A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIEDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Benedito Damaceno da Silva

Pode-se afirmar com grande certeza que a Educação Infantil tem uma grande importância para a formação do sujeito, para que isso se desenvolva integralmente e para que possa tornar-se mais atuante numa sociedade cada vez mais globalizada é necessário que sejam criadas novas metodologias de ensino, fica a duvida então que como deve ser formado este cidadão. Através da interdisciplinaridade busca-se uma opção nova de atuação do professor, quem com a interdisciplinaridade buscará novos métodos e conhecimentos para melhorar a nossa compreensão de mundo, de sociedade e de pessoas.

Esclarece-se aqui que o termo interdisciplinaridade não possui ainda um sentido único e estável, mas o conceito mais utilizado nos levar a entender que a atitude interdisciplinar, trata-se de uma atitude de espera, de reciprocidade, de troca, de diálogo, uma atitude de humildade, de perplexidade, de desafio, de envolvimento e comprometimento, de compromisso e de responsabilidade. É sabido que a primeira linguagem é a linguagem do corpo. As primeiras trocas que a criança efetua com a mãe, por exemplo, são fundamentalmente trocas corporais como o contato, calor, olhar, cheiros, etc.

A partir desta linguagem do corpo, que constitui a base de todas as comunicações humanas, vão progressivamente emergir e se desenvolver trocas cada vez mais socializadas que se expressam de diferentes maneiras, como a linguagem gráfica e a linguagem oral. A criança ao mesmo tempo em que se comunica corporalmente com pessoas e objetos, vai reconhecendo a linguagem oral, que inicialmente era um fundo sonoro, uma espécie de música ambiental, como atendo significados que expressam valores, necessidades, sentimentos, conceitos e, então, começa a assimilá-la enquanto possibilidade de expressão.

Analisar o movimento humano como linguagem corporal pressupõe entender que no ser humano vive com o seu ambiente um constante processo de trocas. Além disso, remonta-se a entender que o principio desta linguagem reside na ação, no agir, e na atividade. O movimento humano nessa concepção, o desenvolvimento da criança passa a ser visto como expressão e aprofundamento do dialogo ser humano/mundo e essa linguagem, prioritariamente corporal, conduz às elaborações dos conceitos.

O aprendizado de conceitos como à frente, atrás, abaixo, em cima, à esquerda, à direita, no meio, alto, baixo, etc., que são indispensáveis para o ensino da leitura e escrita, apoia-se essencialmente nas experiências fundamentais de movimento. Ao movimentar-se, a criança conhece a natureza do mundo muito antes de estar em condições de interpretá-lo em conceitos e símbolos. Assim, as atividades passam a ter um sentido social e pessoal, portanto, no ser humano, a assimilação é um processo de reprodução no individuo daquelas propriedades historicamente formadas pela própria espécie, que só acontecem à luz de sua comunicação com os outros indivíduos através da transmissão do que se produziu, e essa comunicação não se expressa somente através da linguagem gráfica e oral, mas efetivamente pela linguagem corporal.

Essas práticas corporais foram construídas ao longo do tempo. Foram aprendidas pelo ser humano, visto que este não nasceu saltando, girando, arremessando, ou jogando. A criança foi ao longo do seu desenvolvimento construindo situações de movimento que hoje podemos identificar como sendo: a Música que leva a criança a exercitação corporal que possui como fundamentos o saltar, equilibrar, rolar e girar, balançar e embalar. Isto proporciona muito mais que imitar o ritmo do professor ao som da musica, é respeitar seu próprio ritmo, é criar movimentos, é entrar em sintonia com o próprio corpo, respeitando seus limites e suas possibilidades de movimentação;

Quando falamos nos jogos, logo vem a imagem de algo alegre, lúdico, solidário e descomprometido, sem muitas regras, não é apenas uma atividade recreativa, onde não existem regras, mas o jogo como parte da cultura e como conhecimento a ser trabalhado na Educação Infantil, pode-se classificar os jogos como sendo: De salão: - dama, xadrez, dados, dominó; Populares: - amarelinha, queimada, pião, bolita; e Esportivos. Jogando a criança cria, brinca, sonha, ganha e perde, aprende a compartilhar alegrias e frustrações. No que diz respeito à Arte, nota-se que é atribuída uma importância secundária ou indireta, pois, as matérias escolares pertencem o domínio dos problemas, a arte tem por frente o mistério.

