RESUMO

 

 

A Dificuldade de Aprendizagem analisada de uma forma mais ampla, leva a conclusão que diversas causas que se entrelaçam com o sistema familiar, educacional e social e que levam ao fracasso escolar.
O sintoma que surge como dificuldade de aprendizagem deveria ser interpretado como uma mensagem dentro do sistema familiar.
A família é um sistema aberto exigindo constantes mudanças e reorganizações. Na maior parte das vezes  das vezes as DAs, são manifestações dos sintomas doentios da família, e funcionam como um instrumento para a mobilização e transformação de um determinado sistema familiar tentando permitir seu ciclo evolutivo.
O problema aumenta quando as famílias não observam esses sintomas e continuam funcionando dentro dos seus padrões rígidos e costumeiros, bloqueando qualquer possibilidade de mudança e de crescimento.

Este trabalho busca compreender e identificar as relações vinculares, os mitos e segredos que sustentam a família e que comprometem a aprendizagem da criança permitindo uma reflexão sobre a relação entre dificuldade de aprendizagem e ambiente familiar, uma variável de grande importância apontando aspectos relevantes ao mesmo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

 

Introdução.......................................................................................................pág.

Capítulo 1........................................................................................................pág.

1.1. A Família, a Escola e o Papel do Psicopedagogo...................................pág.

Capítulo 2........................................................................................................pág.

Capítulo 3........................................................................................................pág.

Considerações Finais......................................................................................pág.

Referências.....................................................................................................pág.

Anexos.............................................................................................................pág.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA COMO FONTE DA ADAPTAÇÃO E FACILITADORA DA APRENDIZAGEM

A falta de cooperação e de envolvimento das famílias com as escolas e das escolas com as famílias parece ser um dos fatores dos problemas e impedimentos para a aprendizagem.

Esse estudo compreende a necessidade de uma aproximação entre a família e a escola com o objetivo de estabilizar o comportamento emocional do aprendente e ao mesmo tempo facilitar o seu processo de aprendizagem.

Os problemas de aprendizagem podem ser inúmeros assim como as causas do fracasso escolar.

Nas escolas constata-se o problema através do relacionamento intempestivo de alguns alunos em relação a seus colegas e em relação aos professores.

Com o resgate do significado da instituição família e com o seu envolvimento com a escola,  pretende-se devolver a essas crianças o seu eixo norteador para a vida, restabelecer os sentimentos humanos que caracterizam as relações pessoais e interpessoais no convívio em grupo, e restaurar a autoestima e segurança do aluno para melhorar e facilitar seu aproveitamento para conquistar o sucesso escolar.

OBJETIVOS  

O objetivo desse trabalho é apontar a importância da família para a aprendizagem e para o sucesso escolar, e assinalar o valor do seu envolvimento com a escola.

OBJETIVO GERAL  

Verificar como a aproximação entre a família e a escola pode beneficiar o aluno e facilitar o seu processo de aprendizagem.

OBJETIVO ESPECÍFICO

Identificar a estrutura familiar e seu modo de funcionamento, considerando o seu contexto sócio econômico e cultural para entender a causa do distúrbio de comportamento e do impedimento para a aprendizagem.

Verificar o quanto à instituição e o professor conhecem a família e os seus valores, seus problemas para poder entender a dificuldade do aluno.

Comprovar que uma aproximação entre as duas instituições promove o sucesso escolar.

Justificativa

A criança é o elo de ligação da família com a escola.

A família é considerada como a célula mater da sociedade e de toda formação humana. È através da família que a sociedade se formar para educar seus membros, estabelecendo  normas e regras de relacionamento.

No núcleo familiar são transmitidos os valores, a cultura, a tradição. É onde acontecem as primeiras trocas de afeto, os primeiros relacionamentos intra e interpessoais, o primeiro convívio em grupo e em sociedade com as primeiras regras e limites, demarcando o inicia o processo de formação e educação do futuro cidadão.

A escola é o segundo núcleo para complementação dessa socialização e educação.

Considera-se a família como o berço onde a criança recebe a educação informal e a escola é a responsável pela educação formal, portanto torna-se imperativo que ambas caminhem juntas colaborando uma com a outra na formação do ser humano.

É através da interação desse trabalho em conjunto que o desenvolvimento da aprendizagem e do sucesso escolar do educando/filho, que tanto a família como a escola almeja pode ser alcançado.

Estudar as estruturas familiares e o seu funcionamento é um dos meios para entender a criança de modo geral e intuir sobre as suas dificuldades emocionais / afetivas / cognitivas / sociais que aparece assombrosamente nas escolas nos relacionamentos aluno/aluno e aluno/professor aluno/instituição, e acaba por interferir diretamente  nos processos da aprendizagem.

Metodologia

Este trabalho foi realizado utilizando-se de pesquisa bibliográfica valendo-se de materiais como livros, artigos publicados na Internet, apostilas do curso.

Marconi e Lakatos (2001) citam que o principal objetivo de uma pesquisa bibliográfica é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre o tema que pretende desenvolver, permitindo ao pesquisador condições para uma análise das informações coletadas e sua utilização no desenvolvimento do trabalho.

Os dados levantados na pesquisa permitem a fundamentação teórica e ajuda nas reflexões, argumentações, interpretações, análise e conclusões do pesquisador estabelecendo uma correlação com a realidade e o tema escolhido para o estudo.

Com a pesquisa torna-se possível estabelecer um parâmetro de comparação entre as divergências e as concordâncias entre os autores.

Capitulo I

DEFINIÇÃO E PAPEL DA FAMÍLIA E AS DIFICULDADES PARA A APRENDIZAGEM

Na atualidade de um modo geral a Educação tem atribuído um grande valor à influência que a família exerce no processo da aprendizagem e do sucesso escolar, ou no seu inverso, a dificuldade para a aprendizagem e o fracasso escolar.

