Simone Pinheiro Sousa
Pedagoga pela UNIARARAS
Psicopedagoga Clínica e Institucional pelo UNASP ? Campus de Engenheiro Coelho.
Docente no Ensino Fundamental na rede municipal da Prefeitura de Cosmópolis.
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Resumo: Este artigo tem o propósito de esclarecer as idéias existentes acerca do conceito de afetividade no cenário da educação. Apresenta uma análise da importância da relação estabelecida entre a afetividade e o processo de ensino e aprendizagem, com foco para a relação professor-aluno e dentre essas relações, os modos como os professores afetam seus alunos, ou as marcas que os professores deixam, por suas palavras e gestos. Levando-se em conta teorias relevantes sobre o desenvolvimento humano, apresenta algumas pesquisas de Vygotsky, Wallon e Piaget onde enfatizam as complexas relações entre cognição e afeto, termos inseparáveis para o funcionamento psicológico humano. A questão norteadora é a qualidade das interações nas relações de ensino, pois sabemos que muitos alunos precisam ser estimulados e motivados para terem interesse em aprender e sendo assim, tem-se por objetivo mostrar os impactos positivos da mediação pedagógica e refletir sobre a importância de uma educação fundada no respeito e no amor ao educando o que exige um educador habilidoso, competente e humanamente preparado, que compreenda a necessidade de sua participação efetiva e afetiva na construção de uma sociedade mais humana.

Palavras-chave: afetividade, relação, interação, mediação, ensino ? aprendizagem.

Abstract: This article aims to clarify existing ideas about the concept of affectivity in the education landscape. Presents an analysis of the importance of the relationship between affectivity and the process of teaching and learning, with a focus for teacher-student relationship, and among these relations, the ways in which teachers affect their students, or brand that teachers leave by their words and gestures. Taking into account relevant theories on human development, presents some research of Vygotsky, Wallon and Piaget emphasize where the complex relationships between cognition and affection, inseparable terms for human psychological functioning. The main question is the quality of the interactions in the education process, because we know that many students need to be encouraged and motivated to learn and gain from being so, it has meant to show the positive impacts of pedagogical mediation and reflect on the importance of an education based on respect and love of educating the educator that requires a skilled, competent and humanely prepared, he understands the need for effective and affective participation in building a more humane society.

Keywords: affection, respect, interaction, mediation, teaching - learning.

Introdução

Vários estudos atribuem à afetividade grande valor para o desenvolvimento psíquico do ser humano. Pois desde o nascimento a criança esta cercada por vínculos emocionais que influenciaram na construção de sua personalidade e auto-estima.
E nesse processo, tanto a família quanto os professores exercem um papel importante no desenvolvimento afetivo da criança por que são eles os principais mediadores que determinaram a qualidade da relação que a criança estabelecerá na aquisição do conhecimento e no processo de aprendizagem.
Tradicionalmente, a aprendizagem escolar era interpretada como um processo de transmissão de conhecimento sendo comum ouvir professores dizendo que a eles cabem apenas o dever de entrar na sala de aula e passar o conteúdo, sendo que o aproveitamento depende única e exclusivamente do aluno, é o tipo de ensino que Paulo Freire denominava como "bancário".
Atualmente, entende-se que a aprendizagem ocorre a partir da relação entre o sujeito (aluno) e os objetos de conhecimentos, sendo tal relação mediada por um professor.
Este trabalho nos faz refletir o quanto à relação sujeito-objeto-mediação é profundamente marcada pelas dimensões afetivas e também nos mostra, através das teorias de Vygotsky, Wallon e Piaget que as dimensões afetivas e cognitivas, razão e emoção são termos inseparáveis no processo do desenvolvimento humano.
O objetivo desta pesquisa é demonstrar que o interesse, a motivação e inclusive a auto-estima podem nascer de um relacionamento afetivo entre educador e educando e que essa interação pode ajudar a ativar o processo de ensino e aprendizagem, pois, o afeto também traz contribuições para o desenvolvimento da inteligência e para que isso aconteça vai depender do grau da interação, da eficácia do professor que é o profissional que vai mediar tais relações e fazer com que a sala de aula se torne um ambiente mais humano, caloroso e agradável propiciando aos seus alunos uma aprendizagem de forma mais significativa.

