A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA A RECUPERAÇÃO DO DEPENDENTE QUÍMICO

 

THE IMPORTANCE OF FAMILY FOR RECOVERY OF DEPENDENT CHEMICAL

 

Aline Gouveia Pereira *1

Jessica Rodrigues Ribeiro*1

Kelly Cristina de Oliveira*1

Letícia Oliveira Reis*1

Michele Cristina Gomes Ferreira*1

Rosana Lopes Costa Vicente*1

Sabrina Araujo Ribeiro*1

Ana Paula Barbosa*2

 

 

RESUMO.

 O referente artigo trata da importância da família para o sucesso no tratamento do dependente químico. Enfatizando que o apoio desta é essencial, para que a progressão do tratamento seja satisfatória. A presença dos familiares faz com que o dependente químico se sinta motivado a aceitar e permanecer com o tratamento, pois estes são considerados um porto seguro para o dependente. O tratamento, não se resume em buscar apenas a ausência de drogas, mas também a construção de um novo estilo de vida, tanto para o dependente, quanto para a família. O método usado para a realização do artigo foi a aplicação de um questionário nos internos e coordenadores, e a observação. Concluindo, os resultados mostram que os pais, são as pessoas que oferecem um grande apoio aos pacientes, revelam também que as visitas dos mesmos, são a maior motivação para a continuação do tratamento e esperança de uma vida melhor. Portanto, é imprescindível a participação dos familiares durante, e após o tratamento.

Palavras-chave: Recuperação, Motivação, Dependência Química.

ABSTRACT.

The related article deals with the importance of the family for the successful treatment of chemically dependent. Emphasizing that this support is essential for the progression of treatment is satisfactory. The presence of family makes the addict feel motivated to accept and stay with treatment, as they are considered a safe haven for the dependent. The treatment is not limited to seeking only the absence of drugs, but also the construction of a new lifestyle for both the dependent and for the family. The method used for the completion of the article was the application of a questionnaire on internal and coordinators, and observation. In conclusion, the results show that parents are the people who offer great support to patients; they also show that the visits of the same, are the greatest motivation for continued treatment and hope of a better life. Therefore, it is essential the participation of family members during and after treatment.

Key words: Recovery, Motivation, Chemical Dependency.

 

*1-Alunos do Curso de Psicologia da Universidade de Franca, cursando o 4º semestre da disciplina Laboratório de Pesquisa II

*2-Professora Orientadora do projeto, Docente do Curso de Psicologia da Universidade de Franca, Especialista em Didática, Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos, Doutora em Serviço Social pela Unesp de Franca

INTRODUÇÃO

 Esse artigo refere-se ao projeto de pesquisa que foi elaborado pelas alunas do Curso de Psicologia da Universidade de Franca, na instituição Amafem (Associação Mão Amiga de Amparo Feminino), que abriga mulheres com dependência química. O tema é “A importância da família na recuperação do dependente químico”.

          A família contribui bastante para a recuperação dos dependentes, pois é na família que  encontram conforto, confiança e motivação, para poder continuar com o tratamento.

        Segundo Aragão (2009), a dependência de substâncias psicoativas sofrem influência de fatores psicológicos, sociológicos, culturais e espirituais. E que devido a essa complexidade, a dependência química repercute além do usuário de drogas, atinge também os familiares. O autor ainda acrescenta que, a evolução positiva de um tratamento para dependentes químicos está relacionada com a participação adequada dos familiares, pois a família é um sistema onde cada membro está interligado, de forma que a mudança em uma das partes provoca repercussões nos demais.

         Através de algumas referências teóricas e com os resultados da pesquisa, pretendemos mostrar o quanto os familiares podem influenciar nessa luta contra o vicio, apresentaremos alguns resultados da pesquisa, gráficos e citações de estudiosos no assunto.

REFERENCIAL

 

Para Schenker e Minayo (2004), a dependência pode ser compreendida pelos problemas que o indivíduo carrega e as influências, tanto sociais como cognitivas, e o uso abusivo de substâncias é um comportamento aprendido. Portanto, focar o tratamento no indivíduo nem sempre será mais satisfatório, sendo melhor que as intervenções sejam focadas da família para o indivíduo.

          Segundo Lopes (1996, p.78) “a família tem um papel de destaque no processo de recuperação do dependente, buscando impedir que o problema avance e auxiliando no tratamento mais adequado para a situação. Em alguns casos, isto se torna particularmente difícil pela fragilidade com que todos os seus membros chegam a este ponto.”

           Existem motivações que levam a pessoa a começar a usar drogas, elas podem ser externas ou internas, a pessoa pode começa a usar drogas para ser aceito em um determinado grupo social ou porque está na moda, por questões socioeconômicas, como a fome, a falta de informação. A droga dá uma sensação de saciedade, fazendo com que o indivíduo não sinta fome e fraqueza, temporariamente. A droga também pode ser vista como um refúgio para a pessoa que se encontra enganada, desgostosa, deprimida e mal sucedida. Contudo, essa situação social gera alguns sentimentos no indivíduo, tais como a angústia, o desânimo e a tristeza, que supostamente serão amenizados pelo uso das drogas.

              A dependência química não é percebida com facilidade em famílias que possuem outras patologias. A origem da dependência está na falta de amor e na negligência das famílias (FREITAS, 2002).

