A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA NO COTIDIANO ESCOLAR 

 Cednei Alves dos Santos[1]

Marcos Roberto Barbosa 

RESUMO 

Este artigo analisa as condições da prática de Ensino de História na Escola M.E.F. Profª. Flávia Smith de Moraes no município de Almeirim-Pará.  Para isso, fundamenta-se em reflexões teóricas e busca traçar um debate acerca da formação acadêmica e as limitações teóricas e metodológicas apresentadas em sala de aula.  Reflete, especialmente, nas visões dos professores em formação inicial têm da disciplina e da sua prática de ensino.  Os resultados evidenciam uma enorme dificuldade por parte dos educadores quanto à prática pedagógica e a qualificação profissional.

Palavras-chave: Formação docente, História e Sujeito-Histórico. 

INTRODUÇÃO 

Ao abordar a importância da Formação do Professor de História no cotidiano escolar no município de Almeirim-Pará, objetiva-se analisar os desafios e procedimentos do ensino de história ministrado pelos docentes, e as dificuldades enfrentadas para a efetivação e materialização do trabalho pedagógico coletivo e participativo no dia, dia em sala de aula, bem como mostrar a importância da formação e qualificação do professor de história para a educação do município.

O trabalho é resultado de uma pesquisa realizada em uma escola da rede pública, na sede do município de Almeirim. Quanto à metodologia foi necessário recorrer à entrevista oral em forma de diálogo. Pois, a importância da história oral é defendida por Oliveira, que destaca a possibilidade de trazer a história de pessoas “comuns”, permeadas de subjetividade, encontros, desencontros e saberes, que de um momento para outro perdem o anonimato, tornando-se “autores” no seu coletivo.   

O artigo encontra-se organizado em duas partes: inicialmente, são apresentados alguns conceitos e reflexões teóricas sobre a formação docente, história e sujeito-histórico. Em seguida, a análise volta-se para a discussão entre a teoria e a prática no que se refere às indagações dos entrevistados, tendo como eixo as divergências entre a formação acadêmica e a prática de ensino. O foco incide sobre a experiência pessoal, nas situações, na identificação dos conceitos relevantes, na visão dos envolvidos. Tratar desta questão leva a trabalhar com a elucidação de alguns conceitos que são fundamentais, para só então se discutir as experiências dos professores em sala de aula.

Portanto, acredita-se que este artigo esteja oferecendo a oportunidade de análise dos educadores, fazendo-os refletir sobre o papel que cada um deve desenvolver em sala de aula, no convívio social e assim, todos possam visar à formação de cidadãos conscientes de seu papel na sociedade, intervindo na mudança sócio cultural, onde haja mais justiça e igualdade social.

1- FORMAÇÃO DOCENTE

            A Formação docente é de grande relevância para o desenvolvimento da prática pedagógica no âmbito escolar, fator importante para que se tenha uma educação de melhor qualidade, para a formação de uma sociedade mais justa e humanitária, que vise um compromisso em ensinar os alunos a lutar constantemente, pela construção ativa de uma cidadania critica e consciente.

Este artigo visa analisar a relevância do desenvolvimento profissional dos professores de história, partindo do cotidiano, da realidade, do conhecimento e experiência dos mesmos, aonde se observa um grande interesse por parte dos educadores em buscar uma formação para melhor desenvolver seu trabalho escolar, compreendendo e valorizando seu próprio espaço e convívio social, que são resultantes do trabalho humano.

A preocupação em torno da formação e das práticas pedagógicas dos professores e a experiência profissional em sala de aula ao longo dos anos vêm se discutindo mudanças, como explicita a Lei nº 9394/96, que frisa a exigência da qualificação docente para melhor analisar e por em prática as experiências vividas como educadores.

 Acredita-se que a formação do professor de história é o fator primordial para o melhor andamento e desenvolvimento do trabalho docente, facilitando o alcance de maiores níveis de aprendizagem e qualidade de vida para o cidadão. Segundo afirma Bittencourt “o professor de história... é responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de vista... dar condições para que o aluno possa participar do processo de fazer, construir a história.” (BITTENCOURT, 2009, p.57).

