FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ

EMANUELI MAZUR IANÓSKI NEULS







A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO











CASCAVEL
2011

FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ
EMANUELI MAZUR IANÓSKI NEULS







A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO














CASCAVEL
2011
RESUMO
Esta pesquisa qualitativa objetivou analisar a importância da assistência de enfermagem no pré-natal e puerpério após a implantação de um protocolo de atendimento, no município de Corbélia/PR. Foram analisados os principais benefícios que pôde se observar antes e após a mudança na organização da assistência às gestantes e ás puérperas do município que utilizam dos serviços públicos de saúde. Observou-se uma diminuição nos casos de infecções de trato urinário e de infecções no puerpério; diminuição do número de consultas médicas nas UBS?s devido à complicações gestacionais e puerperais; diminuição de gestantes com peso desproporcional; diminuição do risco de infecções de cavidade oral; diminuição do número de consultas com ginecologista melhorando assim a qualidade no atendimento; aumento na procura de preservativos pelas gestantes nas UBS?s, diminuindo assim o risco para DST?s; aumento na assiduidade das gestantes nas consultas rotineiras de pré-natal; diminuição dos casos de complicações com RN. Sendo assim, evidencia-se que o enfermeiro na condição de educador, pode, por meio da escuta das gestantes e puérperas e por meio do conhecimento científico próprio e adquirido, esclarecer a importância do pré-natal, o desenvolvimento fetal, o aleitamento materno, a anticoncepção, o puerpério, de modo que as mulheres vivenciem cada momento de forma singular, cada qual à sua melhor maneira.
PALAVRAS-CHAVE: Gravidez;Puerpério; Enfermagem; Pré-Natal.













INTRODUÇÃO:
A assistência Pré-natal é o acompanhamento que a gestante recebe desde a concepção do feto até o início do trabalho de parto.
É competência da equipe de saúde acolher a gestante e a família desde o primeiro contato com a unidade de saúde ou na própria comunidade, por exemplo, por meio do Programa Saúde da Família (PSF).
Sobre a assistência pré-natal, o MS enfatiza que a gestação caracteriza-se por ser
um período de mudanças físicas e emocionais, determinando que o principal objetivo do acompanhamento pré-natal seja o acolhimento à mulher, o oferecimento de respostas e de apoio aos sentimentos de medo, dúvidas, angústias, fantasias ou, simplesmente, à curiosidade de saber sobre o que acontece com o seu corpo (Brasil, 2000).
O Ministério da Saúde (MS) por meio de uma portaria publicada em 1º de junho de 2000 (PHPN/2000; Portaria nº 569) instituiu o Programa de Humanização no pré-natal e nascimento com o objetivo de assegurar a melhoria tanto do acesso como da abertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido.
Para a Profª Janice C. Silva (pg.54,2009), para que a assistência seja individualizada e atenda a gestante no contexto em que vive, faz-se necessário valorizar: as emoções; os sentimentos; as histórias e estar à escuta aberta sem julgamentos e preconceitos; ter diálogo franco, com devida atenção à fala da gestante sobre sua intimidade, suas dúvidas e necessidades.
Moura & Rodrigues, em artigo Comunicação e Informação em saúde no pré-natal (2003) diz que as atividades de comunicação/informação em saúde devem ser priorizadas no transcurso da assistência pré-natal, uma vez que o intercâmbio de informações e experiências pode ser a melhor forma de promover a compreensão do processo da gestação. Neste sentido, o MS ressalta que o foco principal do processo de orientação/informação deve ser as gestantes, incluindo, porém, seus companheiros e familiares (Brasil, 2000). Sendo assim, o contexto em que se apresenta o Programa Saúde da Família (PSF) parece favorecer uma práxis efetiva de comunicação/ informação em saúde, visto ter como prioridade a promoção da saúde e prevenção das doenças, cujo pilar de sustentação é exatamente a educação em saúde. Ademais, os
profissionais do PSF compreendem que seu universo de atuação é a pessoa inserida no seio familiar e integra a uma comunidade.