Alguns fundamentos teóricos sobre afetividade

Várias pesquisas e reflexões teóricas têm trazido para o cenário educacional a importância do papel da afetividade na escola.
Uma vez que a afetividade implica diretamente no desenvolvimento emocional e afetivo, na socialização, nas interações humanas e, sobretudo, na aprendizagem. E buscar compreender o indivíduo em sua complexidade, integrando as dimensões afetiva e cognitiva que o compõem, tem sido o caminho mais explorado.
Para Vygotsky, só se pode compreender adequadamente o pensamento humano quando se compreende a sua base afetiva. Para o autor quem separa o pensamento do afeto nega de antemão a possibilidade de estudar a influência inversa do pensamento no plano afetivo. Assim, a vida emocional está conectada a outros processos psicológicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo geral. (Arantes, 2003, pp. 18-19).
E, sobre todos os aspectos do psicológico por ele estudados o homem é produto do desenvolvimento de processos físicos e mentais, cognitivos e afetivos, internos e externos.
Segundo Arantes (2003), de acordo com a teoria de Vygotsky, o longo aprendizado sobre emoções e afetos se inicia nas primeiras horas de vida de uma criança e se prolonga por toda sua existência. Pois, o ser humano, da mesma forma que aprende a agir, a pensar, a falar, por meio do legado de sua cultura e da interação com os outros, aprende a sentir, ou seja, cognição e afeto não são dissociados no ser humano se inter-relacionam e exercem influências recíprocas ao longo do seu desenvolvimento.
Nesta perspectiva, com relação à afetividade, numa interpretação feita por Leite (2008) Vygotsky defende, assim como Wallon, que o pensamento tem origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção.
Wallon apresenta uma teoria psicológica sobre o desenvolvimento humano centrado na idéia da existência de quatro núcleos funcionais determinantes desse processo: a afetividade, o conhecimento, o ato motor e a pessoa, sendo todo o desenvolvimento analisado e explicado pela contínua interação dessas dimensões. Para ele, o desenvolvimento é um processo de construção em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. (LEITE, 2008, p. 19).
Wallon atribui grande importância à emoção e à afetividade, para ele a emoção é o primeiro e mais forte vínculo que se estabelece entre o bebê e as pessoas do ambiente. Segundo o autor, as emoções apresentam três propriedades pelas quais agem e alteram o mundo social: a contagiosidade que é a capacidade de contaminar o outro, a plasticidade, capacidade de refletir no corpo os seus sinais e a regressividade que é a capacidade de regredir as atividades do raciocínio. Nesse processo, a emoção permite a passagem da vida orgânica para a vida psíquica. (LEITE, 2008, pp. 20-21)
Já a afetividade para Wallon é um termo que apresenta um conceito mais amplo, pois envolve as vivências e as formas de expressão mais complexas e humanas, uma vez que o ser humano pode utilizar a fala o que possibilita a transformação da emoção em sentimentos, passando a interferir na atividade cognitiva e possibilitando seu avanço.
Também em sua teoria, conforme La Taille, Dantas e Oliveira (1992); Galvão (2004), Wallon diz que a dimensão afetiva ocupa lugar central, como não acontece em nenhuma outra. Nela, a afetividade constitui um domínio funcional tão importante quanto o da inteligência, desempenhando um papel fundamental na constituição e funcionamento dessa última e determinando os interesses e necessidades individuais. Afetividade e inteligência constituem, portanto, na sua concepção, um par inseparável na evolução psíquica, pois embora tenham funções bem definidas e diferenciadas entre si, são interdependentes em seu desenvolvimento, permitindo à criança atingir níveis de evolução cada vez maiores.
Isso significa que inteligência e emoção são interdependentes não se desenvolvem uma sem a outra, ambas são linhas do desenvolvimento mental da criança e de qualquer ser humano. Sem o controle emocional não há aprendizagem e vice-versa.
Vemos também que Wallon e Piaget compartilham das mesmas idéias, uma vez que em suas teorias, Piaget defende a tese da correspondência entre as construções afetivas e cognitivas, ao longo da vida dos indivíduos, e recorre às relações entre afetividade, inteligência e vida social, levando em consideração o exame crítico de outras teorias do desenvolvimento psicológico e a correspondência com a sua própria teoria da inteligência. (ARANTES, 2003, p. 54)
Em suas teorias, mais do que apresentar o desenvolvimento genético da afetividade e da moral, em paralelo com os estágios do desenvolvimento da inteligência, Piaget apresenta a questão da gênese da moral, ou seja, como a criança constrói sua escala de valores, ideais e sentimentos morais? E para configurar a sua abordagem sobre as relações entre afetividade e inteligência, segundo Arantes (2003) são centrais os seguintes pressupostos:

? Inteligência e afetividade são diferentes em natureza, mas indissociáveis na conduta concreta da criança, o que significa que não há conduta unicamente afetiva ou cognitiva.
? A afetividade interfere constantemente no funcionamento da inteligência, estimulando-o ou perturbando-o, acelerando-o ou retardando-o.
? A afetividade não modifica as estruturas da inteligência, sendo somente o elemento energético das condutas.

Piaget fala ainda dos sentimentos de sucesso e de fracasso interferindo no desempenho e na aprendizagem, mas restringe esses efeitos ao ritmo e não à estruturação que permite a aprendizagem. O autor nos diz que "inteligência e afetividade são de natureza diferente; a energética da conduta vem da afetividade e as estruturas vêm das funções cognitivas." (ARANTES, 2003, p. 58). Ou seja, a afetividade cumpre o papel de fonte de energia para o funcionamento da inteligência.
Enfim, confrontado as teorias de Vygotsky, Wallon e Piaget, vemos que os autores em suas pesquisas defendem a íntima relação existente entre o ambiente social e os processos afetivos e cognitivos. Nesse sentido, podemos dizer que num contexto escolar todos se relacionam, adultos e crianças se interagem e nesta interação deve haver afetividade, simpatia, amizade, estabelecendo assim uma relação de segurança entre aluno e professor evitando bloqueios diversos, favorecendo o trabalho escolar socializado e ajudando o aluno a superar desafios e aprender como os erros.

Aprendizagem, afetividade e motivação.