No entanto, hoje se observa tanto o professor quanto o aluno tem os mesmos direitos e deveres a serem cumpridos, e assim realizam a troca de conhecimentos e a interatividade que a educação necessita para o seu melhor desenvolvimento na sociedade. Percebendo as mudanças que vem aos poucos acontecendo com          o

 

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desenvolvimento das políticas educacionais no Brasil, estamos buscando melhores conhecimentos para nossa pratica educativa.

Além do mais, é um grande desafio para os professores de história trabalhar a diversidade cultural nos espaços escolares, pois as dificuldades são tantas que levam o profissional a desistir, por muitas vezes falta recursos didáticos, apoio da comunidade escolar, oportunidade para participar de formação continuada para o professor aprimorar seus conhecimentos, para que o mesmo desenvolva seu trabalho com eficiência.

Entretanto, hoje o ensino é um ato pensado e, portanto, as pessoas que o planejam o entendem a partir de conceitos que elaboraram durante toda uma caminhada. Discutir o ensino de História, a partir das referências dos professores, tal como se propõe no trabalho, é algo que exige uma melhor visão dos teóricos que com ela trabalham.

Bezerra afirma que alguns procedimentos e conceitos são fundamentais para o Ensino da disciplina, pois devem centrar as preocupações dos historiadores.   Independentemente das diferentes concepções de mundo, dos posicionamentos ideológicos ou colocações metodológicas, não há como o professor não trabalhar com conceitos ou, ao menos, com uma parcela significativa deles, sendo que o que vai diferenciar as diferentes concepções de História é a maneira como esses conceitos e procedimentos serão entendidos e trabalhados.

O importante é perceber então, quais são os conceitos indispensáveis para que os alunos, saindo da escola básica, tenham uma formação histórica que os auxilie em sua vivência como cidadãos. Com esse objetivo, a análise foi embasada nos conceitos que foram desenvolvidos junto aos professores entrevistados. Para isso, este artigo propõe uma reflexão considerada fundamental, que serão apresenta a seguir com os depoimentos dos professores.

1.2 HISTÓRIA E SUJEITO-HISTÓRICO

O conhecimento histórico tem como principal objetivo a compreensão dos processos e dos sujeitos históricos, desvendando as relações que se estabeleceram

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entre os grupos humanos em diferentes tempos e espaços. Conhecer e desenvolver metodologias apropriadas para a construção do conhecimento histórico, tanto para o uso na pesquisa científica quanto na escola, é primordial para que o aluno possa se apropriar de um olhar consciente para sua própria sociedade e para si mesmo. Como destaca BEZERRA

O aluno terá condições de exercitar nos procedimentos próprios da História: problematização das questões propostas, delimitação do objeto, exame do estado da questão, busca de informações, levantamento e tratamento adequado das fontes, percepção dos sujeitos históricos envolvidos (indivíduos, grupos sociais), estratégias de verificação e comprovação de hipóteses, organização dos dados  coletados, refinamento dos conceitos (historicidade), proposta de explicação para os  fenômenos estudados, elaboração da exposição, redação de textos.

Dentro dos procedimentos para a construção do conhecimento histórico, é necessária a ampliação do conceito de fontes históricas, que podem ser trabalhadas pelos alunos. Assim, o professor utiliza na sua aula documentos oficiais, textos de época e atuais, mapas, ilustrações, gravuras, imagens de heróis em quadrinhos, poemas, letras de música, literatura, manifestos, relatos de viajantes, panfletos, caricaturas, pinturas, fotos, rádio, televisão, etc.

O importante é atentar para a necessidade que as fontes tem de receberem um tratamento adequado, de acordo com sua natureza. O que importa neste contexto é a organização dos conteúdos e a articulação de estratégias para trabalhar com eles, levando em conta os procedimentos para a produção do conhecimento histórico. Desse modo, deve-se evitar passar para o educando a falsa sensação de que estes conhecimentos existem de forma acabada, e assim são transmitidos, procedimento muito habitual na sala de aula até os dias de hoje.

O professor do Ensino de História, com boa prática metodológica, é capaz de qualificar o aluno possibilitando-o para uma atuação consciente em todas as esferas da sociedade, levando-o, portanto, a perceber-se como um sujeito histórico, diante disso, tem uma estreita relação como indivíduo, no sentido de avaliar e compreender as determinações e possibilidades que incidem sobre sua ação na história, de modo a ser capaz de interferir sobre ela. 

