1.     INTRODUÇÃO

 

 

Este trabalho aborda uma questão inerente à vida de todas as pessoas. Afinal nunca alguém esteve alheio às finanças pessoais em toda a história da humanidade. Este tema sempre esteve intrigando a vida de indivíduos, fosse ele um grande pensador, filósofo, cientista, profeta, imperador, militar ou mesmo uma pessoa comum.

Poderia aqui ser estudado o comportamento humano, em relação ao consumismo exacerbado, tal insaciabilidade, que animais de outras espécies não possuem, seria enriquecedor também. Porém o presente trabalho não vai se ater a isso, já que não foi o objeto da pesquisa. Mas, ilustrará a ideia do quando a Educação Financeira juntamente com a administração está presente em nossas vidas, assim também seus conceitos e métodos, que sem a devida aplicabilidade se torna um conhecimento nulo, por não possuir efeitos pela simples teoria. O endividamento e a inadimplência tornam-se cada dia mais comum nos países em desenvolvimento e as pessoas devido ao descontentamento e a preocupação, trazem para si problemas sociais, psicológicos e até problemas em sua saúde física. 

Caberá, ao primeiro tópico o esclarecimento acerca de Conceitos de Administração Geral, que Maximiano (1995, p. 60) é enfático ao afirmar que administrar é o processo que tem como finalidade garantir a eficiência e eficácia de um sistema. Ressalta-se que, a falta de educação financeira causa excesso de inadimplentes na população. Adiante, o segundo tópico mostra a importância do planejamento estratégico e conceitos de administração financeira como ciência. Neste assunto Cherobim (2010, p. 1), escreve que administração financeira pessoal é a ciência que estuda a aplicação de seus conceitos nas decisões financeiras de uma pessoa ou família, com o objetivo de proporcionar uma vida confortável.

Já, o desenvolvimento do trabalho apresenta um paralelo entre cada etapa da vida humana e suas respectivas fases financeiras. Uma breve exposição com a relação do homem com as finanças em cada faixa etária, as necessidades e os posicionamentos estratégicos mais indicados, baseado no planejamento estratégico.

O conteúdo explorado está da forma metodológica de pesquisa bibliográfica através de livros, artigos e sites especializados. Identificando pontos em comum dos autores abordados para maior enriquecimento, compreensão e a consolidação do objetivo proposto. Neste contexto, parece que existe ligação do ser humano ao descontrole financeiro dado uma condição econômica favorável em um contexto capitalista atual que favorece o consumo exacerbado, e sendo assim, esta relação torna o ser humano vulnerável às condições do mercado ofertante. Uma das alternativas correntes está na obtenção de conhecimento para aplicar os conceitos de educação financeira e do uso planejado de orçamento familiar como forma de minimizar a inadimplência, a dependência de recursos de terceiros e estabelecer o crédito no mercado.

2.     CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEORIA GERAL DE ADMINISTRAÇÃO

 

 

A teoria geral da administração são conceitos básicos desta importante ciência, pois mostra alguns princípios e definições que ajudarão a compreender melhor o tema consequentemente o objetivo proposto.

Chiavenato (2003) observa que, o mundo de hoje é uma sociedade composta de organizações. Para o autor todas as atividades são voltadas para a produção de bens (produtos) ou para a prestação de serviços (atividades especializadas) e são planejadas, coordenadas, dirigidas e controladas dentro de organizações. Assim todas as organizações são constituídas de pessoas e de recursos não humanos (como recursos físicos e materiais, recursos financeiros, recursos tecnológicos, recursos mercadológicos etc.). O autor comenta que a vida das pessoas depende das organizações e estas dependem do trabalho daquelas que nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, se divertem, são tratadas e morrem dentro de organizações. Desta forma, as organizações são extremamente heterogêneas e diversificadas, de tamanhos diferentes, de características diferentes, de estruturas diferentes, de objetivos diferentes.

