A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO E MOTIVAÇÃO PARA OS DEPENDENTES QUÍMICOS DO CENTRO DE APOIO DE RECUPERAÇÃO PODER DE DEUS NA CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO

 

THE IMPORTANCE OF INTERACTION AND MOTIVATION FOR CHEMICAL DEPENDENTS OF GOD'S POWER RECOVERY SUPPORT CENTER IN SAN SEBASTIAN CITY PARADISE

 

Jessé Monteiro Alves*¹

Jessica Daiana Ferreira*¹

Marília Gabriela de Lima Vaz*¹

                                                         Tatiane Vara Soares*¹

Vanessa Evangelista Silva*¹

 Prof. Dra. Ana Paula Barbosa*²

Resumo:

A pesquisa procurou mostrar como a motivação e as interações podem contribuir para o tratamento dos dependentes químicos que vivem no centro de apoio de recuperação Poder de Deus na cidade de São Sebastião do Paraíso estado de Minas Gerais. Retratou a importância da interação e motivação para os dependentes químicos usando teatros, histórias e atividades ludicas que influenciam na forma de interação social entre os internos em dependência química. Para Graeff (1989 “p. 133”), “métodos socioculturais visam manter os adictos afastado da dependência química, seja completamente ou pelo menos sob algum controle, promovendo ao mesmo tempo sua reincorporação ao convívio social e ao trabalho produtivo”. A metodologia usada para a coleta de dados foi através de pesquisas bibliográficas e de campo na instituição citada acima, assim como a observação e questionários para esclarecimento dos resultados. Portanto, foi possível observar com a presente pesquisa a importância de se estimular a motivação dos internos e a interação do grupo melhorando a autoconfiança proporcionando um melhor empenho para sua própria recuperação.

Palavras-chaves: Dependentes químicos, Motivação, Interação.

ABSTRACT:

The research sought to show how the motivation and interactions can contribute to the treatment of chemical dependents living in the center of support of recovery Poder de Deus in Sao Sebastião do Paraíso state of Minas Gerais. It portrayed the importance of interaction and motivation to drug addicts using theater, stories and playful activities that influence in the form of social interaction among inmates in addiction. To Graeff (1989, “p. 133”), "sociocultural methods aimed at keeping away addicts of addiction, either completely or at least under some control, while promoting their reintegration to social life and productive work". The methodology used for data collection was through literature searches and field at the institution mentioned above, as well as observation and questionnaires to clarify the results. Therefore, was possible to observe in the present research an importance to stimulate the motivation of internal and group interaction by improving the self-assurance providing a better commitment to self recovery.

Keywords: Chemical dependents, Motivation, Interaction.

INTRODUÇÃO

 

Os impactos provocados pelas substâncias químicas poderão levar as pessoas a passarem por problemas na vida. A faixa etária que procura por essas drogas vem aumentando cada dia mais, já que em qualquer lugar eles facilmente encontram essas substâncias.

A dependência química se apresenta na sociedade atual como um elemento gerador de muito sofrimento nos lares brasileiros, visto que suas implicações degradam os relacionamentos familiares, profissionais e afetivos dos dependentes. Aos que desconhecem de perto essa realidade, muitas vezes o usuário é visto como um sujeito sem caráter, sem vontade de melhorar sua vida e sem empatia com aqueles que estão ao seu redor. Mas o processo de superação do vício é composto por muitas barreiras sociais, pois o grande número de usuários, e o crescimento de consumidores de drogas lícitas e ilícitas, são desproporcionais com a oferta de serviços de conscientização, apoio e tratamento (AGUILAR & PILLON, 2005; CANOLETTI & SOARES, 2005).