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Todavia, essa concepção demonstra a capacidade de cada um assumir-se como sujeito histórico, distanciando-se das perspectivas que atribuem apenas a algumas pessoas e a determinados momentos, a condição de “históricos”. A História, sob este ponto de vista, não é resultante somente de personagens de destaque, mas da construção consciente/inconsciente de todos os agentes sociais, individuais ou coletivos.

Portanto, os sujeitos sócio históricos, incluindo professores e alunos, produzem suas ações por meio de suas vivências específicas, suas ideias e intenções próprias e por serem construtores de significado, capaz de compreender o sentido da História como experiência vivida por homens em relação uns com os outros.

2. PROFESSORES DO ENSINO DE HISTÓRIA: DEBATE ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA NA ESCOLA M. E. F. PROFª. FLÁVIA SMITH DE MORAES EM ALMEIRIM-PÁ.

Para que houvesse uma descrição das discordâncias entre a teoria e a prática dos professores de história de 5º e 6º ano, trabalhou-se com a entrevista em forma de diálogo. A pesquisa se deu na Escola M.E.F. Prof.ª. Flávia Smith de Moraes para coletar informações a respeito do direcionamento do ensino de história no âmbito escolar,

O resultado foi à revelação de que ainda há muitas limitações no que se refere às mudanças em sala de aula e, principalmente, eles apresentam uma dificuldade constante em relacionar a sua prática com uma concepção clara dos conceitos trabalhados.

Enfatiza-se que estes depoimentos não foram tomados como reveladores da verdade sobre o Ensino de História na escola pesquisada, pois o foco da pesquisa incide sobre a experiência pessoal, nas situações, na identificação dos conceitos relevantes, na visão dos envolvidos.

A formação do professor de História se processa ao longo de toda sua vida pessoal e profissional, nos diversos tempos e espaços sócios educativos. Porém, a

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realidade local é diferente de outras, pois ainda encontram-se professores sem qualificação na área ministrando a disciplina de história, isso, pela falta de oportunidade e acesso aos cursos de formação, só este ano que o município de Almeirim/PA, através da Plataforma Freire/MEC, foi contemplado e deu inicio a formação de uma turma de Ensino de História e Geografia, eis então o motivo da escassez de professores qualificados na área de atuação.

Percebe-se nesse sentido, a importância da necessidade da formação inicial, nos cursos superiores de graduação para os professores, pois, é através da formação que os saberes históricos e pedagógicos são mobilizados, problematizados, sistematizados e incorporados à experiência de construção do saber docente.

Trata-se, de um momento importante na construção da identidade pessoal e profissional do professor, espaço de construção de maneiras de ser e estar na futura profissão. Ao se qualificar o profissional em nível de graduação, especialmente o professor de disciplina especifica, deve-se garantir que este seja alguém que domine o processo de produção do conhecimento. No caso específico de professor de história, este deve dominar o conhecimento histórico, isto é, deve saber se relacionar com o saber histórico já produzido e encaminhar seus alunos nesta direção.

As dificuldades teóricas em determinar a razão de sua prática e a falta de motivação evidenciam que este profissional não construiu uma identidade de educador. Sem ter construído a sua identidade de educador, dificilmente conseguirá “proceder seletivamente diante de opções que se apresentam nem conseguira diferenciar às diversas situações que ocorrem”.

Como a ação educativa é um processo relacional, isso faz com que esta atividade seja complexa. Ela torna-se ainda mais complicada se o professor não tiver clareza sobre as razões que motivam a sua prática. Conforme destaca Bittencourt

 

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“o professor de história por sua vez, preocupa-se em exteriorizar o que sabe, tornar explicito o seu pensamento e a sua emoção. Ao mesmo tempo, vive a insegurança em relação à juventude de seus próprios alunos, e a defasagem entre a sua própria formação e o aceleramento contínuo dos novos estudos e pesquisas do conhecimento histórico”. (BITTENCOURT, 2009, p. 56).

Diante disso, a ação educativa não é um fazer por fazer, mas um fazer intencional, de um coletivo de sujeitos. E esta intencionalidade coletiva só pode ser construída se houver clareza teórica sobre as razões que motivam a prática do professor.

É justamente a falta de clareza por parte dos professores, sobre as teorias que instrumentalizam a sua prática, que leva aos sucessivos fracassos em experiências que são colocadas como novas ou à reprodução do mesmo ensino que esta aí, na visão de todos.