Para os profissionais e estudiosos da área para compreender o processo da aprendizagem e da não aprendizagem é preciso uma visão multidisciplinar que abrange os vários setores do conhecimento humano, incluindo o estuda sobre a família.

Segundo Fonseca (1995) as dificuldades para a aprendizagem estão relacionadas ao crescente desenvolvimento das mudanças sociais nos últimos séculos, onde a família e a escola também sofrerão grandes alterações em seus papéis.

Inicialmente a dificuldade para aprender era atribuída aos fatores orgânicos, mas com o advento da Psicanálise, a Psicopedagogia incorporou  os conhecimentos dessa e de outras ciências humanas para uma percepção e compreensão mais eclética sobre a aprendizagem.

Scolz (1994) com base nos conhecimentos da Psicanálise fala sobre a influência do ambiente sobre o desenvolvimento da personalidade nos primeiros anos de vida da criança e sobre a dimensão do aspecto afetivo e emocional como determinantes do comportamento.

Muito tem se falado sobre a relação pais/filhos; sobre os valores, as crenças, e sobre a cultura de cada grupo social segundo a sua etnologia, observando como esses fatores podem interferir no processo da aprendizagem.

A família é o primeiro grupo social da criança, e a qualidade do relacionamento dessa criança com a mãe e o tipo de vinculo emocional que se estabelece é um fator determinante para a inclusão da criança no mundo participante da sociedade geral como um ser humano.

Os pais são as primeiras figuras ensinantes e que exerce grande influencia sobre a criança, seu comportamento e seu interesse pelas informações.

Fenelon (1994) defende a idéia de que a aprendizagem é um processo que acontece dependendo do vinculo que se estabelece entre o ensinante e o aprendente em uma inter-relação. Esse processo de aprendizagem inicia-se com os pais, e continua ao longo da vida com aquelas pessoas que intervirão na historia de vida da pessoa.

É nessas primeiras relações que se configura a facilidade ou dificuldade para a aprendizagem.

Para Fernandez a família é um palco onde se vive o drama da primeira infância sendo o ponto crítico e determinante do comportamento futuro do sujeito. É nesse palco que acontecem os primeiros conflitos e as primeiras maneiras de se resolver os problemas.

O objetivo desse trabalho é poder estabelecer a relação direta das situações de ordem familiar como sendo um dos fatores que são determinantes das DAs e dos impedimentos para a aprendizagem.

Para isso é preciso um esboço do que vem a ser família.

A definição de “família” encontrada no Dicionário da Língua Portuguesa é a seguinte: “Pessoas aparentadas que vivem, em geral, na mesma casa. Particularmente o pai, a mãe e os filhos. Pessoas do mesmo sangue, ascendência. Conjunto de gêneros afins”.

   Fig 1

Família, quando definida  por suas características antropológicas, é um grupo de pessoas que fala a mesma língua, vive no mesmo espaço físico, compartilhando dos mesmos hábitos e os mesmos costumes familiares estando ligada pelo mesmo laço sangüíneo mantendo os sobrenomes de seus ancestrais.

A família como todo sistema, funciona como um órgão único onde às partes reflete o todo como uma unidade. As famílias deveriam funcionar como um sistema organizado, onde os interesses e os objetivos são comuns a todos os elementos que a compõe, devendo prevalecer o bem estar de todos e ao mesmo tempo transmitir um sentimento de ordem e disciplina para as suas crianças.

Ordem e disciplina que podem simbolizar os limites de cada um dentro do grupo dando a noção de uma hierarquia que manterá a organização, e as noções básicas de respeito e colaboração para o ingresso e uma adaptação adequada das crianças na escola e na sociedade de um modo geral.

        Fig.2

A dinâmica do funcionamento da estrutura familiar define o tipo de intervenção do casal, e o tipo de relacionamento que estabelecem com seus filhos, podendo variar do tipo de modelo simétrico, complementar, aos modelos rígidos, complementares e dramáticos com nuances sadomasoquistas, caracterizada por uma dinâmica patológica, havendo constante mutilação do self, problemas que certamente se refletirão no processo de aprendizagem de suas crianças.

      Fig.3

Estudiosos sobre a estrutura familiar, criaram o conceito de “família sensível” definindo-a como um grupo de indivíduos que sofrem de carência afetiva, onde os membros desse grupo percebem o mundo como hostil, perigoso e ameaçador, e os membros da família precisam se unir para combater o inimigo.

Analisada dessa maneira, esse tipo de estrutura familiar passa a ser um foco de neurose que pode produzir indivíduos doentes e com DA ou incapacidade para a aprendizagem.

A dinâmica caótica e desorganizada (uso de drogas ou excesso de fanatismo religioso) estrangula a personalidade de seus membros, atrapalhando no processo de individualização, gerando as desordens de personalidade e indivíduos psicóticos distantes de seu próprio eu e da realidade que o cerca, o que agrava e muito a sua capacidade para a aprendizagem.

A família patológica é fragmentada, onde o eu é partido e o ego não sofre influências do superego. Não existem valores nem limites.

Sabemos que o estilo de comportamento e relacionamento com o mundo e com o outro, é adquirido na primeira infância nas primeiras relações objetais, daí a importância de uma família organizada para que  as crianças possam se desenvolver e crescer com uma personalidade equilibrada, permitindo uma boa adaptação na sala de aula e um bom aproveitamento escolar.

A organização da estrutura familiar pode ser dividida em 3 níveis, tomando a forma de uma pirâmide onde:

1-na base da pirâmide, se encontra a família caótica, confusa, que tem limites tênues e uma hierarquia inexistente; produzirá crianças mal adaptadas com problemas de comportamento e de aprendizagem;

2-no segundo nível da pirâmide encontramos a família extremamente autoritária que pode produz os rebeldes, os marginais, os membros de quadrilhas; problemas de aprendizagem e de comportamento (bulling).

