Introdução

A pesquisa teve como tema a importância da família na recuperação dos adolescentes participantes da ONG PROREAV, onde conhecemos o trabalho realizado pela instituição com o adolescente em situação de risco.

É comum encontrarmos dentro de um grupo familiar a constante perda da vivência entre os membros; são conflitos internos e externos que afetam e prejudicam as relações e afeto familiar. Diante de um quadro de relações conturbadas e imerso em toda a crise provocada pelos processos de mudanças da adolescência, os filhos se deparam com uma situação para a qual não foram orientados ou preparados.

Na ONG Proreavi, estamos em contato com vários adolescentes que passaram por descobertas, ou que alguém próximo passou, transferindo a eles o fator de risco, colocando-os mais próximos dos problemas.

“Fatores de risco são condições ou variáveis que estão associadas a uma alta probabilidade de ocorrência de resultados negativos ou indesejáveis. Dentre estes, incluem os comportamentos que podem comprometer a saúde, o bem estar ou o desempenho social do individuo” (HUTZ, 2002, P.10)

O objetivo desta pesquisa foi conhecer o trabalho realizado pela instituição com o adolescente em situação de risco e com sua família e a realidade das famílias auxiliadas pelo projeto, bem como utilizar de dinâmicas, filmes, documentários e jogos, onde tivemos a oportunidade de interagir pais e filhos, colocando-os para trabalhar em equipe, e enfatizando a importância de refazer os laços afetivos.

A pesquisa contribuiu por trocas de aprendizagem, de conhecimento e a necessidade acadêmica de compreender melhor a respeito da influencia do apoio familiar durante a adolescência, pois foi nossa primeira oportunidade de atuar contribuindo com a instituição e com as famílias atendidas por ela, buscando resgatar os vínculos desses adolescentes com os familiares, e mostrando a eles que há caminhos melhores para serem seguidos e o quanto é importante manter o relacionamento familiar durante toda essa caminhada.

Desenvolvimento

Na ONG Proreavi, estamos em contato com vários adolescentes que passaram por descobertas, ou que alguém próximo passou, transferindo a eles o fator de risco, colocando-os mais próximos dos problemas.

Quando pensamos em adolescentes, pensamos também na fase do não saber o que vai ser quando crescer, do que eu sou o que devo fazer, é a fase das dúvidas, onde a descoberta causa prazer, a vontade de conhecer o que o mundo tem a oferecer se torna ainda maior.  A família é de suma importância nesse processo, pois é através dela que chegamos aos adolescentes e suas necessidades.

A fase do adolescente em busca de sua identidade faz com que a vontade de experimentar novas coisas se torne cada vez maior, os conselhos dos pais já não são tão ouvidos, e as opiniões de amigos são valorizadas.

Segundo Ford (1944), quando o adolescente não tem nenhum vínculo positivo que o ligue à sua família, ele se volta ainda mais para os amigos e para as outras pessoas, pois ele acredita que eles estão certos em relação ao mundo, sendo ai um dos fatores de risco.

“Dentre outras situações que caracterizam famílias pobres e que operam como fator de alto risco pode citar: baixa remuneração parental, baixa escolaridade, família numerosa e ausência de um dos pais”. (HUTZ, 2002, P.10)

A família que não sabe lidar com seus adolescentes fica sem saber o que fazer quando esta liberdade foge do controle, perde-se o vinculo, já não resta mais o que fazer a não ser contar com ajuda de instituições de apoio para poder tentar disciplinar e resgatar novamente o controle da situação.

Criar os filhos de forma respeitável influencia no desenvolvimento do caráter do adolescente, porém os pais tendem a deixar seus filhos sozinhos em casa para trabalhar.

A ausência dos pais ou responsáveis podem ser ainda mais prejudiciais quando o adolescente se revolta contra essa situação e busca em outros modos encontrar o que lhe falta dentro de casa, ou podendo mesmo agir de maneira contraria ao que sempre foi lhe dito, para que assim consiga a atenção dos que residem junto a ele.

Mais importante que passar o tempo com os filhos, é a qualidade desse convívio, que deve ser marcado pelo afeto, presença educativa e pelo sentimento de segurança.

Em uma relação familiar não basta estar presente, é preciso educar e apoiar da melhor forma possível.

