Marilene E. Mendonça

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-DIAGNÓSTICO

- A comunicação eficiente, completa e eficaz entre profissionais de saúde,  paciente/família, no momento do diagnóstico:

           A comunicação no momento do diagnóstico de câncer,  considerando a capacidade de entendimento  do paciente, suas crenças ,  seus valores,  informando o claramente e da maneira menos danosa possível,  é essencial, pois o modo como o paciente é informado acerca do seu estado de saúde interferirá significativamente  no tratamento e na qualidade de vida do mesmo.

            Os profissionais em saúde têm o papel de ajudar o cliente a se ajudar, são parceiros, cada qual com atribuições e responsabilidades, no resgate do melhor de si, na busca do equilíbrio psicossociobiológico  . (VEIT; BARROS, 2008)

-TRATAMENTO

-A comunicação   eficiente , completa e eficaz entre profissionais de saúde, paciente/família durante o tratamento

          Em uma instituição de saúde, o registro das informações no prontuário do paciente em tratamento oncológico, realizada adequadamente,   é uma forma de comunicação eficaz,  e uma comunicação eficiente, que conduza o paciente e família a um tratamento participativo, com procedimentos devidamente esclarecidos, faz com que estes se sintam  acolhidos, seguros ,  diminuindo, na grande maioria dos casos, a ansiedade e os medos, levando a uma resposta significativamente positiva ao tratamento, pois há evidências de que um baixo nível de ajustamento ao câncer, falha no apoio social, falha na comunicação,  alto nível de estresse e presença de sintomas depressivos diminuem a produção e atividade da NK, célula responsável pela vigilância imunológica sobre o câncer, controlando a difusão das células malignas, o paciente tenderá a ter um pior prognóstico, já que  o sistema imunológico é fortemente afetado por fatores emocionais e que determinadas atitudes psicológicas podem influenciar positivamente no sistema de defesa, favorecendo uma maior e melhor sobrevida.

         Estabelecer uma situação de confiança mútua faz toda diferença, o paciente  e seu acompanhante pode e deve participar das decisões relacionadas aos cuidados  à saúde . (Glaser J, Glaser R. Psychoneuro immunology: past, present, and future. Health Psychol 1989;8(6):677-82).

 

-CURA

-A comunicação   eficiente , completa e eficaz entre profissionais de saúde, paciente/família na preparação para cura.

         Diante de uma patologia como o câncer, o envolvimento familiar é inevitável, o tratamento exige muito do paciente trazendo a necessidade de uma comunicação ativa e eficiente da equipe/paciente/família, sendo esta  a principal instituição social em que o indivíduo inicia suas relações afetivas, cria vínculos e internaliza valores.        O paciente é muito exigido durante a internação e tratamento, por isso a importância de uma comunicação  eficaz,  já que,  neste longo e penoso processo ele é retirado do convívio social, tendo de abrir mão da maioria de suas atividades e muitas vezes,  até sair de seu domicilio, causando prejuízos  ao convívio familiar.

        É de suma importância  da preparação para a cura, a alta e a reinserção social, pois este indivíduo passou por uma profunda transformação e além disso há o fantasma da recidiva.  A arte do cuidar através das palavras que afirmam o valor e a beleza da vida, como o amor, a estética, a identificação, o envolvimento, a vocação, a transformação, o despertar para a vida .

       

-PALIAÇÃO

-A comunicação   eficiente , completa e eficaz entre profissionais de saúde, paciente/família durante os cuidados paliativos.

        A dificuldade da comunicação durante o processo do morrer tem fundamentos históricos,        falar sobre o real prognóstico do paciente, informar cla­ramente sobre a evolução da sua doença sem esque­cer o envolvimento emocional que cerca o morrer, deve fazer parte de um processo contínuo de comunicação entre todos os integrantes desse processo.  Merece destaque o fato de que só se consegue a comunicação adequa­da quando se tem conhecimento e tranquilidade para abordar o determinado tema e de forma integrada o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual do doente, desde o primeiro contato, oferecendo acompanhamento, humanização, compaixão e disponibilidade com  rigor técnico e científico.

          Cada vez mais a ciência se curva diante da grandeza e da importância da espiritualidade na dimensão do ser humano, a transcendência de nossa existência torna-se a essência de nossa vida à medida que esta se aproximado do fim. Em cuidados paliativos, perguntamos ao paciente o que ele considera importante realizar nesse momento de sua vida e trabalhamos com o controle dos sintomas, buscando conferir todas as condições necessárias para as suas realizações nesse momento singular. O cuidado paliativo é a modalidade de assistência que abrange as dimensões do ser humano além das dimensões física e emocional como prioridades dos cuidados oferecidos. (Wachholtz; Keefe ,2006)

           

                   “Esta vida é uma estranha hospedaria, de onde se par­te quase sempre às tontas, pois nunca         as nossas malas estão prontas e a nossa conta nunca está em dia” (Mario Quintana)

Referências

Glaser J, Glaser R. Psychoneuro immunology: past, present, and future. Health Psychol 1989;8(6):677-82

489 Revista Brasileira de Terapia Intensiva Vol. 19 Nº 4, Outubro-Dezembro, 2007

Wachholtz, A.B.; Keefe, F.J. - What physicians should know about spirituality

and chronic pain. South Med J 99(10):1174-1175, 2006.

CERQUEIRA, Ana Teresa de Abreu Ramos. Interface- Comunicação, Saúde, Educação, Rev. Interface vol.13 no.29 Botucatu Apr./June 2009

AVM Faculdade integrada ( Aspectos Gerais da Abordagem Psicológica ao Paciente Oncológico (Cap. 01))