Historiadores como Circe Bittencourt, Jaime Pinski, Elza Nadai, e (org.), analisam as mudanças ocorridas no ensino da disciplina e os processos de formação de professores. O resultado demonstra a enorme distância e até mesmo a diferença existente entre as práticas e os saberes históricos produzido, debatido e transmitido nas Universidades e aqueles ensinados e aprendidos nas escolas de ensino fundamental, pois enquanto nos cursos superiores os temas são objeto de várias leituras e interpretações, que levam a uma diversificação de abordagens, problemas e fontes, de uma maneira geral, as práticas conduzem à transmissão de apenas uma história, de uma versão que se impõe como a verdade.

Neste sentido, conclui-se que a formação universitária constitui o espaço da diversificação, do debate, do confronto de fontes e interpretações e a escola, no lugar de transmissão, onde o livro didático é, na maioria das vezes, a principal, se não, a única fonte historiográfica utilizada por professores e alunos.

No questionamento sobre as dificuldades encontradas na sala de aula, as respostas apontam para o desinteresse dos alunos. Para os professores

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entrevistados, “os alunos não aprendem porque não se interessam pela disciplina. Só querem saber o que vai cair na avaliação.”.

Este desinteresse torna difícil a tarefa do professor que é a de trabalhar com os alunos a relação entre os fatos e fazê-los reconhecer a História enquanto processo de ensino aprendizagem.  Na maioria dos casos, os alunos se limitam a decorar as causas e consequências dos acontecimentos históricos.

Os professores entrevistados relatam que: “muitas vezes encontram dificuldades em desenvolver no aluno a noção da História como um processo da aprendizagem.” Os professores reconhecem que não lhes cabe apenas transmitir informações, pois os meios de comunicação já fazem isso, mas cabe-lhes despertar  nos   alunos  o   interesse   pela  História,   levando-os   a   questionar   e posicionar-se frente à realidade.

Os professores também revelaram as próprias dificuldades de pensar o tempo em termos do “ensino” na sala de aula, a falta de tempo necessário para ministrar uma aula, fator este, que tem dificultado o ensino e aprendizagem dos educandos. Essa questão contribui no desinteresse pelas referências renovadas no campo da história e ao mesmo tempo, de uma limitação teórica que não permite que o interesse seja plenamente potencializado pelos alunos.

Os professores entendem, ainda, que sem as discussões teóricas que embasaram a proposta, acaba descaracterizando o próprio conceito de História e fortalece, ainda mais, a sensação de queda da qualidade do ensino. Dentro da perspectiva de ver sua prática como um instrumento capaz de significar as relações humanas, redefinindo os laços entre sujeitos e o mundo, os professores articulam um discurso muito habitual, que é o de entender a História como uma disciplina cuja finalidade é o desenvolvimento da cidadania.

O esforço em pensar o ensino da história como propiciadora da consciência de cidadania, no sentido tanto de cidadania política quanto social, é uma questão relevante para os professores.   Estes, por sua vez, afirmam que mais importante do que novas técnicas para o ensino e novos conteúdos, é trabalhar com o aluno         a

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compreensão da responsabilidade pessoal para com os demais e o mundo em que se vive.  Ensinar a pensar e a agir na história, é autonomear para possibilitar a convivência em bases melhores.

Atualmente, os alunos se encontram numa realidade na qual as mudanças se processam muito rapidamente. O ensino de história pode contribuir para capacitar o aluno a entender a realidade em que vive e para que, a cada novo contexto ou nova situação, consiga incorporar novas leituras. Essa realidade social cria a necessidade de o homem percebe-se como um agente histórico, consciente de sua historicidade. 

Alguns entrevistados colocam o desafio que permanece para quem trabalha com Ensino de História em explicar o porquê de se estudar História, pois muitos são questionados pelos alunos sobre a validade de se ter conhecimento sobre o que se passou há séculos atrás, em vez de estudar o presente. Perguntas estas como: Porque estudar história? Pra que serve a História? Porque não estudamos fatos do presente em vez do passado?.

Questionados sobre isso, os professores acrescentam que a História, enquanto estudo das transformações sociais, tem como objeto de estudo o homem e sua natureza, sua vivencia em sociedade, num determinado tempo e lugar. Nesse sentido, pode-se partir do mundo particular do aluno, sempre o relacionando ao contexto histórico mais amplo. Isso o possibilita entender a História como um processo histórico, onde tudo está profundamente interdependente.