O jovem no inicio da adolescência sabe o que é certo e o que é errado, mas nem sempre eles agem da forma correta, às vezes agem contrariando os seus próprios conceitos, valores morais e familiares, sendo que, para eles algumas normas são fáceis de serem obedecidas, outras não são, pois pode causar certo sofrimento e frustração.

A família muitas vezes na ânsia de educar ou até mesmo de ajudar age de maneira inadequada, causando assim danos futuros na formação da pessoa. Como exemplo pode-se dizer, que pais muito protetores, que não deixam que seus filhos conheçam o mundo em que vive e o que ele tem para oferecer, criando assim uma pessoa sem informações reais, e o deixando cada vez mais dependente. Outra forma de atrapalhar o desenvolvimento do filho, é achando que liberar ele para tudo o que ele deseja, sem orientar, apenas ceder às vontades, é uma maneira de educar. Os pais geralmente erram com a vontade de acertar, não passando assim pela moderação.

 O relacionamento entre pais e filhos tem sido cada vez mais como de amigos, causando assim certa perda no processo de educar. Pais tem medo de ser duros com os filhos, deixando assim, uma falta de limites posto pelos responsáveis. Os vínculos formados na família é o primeiro grupo social que uma pessoa faz parte, é onde o aprendizado tem inicio. “Vínculos são mais importantes do que qualquer norma, lei ou regulamento, se considerarmos o direito à vida à liberdade como valores fundamentais da humanidade” (MOREIRA, p. 96).

 O desenvolvimento de uma criança para adolescência é um período conturbado, cercado de duvidas, e quando os pais não se põem a disposição para o esclarecimento, eles buscam em outras maneiras tentarem se encontrar, sendo pelos grupos sociais de qual ele faça parte.

 Sendo assim, muitos pais transferem suas funções para as instituições, como por exemplo, na ONG Proreavi, que busca reestruturar os adolescentes que pode estar passando por situações de riso.

A pesquisa nos mostrou que é possível, interagirmos com a instituição e dessa forma contribuir para o aprimoramento e desenvolvimento de indivíduos, além de ampliarmos nossa visão de mundo.

 

 

Metodologia

O método utilizado nesta pesquisa foi o método dedutivo no qual através da observação buscamos identificar a importância da família na recuperação  dos adolescentes participantes da ONG Proreavi.

Segundo Lakatos e Marconi (2011, p.256 e 257), “o método dedutivo é o raciocínio que parte do geral para chegar ao particular, ou seja, do universal ao singular, isto é, para tirar uma verdade particular de uma geral”.

Nesta pesquisa também se utilizou de Pesquisa Bibliográfica para fazer um levantamento bibliográfico do tema e Pesquisa de Campo para fazer a observação e a coleta de dados num campo especifico, que se realizou na Ong Proreavi.

Nessa pesquisa foi elaborado um questionário para os adolescentes com sete questões aplicadas e respondidas por 12 adolescentes.

Resultados e Discussão

A análise foi realizada após a coleta dos dados para verificação das hipóteses levantadas. Durante a pesquisa foi realizado um questionário para os adolescentes. Segue abaixo os resultados e a discussão.

Percebemos através do questionário realizado com os adolescentes da ONG que eles querem uma convivência familiar, que é um direito fundamental, conferido a todas as pessoas, de viver no seio de uma família capaz de proporcionar afeto, carinho e cuidado necessários para se viver com dignidade.  

O questionário foi aplicado em 12 adolescentes .

 Permitiu observar que 7% dos adolescentes, ou seja, a maioria participava por ter interesse nas atividades, 1%  participavam porque  seus responsáveis queriam, e outros 4% para ocuparem seu tempo.Mas no tempo em que passamos na ONG realizando as atividades e convivendo com eles, pudemos observar que eles gostam do que fazem, mostrando interesse em saber o que levaríamos para eles de dinâmica a cada dia de estágio.

Verificamos que 5% se preocupam com o futuro em relação à vida profissional, 4% se preocupa com seu âmbito pessoal, e outros 3% preferiram não opinar. A grande maioria espera que as atividades realizadas na instituição proporcionem grandes oportunidades.

Constatamos que 9% dos adolescentes afirmam ter um ótimo relacionamento com a família, 2% acham esse relacionamento bom e 1% acha regular. Apesar de  alguns jovens considerarem seu relacionamento com os pais regular, obtivemos grande sucesso em nossa expectativa.

 Permitiu observar que 8%  tem um bom relacionamento entre si quando estão na ONG, 3%  relataram ter um ótimo relacionamento entre si e 1% tem um relacionamento regular com os demais participantes da ONG . Apesar do pouco contato, no inicio percebemos certa resistência ou timidez da parte deles, mais no decorrer das atividades, ao se permitirem, começaram a se interagir mais uns com outros.

Constatamos que 9%  cumprem as regras impostas pela ONG , e outros 3% seguem somente algumas. A grande maioria afirma seguir todas as regras. Porém, alguns sentem dificuldades em cumprir tudo o que lhes são propostos a seguir, por não terem essa instrução vinda de meio familiar.

Verificamos também que 7%  afirmam que quase sempre é participativo nas atividades propostas pela ONG,  4 % afirma sempre participar de todas as atividades e 1 % as vezes participa, isso é em relação à frequência dos adolescentes em suas aulas, pois não depende somente da ONG a presença de cada um. Quando reunidos, a participação é de todos.

De acordo com o questionário 5% dos adolescentes preferem atividades musicais, a aula de violão é a preferida entre eles, outros 3% preferem atividades relacionadas à tecnologia, outros 3% preferem atividades em grupo e 2 % preferem atividades esportivas. Mas, eles sempre participam de outras atividades como complemento em tudo aquilo que lhes é proporcionado a fazer na instituição.

Sendo assim, constamos através dos resultados obtidos no questionário que, a família é o porto seguro para a integridade física e emocional de toda criança e todo adolescente e fica evidente que o direito à convivência familiar deve ser buscado e preservado por toda a rede de proteção de crianças e adolescentes, sendo a PROREAVI uma ferramenta especialmente desenvolvida para contribuir para a defesa desse direito fundamental que se apresenta especialmente relevante para a formação física e psíquica de crianças e adolescentes.

Conclusão

 

Concluímos que a convivência familiar é um direito fundamental, conferido a todas as pessoas, de viver no seio de uma família capaz de proporcionar afeto, carinho e cuidado necessários para se viver com dignidade.

Se assim é para as pessoas em geral, para crianças e adolescentes esse direito adquire uma relevância vital, uma vez que ele é fundamental para a própria formação do ser humano que está em desenvolvimento.

A relação recíproca entre pais e filhos assegura a estes um desenvolvimento psíquico e uma formação que será essencial para o desenvolvimento e maturação do ser que está em plena formação.

Sem o vínculo afetivo, crianças e adolescentes apenas sobrevivem, mas não vivem. Não sobrevive quem vive sem dignidade, sem a garantia de direitos fundamentais. O direito à convivência familiar se apresenta como um dos direitos fundamentais.

 Por fim, constatamos que, quem tem esses direitos violados, muitos dos outros direitos perdem o sentido.

Referências Bibliográficas:

FORD, J, 1944 – Amar um adolescente: - mesmo quando isso parece impossível / Judy Ford; tradução Carmen Fischer. – São Paulo: Ágora, 1999.

HUTZ, Claudio Simon. Situações de Risco e Vulnerabilidade na infância e na adolescência: aspectos teóricos e estratégias de intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Método Dedutivo. In: Metodologia Científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2011. Cap. 7, p. 256-257.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Observação e questionário. In: Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Atlas 2010.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Pesquisa Bibliográfica. In: Metodologia do Trabalho Científico. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1992. Cap. 2, p. 43-44.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Técnica de Pesquisa. In: Técnica de Pesquisa. 3 ed. Ver. E ampl. São Paulo: Atlas, 1996. Cap. 3, p. 75. 

MEYER, L. Família: Dinâmica e terapia: uma abordagem psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.

MORANOS, Carlos Domingues. Crer Depois de Freud. Tradução de, GONTIJO, Eduardo Dias. São Paulo: Loyola,2003.

MOREIRA, M. C. Da arte de compartilhar: uma metodologia de trabalho social com famílias. Rio de Janeiro: Mauad: Instituto Desiderata, 2006.

PAPALIA, Diane E.Desenvolvimento Humano. 10 Ed. Porto Alegre, 2010.

TIBA, Içami. Disciplina: O limite na medida certa. São Paulo: Editora Gente, 1996.