Para a Psicologia, o conceito de aprendizagem não é tão simples. Há diversas possibilidades de aprendizagem, ou seja, há diversos fatores que nos levam a apresentar um comportamento que anteriormente não apresentávamos como o crescimento físico, descobertas, tentativas e erros, ensino etc. (BOCK, 1999, p.114)
Assim, a Psicologia transforma aprendizagem em um processo a ser investigado. E são muitas as questões consideradas importantes pelos teóricos da aprendizagem.
Para Vygotsky, aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas. A relação do indivíduo com o mundo está sempre mediada pelo outro. Não há como aprender e aprender o mundo se não tivermos o outro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o mundo a nossa volta. O autor defende a idéia de que não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai se atualizando conforme o tempo passa ou recebemos influência externa. (BOCK, 1999, p. 124)
Entende-se assim que o desenvolvimento do individuo é exteriorizado, ou seja, é um processo que se dá de fora para dentro, dependendo do meio para que o processo ensino-aprendizado ocorra.
Nesse sentido, Bock (1999, p. 126) nos destaca que a aprendizagem, é portanto, um processo essencialmente social, que ocorre na interação com os adultos e os colegas. O desenvolvimento é resultado desse processo, e a escola, o lugar privilegiado para essa estimulação.
Na concepção Vygotskyana, a escola torna-se o lugar que deve privilegiar o contato social entre os sujeitos e nesse processo todos são responsáveis, pois não há aprendizagem que não gere desenvolvimento, não há desenvolvimento que não prescinda da aprendizagem, ou seja, para Vygotsky as relações entre aprendizagem e desenvolvimento são indissociáveis.
Portanto, o professor tem que ser mais que um mero transmissor, tem que ser um educador, um mediador de relações sócio-afetivas entre todos e todas as coisas que fazem parte do processo ensino-aprendizagem, de modo que veja seus alunos como pessoas globais que necessitam ter sucessos no mundo e que estejam preparados emocionalmente e academicamente para esse mundo, desenvolvendo trabalhos que envolvam seus alunos com aulas passeio, dramatização, lúdico, projetos, situações de desafios e também assuma-se como parceiro nas atividades, de modo que a aprendizagem ocorra num ambiente cognitivo cheio de afetividade, relação e motivação.
Assim, a afetividade no ambiente escolar pode ser compreendida como um estímulo que gerara entre os envolvidos uma relação de respeito, tolerância, segurança, auto-estima, autoconfiança, etc. Pois, a pedagogia afetiva além de trazer todos esses benefícios também gera motivação.
A motivação é o processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Isso significa que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma necessidade, um desejo, uma intenção um interesse, uma vontade ou uma predisposição para agir. Na motivação está também incluído o ambiente que estimula o organismo e que oferece o objeto de satisfação. E, por fim, na motivação está incluído o objeto que aparece como a possibilidade de satisfação da necessidade. (BOCK, 1999, p. 121)
É a partir da motivação que todo indivíduo é levado a desenvolver-se, ao realizar algo sem ela nada ocorrerá, pois haverá falta de atenção e concentração. Por isso, motivar-se é estar cheio de vontade em realizar e é isso que nos move a tudo na vida, inclusive a aprender.
Porém, Bock (1999, p. 121) nos afirma também que a preocupação do ensino tem sido a de criar condições tais, que o aluno "fique a fim" de aprender.
Diante deste contexto, vejo que motivar passa a ser também um trabalho de atrair, encantar, prender a atenção, seduzir o aluno, descobrir estratégias, fornecer estímulos e recursos, utilizando o que o sujeito gosta de fazer como forma de engajá-lo no ensino.
Desse modo, o educador tem o dever de se motivar em primeiro lugar para que assim motive e encante seus alunos, mostrando-lhes a magia do aprender e que eles possam perceber a importância da conquista pessoal adquirida por eles mesmos.
Pois, a motivação atua de forma construtiva levando o aluno a acreditar em seu potencial de construção do aprendizado.
Quando essa motivação acontece o educando vê o educador como uma peça propulsora ao crescimento e ao desenvolvimento de suas próprias habilidades, despertando em si sua inteligência cognitiva resultando no processo e ensino-aprendizagem.