3-finalmente no topo encontramos o que o chamamos de família flexível, adaptável, aquela que não é perdida e não é restrita. As crianças têm um ambiente propício para o desenvolvimento de uma personalidade equilibrada e adaptada. É um ambiente facilitador da aprendizagem.

    Fig.4

 

No âmbito escolar as dificuldades ou impedimento para a aprendizagem e para a adaptação, os problemas no relacionamento interpessoal serão os reflexos dessas estruturas familiares.

A instituição, o professor e a psicopedagogia devem estar atentas para discriminar e identificar o tipo de família que a criança vive para poder entender seu comportamento e suas dificuldades, para posteriormente oferecer a orientação e a ajuda necessária.

Estudiosos dos problemas relativos à família vêm constatando a existência de inúmeras formas de estrutura familiar que interferem no comportamento e na aprendizagem.

Observamos também que as famílias estão formadas por grupos de pessoas que vivem no mesmo local, porém de forma egocêntrica e individualista.

Nada mais tem importância ou é relevante, a não ser “o bem-estar pessoal”, “o prazer pelo prazer”, independentemente do sofrimento que esse “bem” possa provocar em outras pessoas (pais, amigos, familiares, professores, colegas e amigos de turma).

Nas escolas esse tipo de comportamento individualista e egocêntrico pode ser observado nas DAs, dificuldades no relacionamento interpessoal e na agressividade dos alunos manifesto pelo bulling.

A função da família e da escola é preparar e formar o indivíduo com vistas à sua melhor participação posterior na coletividade e na sociedade de um modo geral.

Considerada como provedora da vida e da sociedade, a família é o núcleo das necessidades físicas (alimentação e higiene) e psicológicas (afeição e proteção) do indivíduo, e a escola tem o papel de completar o desenvolvimento dessa criança atendendo à suas necessidades de conhecimento, informação e educação (convívio social e aprendizagem).

           Fig. 5

 

No âmbito escolar, atualmente um grande número de crianças e adolescentes apresentam desvios de comportamento, dificuldades para a aprendizagem, problemas para obedecer às normas e as regras, não respeitam ao próximo (alunos e professores), enfim são crianças e jovens problemáticos, transviados que nos dão um sinal de alerta e ao mesmo tempo emitem um pedido de socorro.

Quando o professor fica submerso em suas dificuldades pessoais, não será capaz de  reconhecer as transferências que podem surgir na sua relação com os alunos, o ensinante não consegue detectar os problemas que são decorrentes dos  conflitos familiares que se manifestam no aproveitamento e rendimento escolar, e acaba atribuindo essa dificuldade exclusivamente ao próprio aluno justificando como uma simples questão de falta de interesse, falta de atenção, etc.

Nesse caso o aluno poderá sentir-se rejeitado, desmotivado e mais grave, sentir que o seu pedido de socorro não esta sendo compreendido e nem atendido.

Diante dessa situação podemos pensar e concluir que a escola não esta cumprindo com o seu papel de ser a seqüenciadora do processo de educação, da aprendizagem, da formação e da socialização do aluno, e conseqüentemente as crianças e os adolescentes continuarão perdidos e sem rumo. Que futuro os espera???

È uma bola de neve! Na escola se o professor não estiver informado e preparado para perceber os conflitos que podem ser os geradores das dificuldades para a aprendizagem, o problema passará desapercebido tendendo a aumentar e com o passar do tempo comprometer seriamente o futuro pessoal e profissional do individuo.

A Psicopedagogia com os conhecimentos da Psicanálise e das outras ciências humanas,   deve estar atenta para a importância da família no processo da adaptação e da aprendizagem, orientando os professores que poderão trabalhar com as crianças, com os adolescentes e suas famílias no sentido de resgatar o significado e a importância dessa instituição, colaborando de forma decisiva para a segurança pessoal e para o sucesso escolar.

È uma forma de tornar a família participante e presente na escola e no processo de educação e formação de seus filhos.

As instituições de ensino têm um papel social fundamental e quando se apóia e conta com a colaboração da família e de uma equipe bem formada e atualizada, pois poderá ajudar a mudar o rumo da vida desses indivíduos no sentido de obterem o sucesso escolar,  se tornarem bons cidadãos e construírem um futuro melhor.

Alguns fatores sócio-econômicos, que foram descritos pelos autores (Muñoz et. al, 2005) podem comprometer a capacidade de aprendizagem da criança, como por exemplo: as más condições de moradia, a falta de um espaço dentro da casa para o estudo da criança, a falta de luz, de higiene, falta de saneamento básico, alimentação mínima necessária e inapropriada para o crescimento e desenvolvimento infantil adequado, etc, são todos fatores que direta ou indiretamente interferem na aprendizagem.

É somente no contato com a família que a instituição e o professor terão as informações necessárias sobre o ambiente sócio-cultural e econômico onde o aluno vive e que ajudarão a entender o problema da aprendizagem e a buscar soluções tanto para o aluno como para a família.

A Família, a  Escola, e o papel do Psicopedagogo

A escola junto com o psicopedagogo para poder diagnosticar um problema de aprendizagem, deve recorrer à fonte, à origem desse problema, ou seja, à família. Porém não podemos esquecer que existem outros fatores que podem estar impedindo a aprendizagem e que também merecem atenção.

Conhecendo a estrutura e o funcionamento do grupo familiar, poderemos conhecer e entender melhor o aluno, seu comportamento, suas formas de relacionamentos e suas dificuldades.

