresenta resultados a partir da aplicação do projeto de extensão sobre leitura, interpretação e compreensão textual desenvolvido com alunos do curso de Letras do Campus XXIII e estudantes de outras instituições do Ensino Médio da cidade de Seabra e justifica-se pela dificuldade que muitos discentes têm em interpretar e compreender textos. Assim, o objetivo principal foi desenvolver estratégias de leitura de diferentes gêneros textuais para motivar a leitura e compreensão. Durante os encontros semanais eram propostas leituras e discussões de textos variados associados ao cotidiano. Os resultados indicam que a leitura desperta não apenas a compreensão linguística, semântica e discursiva do texto, mas um modo de ver e analisar o mundo.

Palavras – chave: Interpretação. Gêneros textuais. Discussão.

 

Introdução

Muitos alunos do curso de Letras do Campus XXIII têm dificuldades em ler e compreender textos. Neste sentido, muitos não entendem o que leem porque precisam compreender as estratégias que devem ser utilizadas para o entendimento textual. Assim, pode-se observar que durante o componente do primeiro semestre “Leitura e Produção de Texto” os alunos apresentavam dificuldades com a leitura. Frente a essas dificuldades suscitou-se o seguinte questionamento: “Como poderia colaborar para que os discentes chegassem à universidade com mais habilidade com a leitura e ajudar aqueles que já estavam na universidade?” A partir de tal questionamento foi elaborado o projeto “Estratégias de leitura e interpretação de texto para a compreensão textual” que busca refletir sobre o funcionamento efetivo da língua no processo textual e sobre os tipos de relações semânticas e discursivas que suas estruturas permitem veicular e a partir da leitura de diferentes gêneros textuais, despertar não apenas habilidades de leitura, mas a compreensão do mundo que nos cerca.

A leitura, em sentido mais amplo, pode ser entendida como decodificação de qualquer forma de comunicação. Infere-se, portanto, que o texto escrito não é o único objeto da leitura, uma vez que somos envolvidos, no dia-a-dia, por várias formas de comunicação, o que implica, então, várias formas de leitura, da placa de trânsito na esquina do nosso caminho diário até o processo exaustivo e detalhado de um juiz. O Curso de extensão ao assumir o texto como objeto de seus trabalhos, traça suas bases teóricas a partir da Linguística Textual. Portanto, a primeira discussão que se impõe é em torno das considerações sobre o que é texto e os fatores que determinam a textualidade. Autores como Kock (2005), Travaglia (1997), Costa Val (1994), Marcuschi (2008) são consultas importantes para objetivar os trabalhos em sala de aula.

Para entender a textualidade e os fatores que a determinam, os estudos de Kock sobre a coesão e a coerência são caminhos que se atualizam sempre com novas publicações. Para Kock, o próprio conceito de texto depende das concepções que se tenha de língua e de sujeito. No momento atual das pesquisas linguísticas, a concepção de língua é a interacional, na qual os sujeitos são vistos como atores e construtores sociais, o texto passa a ser considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores como sujeitos ativos que, dialogicamente, neles constroem e são construídos.

 

Leitura e Cotidiano

            A leitura dos gêneros textuais é um convite à reflexão sobre a variedade dos textos que se tem no cotidiano. Desenhos, quadros, bilhetes, cartas, placas, jornais, revistas, propagandas, tabelas, gráficos, músicas, poemas, charges, receitas, resenhas, artigos, contos, romances, são alguns exemplos das possibilidades de leituras e interpretações que estão presentes no dia a dia e exigem que o leitor seja capaz de compreender mais sobre os sentidos apresentados.

            Ler não significa somente decodificar, mas ser capaz de perceber as estratégias que compõem o enunciado, o significado. Por exemplo, ao se ler um poema, uma letra de música o leitor deve lançar mão de estratégias que possibilitem o entendimento como o  das figuras de linguagem, o sentido figurado inerente aos textos literários, a partir daí perceber as possibilidades de interpretação que  podem ser associadas ao seu conhecimento de mundo.

 

 

Resultados e Discussão

Os resultados iniciais deste projeto de extensão demonstram que os discentes do 4º ano do ensino médio e do curso de Letras do Campus XXIII da cidade de Seabra sentem muita dificuldade com a leitura, pois leem pouco. Para entender texto é preciso pensá-lo, conforme Val (1994, p.3), como dotado de uma unidade sociocomunicativa , semântica e formal, implicando a existência de fatores pragmáticos e de um contexto sociocultural que promovem a construção de sentidos. Assim, durante os encontros foram propostas inicialmente leituras de textos não verbais, como imagens de quadros, fotografias, que possibilitassem uma leitura mais livre e despertasse o interesse. Depois as leituras divertidas de charges e cartuns com a presença do cruzamento das linguagens verbal e visual que ao serem contextualizadas com o cotidiano geraram discussões pertinentes a fotos vivenciados no dia-a-dia de muito dos participantes e ajudou principalmente a compreender fenômenos como a intertextualidade a interdiscursividade presentes nesses gêneros.

Para a leitura de textos mais informativos, como as notícias, foi pedido que os discentes levassem para os encontros àqueles que chamassem atenção pelos fatos, desta maneira eles sentiam-se motivados a discussão, pois os temas eram de seus interesses. Para cada gênero textual, buscou-se uma estratégia que motivasse o prazer, a curiosidade, a importância da informatividade e acima de tudo um olhar crítico para o mundo. Foram selecionados textos que pudessem ser lido em sua totalidade durante cada encontro, para serem analisados, discutidos, questionados em sala. Exercícios subjetivos e objetivos foram propostos para serem resolvidos individualmente e depois corrigidos conjuntamente, desta amaneira eram tiradas as dúvidas. É importante que a leitura tenha uma finalidade para que ela seja bem aproveitada.

 

Considerações Finais

O Estudo sobre as estratégias de leitura aprimora a interpretação de textos, atentando para a importância das mesmas na formação dos discentes. Propicia condições para que os alunos possam desenvolver técnicas relativas à leitura e à interpretação de textos. Define estratégias de leitura e de compreensão de diversos gêneros textuais. Enfatiza a orientação do processo intertextual para que o aluno reconheça que o texto contém mais do que o sentido das expressões da superfície textual, porque incorporam conhecimentos e experiências cotidianas, atitudes e intenções. Desenvolve competências para a análise linguística. Motiva uma melhor compreensão dos fatos cotidianos a partir do que se lê.

 

Referências

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

KOCH, Ingedore G. Villaça. Desvendando os segredos do texto. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

­­­­­­­­­­­­­­___________ & TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e Coerência. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 1997.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Pa