O enfretamento da abstinência requer não só um acompanhamento de profissionais capacitados, como também de uma rede de apoio para que o adicto não se sinta sozinho nessa luta constante (LANDRY, 1994, apud FERREIRA, 2008, p. 2). Porém tal rede apenas dará suporte e sustentação à motivação que nasce no interior do próprio usuário, e muitas vezes estes se encontram em um estado de visível abatimento e descrença na própria capacidade de lutar contra as drogas. As atividades motivacionais apresentam-se como ferramentas que potencializam mudanças comportamentais, a elaboração de planos e concentração em objetivos que visam o desenvolvimento humano (FIGLIE, DUNN e LARANJEIRA, 2004).

Tendo em mente a importância dessa rede de apoios e da motivação para o processo de superação do vício, nesta pesquisa realizamos encontros e atividades de cunho interacional e motivacional com internos de uma clínica de recuperação para dependentes químicos situada na zona rural da cidade de São Sebastião do Paraíso (Chácara Poder de Deus). Após essas atividades, aplicamos questionários para coletarmos dos próprios internos suas impressões referentes aos benefícios desse trabalho. Tais resultados foram analisados por intermédio de gráficos, os quais revelaram o quanto o desempenho de trabalhos em grupo, e de exercícios de motivação, contribuem para o tratamento da dependência química.

REFERÊNCIAL TEÓRICO

A recuperação do dependente químico é um processo de tratamento e crescimento, que vai muito além da mera abstinência de substâncias psicoativas (LANDRY, 1994, apud FERREIRA, 2008, p. 2). Mas este tratamento não é possível se o indivíduo a ser tratado não estiver convicto dessa necessidade e se sentir capaz dela. Estudos afirmam que a desintoxicação por si só é difícil e suprimir o problema da dependência é um processo longo. Abandonar o uso de uma substância depende de muitos fatores, aos qual a motivação está vinculada por esta, de acordo com a linha de terapia cognitivo-comportamental, influenciar os resultados do tratamento.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2004, p 38) a dependência química é uma doença crônica e um problema social. Ela é caracterizada como um estado metal e geralmente físico, oriundo do contato do organismo vivo e uma droga, no qual a falta da substância provoca um aumento da ansiedade além de um desconforto, o que conduz a uma busca compulsiva pela substância.

Para esta organização, o uso de drogas constitui um problema de saúde pública, que vêm ultrapassando todas as fronteiras sociais, emocionais, políticas e nacionais, preocupando toda a sociedade.

“(...) Não basta, portanto, identificar e tratar os sintomas, mas sim, identificar as consequências e os motivos que levaram à mesma, pensando o indivíduo em sua totalidade, para que se possa oferecer outros referenciais e subsídios que gerem mudanças de comportamento em relação à questão da droga” (PRATTA & SANTOS, 2009, p. 208).

Segundo dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID, 2010), muitos são os fatores que podem motivar o uso de drogas, como: a busca de prazer, amenizar a ansiedade, tensão, medos e até aliviar dores físicas. Quando a utilização dessas substâncias se dá de forma abusiva e repetitiva, sem que haja um controle do consumo, frequentemente instala-se a dependência (CRAUSS & ABAID, 2012, p. 260).

Outro elemento que contribui para o uso de drogas químicas é o fator social que se destaca por conta da sua amplitude e complexidade. A primeira rede de relações é a família com sua estrutura e atmosfera fortemente influenciáveis no desenvolvimento físico, psicológico e cultural do indivíduo. Estudos que revelam uma consistente associação entre parentalidade ineficaz e tendência ao medo, à depressão e a níveis altos de ansiedade, além de comportamentos agressivos por parte de crianças em idade escolar, são citados na literatura da psicologia (PAPALIA, et al. 2013). Comportamentos impulsivos e agressivos são associados na literatura ao abuso de substâncias ilícitas e o suicídio (CHACHAMOVICH, 2009).

Para o modelo neurobiológico o uso de substancias psicoativo está ligado a fatores genéticos. Onde uma família pode ter uma predisposição para o craving (termo usado no Brasil) em algumas situações, que outra na mesma situação não teria. Como também regiões cerebrais associadas à excitação, comportamentos compulsivos, memória e associação de estímulos sensoriais são ativadas durante a exposição a estímulos relacionados à droga, os quais estimulam o craving. A teoria também se direciona para a função da dopamina em procurar pela droga, como uma fonte indutora de reforços cerebrais positivos ligados ao craving. A função da serotonina, que tem influência na liberação dopaminérgica é outra fonte de estudos (ARAUJO, OLIVEIRA, PEDROSO, MIGUEL, CASTRO, 2008).