Consideramos que é na essência familiar que surgem os problemas de ordem afetiva (abandono, falta de cuidados, falta de carinho, aceitação, e tantos outros fatores que comprometem a área afetiva), emocional (desrespeito ao limite da criança, exigências abusivas, depreciação, opressão, criticas destrutivas, etc), cognitivo (ambiente inadequado para estudo, falta de material escolar, desinteresse da família pela cultura e educação), social (falta de emprego e de condições matérias para sobrevivência, falta de lazer, desinteresse pelos problemas da comunidade), e até mesmo orgânico (maus tratos, desnutrição, condições de vida e de moradia precárias, problemas de saneamento).

Com o desenvolvimento das ciências humanas e com o avanço dos estudos sobre a aprendizagem, atualmente não é mais possível atribuir exclusivamente ao aluno a dificuldade para aprender. Essas dificuldades não surgem do nada, mas estão relacionadas e inseridas em um contexto situacional e interpessoal. Assim considerando que existe um contexto que determina a dificuldade, tanto a família como a escola pode ser a responsável pelos distúrbios de aprendizagem.

A família pode ser a geradora da saúde ou da doença, do sucesso ou do fracasso escolar. Daí a grande importância que é atribuída ao estudo da família.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAP.  II

NECESSIDADE FÍSICA E PSICOLÓGICA DA CRIANÇA E SUA INFLUENCIA NA APRENDIZAGEM

Sendo a família a célula mater, ou seja, a mãe criadora de toda a sociedade é fundamental um estudo mais minucioso sobre essa instituição para avaliarmos e tentarmos compreender o que esta acontecendo com a humanidade, e principalmente com o ensino, com a educação.

Resgatando o conceito de família estaremos resgatando também os valores morais e sociais, assim como a tradição, a cultura e a crença, fatores de grande contribuição para as escolas e para os professores e ao mesmo tempo tão importantes para a formação do ser humano.

O desinteresse pelo ensino, tanto por parte dos professores (que já foram alunos um dia) dos alunos e das famílias dos alunos, são fatores importantes e geradores dos impedimentos da aprendizagem.

A família é o primeiro núcleo de relacionamento da criança com o mundo. É o meio onde as tradições, a cultura e os valores são transmitidos e assimilados pelas mesmas. Em um País heterogêneo como o nosso, composto por indivíduos de varias e diferentes culturas, crenças, valores e tradições, além de idiomas diferentes é importante, se não  fundamental para o sucesso na aprendizagem, os profissionais do ensino conhecerem a origem do aluno.

Diante das dificuldades que surgem é importante levantar-se questões para entender porque alguns alunos não aprendem, ou apresentam uma aprendizagem insuficiente além de problemas para se adaptarem à escola. Até onde os fatores familiares são os geradores desses problemas.

Vários fatores familiares podem ser responsáveis pelo impedimento e pela dificuldade de aprendizagem e de adaptação dos aprendentes. Considerar as diferenças culturais, sociais e econômicas também é importante para entender o aluno em suas dificuldades.

O conceito de família na atualidade parece que foi desvirtuado do seu significado original. O que vemos hoje são pais despreparados e alienados, ausentes do convívio familiar e escolar dos seus filhos. Não conseguem manter um relacionamento amistoso e gratificante com suas crianças alem de não conseguirem dar suporte às duvidas, aos conflitos tão comuns na vida das crianças e dos adolescentes.

Segundo Fernandez (1991) a função da aprendizagem é humanizar e congregar o individuo à espécie humana, fazendo-o sujeito de uma cultura. Para que isso aconteça à criança precisa de um outro que a ensine, oriente para que compreenda e assimile a cultura onde esta inserida.

O ser humano ao nascer, não dispõe de repertório suficiente para sobreviver sem a participação de um outro, que é significativo, e que se ocupa em atender suas necessidades básicas, tanto materiais como afetivas e culturais.

A mãe, nesse principio da vida surge como o outro que dá esse significado aos comportamentos incluindo a criança no mundo e investindo-a de humanidade.

Numa situação em que os adultos não são capazes de estabelecer com a criança, vínculos afetivos representados pelo amor e pela proteção, bem como os cuidados materiais, como por exemplo alimentação, higiene e cuidados com a saúde, a criança pode tornar-se um ser vazio,  acabando por perder-se de si mesma, gerando desconforto emocional e na maioria das vezes reações agressivas.

Cada ciclo da vida em família exige um novo ajustamento por parte de ambas as gerações, envolvendo portanto, o grupo como um todo.

O nível qualitativo da relação da criança com a família depende do tipo de vinculo afetivo e emocional estabelecido entre os componentes do grupo.

Para entender as dificuldades e os impedimentos da aprendizagem, o psicopedagogo deve conhecer e saber que as primeiras percepções que ocorrem no ser humano em relação ao seu eu existencial, inicia-se desde sua concepção sob influências de fatores hereditários, constitucionais, psicológicos culturais e ambientais.

Os pais são as primeiras figuras do relacionamento da criança com o mundo, e ao mesmo tempo são os primeiros ensinantes que exercem grandes influencias sobre a criança. Quando não existe tolerância, paciência e aceitação da criança, além do comprometimento afetivo isso se refletirá em dificuldade ou impedimento para a aprendizagem, pode existir o comprometendo do aspecto cognitivo da mesma.

É no contexto familiar, na dimensão das interações sociais que as dificuldades para a aprendizagem tem sua etiologia, é onde se vive o drama da primeira infância sendo o ponto nevrálgico que determinará os comportamentos futuros da pessoa.

Alguns estudiosos citam que a aprendizagem é vista como um processo que se dá no vínculo entre o ensinante e o aprendente em uma inter-relação.

Este processo tem seu inicio desde o nascimento com os primeiros ensinantes que são os pais, e continua ao longo da vida com as outras pessoas que intervirá  na sua historia e lhe transmitirá conhecimentos, ou seja a escola e os professores. Dependendo do tipo de vinculo estabelecido com os primeiros ensinantes (família), o segundo (escola e professores) poderá ou não ser significativo para o aprendente.