Para Maximiano (1995, p. 60) “administrar é o processo que tem como finalidade garantir a eficiência e eficácia de um sistema”. Para o autor administrar vai além de controlar, gerenciar e definir diretrizes e prioridades. É todo o processo que torna mais eficaz um sistema. Chiavenato (2003) comenta que existem organizações lucrativas (chamadas empresas) e organizações não lucrativas (como o Exército, a Igreja, os serviços públicos de natureza gratuita, as entidades filantrópicas etc.). O autor observa que a Teoria das Organizações (TO) é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizações em geral. Pelo seu tamanho e pela complexidade de suas operações, as organizações quando atingem certo porte precisam ser administradas e a sua administração requer todo um aparato de pessoas estratificadas em diversos níveis hierárquicos que se ocupam de incumbências diferentes. Conforme o autor a administração nada mais é do que a condução racional das atividades de uma organização seja ela lucrativa ou não lucrativa. Assim a administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorrem dentro de uma organização e torna se imprescindível para a existência, sobrevivência e sucesso das organizações. Finaliza o autor que sem a Administração, as organizações jamais teriam condições de existir e de crescer.

Neste contexto, administração torna-se uma das principais ciências devido à necessidade do ser humano em aplicar as ferramentas de gestão e controle em sua vida pessoal, mesmo que não seja um profissional da área. Em um mundo em que as mudanças acontecem de forma rápida e constante, o planejamento torna-se indispensável tanto nas organizações como também para o indivíduo pertencente a uma sociedade capitalista que gera a necessidade ao consumo de bens e serviços a todas as classes sociais, observado no cenário político dos últimos anos com o caráter neoliberal.

2.1 A importância do Planejamento Estratégico

 

O planejamento estratégico é um instrumento da administração que nos permite fazer uma projeção, antevendo diversos problemas que poderão surgir, tendo em visto algumas variáveis e levando em consideração todos os cenários possíveis.

Abreu (2010) define o planejamento como “a ferramenta administrativa que possibilita a percepção da realidade, a avaliação dos caminhos e a construção de um referencial futuro”. Prossegue o autor tecendo que é um processo contínuo, composto de várias etapas, funcionando de forma não linear em decorrência de haver variabilidade nas empresas. O autor afirma que essa variabilidade é resultante de forças externas, bem como das pressões internas.

Para Tavares (apud LUNKES, 2000), a primeira fase do planejamento floresceu na metade do século XX, nos Estados Unidos, momento em que o planejamento passou a ter uma crescente aceitação, por intermédio do orçamento. Lunkes (2009, p. 2) explicita que, nos anos 1960, surgiu o planejamento de longo prazo, o qual tinha como principais características a projeção de tendências e a análise de lacunas. Ackoff (apud LUNKES, 1976, p. 15), sintetizou este pensamento, escrevendo que o futuro poderia ser melhorado por uma intervenção ativa no presente.

Após isso, surgiu o planejamento estratégico, mais precisamente nos anos 1970. Segundo Lunkes (2009, p. 2), estes anos são considerados a “idade de ouro da estratégia empresarial”, visto que, houve uma proliferação de conceitos, de escolas de administração, de empresas de consultoria estratégicas e de planejamento.

Correa (2008) define o Planejamento estratégico como o processo de elaborar a estratégia, relacionando a organização e o ambiente. Já Cunha (apud LUNKES, 2000) o conceitua como um processo que consiste na análise sistemática dos pontos fortes da empresa e das oportunidades e ameaças do ambiente. Lunkes (2009, p. 2) defende que o tempo delimitado para o planejamento estratégico é de cinco ou mais anos, sendo que este normalmente abrange informações qualitativas, decidindo para onde a empresa vai, avaliando o ambiente no qual ela operará e desenvolvendo estratégias para atingir o objetivo pretendido.

Obviamente, os conceitos citados, a respeito do planejamento, são perfeitamente aplicáveis aos indivíduos, no âmbito de suas finanças pessoais, sendo, de igual maneira, fundamental na definição do destino econômico da família. Nakata (2009) explica que o Planejamento Financeiro Pessoal e Familiar tem como objetivo auxiliar as pessoas na criação de uma estratégia precisa para acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa ou de uma família. Portanto pode-se afirmar que o planejamento é algo essencial para adquirir e expandir um patrimônio de sucesso.

