O presente trabalho tem por intuito principal, apresentar a experiência de estágio supervisionado, realizado na escola de ensino fundamental e médio Prefeito Antônio Conserva Feitosa, localizado na cidade de Juazeiro do Norte ? CE, nas turmas de sétimo e oitavo ano do ensino fundamental II tendo como perspectiva o desenvolvimento da pesquisa e do ensino de futuros professores de geografia e as dificuldades e desafios encontrados para consolidação do mesmo. Entendemos que é de fundamental importância no desenvolvimento acadêmico, na formação do professor de geografia que o discente inicie com maior brevidade a sua ligação com o sistema de ensino, lidando com problemas relacionados à sala de aula. Nessa convivência exercitará o modo de se ministrar aulas, a preparação de conteúdos e principalmente a pesquisa como processo para enriquecer o ensino, não se apegando demasiadamente ao livro didático, buscando assim novos recursos e maneiras práticas para contribuir com a formação de cidadãos capazes de se inserir na sociedade e trabalhar na perspectiva de formar uma sociedade mais justa e igualitária para todos. A geografia, sendo uma ciência social, tem fundamental importância na formação social e crítica do individuo.

INTRODUÇÃO.

O presente trabalho tem por intuito principal apresentar a experiência do estágio supervisionado, realizado na escola de ensino fundamental e médio Prefeito Antônio Conserva Feitosa, na cidade de Juazeiro do Norte entre os meses de outubro de 2010 e janeiro de 2011, nas turmas de sétimo e oitavo ano do ensino fundamental, tendo como perspectiva o desenvolvimento da pesquisa e do ensino de futuros professores de geografia e as dificuldades e desafios encontrados para consolidação do mesmo.
A escola em questão fica situada no bairro Antonio vieira que tem uma realidade socioeconômica de pessoas de classe média baixa, cujo sua principal fonte de trabalho e renda, em sua maioria, é o comercio local e as fábricas que ficam nos arredores do bairro e na região do Cariri com um todo.
Entendemos que é de fundamental importância inserir essas pessoas e seus respectivos filhos no contexto sócio-especial em que vivem, dando assim a possibilidade de uma formação crítica e cidadã, capazes de fazer com que eles compreendam todas as redes de relações sócias ligadas ao espaço de que são sujeitos e dos quais estão sujeitos, que possuem influência direta e indiretamente em suas vidas, seja na perspectiva do lugar, da territorialidade ou do espaço como um todo.
Contudo, sabe-se que é um grande desafio para o estagiário de geografia fazer com que o discurso acadêmico venha a se inserir no contexto do ensino fundamental, fazendo com que esses pré-adolescentes adquiram a noção do que venha a ser apresentado pelo estudo de geografia em sala de aula, como fora dela.
Partindo desse principio, adotou-se uma metodologia dinâmica e interativa com a sala, sendo que a utilização de recursos didáticos como: filmes, vídeos, música e práticas de campo, facilitassem a interação da turma com a disciplina e fez com que os mesmo pudessem abstrair da melhor forma possível o conteúdo ministrado, se colocando como atores da sociedade em que vivem e colocando formas de como agir para mudar a realidade em que vivem no momento em que a julgam, como sendo, incoerente com o desejo da sociedade como um todo que leve ao bem como.
Sabemos que o ensino no Brasil nos últimos anos avançou, mas há muito a ser conquistado. Então é dessa forma que devemos procurar trabalhar para transformar a realidade social em que vivemos, elevando-a a um bem como. Isso hoje, mais do que nunca, se torna uma missão do professor e a geografia tem um papel de fundamental importância nesse contexto formando cidadãos capazes de atuar criticamente na sociedade.

OBJETIVOS.

O presente trabalho tem por objetivo evidência as dificuldades enfrentadas pelo estagiário de geografia ao se deparar com uma sala de aula, como conciliar o discurso acadêmico ao discurso escolar sem subestimar o aluno, conviver em uma sala de aula, preparar o conteúdo não se apegando demasiadamente ao livro didático, procurando assim novos recursos através da pesquisa para enriquecer o conteúdo e torná-lo mais atraente para os alunos e por fim buscar formar cidadãos capazes de atuar na sociedade, para isso trazendo ao contexto escolar o dia-a-dia vivenciado pelo aluno, conciliando assim teoria com a prática, colocando o aluno na condição de ator protagonista na sociedade em que vive.
Portanto é que se torna de grande importância a experiência do estágio, que leva ao discente a vivenciar na prática tudo o que é estudado e debatido na academia, levando as salas de aula do ensino base o modelo de formação da qual nos propomos a realizar como futuros professores, criando nossa própria metodologia de atuação e buscando aprimorar o discurso geográfico do qual somos formados.
Contudo, para que esses objetivos sejam alcançados é de fundamental importância o ato de pesquisar por parte do discente-professor, que aprimora seu conhecimento e adquiri novas técnicas de inserir seu aluno na realidade para se trabalhar o conteúdo de geografia.

METODOLOGIA.

Sabemos que os alunos do ensino fundamental se encontram numa fase de transição, a chamada pré-adolescência, então como fazer com que eles se empolguem como inserir o discurso acadêmico na sala de aula e no contexto social em que vivem.
Nessa fase, deve-se ter um grande cuidado ao falar sobre sociedade e espaço, para não transformar o conhecimento num fantasma aterrorizante, ou para não embelezá-lo, criando e sujeitando o aluno a assumir um discurso, sem uma prévia análise dele próprio.
O grande desafio do professor de geografia, ao se propor a formar cidadãos é fazer com que o aluno desperte o conhecimento para o questionamento sobre a sociedade, transmitindo uma reflexão a ser feita, não desenvolvendo um discurso pronto a ser aceito pelo aluno.
Quando se propõe em transformar o discurso acadêmico, devemos ter o cuidado de não subestimar o aluno, caindo no "achismo" de que ele não irá compreender certo assunto, trazendo assim um discurso pronto e acabado.
É necessário trazer um pouco mais o debate acadêmico para as salas de aula do ensino fundamental e médio, é o que o autor Jaime Tadeu Oliva, chama de "pedagogiazar". Nesse sentido, ele nos diz que:
(...) "Pedagogizar" não significa tirar a complexidade e substituir a linguagem cientifica, que não têm igualmente valor autônomo, (...) mais que indissoluvelmente associada aos seus conteúdos nos oferece um tipo de leitura do mundo que é esclarecedora e por isso constitui um patrimônio para construirmos nossos próprios destinos. Portanto, não há que ter medo em evitar a linguagem científica. (Oliva, 1995, p.43)
Assim, colocar o aluno em uma postura de cidadão crítico deve-se formar um conhecimento, que busca questionar os problemas em que estão inseridos, ao passo que o professor, utilizando-se da linguagem acadêmica, coloque o aluno em um quadro como sujeito da realidade em que vive.
Ao questionar, determinado aluno sobre os problemas que eles encontram no seu bairro, como esgoto, até problemas mais graves em escala global, ele passa a compreender melhor a função da geografia como a de uma disciplina de formação sócio-cidadão.
No modelo de ensino atual que temos hoje e a formação proposta nas escolas de ensino fundamental, que é uma formação sócio-crítica, capaz de torna os alunos em cidadãos atuantes na sociedade, não podemos mais aceitar que o professor se prenda apenas ao conteúdo existente no livro didático, do qual o mesmo utiliza em suas aulas.
O professor deve acima de tudo ser junto com os recursos didáticos disponíveis, formado do conhecimento e do conteúdo a ser ministrado em sala de aula e para que isso ocorra é necessário que o professor esteja sempre pesquisando através de leitura, buscando novos níveis de formação, participar de encontros e capacitações e buscar no dia-a-dia do aluno interagir conteúdo com prática, fazendo com que o aluno possa observar no seu meio o que é passado em sala de aula.
Entendemos que a geografia por ser uma disciplina das ciências sociais, ela tem por responsabilidade a formação social do indivíduo e nada melhor que isso é fazer com que o professor concilie a teoria de sala de aula com a prática vivida pela sociedade atual.
Um método que deve ser muito bem explorado nas aulas de geografia e na ciência social como um todo é a prática de campo, vista aqui como uma forma de transformar a vida social, as paisagens que nos são familiares em uma grande sala de aula, trazendo o aluno a não só estudar aquilo que é apresentado nas aulas, mais vivência na prática o que é demonstrado pelo mestre, sentir que todas as belezas, os problemas sociais e tudo que se é estudado estão ativamente no nosso dia-a-dia, mostrar que pela globalização, algo que ocorre em outro país trás conseqüências para o nosso dia-a-dia.
Através de uma experiência realizada na escola Prefeito Antônio Conserva Feitosa, localizada no município de Juazeiro do Norte, na qual realizei meu estágio, desenvolvemos alguns conteúdos em sala de aula como indústrias e questões ambientais e ao final das mesmas realizamos uma aula de campo, onde podemos observar nos relatórios dos alunos que a apreensão do conteúdo que teve as aulas de campo, foi bem maior do que as que tiveram aulas apenas expositivas em sala. É de se notar que no relato de cada aluno o entendimento dos conceitos, das implicações causadas e de tudo que cerca o conteúdo.
A experiência do aluno com o lugar através dos seus sentidos, interagindo diretamente com o que se é estudado cria uma maior percepção dos conceitos relacionados com o que está sendo estudado. Como nos fala Tuan (1980), a interação com o lugar através dos cinco sentidos, traz sensações, reproduz o contexto e nos inseri como personagens do mundo.
Portanto, compreendo que é de fundamental importância para a formação social e cidadã do aluno que o professor busque a pesquisa, não só dos conteúdos mais de inserir o aluno no contexto do que se é estudado, seja através de exemplos do dia-a-dia ou indo além levando o aluno a vivenciar conteúdo através da aula de campo.

RESULTADOS.

Ao final do estágio foi possível notar que na formação do profissional de ensino, no caso específico o professor de geografia, é de fundamental importância no seu desenvolvimento profissional e de responsabilidade cidadão a experiência do estágio, que se torna enriquecedora para o discente e dá à oportunidade de se trabalhar a metodologia que cada um se propõe a trabalhar quando se tornar professor.
Contudo, essa experiência nos coloca que a pesquisa por parte do profissional da educação é essencial na operacionalização do ensino, pois é a partir da pesquisa que saímos do "mesmismo", conseguimos conciliar o discurso acadêmico ao da escola, trazemos a realidade do dia-a-dia do aluno junto ao conteúdo ministrado, colocando como ator protagonista da sociedade em que vive e através de experiência de práticas de campo realizado neste estágio vem que através da vivência do aluno a partir da utilização dos seus cinco sentidos com o meio em que se estuda (a sociedade e o espaço), pode compreender melhor cada aula e conteúdo que é ministrado a partir do momento que ele está na prática vivenciando o que foi exposto em sala de atual.
Por fim, pode-se afirmar que através da experiência de estágio na educação como professor, não estamos apenas a escolher uma profissão para nossa carreira, mais assumindo um compromisso ético de construir cidadãos capazes de atuar na sociedade e transformá-la em um lugar mais justo e igual para todos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA.

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