Dimensões afetivas na relação professor ? aluno

Diante dos estudos até aqui realizados, fica claro que é pela mediação do outro que as manifestações afetivas ganham significado, sentido, favorecessem a evolução do aluno e contribuem para o processo de aprendizagem.
Para que isso aconteça é necessário a real e profunda interação afetiva entre as partes envolvidas nesse processo, para que a construção e o desenvolvimento cognitivo-afetivo-social ocorram plenamente para ambos, como pessoas.
Na relação entre professor e aluno, para haver desenvolvimento, fazem-se necessários harmonia, respeito e percepção. A cada momento ou em cada ação desencadeada, conhecimentos e afetos são mobilizados e mudanças ocorrem nos sujeitos envolvidos na relação.
Nesse sentido, é preciso considerar o fato de que quando o professor é comprometido com o aluno e busca uma educação de qualidade, fazendo do seu aluno alvo do processo ensino ? aprendizagem cumpre com seu papel de orientador e de mediador, ultrapassando a mera condição do ensinar.
No entanto, ser professor é uma tarefa que requer amor e habilidade, assim, como já dizia Paulo Freire "não há educação sem amor" e ensinar exige querer bem aos educandos, o que não significa querer bem a todos os alunos de maneira igual.
Segundo Freire (1996, p. 141) o que não se pode permitir é que esta afetividade interfira no cumprimento ético do dever de professor, não se pode condicionar a avaliação do trabalho escolar de um aluno ao maior ou menor bem querer que se tenha por ele.
Assim, o professor deve se auto-avaliar e refletir sobre suas posturas diante do grupo. A relação entre professores e alunos deve ser uma relação dinâmica, como toda e qualquer relação entre seres humanos.
Na sala de aula, os alunos não são objetos que o professor pode manipular jogar de um lado para o outro, o aluno não é um depósito de conhecimentos memorizados, mas sim, um ser capaz de refletir, de pensar, discutir, ter opiniões, participar, decidir o que quer e o que não quer, ou seja, o aluno é um ser humano que deseja e necessita ser amado, aceito, acolhido e ouvido para que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado. (SALTINI, 2008, p. 100)
Portanto, para exercer sua real função, o professor precisa aprender a combinar autoridade, respeito e afetividade, precisa saber estabelecer normas deixando claro o que espera dos alunos, respeitando a individualidade, pois ainda que precise atender um aluno em particular, a interação deve estar direcionada a todos em torno dos objetivos e do conteúdo da aula.
Outros fatores eu geram situações de conflitos entre professores e alunos segundo Galvão (2004, p. 104) são as agitações motoras, dispersão, crises emocionais, desentendimentos, indisciplinas. E a irritação, raiva, desespero e medo são manifestações que costumam acompanhar as crises, funcionando como "termômetro do conflito".
Porém a autora (2004) nos afirma que quanto maior a clareza que o professor tiver dos fatores que provocam os conflitos, mais possibilidades terá para controlar a manifestação de reações emocionais, e em consequência encontrará caminhos para solucioná-los.
Os métodos de ensino também podem prejudicar a aprendizagem e gerar conflitos na relação professor ? aluno, pois se o professor for autoritário e dominador, não permitirá que os alunos falem de suas idéias e hipóteses, o autoritarismo coloca o aluno em posição passiva e não interativa, prejudicando seu desenvolvimento e sua compreensão do mundo.
Professores que usam da autoridade para fazer imposições, ameaças intimidando os alunos a prestarem atenção, retirando até mesmo da sala de aula por comportamento inadequado ou impondo que o aluno entregue um trabalho em um tempo determinado, ou que acreditam que a culpa é somente do aluno quando os resultados não condizem com as suas expectativas, demonstram atitudes que gerarão alunos ainda mais rebeldes, desinteressados e distraídos que não conseguem aprender por falta de autonomia, pois ninguém se sente bem quando oprimido e desmotivado. Ouvir uma aula que não lhe desperta interesse algum ou realizar um trabalho sobre um tema sem um real sentido próprio, ou ficar sentado durante horas seguidas ouvindo um professor que se considera o dono do saber significa ignorar seu aluno considerá-lo como um tronco oco. Ou seja, nessas circunstâncias, o aluno sente-se excluso e sem vontade não aprendendo, pois a imposição de aulas e atividades desinteressantes só poderá resultar em mais frustrações e revoltas.
Assim, vemos que tais posturas não contribuem em nada para que o professor obtenha o respeito e a disciplina tão desejada em sala de aula.
Por outro lado, métodos didáticos que possibilitem o diálogo, a livre participação do aluno, a discussão e a troca de idéias, com certeza é o melhor caminho para resolver conflitos, além de contribuir de forma decisiva para a aprendizagem e o desenvolvimento da personalidade dos educandos.
O professor precisa compreender o aluno e seu universo sócio ? cultural, e mais uma vez ressalto "precisa amá-lo", a prática pedagógica deve sempre prezar pelo bem estar do educando. Acredito que quando o professor entende a importância de amar e ouvir seus alunos, isso sim fará com que seus alunos o ouçam e aprendam. Também a troca será mutua e os alunos aprenderão com mais gosto e facilidade e assim mais e mais professores notáveis e inesquecíveis passarão pela vida de nossos alunos deixando marcas e aprendizagens positivas.