Para isso, é importantíssimo levantar os problemas vivenciados por estes indivíduos, os alunos, dando-lhes voz. A importância da disciplina é captada pelo aluno no momento em que este se sente participante, a partir do entendimento da sua própria história de vida. Através da sua vida histórica, o aluno se reconhece como agente histórico, cultural e social, como alguém capaz de aprender a História como experiência já vivida por homens vivendo interligados entre si.

 E como a sociedade em que se vive hoje, está em constante mudança, é preciso que ele continue interpretando seus acontecimentos, analisando-os e        se

 

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necessário, criticando-os, porém com criticas construtivas, tendo a consciência do quê e por quê está criticando.  

No que se refere ao método de ensino, são unânimes em acrescentar que o uso do livro didático, ainda é um dos recursos mais utilizados na sala de aula, mas afirmam que por si só, não corresponde, na prática, ao discurso da formação de uma consciência crítica no aluno, o que exige maior dedicação do professor, para conseguir esclarecer ao aluno a visão da história como a construção consciente/ inconsciente de vários agente sócio cultural existente.

Assim, pode-se dizer que o discurso que existe no momento da graduação não "chega" à prática, não por ser mal formulado ou por compreensão deficiente dos professores, mas porque os dois lados operam em contextos diferentes de legitimação: enquanto a prática discursiva do curso está baseada no debate teórico e científico, os professores que atuam no contexto do cotidiano escolar, marcado pelas relações que aí estabelecem com outras pessoas, alunos, pais, são principalmente, com seus colegas de profissão em relação aos quais estabelecem sua identidade profissional.

FENELON destaca a discordância no que se refere ao recém-formado, que tendo de enfrentar a realidade de uma sala de aula com 40, 50 alunos e 40 horas semanais, péssimas condições de infraestrutura, falta de recursos didáticos, para   não   falar da má remuneração docente,  na maioria das vezes,  se sente perdido, sem saber o que fazer. Assim ele passa:

“(...) quatro anos estudando a sua disciplina e de repente se vê perplexo diante da realidade – quase sempre não tem mesmo a segurança sobre sua própria concepção de Historia, de ensino – e na confusão  tenta  reproduzir  o que aprendeu com a  intenção de fazer o melhor possível.  Sente-se perdido até mesmo quanto aos critérios  de escolha dos   livros  didáticos...  sente-se culpado,   sua formação ainda é deficiente... E o círculo vicioso se completa, pois a única segurança que lhe foi transmitida é a do mito do saber, da cultura, dos dogmas que estão nos livros, na academia.”

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Nesse sentido, para que haja mudanças na sala de aula, é necessário também mudar as práticas dos cursos de graduação.  O professor ativo, articulador, que sabe fazer criticas a partir de critérios, deve ter sua formação também nesta perspectiva.

Hoje, percebe-se que os cursos de graduação estão com uma nova estrutura acadêmica, currículo diferenciado, possibilitando a formação docente com sólida e ampla base científica, que possibilita apresentar soluções criativas a cada nova situação, reorientando os seus interesses. Assim, a sua formação deve ocorrer em um ambiente acadêmico que estimule ao questionamento e à inovação como possibilidade de mudar a sua prática.  

Atualmente observa-se que as instituições de ensino superior têm buscado melhorar o desempenho na formação acadêmica, onde acrescenta o conhecimento específico da disciplina, no caso, o conhecimento historiográfico, os saberes curriculares (objetivos, conteúdos, metodologias e materiais), os saberes pedagógicos (concepções sobre a atividade educativa) e os saberes práticos da experiência.

Entretanto, o professor de História é alguém que domina não apenas os mecanismos de produção do conhecimento histórico, mas um conjunto de saberes, de competências e habilidades que possibilitam o exercício profissional da docência.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo procurou criar um debate entre as dificuldades encontradas pelos professores que estão cursando graduação na área do Ensino de História e Geografia, no que se refere à sua formação acadêmica e a sua relação com a prática de ensino, bem como apresentar subsídios para uma discussão sobre alguns conceitos fundamentais para a formação do professor.