Considerando a importância do trabalho e da atenção do enfermeiro no período pré-natal e puerperal, principalmente na atenção básica, resolve-se analisar o acompanhamento da enfermagem, através de um protocolo de enfermagem , e também os resultados da implantação deste protocolo em conjunto com uma interação multidisciplinar dos profissionais da saúde do município de Corbélia/PR.
O trabalho tem por objetivo principal,avaliar a assistência de enfermagem no pré-natal e puerpério após a implantação de um protocolo de atendimento no município de Corbélia/PR.


MATERIAIS E MÉTODOS:

Esta pesquisa foi realizada de forma qualitativa, através de acompanhamento nas consultas de enfermagem no Pré-Natal e Puerpério, nas Unidades Básicas de Saúde na cidade de Corbélia/PR, para assim, discutir entre a equipe de saúde, os resultados da implantação do protocolo de enfermagem no projeto "Mãe Corbeliense" , o qual começou a vigorar em março de 2011.
O público alvo foram as gestantes assistidas pelas unidades de saúde que entraram no projeto, e os profissionais de saúde envolvidos na assistência pré-natal no município.
Os dados forão analisados através da observação das mudanças realizadas, dos níveis de contentamento das mulheres assistidas, e das dificuldades que foram sanadas pela implantação do projeto.







FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
Assistência Pré-Natal
Segundo Freitas e Cols (2006), o objetivo da assistência pré-natal é garantir o bom andamento das gestações de baixo risco e, também, identificar adequada e precocemente quais pacientes têm mais chances de apresentar uma evolução desfavorável.
Por isso, tão logo seja confirmado o diagnóstico de gravidez, a mulher deve iniciar o acompanhamento pré-natal. Os bons resultados no desenlace da gravidez acontecem proporcionais à precocidade que é diagnosticada esta gestação e também à freqüência e quantidade de consultas pré-natais realizadas.
O enfermeiro deve, num primeiro momento,conhecer a paciente e identificar, se a gestação é de risco habitual ou de risco específico, ou também, se a gestação pode vir a evoluir para risco específico. Para Freitas e cols. (2006), a identificação de indivíduos de alto e baixo risco faz com que a equipe de saúde disponha de instrumentos discriminadores no processo de recomendar, gerar e fornecer cuidados à saúde de maneira diferenciada.
Quanto à qualidade da atenção dedicada ao pré-natal, verifica-se o não-cumprimento das normas e rotinas por parte dos profissionais e o não preenchimento de registros.Ou seja, a gestante é atendida , às vezes, em diversos locais como serviços de pronto atendimento, obstetra, médico de Saúde da Família,etc; e nem sempre estes profissionais registram as intercorrências na carteira de gestante, ou fornecem informações diversas à paciente, que acabam por "confundir", ao invés de "ajudar".
Para Oliveira e Brüggermann (2003),a enfermeira possui um papel fundamental, e deve ocupar o seu espaço com visibilidade para que ocorram mudanças para a humanização do cuidado no processo do nascimento.E dizem ainda que:
" A humanização do cuidado está acondicionada a uma atitude de respeito à totalidade e subjetividade da mulher, em que a enfermeira e os outros profissionais de saúde envolvidos compreendem a singularidade da experiência vivenciada, propiciando, permitindo e estimulando a participação ativa da mulher no processo. A humanização do cuidado permite que a mulher possa vivenciar de forma singular, segura e, tranqüila o processo do nascimento, proporcionando um bem-estar e um estar melhor."