         Barcelos (2000), afirma que a família pode influenciar na recuperação do dependente químico. Somente através do resgate da autoridade parental se consegue definir claramente os comportamentos adequados para o bem-estar da família e as consequências que o filho sofrerá se optar por outros comportamentos. Os sentimentos dos pais com relação ao filho é que lhes permitem estabelecer os comportamentos que poderão ajudá-lo a escolher parar com o uso de drogas. Para o autor, desempenhar a paternidade significa estabelecer limites, clarificando o que é certo e o que é errado, é proteger, é prover as necessidades básicas da família. Desempenhar a maternidade significa ter sentimentos de ternura, cuidados com a nutrição, abrigo e atenção com a saúde e o bem-estar da família.

          O que mais se espera da família, segundo Carvalho (2002), é o cuidado, a proteção, o aprendizado dos afetos, a construção de identidades e vínculos afetivos, visando uma melhor qualidade de vida a todos os seus membros e a inclusão social em sua comunidade. É a família quem, primeiro encoraja o usuário a se tratar. Muitas vezes o dependente não consegue entender o quanto a família o quer recuperado, mesmo que ela tome partido da situação, a fim de ajudá-lo.

         A família tem papel fundamental na recuperação do dependente químico. Para isso é primordial que o diálogo seja sustentado, pois é através dele, que os familiares saberão o que acontece com o indivíduo e assim poderão decidir qual a melhor forma de ajudá-lo.

RESULTADO         

Perguntamos aos internos  se com a visita da família eles se sentiam mais motivados a continuar com o tratamento. 90% das respostas disseram que sim, os pacientes mostraram que com as visitas de seus familiares se sentem mais motivados a prosseguir com o tratamento. Assim é possível verificar a importância do acompanhamento dos familiares no processo de reabilitação dos pacientes com dependência química.

 Schenker & Minayo (2004), em seu estudo bibliográfico sobre a importância da família no tratamento do uso abusivo de drogas, verificou que os tratamentos de dependentes químicos que incluem a participação e o envolvimento da família, obtêm maior possibilidade de sucesso do que aqueles que trabalham com o foco apenas no indivíduo, demonstrando a contribuição que a família pode oferecer no resultado do tratamento do dependente.

      80% dos pacientes responderam que a família é importante em todos os momentos da recuperação. Segundo Aragão (2009), a evolução positiva de um tratamento para dependentes químicos está relacionada com a participação adequada dos familiares, pois a família é um sistema onde cada membro está interligado de forma que a mudança em uma das partes provoca repercussões nos demais.

         Desta forma, a afirmação do autor justifica o relato das internas, sendo que a maioria considera a família essencial em todas as etapas da recuperação, ou seja, antes, durante e após o tratamento. 

           35% dos pacientes afirmaram que os motivos pelos quais começaram a usar drogas, foram problemas emocionais e com a família. Isso comprova que a família teve grande importância na decisão dos mesmos, ao decidirem começar a usar drogas.     

       Para Blefari (2002), o indivíduo que cresce em um ambiente familiar sem amor, sem limites, sem atenção pode tornar-se um sujeito sem estrutura emocional para lidar com os problemas que vão surgindo em sua vida e, muitas vezes, acaba tornando-se usuário de drogas.

       Assim, pode-se dizer que a teoria desse autor, confirma os resultados, pois um ambiente familiar desestruturado pode trazer problemas emocionais, motivando o indivíduo a iniciar o uso de drogas.

       O problema da dependência química não deixa de ser do próprio dependente e do meio em que vive. A falta de amor e a negligência também são fatores que devem ser levados em consideração para o surgimento da dependência química.

 

CONCLUSÃO

 

        Com a realização deste trabalho foi possível confirmar a importância que o dependente químico atribui à família para que a sua recuperação seja satisfatória, corroborando com os achados bibliográficos utilizados, os quais fundamentaram os resultados deste estudo.

         Os principais resultados apontam que a família é fundamental para o tratamento dos dependentes químicos estudados. Consideram-na seu alicerce e fonte de afeto. Sentem-se, com isso, apoiados pela família, seja este apoio manifestado através do diálogo ou das visitas, proporcionando bem estar. Por fim, percebem que a busca pelo tratamento e o envolvimento da família, influenciou para haver uma mudança positiva na relação familiar. Portanto, observamos que, a família é tão importante no processo de recuperação do dependente quanto à instituição e seus métodos, pois a família é o suporte para o paciente. A busca solitária pela reabilitação como analisado em bibliografias pode acabar em fracasso, recaídas e desistência do tratamento.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

 

ARAGÃO, A. T. M; MILAGRES E FLIGIE, N. B. Qualidade de vida e desesperança em familiares de dependentes químicos. [S.L]: Ed.Usf, 2009, p.117-123.

BARCELOS, C. Quero meu filho de volta: o papel da família na recuperação dos jovens usuários de drogas. São Paulo: Ed.Gente, 2000.

BLEFARI, Anete Lourdes. A Família e a Drogadição. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.scielo.php?pid=S1414...>.

FREITAS, L. A. P. Adolescência, família e droga: a função paterna e a questão de limites. Rio de janeiro: Ed. Muad, 2002.

NEIVA, S; CARVALHO, L; TORRES, F. Adolescência e drogas, intervenções possíveis: prevenção e intervenção em situações de risco e vulnerabilidade. Porto Alegre: [s.n], 2007.

LOPES, C. Cara a cara com as drogas. Porto Alegre: Ed.Sulina, 1996, 200 p.

SCHENKER, M; MINAYO, M. C. S. A importância da família no tratamento do uso abusivo de drogas: uma revisão de literatura. [S.L]: [s.n], 2004.