A arte está fora dos domínios da grande população, e são poucas as crianças que convivem com ela. Algumas concepções da educação separam a arte da ciência, não vêem a arte como conhecimento e a criança como produtora desse conhecimento. Aos que pensam assim, é preciso lembrar que produzir arte é, também, um exercício que envolve o domínio de métodos, símbolos, códigos e regras, que são específicos a cada forma de expressão ou linguagem explorada.

De modo geral, há uma grande preocupação em alfabetizar ou pré-alfabetizar a criança, dando importância às atividades escritas e esquecendo-se que a arte contribui na construção da aprendizagem, oferecendo condições para que as crianças possam opinar, criar, ousar, ter responsabilidade, e que se sintam autovalorizadas. As diferentes modalidades artísticas constituem linguagens que ampliam os horizontes das crianças, sua compreensão de códigos regionais e universais e suas capacidades de expressão e comunicação.

Quanto  à alfabetização, as atividades artísticas podem dar suporte à aprendizagem desde os temas geradores que podem ser retirados de palavras-chave das brincadeiras, canções, do titulo de uma obra de arte, etc., até a sonoridade dos fonemas, que a modalidade de música pode auxiliar; a psicomotricidade desenvolvida através da dança e do teatro, o aluno se desenvolve e desprende-se, podendo aprender com mais segurança e fluidez.

O que se pretende é levar essas crianças a buscar através da arte maior habilidade para questões e integrar-se a realidade. Podemos citar como atividades que podem ser trabalhadas com crianças com faixa etária de0 a3 anos, podem ser canções úteis na aprendizagem de números, como:

Marcha, marcha, companheiro,

Marcha, marcha bem ligeiro,

Marcha de leve na ponta dos pés

Marcha contando de 1 a 10

1,2,3,4,5,6,7,8,9,10.

A galinha do visinho

Bota ovo amarelinho

Bota um, Bota dois,

Bota três, Bota quatro...

Pode-se trabalhar também com relatos a partir de textos lido, que poderá ser trabalhado em grupo, individual ou coletivamente, após leitura, será narrado para os colegas. As crianças são livres para escolher o tema e num momento marcado fazem as apresentações. Eles próprios iram confeccionar suas mascaras usando balão, jornais e colas de trigo para dramatização em apresentação teatral através dos fantoches confeccionados por eles.

Diante da reflexão acima sobre a importância da interdisciplinaridade na Educação Infantil, pode-se afirmar que trabalhar com a cultura corporal da criança significa trabalhar com conteúdos que tenham significação social para as crianças, estes conteúdos que já são significativos para as crianças adquirem outros e novos significados a partir da metodologia com que são trabalhados e também dos valores éticos e morais que veiculam, quando são trazidos para compor o universo das aulas na Educação Infantil.

É de responsabilidade da escola, e, por conseguinte, dos professores, a formação de um ser ético que seja capaz de definir conscientemente valores, condutas, normas e atitudes direcionadas para a humanização da vida. Um ser capaz de entender a sociedade de seu tempo, questioná-la e buscar alternativas, no sentido de minimizar seus problemas. Dentro dessa perspectiva, ao trabalhar com a cultura corporal é necessário, sobretudo, respeitar a pluralidade e a divergência, sem perder a vista o horizonte da apreensão, compreensão e construção do conhecimento, isso não significa cair no espontaneísmo, no fazer por fazer, no abrir mão das nossas crenças, convicções e princípios. Significa ser ético, inclusive no espaço de aula, nos embates que lá acontecem, nas disputas, no lidar com as contradições.

REFERENCIAS:

GUERRA. Marlene. Educação Infantil: recreação e lazer; Porto Alegre: Editora Sagra, 3ª edição, 1991.

SOARES, Magda. Linguagem e Escola: Uma perspectiva social. São Paulo – SP: Editora Ática, 14ª edição, 1996.