CUIDADOS PRÉ-NATAIS
Primeira consulta;
Segundo Montenegro e Rezende Filho (2011), a primeira consulta deve ser no início dagravidez (antes de 12 semanas); em virtude da grande soma de informações, pode ser necessária uma segunda consulta inicial.
Devem ser determinados na 1ª consulta:
-Data da última menstruação (DUM) para o cálculo da idade da gravidez (IG) e da época provável do parto (DPP). O ultrassom transvaginal de 1º trimestre ( 11-14 semanas)é hoja oferecido de rotina do pré-natal, pois certifica ou corrige a idade menstrual, diagnostica a gravidez múltipla e rastreia a síndrome de Down. Nessa fase a idade gestacional é estimada pela medida do comprimento cabeça-nádega (CCN) do embrião.
Após 14 semanas a idade gestacional é calculada pela medida do diâmetro biparietal (DBP) ou do comprimento do fêmur (CF).
-Peso e pressão arterial.
-A ausculta do pulso fetal, com sonnar-doppler, é positiva com 10-12 semanas; com estetoscópio de Pinard só após 20 semanas.
-Os exames complementares essenciais são:
*URINA (EAS e cultura para rastrear bacteriúria assintomática).
*GRUPO SANGUINEO E FATOR Rh.
*HEMOGRAMA COMPLETO (rastrear anemia; repetir com 28 semanas).
*GLICEMIA DE JEJUM.
*REAÇÕES SOROLÓGICAS PARA SÍFILIS, HIV, TOXOPLASMOSE, HEPATITE B E RUBÉOLA.
*CITOLOGIA CERVICOVAGINAL (Preventivo).
-Identificar a mulher com gestação de risco específico.
Montenegro e Rezende Filho (2011) citam pontos em que a mulher deve ser orientada durante a primeira consulta, que são:
-ASSEIO CORPORAL;
-SINTOMAS FREQUENTES;
-TRANSFORMAÇÕES GESTACIONAIS;
-SEXUALIDADE;
-VIAGENS AÉREAS.
Segundo o Manual de Atenção ao Pré-Natal e Puerpério no SUS-SP (2010), a primeira consulta deve ser completa representando uma oportunidade inadiável de classificar riscos e adotar condutas efetivas. Deve ser composta de anamnese abrangente, com valorização do interrogatório complementar, seguida de exame físico geral e dos diversos aparelhos, incluindo exame ginecológico e mamário.

CONDUTAS NA PRIMEIRA CONSULTA DE PRÉ-NATAL

Segundo Manual de Atenção ao Pré-Natal e Puerpério no SUS-SP (2010) as condutas essenciais na primeira consulta são:

? Cálculo da idade gestacional e data provável do parto.
? Orientação alimentar e acompanhamento do ganho de peso gestacional.
? Orientação sobre sinais de riscos e assistência em cada caso.
? Avaliação dos resultados dos exames laboratoriais de rotina e orientação de condutas
pertinentes.
? Referência para atendimento odontológico.
? Encaminhamento para imunização antitetânica (vacina dupla viral), quando a gestante
não estiver imunizada, ou quando o último reforço tiver sido realizado há mais
de 5 anos.
? Referência para serviços especializados na mesma unidade ou unidade de maior
complexidade, quando indicado.
? Prescrição de ácido fólico 5 mg/dia até 14 semanas, para prevenção de defeitos abertos
do tubo neural.
? Fornecimento de informações necessárias quanto aos intervalos dos próximos atendimentos e qual a dinâmica: anamnese buscando queixas e dúvidas (a mulher deve ser estimulada a falar), exame físico com aferição do peso, pressão arterial, altura do fundo uterino, ausculta dos batimentos cardíacos, pesquisa de edema, avaliação ginecológica, se necessária, propedêutica complementar e respostas às indagações da mulher ou da família.
? Responsabilidades da gestante, incentivando-a a participar ativamente das atividades educativas.
? Levantar expectativas quanto à gravidez, parto e puerpério.
? Orientar sobre atividade física, sexual, trabalho e ambiente.

VACINAÇÃO NO PRÉ-NATAL
Segundo o Manual de Pré-Natal e Puepério do MS (2006), na falta da carteira de vacina da gestante ou na ausência de vacina contra Difteria/Tétano realizar o esquema completo com a vacina Dupla Adulto ou completar as doses necessárias (após a 14ª semana gestacional).
É importante que a segunda dose da vacina seja aplicada até 20 dias antes do parto. Quando o esquema completo da vacina ultrapassar cinco anos, deve ser feito uma dose reforço dT no período pré-natal.

CONSULTAS SUBSEQUENTES:
Entre 10 e 12 semanas
o Deve-se realizar a medida da pressão arterial e verificar o peso.
o Nesta fase da gestação já é possível fazer a ausculta dos batimentos cardíacos fetais mediante o uso de sonnar Doppler.
o Avaliar os resultados dos exames solicitados e anotar na carteirinha da gestante e no prontuário.
o A palpação abdominal pode identificar o útero acima da sínfise púbica em pacientes magras.
o A ultra-sonografia realizada entre 11 e 12 semanas pode ser indicada para o rastreamento de anomalias cromossômicas.
o Realizar orientações e esclarecer sobre as dúvidas da gestante e de seu acompanhante.
o Descrever sobre como ocorre o desenvolvimento fetal, o que está acontecendo dentro de seu corpo.
o Orientar sobre a baixa na imunidade que ocorre neste período, que pode favorecer a manifestação de vaginoses como candidíase e infecções como ITU.
o Agendar a próxima consulta, e estimulá-la a participar do grupo de gestantes.