Já Cherobim (2010, p. 28-29) aplica tais conteúdos nas finanças pessoais ao escrever que o planejamento está relacionado aos objetivos de vida, iniciando-se com o plano estratégico pessoal. Para a autora, o primeiro passo é uma reunião das informações que a realidade proporciona, o segundo é a identificação dos pontos fortes e dos pontos fracos individuais nessa realidade e o terceiro passo consiste na expressão de onde se pretende chegar. Desta forma o indivíduo deverá definir o que quer da vida agora, no próximo ano, daqui a cinco anos, daqui a dez anos e para o restante de sua vida. Finalmente, o quarto passo é a definição dos objetivos, no curto, médio e longo prazo.

De acordo com Kodorna (2011) ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método cientifico. Para o autor a administração financeira possui um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais. O autor observa que uma das provas disto são eventos financeiros, que têm uma natureza definida e se apresentam claros, quanto sua extensão, exigindo um conhecimento técnico, posturas mentais diferenciadas para a tomada de decisão.

De acordo com Cherobim (2010, p. 1), administração financeira “é a ciência que estuda a aplicação de seus conceitos nas decisões financeiras de uma pessoa ou família, com o objetivo de proporcionar uma vida confortável”. Para a autora, é óbvio que, em uma atmosfera econômica favorável, fica muito mais fácil enfrentar os momentos de adversidade inerente ao cotidiano, além de permitir ao indivíduo a busca por realidades mais vultosas como a compra de uma casa, de um carro, a viagem dos sonhos ou o início do próprio empreendimento. Assim uma das ferramentas imprescindíveis para as finanças pessoais é o planejamento. Segundo Iudícibus (2008, p. 25) o define como “o processo de decidir que curso de ação deverá ser tomado para o futuro”. Segundo o autor, este processo consiste em considerar vários cursos alternativos de ação e decidir qual o melhor.

 

 

2.2 Educação Familiar

 

Segundo Carvalho (2012) a primeira educação vem dos nossos pais, eles nos ensinam o que é certo e errado, nos fazem refletir sobre nossos atos e escolhas. É muito importante cuidarmos dos nossos filhos, procurando sempre escutá-los, educá-los. Para a autora deve-se estar presentes em todos os momentos, hoje em dia, os pais trabalham fora o dia inteiro e não tem tempo para os filhos, o que não deveria acontecer. Continua a autora tecendo que já viu casos de os pais deixarem os filhos o dia inteiro na escola, as crianças ainda tem que fazer curso de idiomas, dança, etc. Essas crianças tornam- se extremamente carentes de carinho, atenção.

Escreve Carvalho (2012) que a criança acaba chegando em casa para jantar e dormir, em muitos casos os pais não se preocupam se os filhos fizeram a lição de casa, se alimentaram direito. E no outro dia começa tudo novamente. Segundo o autor é necessária a presença dos pais na vida dos filhos, não somente garantindo uma boa educação escolar, mas sim uma boa educação familiar, que é a estrutura do adulto de amanhã.

Em suma, a proximidade dos pais na vida seus filhos é algo inegociável, tal proximidade que além de trazer intimidade e fortalecer os vínculos afetivos, torna a educação mais eficiente através de ensinamento do cotidiano e do exemplo. O que se percebe é que os pais de hoje querem terceirizar esta responsabilidade influenciando possivelmente no comportamento futuro de seus filhos.

2.3 Orçamento Familiar

 

Welsch (apud LUNKES, 1973) conceitua orçamento, como um plano administrativo que abrange todas as fases das operações para um período futuro definido. Catelli (apud LUNKES, 1972) destaca o orçamento, como uma base parcial para uma subsequente avaliação de desempenho, enquanto Tung (apud, LUNKES, 1994), foca no conceito de um plano de trabalho que deve ser coordenado e controlado. Segundo Lunkes (2009, p. 27), o orçamento se preocupa com a implementação do programa aprovado pelo planejamento estratégico, traduzindo os planos de longo prazo, em um plano operacional anual.

Lunkes (2009, p. 24) também afirma que, a necessidade de orçar é tão antiga quanto à humanidade. Segundo ele, os homens das cavernas precisavam prever a necessidade de comida para os longos invernos, desenvolvendo, assim, rústicas práticas orçamentárias. O autor ainda explica que existem vestígios de orçamentos elaborados antes da origem do dinheiro. Para Lunkes (2009, p. 24), a prática contemporânea do orçamento tem suas raízes no desenvolvimento da Constituição inglesa, de 1689. