A importância da Conscienciologia na Formação de Professores


Monique Millet de Lima

Durante muitos anos, a ideia de “ter” consciência, foi algo que caminhou junto à formação do ser humano. A consciência sobre seus atos influenciaram várias gerações. Caminhando para contemporaneidade, o ser humano entende que não é apenas, questão de ser ou não consciente, mas sim, a conscienciologia que segundo Vieira (2012) é o estudo da consciência em uma abordagem integral, holossomática, multidimensional, bioenergética, projetiva, autoconsciente e cosmoética. Enfim, muitos conceitos para seres humanos que mal sabem o que é conhecer a si mesmo1, ou têm medo de realizar tal descoberta. A conscienciologia torna-se automaticamente o estudo da consciência.
O ser humano tem o poder de além de se conscientizar, confiar em teorias, obedecer e respeitar as opiniões reveladas por outros seres pensantes e racionais. Nesta perspectiva, acreditamos na teoria do criacionismo onde um Deus supremo criou todas as coisas, mas respeitamos os seres humanos que acreditam na teoria do evolucionismo, que desde o início do mundo, que segundo os cientistas foi através de uma explosão. O resultado de ambas as teorias na contemporaneidade são o individualismo e a falta de comprometimento com vida no planeta.
Temos consciência que os males existentes hoje, no nosso Planeta, são causados pelos homo sapiens (homem sábio) que destrói as criações, sem a consciência da Identidade terrena2·, pois independentemente da teoria, o mais importante são os questionamentos e reflexões sob as condições que estamos vivendo no planeta Terra. Morin (2000) faz o seguinte questionamento: Como os cidadãos do novo milênio poderiam refletir sobre seus próprios problemas e aquele do seu tempo? Em seguida o autor diz que é preciso que compreendam tanto a condição humana no mundo como a condição do mundo humano, que ao longo da historia moderna, se torna condição da era planetária no século XXI.
Deste modo, descartamos a importância da consciência sobre as questões emergentes da nossa época, e preocupamo-nos, apenas, com o ter, com a superação individual econômica, social, moral e espiritual. É necessário que cada indivíduo reflita sobre suas ações no tempo, o
1 Sócrates
2 Edgard Morin, 2000
que fez no passado, o que está fazendo no presente e o que fará no futuro. Somos condicionados a pensar e respeitar apenas, o que está próximo, ao nosso alcance. E os outros como ficam? Pensar no outro é pensar no planeta, na natureza, é pensar na preservação do mundo. Uns querem ter sempre mais que os outros, pensamento egocêntrico que reforça a ideia de irracionalidade humana, por achar que o problema do outro não é nosso ou vice versa.
É neste pensamento, que nos questionamos como os professores vêm sendo formados, em relação à amplitude da consciência humana; a consciência de seus professores ainda na academia; a consciência de seus discentes nas instituições escolares, a consciência na comunidade escolar e principalmente associar a importância na conscienciologia na construção da identidade docente, que é um dos saberes necessários ao professor. Por que o estudo da coscienciologia é importante na formação de professores? Essa formação está voltada para o seu desenvolvimento pessoal e social? Conhecemos nossa profissão ou preocupamo-nos apenas em adquirir conhecimentos específicos para trabalhar as partes, desmerecendo o todo?
De acordo com Barreto (2006)
[...] a necessidade de uma educação voltada para o desenvolvimento integral do Ser Humano, fundamentada no estudo da Consciência, a partir da compreensão de que todo trabalho pedagógico deve, no mínimo, propor a criação de oportunidades que possibilitem conduzir o educando ao despertamento, conhecimento, desenvolvimento e expansão de sua consciência, em função da sua necessidade de conhecer, autoconhecer e auto-realizar, considerando a finalidade da vida e a razão de nossa existência humana.
É necessária uma formação não apenas instrumental, mas acima de tudo consciente. Os professores devem estar preparados para determinada, classe, comunidade e colegas de profissão. Tanto o corpo docente, quanto discente possuem sentimentos e pensamentos diversificados. A heterogeneidade habita, não apenas enquanto formamos, mas enquanto somos formados, a nossa identidade transparece na convivência social e profissional, por isso a importância da formação integral.
Somos seres pensantes e atuantes, autores e atores da experiência trilhada, mesmo que inacabados. Acreditamos que o inacabamento, seja a falta da conscienciologia no período da formação e atuação enquanto formadores. Freire (1996) já afirmava que os seres humanos eram inacabados, pois onde há vida, há inacabamento, mas que apenas entre os homens e as
mulheres (homo sapiens) a certeza do inacabamento se tornou consciente . E principalmente que a conscientização é exigência humana.
A conscienciologia é a fonte enriquecedora para a amplitude da formação de professores e professoras, o amor, o respeito e principalmente a afetividade dialogariam nos espaços escolares, a busca em conjunto pelo conhecimento e construção do ser, as perguntas e respostas contidas em cada um de nós, seriam refletidas e compreendidas pelos seres pensantes.