ENTRE 16 E 18 SEMANAS
o Além da medida de pressão arterial e verificação de peso, deve-se medir a altura uterina a partir desta consulta em todas as subseqüentes para acompanhar o crescimento fetal.Vários estudos mostram que a medida da AU apresenta boa sensibilidade e especificidade para prever a restrição de crescimento intra-uterino. Para aferição, utiliza-se uma fita métrica e toma-se a medida desde a borda superior da sínfise púbica até o fundo uterino. O resultado é anotado e transferido para o gráfico de CURVA DE ALTURA UTERINA/IDADE GESTACIONAL da carteira de gestante.

o Em todas as consultas a enfermeira não deve deixar de anotar todos os procedimentos realizados, intercorrências, solicitações e resultados de exames, bem como a evolução da gestação no prontuário da paciente e em sua carteirinha de gestante.

Entre 22 e 24 semanas
o Como em todas as consultas pré-natais, deve-se verificar a pressão arterial, aferir o peso e medir altura uterina. Neste período da gestação, deve-se orientar para sinais e sintomas de trabalho de parto pré-termo, explicando sobre as contrações uterinas e possibilidades de sangramento vaginal.
o Faz parte dessa consulta o toque vaginal para a identificação de modificações cervicais, que são marcadas por encurtamento e dilatação do colo. Este procedimento só poderá ser realizado se o profissional tiver total confiança em sua capacidade,e se a paciente consentir.
o A orientação sobre o início dos movimentos fetais é importante, pois muitos trabalhos mostram boa correlação entre o bem-estar do concepto e a percepção materna dessa movimentação.
o A ausculta com sonar para avaliar freqüência de batimentos cardio-fetais (BCF) deve ser contado pelo tempo de 1minuto, e a freqüência normal está entre 120 a 160 bpm.
o Nesta consulta deve-se incluir o rastreamento de diabetes gestacional com glicemia de jejum. Para isso, deve-se orientar a gestante que venha até a UBS em jejum ( entende-se por jejum a ausência de ingestão calórica por, no mínimo, oito horas), pela manhã, para que seja feito o teste HGT. Caso a gestante apresente sintomas como tontura, náuseas, mal-estar matutino, deve-se agendar uma visita domiciliar pela manhã pela Enfermeira ou Técnica de Enfermagem à residência da paciente, para que seja realizado o teste.Deve-se, antes de realizar o HGT, explicar sobre Diabetes Gestacional.

o Caso a gestante apresente fatores de risco para diabetes associado com o resultado de glicemia de jejum superior a 90 mg/dL, a mesma deve ser encaminhada a um médico especialista
o Quando a gestante for Rh negativo e o pai Rh positivo (ou desconhecido), deve ser feito o teste de Coombs indireto. Se o resultado for negativo, o teste deve ser repetido a cada quatro semanas. Quando a resultado deste teste for positivo, deve-se encaminhar a paciente ao médico obstetra para que seja solicitada a pesquisa das condições fetais pela espectofotometria do líquido amniótico e avaliação ecográfica.