O aspecto social, que se revela como elemento chave para o consumo de álcool e drogas, também é crucial no processo de tratamento e reabilitação do usuário, pois a mudança de hábitos, que parte da motivação por mudar, exige um apoio externo, o qual é encontrado nas relações interpessoais. Rigotto e Gomes (2002, p. 95-106), em um estudo sobre as experiências de abstinência e recaída nas tentativas de recuperação com usuários do sexo masculino e feminino, também destacam que, além do fator de motivação interna para a mudança, é necessário um contexto favorável, no qual a motivação é sustentada por ações concretas e objetivas que contemplem necessidades como a reestruturação da autoestima, do apoio social e dos planos para o futuro. Com isso, motivação e apoio social, o qual é alcançado por uma interação saudável pautada na confiança, mostra-se com um elemento importante na recuperação do dependente químico.

Para potencializar os efeitos da vontade íntima do indivíduo no processo de recuperação, a interação do paciente com grupos de mútua-ajuda, segundo Tomasi (2000). Tais grupos podem ser vistos como agentes operacionais importantes na recuperação e reinserção social dos dependentes de drogas, sem contar que influenciam também na reestruturação familiar e na prevenção à reincidência.

Segundo Bucher (1988, p. 78), “quando os drogados se decidiram por procurar uma ajuda terapêutica, pode-se presumir que a sua motivação contenha um desejo de mudança e de libertação das drogas”, pois sabemos que não é um processo fácil, como nos apresenta Papalia (2010, p. 397) “alguns jovens têm dificuldade em lidar com tantas mudanças de uma vez e talvez precisem de ajuda para vencer os perigos ao longo do caminho”, ou seja, o fator que une o grupo é o mesmo que pode “curar” o individuo, por isso também é importante trabalhar a interação.

Para Figlie, Dunn e Laranjeira (2004), a motivação é vista como um estado de prontidão ou avidez para a mudança, que pode flutuar de um momento (ou situação) para outro e pode ser entendido como uma condição interna influenciada por fatores externos. Bittencourt (2009) acrescenta que a motivação pode ser conceituada como alguma coisa que faz uma pessoa agir, ou o processo de estimular uma pessoa a agir.

As pessoas recém-chegadas há algum centro de recuperação apresentam timidez ou outros por estarem ali sozinhos necessitam procuram essa motivação para ter um motivo para continuar. As atividades Lúdicas nesse momento pode ser algo que estejam procurando e algo que estejam precisando para preencher o vazio que alguém possa ter ali por algum momento no centro.

Atividade lúdica é toda e qualquer animação que tem como intenção causar prazer e entretenimento a quem pratica. São lúdicas as atividades que propiciam a experiência completa do momento, associando o ato, o pensamento e o sentimento” (MALUF, 2008, p.5).

Ainda segundo MALUF (2008), são vários os benefícios das atividades lúdicas, entre eles estão assimilação de valores, aquisição de comportamentos, desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento, aprimoramento de habilidades e socialização.

Os tipos de atividades lúdicas que podem ser trabalhos com os dependentes químicos são muitas, como brincadeiras variadas, jogos variados, danças onde eles possam escolher e desenvolver os próprios passos, construir coletivamente, passeios, dramatizações podendo usa-los no teatro, cantos e teatro de fantoches, tendo todo um objetivo do que se espera com elas.  

O simples fato de utilizar o termo “brincar” não é neutro, mas traz em si certo corte do real, certa representação do mundo. Antes das novas formas de pensar nascidas do romantismo, nossa cultura parece ter designado como "brincar" uma atividade que se opõe a "trabalhar”, caracterizada por sua futilidade e oposição ao que é sério (BROUGRE 1998).