Em seguida, foi realizada uma análise de conteúdo dos dados relativos à reflexão sobre a prática, coletados por meio da História Oral. Os resultados dessa análise evidenciam que não adianta propor mudanças no currículo, usar de novas metodologias ou até mesmo ter uma proposta pedagógica inovadora se                   o

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profissional encarregado dessa tarefa não tiver consciência, clareza da razão necessária dos referenciais estarem presentes e embasar a sua prática pedagógica.

 A análise proposta leva a crer que, apesar de ser tema de debates no meio acadêmico e em muitas das produções historiográficas contemporâneas, o Ensino de História continua representado por um mero levantamento de fatos bem documentados, sendo os alunos considerados meros expectadores da História, recebendo, conteúdos prontos e acabados. O professor continua ligado a um livro-texto e na maioria dos casos, continuam um repassador de conteúdos e os alunos meros ouvintes.

As questões colocadas pelos professores em relação à sua prática de ensino de História, demonstram que, apesar de todas as inovações em História, poucas mudanças ocorrem em sala de aula. Essa renovação na História requer nova  interpretação   do   ensino   da disciplina, que passa a ter como desafio, desenvolver no aluno a compreensão da dinâmica social, muito além de fazê-los absorver uma massa de informações que, a princípio, eles não conseguem entender o sentido.

Todavia o ensino de história precisa ser crítico: alunos e professores devem  ser   vistos   como   integrantes   da   sociedade   em constante transformação.  Desse modo, é necessário que o professor abandone a História que ainda permanece na sala de aula.

Finalizando, o professor, apesar de suas limitações, mantém firme o propósito de formar um cidadão crítico. Nesse sentido, trabalha para que o aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita sobre a História de várias formas. Consciente de que as dúvidas desses profissionais em formação sobrevivem e isso exige mudanças das instituições de ensino. Dessa forma, compreendem-se como os professores incorporam, produzem, aplicam e transformam suas atividades de trabalho em  função dos limites e dos recursos inerentes.

 Portanto, pode-se dizer que não há educação e ensino sem professor e o professor de História é uma pessoa que está na história, assim como a faz, sofre, desfruta e transforma. Por fim, espera-se que com este artigo, apesar das 

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limitações,  sirva como estímulo para um debate mais regular sobre o Ensino de História.

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Cednei Alves dos Santos- Aluno do curso Pós – Graduação em Metodologia do Ensino de História e Geografia modalidade à distância, da Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER.

Professor Orientador: Marcos Roberto Barbosa, graduado em História mestrando em Educação (Universidade Tuiuti do Paraná), orientador de TCC do Grupo Uninter.

 

4. REFERÊNCIAS

BEZZERA, H. G. Ensino de História: Conteúdos e conhecimentos básicos. In: KARNAL, L.(org).  História na Sala de Aula: Conceitos, práticas e proposta. São Paulo: Contexto.  2003.

BITTENCOUTT, Circe. O Saber Histórico na Sala de Aula, 11ª edição - São Paulo: Contexto, 2009.

FENELON, D.R.  A  formação do profissional  de História e a realidade do ensino. Curitiba, editora; Ibpex, 2008.

HIPÓLIDE, M. C. O Ensino da História nos anos Iniciais do Ensino Fundamental: metodologias e conceitos. São Paulo: Companhia editorial nacional, 2009.

MELO, A. Fundamentos de Didática. Curitiba, editora. Ibpex, 2008.

MOREIRA,C. R. B. S. (org). Didática e Avaliação da Aprendizagem no Ensino de História. Curitiba, editora: Ibpex, 2007.

PINSKY, J. (org). O Ensino de História e a Criação do Fato. 10 ed. São Paulo: Contexto, 2002.

ROMANOWSKI, J. P. Formação e Profissionalização Docente-3ª edição-atual. Curitiba: Ibpex, 2007.

 

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SOUZA, P.N.P.(1997) Como entender e aplicar à nova LDB: Lei 9394/96. São Paulo. Ed. Soraia, 1997.

SAVIANI, D. História e História da Educação.   O debate teórico metodológico. São Paulo: Autores Associados, 1998.

VASCONCELOS, J. A. Fundamentos epistemológicos da história. Curitiba: editora: Ibpex, 2009.



[1] Aluno do curso Pós – Graduação em Metodologia do Ensino de História e Geografia modalidade à distância, da Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER.

Professor Orientador: Marcos Roberto Barbosa, graduado em História mestrando em Educação (Universidade Tuiuti do Paraná), orientador de TCC do Grupo Uninter.