Entre 28 e 32 semanas
o Como nas demais consultas, faz parte da rotina verificar pressão arterial e o peso e medir altura uterina.Realizar teste HGT.
o Nessa fase da gravidez, as gestantes devem ser informadas sobre os sinais e sintomas de pré-eclâmpsia e alertadas novamente sobre os sinais e sintomas de trabalho de perto pré-termo e ruptura prematura de membranas.
o O exame cervical mediante toque vaginal é recomendado para identificar mudanças plásticas do colo uterino associadas ao risco de parto pré-termo.
o Na 30ª semana, alguns exames laboratoriais devem ser repetidos:
? urina ( tipo I);
? glicemia de jejum;
? VDRL;
? sorologia para Hepatite B (HBsAg)
? sorologia para Anti-HIV
o É importante esclarecer sobre o trabalho de parto e sobre o parto, explicando sobre a fase preparatória do parto na qual as contrações uterinas são irregulares e fracas e pouco freqüentes, enquanto no trabalho de parto as contrações são regulares, rítmicas, dolorosas e com uma freqüência de 2 a 3 contrações a cada 10 minutos.
o A gestante deve ser orientada para buscar atendimento obstétrico se entrar em trabalho de parto ou se houver ruptura das membranas amnióticas ou sangramento vaginal.
o Nesta consulta a gestante deve ser esclarecida sobre o parto, as indicações de episiotomia ( nos casos de parto prolongado, feto macrossômico ) e as vantagens de se ter PARTO NORMAL tanto para mãe quanto para o feto.
o Nesta fase, deve ser agendada uma visita da gestante e de seu provável acompanhante no momento do parto, ao hospital onde será realizado o parto, a estrutura, o funcionamento, deve-se apresentar a eles a enfermeira obstetra que irá conduzir o trabalho de parto e parto, e o médico que irá atendê-la se houver alguma eventual complicação.
o Orientar sobre os benefícios legais a que a mulher tem direito, incluindo a Lei do Acompanhante- garantido pela Lei nº 11.108, de 7/4/2005, regulamentada pela Portaria GM 2.418, de 02/12/2005.
o Agendar próxima consulta e dia de Grupo de Gestantes.

Entre 34 e 36 semanas:
o Além de verificar pressão arterial e o peso e medir AU, deve-se realizar a palpação do abdômen, empregando as manobras de Leopold para confirmar a posição e apresentação fetal. Em caso de dúvida, o toque vaginal ou o estudo com ultra-som podem confirmar a apresentação fetal.
Nesta fase da gestação, o feto assume posição longitudinal e apresentação cefálica. Variações dessas relações podem alertar para a necessidade de atendimento em hospital com maior grau de complexidade.
o Faz parte dessa consulta a orientação sobre sinais e sintomas preparatórios para o parto, esclarecendo as características das contrações de trabalho de parto.
o Orientar sobre exercícios que ajudem a fortalecer a musculatura para o momento do trabalho de parto, técnicas de massagem em gestantes repassadas aos acompanhantes que ajudem a relaxar a gestante também podem ser orientados nesta fase.
o Orientar que com a evolução da gestação diversos cuidados devem ser tomados para amenizar dores devido ao peso da barriga, ansiedade, alterações nas articulações, epigastralgia, prisão de ventre, edema em MMII, insônia. Explicar cada um, e fazer uma prescrição de enfermagem com estas orientações.
o Orientar sobre a amamentação : cuidados com as mamas, importância, vantagens e benefícios para mãe e para o feto, principalmente quando a mãe amamenta o bebê imediatamente após o parto( preferencialmente na primeira hora de vida).
o A partir de 36ª semana, as consultas devem ser marcadas a cada quinze dias.
o A maior freqüência de consultas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns neste trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclampsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. NÃO EXISTE "ALTA" DO PRÉ-NATAL ANTES DO PARTO.

Entre 38 e 41 semanas
o Nesta fase deve ter uma atenção especial quanto a pressão arterial, edema, dor lombar. Orientar que a partir de agora, para sua própria segurança, a gestante não deve ficar em casa sozinha, não deve erguer peso.
o As consultas até a 40ª semana agora devem ser semanais.A partir da 40ª semana as consultas devem ser agendadas a cada 3 dias.Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, é necessário encaminhar a gestante para avaliação do bem-estar fetal, incluindo a avaliação do índice de líquido amniótico e monitorização cardíaca fetal.

PUERPÉRIO
Segundo o MS (2006), é o período que inicia após o parto e a dequitação da placenta. É dividido nos seguintes estágios:
1. Imediato-que vai do 1º ao 10º dia após o nascimento;
2. Tardio-que se estende do 10º ao 45º dia;
3. Remoto-além do 45º dia.
O puerpério se caracteriza pela involução dos órgãos pélvicos e recuperação das alterações induzidas pela gestação.
o Neste período o acompanhamento de enfermagem à puérpera e ao recém nascido é imprescindível, pois a primeira consulta puerperal deve ser realizada do primeiro ao sétimo dia após o parto, pela enfermeira que acompanhou o pré-natal.
o Nesta primeira consulta deve ser avaliado (anexoIII).
o As condições em que a puérpera se encontra: se está se alimentando, se não há hemorragia, as medicações que foram administradas (de preferência a enfermeira deve realizar visita no hospital em que foi realizado o parto). A principal avaliação que deve ser realizada é de como está a saúde mental desta paciente, o que mudou nas suas atitudes, se não está deprimida, com medo, etc...É comum a ocorrência de certo grau de depressão poucos dias após o parto. Isso reflete uma fase transitória de adaptação a uma situação nova, na qual se destacam como elementos importantes os desconforto do puerpério imediato, a fadiga, a ansiedade relativa aos cuidados e responsabilidades com o RN e as mudanças físicas. Em geral, este estado é de curta duração, não persistindo por mais de 10 dias. Quando se torna mais prolongado ou com sinais de agravamento, pode haver necessidade de uma avaliação especializada e tratamento específico.
o As condições em que o RN se encontra: se não está cianótico, verificar se foi realizada a vacina contra Hep. B, teste do pézinho, se o RN foi examinado por um médico e qual o diagnóstico dado por ele.
o A imunização com 300ug de imunoglobulina anti-D deve ser feita nas primeiras 72 horas após o parto em mulheres Rh-negativo que não foram imunizadas pelos seus bebês.
o Recomendar o início precoce da deambulação.
o Examinar e orientar sobre os cuidados com as mamas: higiene, ordenha, verificar se o bebê está sugando corretamente.
o Orientar e supervisionar higiene e cuidados com a sutura se foi realizada em casos de parto cesáreo, ou com a episotomia em casos de parto normal.
o Orientar que o processo de involução dos órgãos pélvicos ocorre nas primeiras 6 a 8 semanas após parto. Observa-se a eliminação de lóquios, inicialmente sanguinolentos, tornam-se escuros do terceiro ao décimo dia, amarelos do décimo dia em diante, passando aos poucos a serem esbranquiçados ou serosos Quando as mulheres chegam a unidade de saúde, os loquios geralmente encontram-se escuros. Qualquer alteração do endométrio, colo, ou vagina altera as características desta secreção, tornando-afétidos sendo assim é um sinal de alerta, mas só tem importância diagnóstica quando associada a outros sinais clínicos de infecção, como febre e dor.
o Orientar a puérpera e o parceiro que a atividade sexual deve ter início quando a mesma achar que está pronta (mais ou menos 2 a 3 semanas depois do parto), mas que devem escolher um método contraceptivo, pois a ovulação tem início geralmente, 45 dias depois do parto.Orientar que mesmo a mãe estando amamentando pode ocorrer nova gravidez.Quando a mulher não está amamentando, a primeira menstruação ocorre entre 6 e 8 semanas após o parto, e a fertilidade é restabelecida já no primeiro mês.
o Não há restrições quanto à dieta da puérpera. Recomenda-se uma alimentação equilibrada, com um aporte calórico aumentado, rica em fibras e ferro. O excesso de peso que permanece após o parto tende a desaparecer lentamente, e regimes para emagrecimento são desaconselháveis durante o aleitamento.
o Deve-se alertar a puérpera quanto aos efeitos adversos do uso do álcool e fumo.
o No período pós-parto imediato, pode-se realizar a vacinação anti-rubéola naquelas mulheres que não estão imunizadas.
o Deve-se colocar à disposição da puérpera e de sua família toda a equipe de saúde e orientar a ACS que realize visitas domiciliares uma vez na semana até que seja realizada outra avaliação pelo enfermeiro no 42º dia pós-parto.
o É importante orientá-la que seu organismo demorará por volta de 6 meses para retornar próximo ao normal, ou seja, antes da gestação.
o Instruí-la que após estes 6 meses a mesma deve realizar coleta de exame preventivo de câncer de colo uterino.
Nos casos em que a puérpera precise tomar a vacina contra Febre Amarela e a mesma está amamentando, orientar que a vacina deve ser feita 6 meses.(Manual técnico de Pré-Natal e Puerpério, MS, 2006).
FERREIRA, R.P. (2011) cita em seu artigo, Cuidados Imediatos no Puerpério que, uma atenção puerperal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e neonatal e, para sua humanização e qualificação. Faz-se necessário construir um novo olhar sobre o processo saúde/doença, que compreenda a pessoa em sua totalidade corpo/mente e considere o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual visa estabelecer novas bases para o relacionamento dos diversos sujeitos envolvidos na produção de saúde, usuários e gestores, e a construção de uma cultura de respeitos aos direitos humanos, entre os quais estão incluídos os direitos usuais e os direitos reprodutivos, com a valorização dos aspectos subjetivos envolvidos na atenção.





ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:
o Ao longo do acompanhamento pré-natal nas gestantes do município, após a implantação do projeto da Secretaria Municipal de Saúde,"Mãe Corbeliense", cujo principal instrumento é o protocolo de atendimento enfermagem no pré-natal e puerpério, constatou-se:
o Diminuição de consultas médicas nas UBS?s pelas gestantes, devido á intercorrências na gestação;
o Aumento na distribuição de preservativos às gestantes nas UBS?s, com isso diminui-se o risco de DST?s;
o Diminuição no índice de Casos de Infecções de Trato Urinário;
o Diminuição das consultas com ginecologista do município, o qual atendia em média 26 gestantes no período da manhã, uma vez por semana, hoje atende em média 14 gestantes, melhorando assim a qualidade do atendimento;
o Diminuição no índice de Casos de Infecções Puerperais, através das visitas domiciliares puerperais pelo enfermeiro(a), onde realiza-se orientações de higiene, aleitamento materno, cuidados com RN, além da consulta ginecológica de enfermagem;
o Diminuição no risco de infecções na cavidade oral, através de acompanhamento do enfermeiro em conjunto com odontológo;
o Diminuição nos casos de gestantes com aumento de peso desproporcional de peso e outras complicações, devido ao acompanhamento da enfermagem em conjunto com nutricionista.
o Diminuição de complicações com RN tais como: infecção de coto umbilical, complicações de trato respiratório; diarréias; desnutrição; complicações dermatológicas devido á falta de higiene, etc.
Através deste trabalho, constatou-se a importância do enfermeiro(a) no pré-natal e desenvolvimento fetal , como intermediário no acompanhamento multidisciplinar e como responsável do cuidado integral e humanizado à gestante e á puérpera nestas fases tão marcantes da vida da mulher.
Na condição de educadores, os profissionais da enfermagem, sobretudo os enfermeiros, podem, por meio da escuta das gestantes e puérperas e por meio do conhecimento científico próprio (adquirido), esclarecer a importância do pré-natal, o desenvolvimento fetal, o aleitamento materno, a anticoncepção, a fisiologia da gestação, o puerpério, de modo que as mulheres vivenciem cada momento de forma singular, cada qual á sua melhor maneira.












REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
-BANKOWSKI,B.J.; HEARNE, A.E.;LAMBROU, N.C.; FOX H.E.; WALLACH, E.E. Manual de Ginecologia e Obstetrícia do Johns Hopkins.2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
-OLIVEIRA, M. E.; BRÜGGEMAN, O.M.. Cuidado humanizado:possibilidades e desafios para a prática da Enfermagem. Florianópolis: Cidade Futura, 2003.
-FILHO, J.R.; MONTENEGRO, C.A.B. Obstetrícia Fundamental. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
-SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO.Atenção à gestante e à puérpera no SUS/SP:manual técnico de pré-natal e puerpério.São Paulo: SES/SP, 2010.
-MINISTÉRIO DA SAÚDE.Assistência Pré-natal: Manual técnico. 4ª edição -Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde -SPS/Ministério da Saúde, 2006.
-MOURA, E. R. F.; RODRIGUES, M. S. P. Pre natal healthcare communication and information, Interface -Comunic, Saúde, Educ, v.7, n.13, 2003.
-SILVA, JANICE C.; Manual Obstétrico: um guia prático para a Enfermagem. 2ª ed.São Paulo: Corpus, 2009.
-FERREIRA,R.P.. Cuidados Imediatos no Puerpério-Rev. Enfermagem UERJ, nº2, v.18, 2010.