Metodologia

Esta pesquisa apresenta enquanto objetivo trazer esclarecimentos sobre a importância da afetividade no processo de ensino aprendizagem e está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.
Os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos seguintes autores: Arantes; Bock; Carvalho e Cuzin; Freire; Galvão; Leite; Saltini. Que contribuíram ricamente com a pesquisa.

Considerações Finais

Concluo esta pesquisa acreditando que escolhi este tema, a fim de melhorar a minha prática pedagógica e também socializar este assunto com outros educadores que compartilham do mesmo desejo de atender satisfatoriamente as necessidades dos alunos.
E também por ter trabalhado com alunos que apresentaram muitos problemas de aprendizagem nos quais tenho a convicção de que boa parte destes problemas estavam relacionados com a carência afetiva.
Em sala de aula enfrentei problemas com alunos que não tinham controle emocional, que ora se mostraram muito agressivos e ora carentes demais.
E hoje, diante da minha pesquisa, vejo que muito mais poderia ter feito pelos alunos que já passaram por mim. Durante a escrita deste artigo e quando estava lendo as bibliografias foi inevitável não lembrar alguns momentos que vivi com meus alunos, do modo em que agi e de palavras que proferi e pensei que com certeza, eu poderia sim, ter agido de forma diferente com mais compreensão, demonstrando mais afeto ou dando mais liberdade para que eles se expressassem, enfim, esta pesquisa me fez repensar o meu papel como educadora em todos os sentidos.
Entendi que a afetividade compreende o estado de ânimo ou humor e é responsável pela maneira que o indivíduo se relaciona com o seu meio, tendo grande influência sobre o pensar e o fazer do mesmo.
E agora, mais do que nunca acredito que o aluno precisa ser amado e que nós educadores somos sim escultores da emoção, que é preciso haver olho no olho, que é preciso formar alunos questionadores e reflexivos e para que esses objetivos sejam alcançados a prática da pedagogia afetiva contribui para o processo de ensino-aprendizagem.
E diante deste contexto, percebo que a atuação de um psicopedagogo pode trazer muitos benefícios para a relação professor ? aluno e para o processo de ensino aprendizagem, pois este profissional trabalha como um mediador, e está preparado para a prevenção, diagnóstico e o tratamento dos problemas de aprendizagem escolar, é um orientador que poderá ajudar professores, pais e alunos.
Através de um diagnóstico o psicopedagogo identifica a causa do problema, com a aplicação de testes, atividades pedagógicas, jogos etc., trabalha de forma terapêutica e poderá atuar em parceria com o professor a fim de juntos alcançarem a melhoria das condições de relacionamentos e do processo de ensino e aprendizagem.
Uma orientação oferecida pode propiciar um ambiente saudável e favorável à aprendizagem, bem como trabalhar a questão da afetividade na relação professor - aluno, a confiança, o respeito mútuo e a valorização de todos envolvidos no processo.
Acredito ainda que, a escola não deverá se limitar à instrução, mas direcionar-se ao indivíduo como um todo, desenvolvendo a integração das dimensões afetiva, cognitiva e motora. Pois é preciso levar o aluno a elevar sua auto-estima, ter confiança em si mesmo, ter respeito por si próprio, pois uma pessoa que é bem estimulada afetivamente na infância no futuro tornar-se-á um adulto determinado e autoconfiante.

Referência bibliográfica

ARANTES, V. A. Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 2003.

BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

CARVALHO; CUZIN. A Psicopedagogia Institucional e sua atuação no mercado de trabalho. Campinas, SP: Fe/Unicamp, 2008.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GALVÃO, I. Henri Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 13ª ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

LEITE, S. A. S. Afetividade e práticas pedagógicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

SALTINI, C. J. P. Afetividade e inteligência. 5ª ed. Rio de Janeiro: Wak, 2008.