Motivação, como nos mostra Todorov e Moreira (2005, p. 119-132), é um termo complexo na psicologia. Após a modernidade nos dá base para isso, mostra-se útil utilizar um conceito a partir de um determinado posicionamento teórico em detrimento de outro uma vez que definições apenas são verdadeiramente efetivas no campo teórico. Em outras palavras, hoje em dia se dá nomes diferentes a forças que atuam independente dos nomes. Assim sendo Todorov e Moreira, nos propõem pensar motivação é a necessidade ou o desejo que caminham junto com a intenção de atingir um objetivo específico.  

A motivação caracteriza-se como processo dinâmico segundo o modelo transitório, desenvolvido por Prochasca e Diclement (1983). Este modelo descreve os estágios de mudança comportamental por meio dos quais o indivíduo "transita" de forma não linear, estando em tratamento ou não. Tais estágios são: pré-contemplação, contemplação, determinação, ação, manutenção e recaída.

Para Figlie, Dunn e Laranjeira (2004), a motivação é vista como um estado de prontidão ou avidez para a mudança, que pode flutuar de um momento (ou situação) para outro e pode ser entendido como uma condição interna influenciada por fatores externos. Bittencourt (2009) acrescenta que a motivação pode ser conceituada como alguma coisa que faz uma pessoa agir, ou o processo de estimular uma pessoa a agir.  

Uma das grandes palavras usadas hoje em dia é a motivação para qualquer pessoa em qualquer idade, pois pode fazer uma grande diferença do decorrer da vida de uma pessoa. Na dependência química não é diferente. Além de sua disposição interna para mudar, a qual parte da motivação, o auxílio de medicamentos e de uma abordagem multidisciplinar são de suma importância para que o paciente se reestabeleça no laço social e afetivo de forma eficaz através de interações construtivas.

Podem-se citar os trabalhos de Basov, que diferem dos de Vygotsky, ao aceitar o estudo da interação enquanto fenômeno complexo a partir de suas partes componentes, "de forma que a síntese da qualidade do todo possa ser observada no curso do acompanhamento das relações estabelecidas entre os componentes do sistema". A atomização do sistema é não só aceita por Basov, como vista como necessário caso se pretenda compreender "como uma nova estimulação externa se integra à estrutura de estímulos internos já existentes" (Valsiner, 1988, p. 178).            

“Trabalhando com o estudo da interação e do desenvolvimento de relações sociais há algum tempo, sentimos necessidade de, olhando retrospectivamente, analisar as leituras que têm norteado a busca de conhecimento acerca desse fenômeno. Parece-nos importante a localização, a identificação e a análise das tendências teóricas e dos procedimentos metodológicos que têm caracterizado essa investigação, na tentativa de iniciar um processo de sistematização do conhecimento já produzido, bem como de detectar direções para pesquisas futuras.” (ARANHA, 1993, p.19).

No processo de reabilitação, quando orientados pela ótica multidisciplinar, o paciente é direcionado a um afastamento do contato com a substância para que ocorra o seu distanciamento do contato social e afetivo provocado pela droga. Ao mesmo tempo o dependente químico precisa buscar a reiteração com o meio social, trabalhando seus valores positivos de forma que sua motivação na vida seja alimentada para que não ocorra recaídas e que se mantenha sua saúde física e relacional.

Para Rigotto e Gomes (2002, p. 95-106) o aspecto social, que se revela como elemento chave para o consumo de álcool e drogas, também é crucial no processo de tratamento e reabilitação do usuário, pois a mudança de hábitos, que parte da motivação por mudar, exige um apoio externo, o qual é encontrado nas relações interpessoais.

Podemos então observar que o grupo onde esse indivíduo faz parte é de grande valia em seu processo de reabilitação, ajudando-os uns aos outros, promovendo assim força interna e externa para conclusão do tratamento. O uso de drogas atualmente é considerado um grave e complicado problema de saúde pública. Abordar a dependência química é discutir o processo saúde/doença, levando em conta a atualidade e o modo de intervir.

Sendo assim percebe-se que a união de um grupo, seja ele qual for fornece na melhoria do sujeito, ajudando uma troca de convivência e experiência sendo que existe em um grupo uma forma de estabilidade, igualdade e de uma integração dos participantes que seria os auxiliadores da ajuda da melhoria do individuo. Isso acontece porque a confiança em si é recuperada e ele volta a ser capaz de confiar nos demais, e nesse caso a presença, o apoio e o amor dos familiares e dos amigos passam a ser tão importante quanto o trabalho dos profissionais que tentam reabilitá-lo.

 

METODOLOGIA

                        O estudo baseou-se na pesquisa exploratória e descritiva que de acordo com Gil (2008), as pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência e a pesquisa exploratória tem como objetivo a maior familiaridade com o problema, tornando-o explícito, ou à construção de hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso. (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010, p. 10).

                   A pesquisa foi delimitada mediante aplicação de questionário desenvolvido pelos próprios alunos autores dessa pesquisa, tendo como base o procedimento de coleta de dados o método quantitativo e exploratório. O tal questionário foi composto por nove perguntas de questões abertas e fechadas e abordou critérios para colhermos os resultados para os gráficos o qual se aplicará em todos os adictos que permaneceram na instituição durante o período da pesquisa.

                   Segundo Ferreira, (2010, p. 631) é “uma série de questões ou perguntas” que utilizamos para coletar os dados referentes a esta pesquisa. “Questionário é constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador” (LAKATOS E MARCONI, 2010, p.184).

                   O questionário foi aplicado aos sujeitos da pesquisa que atenderam aos critérios de inclusão sendo adultos do sexo masculino na faixa etária entre 18 e 70 anos, que estiveram em tratamento no centro de Apoio de Recuperação Poder de Deus na cidade de São Sebastião do Paraíso (MG) que permanecerem na instituição durante o período de pesquisa.

                   Tais participantes da pesquisa foram previamente consultados e, após explicações dadas pelos alunos-pesquisadores sobre o projeto de pesquisa e de seu objetivo, aceitaram participar por livre e espontânea vontade. Para a aplicação do questionário, os alunos receberam os internos individualmente em salas reservadas, fizeram a leitura das questões e se retiraram para que o participante as respondesse, sendo que em alguns casos foi necessária a permanência dos alunos para transcrever as respostas dos internos, pois alguns eram analfabetos.   

     As atividades proposta pelos alunos-pesquisadores durante o período de pesquisa foram de natureza física, cognitiva e emocional, como por exemplo, dinâmicas, jogos, raciocínio lógico, resolução de problemas, histórias acompanhadas de reflexões, entre outras.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A coleta de dados se deu através dos questionários aplicados pelos alunos-pesquisadores aos internos do centro de recuperação Poder de Deus, no dia 26 de Setembro de 2015. Os dados obtidos foram convertidos em gráficos, permitindo a verificação das hipóteses levantadas para a realização da pesquisa.

Foi feito um gráfico para cada questão que levantou os resultados. Estes dados foram codificados, analisados e interpretados a partir da metodologia proposta. As respostas foram colhidas com base na visão particular de cada participante entrevistado.

A questão de número um, visou saber a opinião dos participantes, e do seu nível de interesse das atividades propostas. Constatou-se que 100% teve interesse nas atividades, porém na explicação desse interesse foram mencionados os argumentos como: mudanças na rotina do centro de recuperação, proporcionar envolvimento, tranquilidade, amizade, descontração e união no grupo.  

Já as questões de dois a sete eram de caráter objetivo e nelas tivemos o intuito de verificar a importância da presença dos alunos-pesquisadores na instituição e o grau de relevância das atividades.

A questão de número dois, através da análise do gráfico abaixo, mostra que as atividades em grupo foram as que mais agradaram, e podemos averiguar essas respostas reforçadas nas outras questões concluindo se que para os adquitos foi considerável ter a participação em grupo e a cooperação mútua.