A influência familiar é decisiva na aprendizagem dos alunos. Os filhos de pais extremamente ausentes vivenciam sentimentos de desvalorização e carência afetiva, gerando desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, sérios obstáculos à aprendizagem escolar.

O professor assim como o psicopedagogo deve considerar que todo o potencial que o ser humano traz consigo desde sua concepção, dinamiza-se e orienta-se ao interagir com o mundo e com o grupo social com que irá conviver, sendo a família, por excelência, o primeiro núcleo que influenciará e estimulará adequada ou inadequadamente o desenvolvimento desse potencial.

O contato com a família pode trazer informações sobre fatores que interferem na aprendizagem e que poderá apontar os caminhos mais adequados para ajudar a criança. Também torna possível orientar aos pais para que compreendam a enorme influência das relações familiares no desenvolvimento dos filhos.

Nós aprendemos quem e o que somos através do tratamento que recebemos daqueles que nos circundam. Os fatores de maior significação são as interações cotidianas entre os membros da família através dos quais são fornecidas as primeiras experiências de adequação ou inadequação de acordo com a forma como a criança é querida e desejada ou odiada e rejeitada. Na sua interação com o pai, mãe e irmãos a criança começa a estruturar o seu ego.

O sentimento de adequação que a criança sente em suas primeiras experiências na família contribui para sua capacidade de aceitar a si mesma e está estreitamente relacionada com as experiências de aceitação dos outros alem de interferir diretamente na capacidade para o sucesso pessoal e escolar.

Como a criança no inicio de sua vida depende completamente de sua família e vive tão confinado em sua companhia, o tipo de aceitação ou falta de aceitação que ela experimenta nesse contexto terão efeitos de longo alcance.

Em todo esse processo verifica-se que a criança pode aceitar o que é aceitável para as pessoas importantes para ela e que precisa rejeitar o que parece inaceitável àqueles com os quais se identifica. Interagindo com seus familiares, ela experimenta pela primeira vez os  sentimentos de extensão do eu, e de identificação com o outro.

A criança passa a diferenciar, além de si mesma, quem é o pai, quem é a mãe, irmãos, tios, primos, amigos. Os efeitos positivos ou negativos dessas primeiras experiências surgirão no momento em que essa criança começar a fazer parte de um outro grupo social: a escola.

Nessas condições, à medida que a criança cresce sua capacidade de identificação se amplia.

Contudo algumas crianças, de acordo com suas famílias e suas dinâmicas de funcionamento são obrigadas a viver os seus primeiros anos com poucas oportunidades de formar identificações positivas que poderá dificultar o desenvolvimento de sua relação com os outros e o seu processo de aprendizagem.

A capacidade de identificação se desenvolve positivamente ou não, dependendo do sucesso do indivíduo em alcançar a satisfação de suas necessidades, em suas interações com as pessoas que lhe são mais significativas.

No seio familiar verifica-se, também, o que é esperado da criança especificamente, levantando expectativas comportamentais, influenciando no nível de aspirações, culminando na elaboração do autoconceito que norteará seus objetivos no decorrer da vida.

Freqüentemente os pais não conseguem dominar seus problemas pessoais, e nesses casos criam tensões permanentes, deteriorando o clima do lar, projetando seus conflitos no seu trabalho formativo e educativo dos filhos.

Problemas como a falta de amor, a angustia, o narcisismo, o nervosismo, como também insegurança, oportunismo, a incoerência, a falta de respeito à personalidade dos filhos, o intervencionismo e o abstencionismo, são fatores que permeiam a dinâmica familiar.

Todo esse conflito se refletirá na escola como problema para a aprendizagem e fracasso escolar.

Diante da situação de tensão emocional a criança pode sentir-se impedida para a aprendizagem, mesmo que organicamente e cognitivamente não apresente nenhum problema ou déficit.

Considera-se que as dificuldades de aprendizagem representam as perturbações que impedem a normalidade do processo de aprender, independente do status cognitivo do sujeito.

Mesmo que os escores dos testes de QI sejam altos ou baixos é importante considerar os outros fatores que impedem a aprendizagem o aproveitamento do potencial do individuo.

Na escola não basta o professor compreender e conhecer as reações dos alunos, é preciso que conheçam e compreendam suas próprias reações parentais.

Absorvidos pelos seus próprios problemas e dificuldades, há professores que não conseguem discernir a verdadeira face de seus alunos, eles vêem neles, ora uma censura viva, ora um obstáculo, sempre projetando nos alunos seus problemas e suas próprias dificuldades (transferência). Seria preciso que os professores estivessem sempre conscientes do que se passa no interior de si mesmos, para poder compreender melhor os seus alunos.

Como vimos, é no núcleo familiar que o processo da educação se inicia e é completado pela escola. Para o sucesso da boa formação do cidadão é preciso que família e a escola caminhem de mãos dadas uma vez que  ambas as instituições tem um interesse em comum: formar a criança e educá-la para ser um bom cidadão.

Quando a criança ingressa na escola já traz consigo um repertório de respostas e comportamentos que aprendeu com sua família.

A forma como age e reage aos estímulos, a maneira como interage com as outras pessoas, a atitude de participação e colaboração nas atividades, enfim a facilidade ou dificuldade para aprender vai aparecer revelando a estrutura e funcionamento daquela família.

Atualmente observamos que as famílias estão cada vez mais desestruturadas e desorganizadas, entregando seus filhos a mercê da própria sorte. Atribuem às escolas toda obrigação e responsabilidade da educação isentando-se de qualquer compromisso com a aprendizagem e com a formação dos próprios filhos.