A educação precisa unir as ciências para um objetivo incomum: conscientizar o indivíduo sobre sua especificidade humana e a importância de se (auto) conhecer, para então continuar seus estudos em outras áreas. Concordamos com Morin (2000) no momento em que diz que:
A consciência da nossa humanidade nessa era planetária deveria conduzir-nos a solidariedade e à comiseração recíproca, de individuo para individuo, de todos para todos. A educação do futuro deverá ensinar a ética da compreensão planetária. (p. 78).
Como ensinar a ética, se enquanto seres humanos (in) conscientes nos afastamos da razão, considerada correta, para agirmos de acordo às nossas emoções, nos distanciando na nossa plenitude? O professor, além de possuir corpo, alma e espírito; trabalha com outras vidas que possuem a mesma estrutura, trabalham com diferentes especificidades, lidam com o conhecimento humano, e com pensamentos convergentes e divergentes. Acreditamos que o papel da concienciologia na formação de professores é especificamente humana, que de acordo com Freire (1996, p. 68) especificamente humana, a educação é gnosiológica, é diretiva, por isso política, é artística e moral, serve-se de meios, de técnicas, envolve frustrações, medos, desejos. Ainda comungando com Barreto em seu artigo Consciência e Educação:
[...] enquanto a educação estiver sendo dissociada do corpo, da alma e da totalidade do Ser Humano significa que as ciências ainda abstêm-se do que indica a noção exata de Consciência e de Lei Natural, para a evolução abreviada consciente do gênero humano; e, enquanto assim, os educandos inclinam-se na busca prioritária da segurança, satisfação e felicidade, sem a razão, o bom senso e a boa intenção; por conseguinte, sem a sabedoria, a força e a beleza nas ações. (p.02)
O diálogo entre a formação técnica e espiritual deve e precisa caminhar junta, para assimilarmos melhor o conhecimento, é preciso que estejamos calmos psicologicamente, em harmonia como o nosso “EU”. Como poderei fazer a troca do que não tenho, ou do que não sou? A cada passo da construção da identidade docente, se faz necessário refletir sobre o que
somos e o que queremos ser, mais acima de como: como construímos o processo de construção dessa jornada.
O processo de construção da conscienciologia na formação de professores, implicar a aprender a aprender e (re) aprender quando necessário, exige paciência, dedicação, flexibilidade e principalmente harmonia. A consciência é a ciência que construímos dentro de nós mesmos, para o bem e o mal, o certo e o errado, o ser e o estar, entretanto cada ser humano é livre e responsável por usá-la da maneira que achar coerente.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O estudo da conscienciologia é de suma importância para formação e desenvolvimento integral do ser humano. Neste artigo abordamos a importância do estudo na formação de professores, pois são seres humanos responsáveis pela troca da construção do conhecimento em ambas as fases do ciclo de vida.
Ao nos tornarmos conscientes da própria consciência, ressignificamos nossa práxis, é momento de ação – reflexão – ação, não apenas dos saberes pedagógicos, mas da responsabilidade da profissão, para além da profissionalização. Hoje, se faz necessário o diálogo entre profissionais de diversas áreas para um bem comum, a formação integral é incluir a Consciência como a base para uma vida harmoniosa, sem conflitos internos e externos que sustente o nosso ser, conhecer, o nosso fazer, o nosso conviver. Ainda de acordo com Barreto
[...] os quatro pilares da educação, sob pena de estarmos, ainda, expandindo conflitos. Até porque Consciência significa sem conflito e nos favorece distinguir o melhor caminho que devemos seguir, em prol do equilíbrio dinâmico do Universo, através das Leis Naturais que o rege. (p.05).
Que caminho estamos seguindo? Como construímos esse processo? Compreendemo-nos como pessoas? Como podemos compreender o próximo, os educandos, a comunidade escolar e familiar, se não conseguimos controlar nossas sensações, como ajudaremos outras pessoas?
Como agiremos de maneira consciente sobre os principais temas polêmicos da atualidade? Como conseguiremos manter a neutralidade?
Refletir sobre a conscienciologia nos faz questionar pontos cruciais e uma formação que não tivemos, em quais momentos da nossa Educação Básica e Superior, dialogamos sobre a importância desta ciência? O homem não pode ser visto, apenas como reprodutor de teorias, mas buscar novos conhecimentos que agreguem valores para sua formação. O estudo da conscienciologia na formação de professores é de suma importância para que haja respeito pela opinião do próximo. Comungando com Barreto o estudo da Consciência, portanto, nos dá a chave para abrirmos o tesouro do entendimento sobre nós mesmos. Desta forma será possível compreender os outros, sem desmerecê-los. É neste pensar que afirmamos a importância da Conscienciologia para os formadores e os profissionais em formação.
REFERÊNCIAS
BARRETO, Maribel Oliveira. Inclusão educativa: O papel da Consciência na Atuação dos Educadores. Disponível em: http://www.maribelbarreto.com. Acesso em: 02 de abril de 2013.
______Consciência e Educação. Disponível em: http://www.maribelbarreto.com. Acesso em: 05 de abril de 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, OlhoD´água,1996.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessário à Educação do Futuro. 2. ed. rev. - São Paulo , Cortez,2000.