Introdução 

Vivemos numa época em que a criança não tem mais liberdade de brincar como antigamente nas ruas, nas praças, seja por falta de espaços, ou por falta de seguranças nos espaços disponíveis. O fato é que as crianças de hoje passaram a brincar menos, pois gastam grande parte de seu tempo na escola ou na soma do tempo da escola com o do deslocamento de casa para a escola. Percebe-se, que a brincadeira voltou-se para o individualismo e a competitividade. Enquadram-se neste grupo de brinquedos os eletrônicos com isso o brinquedo industrializado e a televisão passaram a disputar a atenção das crianças.

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Atualmente, grande parte delas sofre com o problema da integração social, tanto na sua interação com outras, quanto com os adultos, por morarem em apartamentos ou ficarem aos cuidados de pessoas despreparadas, dificultando assim o seu desenvolvimento cognitivo, motor, visto que demonstram dificuldades motoras tais como: correr, pular, subir em árvores e outras atividades comuns na infância. O desenvolvimento social é um assunto importante e deve ser tratado de forma adequada, pois a criança que vive em comunidade adquire valores de grupo.

No intuito de valorizar a brincadeira e fazer dela um ponto importante no desenvolvimento infantil, é que surge a brinquedoteca, ajudando a suprir a necessidade de um espaço onde à criança possa se integrar socialmente e vivenciar atividades em um ambiente repleto de ludicidade. A brinquedoteca é um espaço que visa estimular crianças a brincar livremente, pondo em prática sua criatividade e aprendendo a valorizar as atividades lúdicas de uma forma diferenciada, além de preparar o espaço de faz de conta para que seu ambiente seja impregnado de criatividade.

Sabe-se que neste espaço reservado á ludicidade, pode-se avaliar a criança, o seu desenvolvimento através de observação diária, socialização, iniciativa, linguagem, motricidade e de suas potencialidades. É nas brincadeiras espontâneas que se proporcionam oportunidades de transferências significativas que resgatam situações conflituosas pelo educador.

É bom salientar que, este ambiente não significa apenas uma sala com brinquedos, mas uma postura frente á educação, mudando os padrões de conduta em relação á criança. Isto significa abandonar métodos e técnicas tradicionais e buscar o novo não pelo modernismo, mas pela convicção que representa, é acreditar no lúdico como estratégia do desenvolvimento infantil, proporcionando um ambiente onde o estímulo, a criatividade e resgate de brincadeiras e brinquedos estejam presentes. 

Desenvolvimento   

Historicamente, a primeira idéia de Brinquedoteca surgiu em 1934, em Los Angeles, para solucionar um problema causado pelo roubo de brinquedos de uma loja, pelas crianças de uma escola municipal. Criou-se, então um serviço de empréstimo de brinquedo (Toy Libraries) como um recurso comunitário, utilizado até os dias de hoje. (CUNHA, 1998).

 No Brasil, por volta dos anos 80, começaram a surgir estes espaços. Enfrentou dificuldades para sobreviver economicamente e como instituição reconhecida e valorizada a nível educacional. Esse espaço foi criado com o objetivo de proporcionar estímulos para a criança brincar livremente.

Dentro do contexto social brasileiro, a oportunidade do brincar assumiu através desses espaços, características próprias, voltadas para a necessidade de melhor atender as crianças brasileiras. Como conseqüência desse fato, seu papel dentro do campo da educação cresceu e atualmente pode-se afirmar com segurança que é um agente de mudança do ponto de vista educacional.

Desde os primeiros momentos de vida, a criança tem necessidade de brincar e com o passar do tempo, chega à idade pré-escolar, onde ela receberá, dentre muitas atividades, as recreativas, as quais irão contribuir para um ajuste físico, mental e social. Nesta fase, a criança dever ser orientada para que tenha consciência do seu corpo, tendo um bom desenvolvimento do equilíbrio, da coordenação global e da específica, ajudando na aprendizagem da escrita e da leitura e no aumento da capacidade pulmonar, além de estimular a criatividade.