                       

Fonte: Elaboração própria

Já nas questões oito e nove de caráter discursivo, o intuito era que pudessem descrever o interesse nas atividades espontaneamente referente aos benefícios proporcionados, caso houvesse. Porém as respostas foram curtas e diretas, sendo que na questão de número nove eles poderiam deixar alguma atividade caso fossemos continuar o trabalho que queriam a reaplicação ou uma indicação de atividades diferentes das que tínhamos proporcionado e percebemos que todas as brincadeiras e atividades colocadas eram em equipe, como futebol e gincana (as mais colocadas), sendo essas atividades já aplicadas na instituição. Analisamos então que para eles foi consideravelmente importante o trabalho em equipe a ponto de solicitarem por mais dias assim.

Já no gráfico abaixo, podemos perceber que de modo expressivo os internos sentiram-se beneficiados com as atividades realizadas nos encontros, porque as respostas foram positivas em relação ás atividades em relação ao agrado individual.

 

                              Fonte: Elaboração própria

                             * No gráfico acima 14 internos disseram excelente e 6 internos disseram boas. 

A cada encontro que realizávamos na instituição percebíamos o aumento do envolvimento dos adictos e mesmo com a rotatividade de internos, visto que a permanência não era obrigatória, aqueles que permaneciam se interagiam sem inibição.

Nota-se também que a permanência e a participação entre os internos melhoraram no decorrer dos dias, a análise vem para favorecer esse modo de expressão que nos mostra como que o relacionamento interpessoal de cada interno é expressivo dentro do grupo. Atividades, dinâmica e envolvimento entre eles podem favorecer a continuidade ao tratamento e atingir ao objetivo final. Ao analisarmos os gráficos, podemos perceber que de modo significativo os internos sentiram-se beneficiados com as atividades realizadas nos encontros. Em relação à observação na recuperação dos internos notou-se que as atividades, conforme as respostas dos internos colaboraram, pois perceberam a importância de se estar em grupo e como este produz benefícios.

Sendo assim acreditamos que atividades de interação e motivação, junto a outros fatores, oferecem benefícios positivos aos adictos e que, se trabalhadas durante um tempo maior, podem contribuir na recuperação dos internos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            O presente estudo respondeu ao problema de pesquisa a que se propôs, na medida em que evidenciamos por meio dos questionários e observações, que as atividades de interação e motivação proporcionaram aos internos da instituição experiências positivas no seu processo de superação da dependência química e na reabilitação e que o processo de interação e motivação foi relevante no âmbito institucional, pois apresentou benefícios aos internos com relação à qualidade das inter-relações proporcionando troca de experiências e possibilidades de parcerias entre os internos. 

Após os nossos encontros com os adictos na instituição, observamos através das analises dos resultados que a conclusão da pesquisa vai além dos benefícios da importância da interação e motivação no centro de recuperação Poder de Deus aos internos, pois fica evidente que o contato com o outro é necessário e importante causando um maior alívio e a presença de outras pessoas traz imensa satisfação pessoal levando a sensação do não estar sozinho. Chamou à atenção o sentimento de gratidão e a contentamento dos internos durante o decorrer dos estágios de pesquisa na instituição escolhida, o que é reforçado pelos questionários respondidos por eles no final das visitas ao centro de recuperação Poder de Deus.

Os integrantes do grupo de alunos-pesquisadores sentiram-se extremamente agradecidos pelo aprendizado adquirido ao longo dos meses de observação no centro de recuperação com adquitos, embora cada um tenha percebido a intensidade no decorrer dos encontros de forma diferente. Todos tiveram suas ponderações pessoais para a vida pessoal quanto para a formação acadêmica em Psicologia. Nos encontros foram aplicadas atividades como teatro, histórias, gincanas e o lúdico todos voltado para o trabalho em grupo e motivação, e em alguns momentos pudemos participar dessas brincadeiras e notamos que a alegria e a satisfação eram tanto dos internos e também dos alunos-pesquisadores.

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