Com o ingresso da mulher na área de trabalho, pouco ou nenhum tempo tem sobrado para a família.  Há um repasse da responsabilidade da educação dos filhos que fica para a babá, avós tios, enfim alguém da família que esteja disponível ou para a escola.

Em contrapartida na escola os professores, para cumprir a carga horária e o organograma estabelecido, acabam deixando a família dos alunos de lado, e atribuem exclusivamente ao aluno a sua dificuldade de aprender, isso quando não deixa o aluno de lado considerando que não sabem mais o que fazer para ensiná-lo.

Por um lado a família mostra desinteresse pela escolaridade do filho, a escola não acredita no potencial do aluno e a criança em meio a essa confusão vai se desestruturando, acreditando e confirmando a sua incapacidade, vai desenvolvendo uma auto imagem negativa que a conduzirá ao fracasso escolar.

Na fase da adolescência esse tipo de dificuldades faz com que o jovem vá perdendo totalmente o interesse pelos estudos e por fim acaba abandonando a escola e comprometendo o seu futuro.

Família e a escola precisam caminhar juntas objetivando o bem maior que é a criança e o adolescente. É preciso manter um canal de comunicação e de confiança entre ambas as instituições. A família precisa se interessar pela escola e a escola pelo aluno e sua família, só assim o processo educacional poderá ser completo e concluído.

CAP III

FAMÍLIA E APRENDIZAGEM

A aprendizagem é um processo de aquisição e integração de informações, ocorrendo em todas as etapas de vida desde o nascimento do indivíduo, sendo importante para a sobrevivência haja vista que propicia formas mais adequadas para se resolver os problemas do nosso dia-a-dia.

Qualquer disfunção  nesse processo é denominada dificuldade de aprendizagem, podendo começar desde a infância e persistir até a idade adulta.

De acordo com SCOZ (1994, p. 71), a influência familiar é decisiva na aprendizagem dos alunos. Os filhos de pais extremamente ausentes vivenciam sentimentos de desvalorização e carência afetiva, gerando desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, além de sérios obstáculos à aprendizagem escolar.

Ciasca (2003) relata que no Brasil, cerca de 40% da população que freqüenta as primeiras séries escolares tem algum tipo de dificuldade acadêmica.

O estudioso Henry Clay Lidgren, em seu livro Psicologia na sala de aula cita que o aluno pode esquecer muito das noções que aprendeu com alguns professores e muito do conteúdo passado em sala de aula, mas jamais se esquecerá dos tipos de pessoa que estes educadores eram e das atitudes que tinham em relação a ele.

Na família ocorre o mesmo. A criança retém definitivamente os sentimentos que seus pais tiveram e tem em relação a ela e ao mundo de modo geral. Sentimentos estes que serão a base para o conceito que a criança formará de si própria e do meio no qual esta inserida.

Se a criança é desprezada, aprende a desprezar-se e a desprezar o outro, mas se for amada e aceita, desenvolverá atitudes positivas para a formação de seu autoconceito, e para a aceitação do outro.

Para Bossa (1998) além da responsabilidade material e afetiva que os pais tem em relação aos filhos, estes são responsáveis pela construção de sua personalidade.

Moreno & Cubero (1995) destacam que as características da personalidade são resultado da somatória das experiências  pelas quais o individuo passa no decorrer de sua vida.

As primeiras experiências com a aprendizagem e a educação que a criança recebe, de acordo com Piletti (1984), procedem do meio familiar que aos poucos vai moldando  o comportamento da criança e a sua maneira de ser.  Esse mesmo autor considera de suma importância os sentimentos que os pais nutrem e manifestam pelo filho, pois será a base para a formação do autoconceito da criança.

O autoconceito que a criança forma de si mesma será a base de toda aprendizagem pois se ela se julgar com capacidade para aprender, certamente aprenderá mais do que se julgar-se incapaz. Esse sentimento pode ser o elemento impeditivo para a aprendizagem.

O equilíbrio emocional da criança depende do tipo de ambiente que a família propicia para a mesma. O principal fator de desajuste emocional no ambiente familiar é o atrito ente o casal gerando um clima tenso e inseguro para a criança.

No estudo dos autores Martinez & Semrud-Clikeman (2004) percebeu-se que, quanto maiores são as dificuldades emocionais, maiores serão as de aprendizagem

Celidonio (1998), verificou que as tensões acumuladas decorrentes da dinâmica familiar, serão refletidas na escola na forma de problemas de adaptação ou DA. Uma pessoa que vive em estado de apreensão e de tensão poderá apresentar o que Daniel Goleman chama de “seqüestro emocional”, ou o famoso “branco” que acomete os alunos em situação de avaliação.

A família é dos eixos fundamentais na análise do fracasso escolar.

As variáveis sócio-econômico-culturais exercem uma influência importante na aprendizagem. Por exemplo, a renda per capita da família, a idade dos pais, o tamanho da família, as condições da habitação e saneamento, as más condições de moradia, a falta de espaço, de luz, a escolaridade dos pais, as condições de higiene; a cultura dos pais.

A condição socioeconômica das famílias e dos alunos, reflete diretamente no rendimento e no desempenho escolar. Sem moradia decente, sem conforto material e emocional, sem alimentação adequada essas crianças enfrentam barreiras muito difíceis de serem ultrapassadas. Aprender com qualidade sem livros, sem lápis, sem cadernos sem alimentação é humanamente impossível. Sem nenhuma infra estrutura que possibilite a aprendizagem, o trabalho precoce a falta de lazer tecem a iniqüidade da má administração política e econômica de nosso Pais. Mesmo quando conseguem vencer essas barreiras o cidadão pobre não tem condições de competir no mercado de trabalho devido a exigência de alta especialização, obrigando e condenando esse cidadão à condição de eternamente pobreza.