E, em O lúdico em diferentes contextos de Santa Marli Pires dos Santos, busca salientar que: “[....] para trabalhar na brinquedoteca é necessário um profissional diferente, o brinquedista , que antes de mais nada deve ser um educador.” 

Ao entendermos este novo ambiente chamado brinquedoteca, como espaço atraente, colorido, desafiante, diferente, onde a criança possa estar realmente brincando desenvolvendo assim sua autonomia, iniciativa, responsabilidade, senso crítico, tornando-se pessoa, percebemos a importância de um educador que tenha em sua formação conhecimentos pedagógicos, sociológicos, psicológicos, artísticos, e que tenha acima de tudo uma visão crítica sobre a criança e o mundo que a rodeia.

Além desse novo olhar é necessário que seja uma pessoa sensível, com entusiasmo, determinação, dinamismo, habilidade e empatia, deve também ser preparado, não apenas para atuar como animador, mas também como observador e investigador da demanda dos usuários e do contexto onde ela se situa. O professor é a chave principal desse processo, e deve ser encarado como um elemento essencial e fundamental.

As crianças precisam sentir acolhidas por este profissional, que mostrará o ambiente, os jogos, brinquedos, materiais e recursos disponíveis.

Ao entrar nesse ambiente, a criança deve ser tocada pela expressividade da decoração, porque a alegria e a magia devem ser palpáveis, onde tudo convida a explorar, a sentir, a experimentar

Diante disso, este ambiente surge para estimular a criatividade garantindo à criança em qualquer nível socioeconômico e cultural. Entretanto, deve ser preparada de forma criativa, com espaços que incentivem a brincadeira de faz de conta, a dramatização, a construção, a solução de problemas, a socialização e a vontade de inventar.

Neste local, tudo deve convidar a explorar, a sentir, a experimentar, além de ser um núcleo de apoio pedagógico, onde é livre o brincar, o aprender, os profissionais devem pensa discutir, analisar, investigar e acompanhar de perto o desenvolvimento da criança. Se a atmosfera não for encantadora não será um ambiente prazeroso.

A Brinquedoteca não existe para distrair as crianças. Sua missão é bem maior, onde se reporta à formação do ser humano integral e aos vários períodos da vida que ele atravessa. Ela desenvolve os seguintes objetivos, entre outro, estimula o desenvolvimento de uma vida interior enriquecendo a capacidade de concentração, estimula a operatividade, favorece o equilíbrio emocional, desenvolve a inteligência, a criatividade e a sociabilidade, valoriza os sentimentos afetivos e cultiva a sensibilidade:

 Brincando a criança aprende a se colocar na perspectiva do outro e a representar papéis do mundo adulto que irá desempenhar mais tarde, bem como desenvolver capacidades físicas, verbais e intelectuais. (EMERIQUE, 2005, p.07)

Baseado na fala do autor, fortalecer a criança é também fortalecer o adulto, que, ao conseguir preservá-la saudável dentro de si torna-se um ser humano mais íntegro, capaz de amar e usufruir a vida em sua plenitude, pois o seu lado criança representa a sua alma, a sua possibilidade de encantamento.

Os brinquedos foram criados para atender as necessidades lúdicas e afetivas das crianças. Porém,  existem crianças com necessidades diferenciadas e que estão inseridas  em contextos diferentes. Desde modo, para atendê-las surgiram vários tipos de brinquedotecas que apresentam finalidades variadas:

A brinquedoteca é sempre um lugar prazeroso, onde os jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte da magia do ambiente. Todas elas têm como objetivo comum o desenvolvimento das atividades lúdicas e a valorização do ato de brincar, independente do tipo de brinquedoteca e do lugar onde está instalada, sejam num bairro, numa escola, num hospital, numa clínica ou numa universidade. (SANTOS, 1997,4. p). 

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