A melhoria nas condições de vida, tais como a urbanização, acesso aos cuidados médicos, uma qualidade melhor na alimentação, moradia com espaço suficiente para a família e para o estudo, todos são fatores que contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem.

REVISÃO DE LITERATURA

Vários trabalhos tem sido desenvolvidos na área do ensino para se entender as dificuldades e os impedimentos para a aprendizagem.

Fala-se muito sobre os fatores orgânicos, fatores biológicos, neurológicos que podem interferir no processo da aprendizagem, e por sorte alguns autores e estudiosos voltaram sua atenção para a importância da família para o sucesso escolar.

Martin & marchese (1995) definem distúrbio de aprendizagem como sendo qualquer dificuldade observável que a criança apresenta para acompanhar o ritmo de aprendizagem comparada aos alunos de sua mesma faixa etária, independente do motivo que caracteriza essa dificuldade.

Romero (1995) atribui as causa desse distúrbio à variáveis pessoais (hereditariedade, ou lesões cerebrais), às variáveis ambientais (ambiente familiar e educacional pobres)  e por uma combinação dos dois fatores agindo de forma interativa.

Cupello (1998) atribui os distúrbios de aprendizagem aos fatores biológicos e aos fatores sociais, elucidando que os fatores sócios econômicos desfavoráveis são responsáveis pela desnutrição, desenvolvimento de doenças, moradias inadequada, falta de saneamento,  podendo levar o SNC a ficar comprometido. Num ambiente de pobreza e miséria o desenvolvimento emocional e a qualidade da linguagem da criança acabam sendo afetados negativamente.

Em suas observações Cupello concluiu que a maior diferença entre as crianças que apresentam distúrbio de aprendizagem e as que não apresentam, esta na qualidade da linguagem desenvolvida e na interação lingüística com a mãe nos primeiros 4 anos de vida. Essa interação lingüística com a mãe é fundamental para a maturação emocional e o desenvolvimento cognitivo da criança.

Jose & Coelho (1999) consideram que além dos fatores orgânicos, psicológicos o tipo de educação familiar é determinante para o processo da aprendizagem.

Drouet (1995) considera quatro elementos para que a aprendizagem ocorra:

1- comunicador ou emissor (professor)

2- mensagem (conteúdo informativo)

3- receptor da mensagem (aluno)

4- meio ambiente (escolar, familiar, social).

Se qualquer um desses elementos apresentar uma falha, o processo da aprendizagem estará comprometido.

A maneira como Pain (1995) abordou o conceito da dificuldade de aprendizagem considerando os problemas provenientes do sistema educacional, ponderando as diferenças individuais e as características de cada um, alem de observar os fatores ambientais, tirou o foco do problema de cima do aluno, até então único responsável por não aprender.

Os efeitos colaterais que afetam a criança com dificuldade de aprendizagem podem ser devastadores em acordo com Erikson (1971) que nos chama a atenção sobre os sentimentos que a criança pode desenvolver em função da dificuldade que apresenta.

Segundo o mesmo autor, os sentimentos de baixa auto-estima e inferioridade normalmente evocam outros tipos de situações  como deficiências sociais, problemas comportamentais  e distúrbios emocionais.

Tais dificuldades quando persistem na vida da criança e associadas aos problemas familiares afetam negativamente o desenvolvimento global do individuo afetando as etapas subseqüentes de forma contra produtiva.

Segundo Maughan, Gray & Rutter (1985) os sentimentos negativos de baixa autoestima e incapacidade, são fatores que levam ao fracasso escolar e podem levar a criança e o adolescente a um processo de desadaptação psicológica e social sendo uma das causas da evasão escolar.

È importante observar o rumo crescente dos conflitos e problemas que emergem da dificuldade de aprendizagem e associá-los aos problemas sociais vigentes, como por exemplo à marginalidade, uso de drogas e a violência que assola as escolas.

Parece-nos que na realidade a dificuldade de aprendizagem é uma bola de neve, se não for contida quanto mais o tempo passar maior vai ficando e, pior funciona como o efeito dominó: uma dificuldade vai gerando outra e assim sucessivamente até o jovem cair na marginalidade, caminho na maior parte das vezes, sem retorno.

Segundo os autores Feldman& Weinberger (1994); Tremblay & Haapasalo (1994), os aprendentes que apresentam dificuldades para aprendizagem geralmente são originários de famílias desinteressadas pelo estudo e pela escola, são filhos de pais autoritários onde o contato entre os membros do grupo é muito distante e frio.

Os pais que não demonstram interesse pela escolaridade dos filhos ou que excedem na cobrança exigindo o que eles não podem oferecer, acabam desmotivando os filhos que em sala de aula se apresentam sem iniciativas.

Os adolescentes que vem desses ambientes familiares são freqüentemente desajustados e inadequados tanto socialmente  quanto emocionalmente tendo um reflexo direto sobre a escola e a aprendizagem.

Para DeBaryshe, Patterson & Capaldi quando os pais se envolvem com a escola e se preocupam com a aprendizagem dos filhos, os rendimentos escolares do aluno melhora e sua autoestima se eleva.

Para Gabriel Perissé autor dos livros Literatura & Educação escreveu que cabe aos pais conversar com os filhos sobre a escola; conversar com a escola sobre seus filhos; e os pais conversarem entre si sobre a escola que o filho freqüenta. Isto significa participação ativa dos pais na escolaridade dos filhos.

Essa atitude dos pais leva o aluno a entender e a preservar a escola como um espaço não somente cultural mas também social.

No núcleo familiar inicia-se o processo educativo da criança e a escola por sua vez dará continuidade a esse processo e introduzirá a formação acadêmica indispensável para a formação intelectual e profissional, além de caminhar lado a lado com a família, favorecendo e fortalecendo a formação de valores.

Como a família é a célula mater da sociedade e o núcleo gerador de todas as pessoas com suas características e valores, observamos que os autores e estudiosos do processo da aprendizagem e seus impedimentos, são unânimes em considerar a família como a principal mediadora para a solução desses distúrbios.

 

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

 

O objetivo desse trabalho não é esgotar o tema em questão, mesmo porque a todo o momento novas reflexões e novas adaptações devem ser feitas para acompanhar os avanços sociais e tecnológicos.

Pretende-se promover  uma reflexão sobre a relação entre as dificuldades de aprendizagem e o ambiente familiar como sendo uma variável de grande importância quando se pondera os aspectos relevantes que contribuem e são geradores do desenvolvimento, da adaptação e do equilíbrio emocional da criança.

A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica, onde se pode constatar que a relação existente entre a escola X família é imperativa, pois a família considerada como sendo o espaço de orientação, e de construção da identidade do indivíduo deve promover juntamente com a escola uma parceria, a fim de contribuir para o desenvolvimento integral da criança e do adolescente.

De acordo com a pesquisa, os autores foram unânimes ao atribuir grande importância à influencia da família no processo da aprendizagem e da formação do indivíduo.

A constituição familiar, o tipo de sua estrutura e sua dinâmica de funcionamento, são fatores determinantes da qualidade do ambiente em que a criança crescerá e o tipo de personalidade que será desenvolvida.

Quando o casal decide ter um filho está assumindo a responsabilidade de formar uma pessoa, um ser humano um cidadão.

Os professores ao abraçarem a carreira do magistério assumiram o compromisso de ajudar na humanização das outras pessoas (alunos).

A família inicia o processo da educação e a escola complementa com a instrução, portanto é imprescindível que a família e a escola caminhem juntas, em parceria uma colaborando com a outra visando um objetivo comum: a criança e seu bem estar, sua integridade. 

A educação que vem de berço (família) é a base da formação de todo cidadão. Significa que as famílias organizadas  vão gerar bons alunos e conseqüentemente bons cidadãos, e famílias desorganizadas e desinteressadas pela escolaridade dos filhos vão gerar maus alunos e maus cidadãos.

Quando a família que se interessa pela escola e pela aprendizagem dos filhos ajuda a criança e o adolescente a desenvolver um senso de responsabilidade e interesse pelos estudos alem de colaborar para uma auto imagem positiva e o sentimento de segurança. São crianças e jovens que participam em sala de aula, são bem adaptados, respeitam os professores e colaboram com os colegas.

De outra forma, quando existe um distanciamento das famílias de seus filhos e da escola, este pode ser um dos fatores geradores das dificuldades e impedimentos para a aprendizagem e desencadeadores dos distúrbios emocionais, dos  comportamentos anti-sociais, das dificuldades de interação social e aceitação do grupo, o que leva a criança ou o adolesce ao fracasso escolar e ao desajuste social.

O fracasso escolar pode ser um dos causadores da evasão escolar e a fonte de sérios conflitos emocionais que levam o jovem ao uso das drogas e até a marginalidade fazendo com que esse indivíduo se torne um problema social grave.

Para realmente existir uma parceria entre a família e a escola, é preciso que cada uma saiba exatamente quais são as suas atribuições, o que é responsabilidade da escola e o que é responsabilidade da família, onde o trabalho em conjunto deve ter o mesmo objetivo que é educar e formar a criança e o adolescente num todo.

Pode-se concluir que a escola não pode atuar sem a participação da família e a família não pode formar plenamente seus filhos  sem a colaboração da escola. È através da influência mútua desse trabalho em conjunto, que visa da aprendizagem, o desenvolvimento e o bem-estar do educando/filho que a formação integral do mesmo será atingida.

A constatação de Montandon e Perrenoud (1987) ao  citarem que de alguma forma, incisiva ou discreta, grata ou intimidante, a escola interfere na vida diária de cada família.

A consideração do psiquiatra Içami Tiba ao considerar que a escola deve ser uma instituição que integra o ambiente familiar do educando, devendo ser um espaço agradável e gerador de afeto, devendo a família e a instituição ter princípios e valores considerados  próximos para o benefício do filho/aluno, evitando os problemas de adaptação e as DAs. Quanto mais próximos os valores e os princípios menos conflitos para as crianças.

Se a escola e a família estabelecerem uma parceria na forma como educarão seus alunos/filhos, muitos dos conflitos observamos em sala de aula, aos poucos poderão ser resolvidos e superados.

Para que isso ocorra é necessário que a família participe da vida escolar de seus filhos e que tenha compromisso e envolvimento com a escola, permitindo que a  criança e o adolescente sinta-se amparado e valorizado como ser humano.

Torna-se imperativa a necessidade de conscientização da relação íntima existente entre educação/escola/família/sociedade. A sociedade está em constantes mudanças, e a escola deve acompanhar essas transformações para manter-se atualizada e informada devendo atuar de maneira mais ativa e participativa, para despertar no aluno o desejo e a vontade de  aprender.

É tarefa tanto dos pais como também da escola o trabalho de ajudar a transformar a criança imatura e inexperiente em cidadão maduro, participativo, atuante, consciente de seus deveres e direitos, possibilidades e atribuições, para que este ser em construção possa tornar-se um cidadão consciente crítico e autônomo capaz de conduzir sua vida baseado na ética e na civilidade.

Se a família e escola aproveitarem  ao máximo as possibilidades que o  estreitamento dessas relações pode oferecer, a união dos  esforços para a educação das crianças e adolescentes se tornara em elemento facilitador de aprendizagens e de formação do bom cidadão.

Se quiseres um ano de prosperidade,  semeia cereais;

Se quiseres dez anos de prosperidade,  planta árvores;

Se quiseres cem anos de prosperidade, educa homens.

 

                                                                Provérbio chinês Guanzi (c. 645 a.C.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA

 

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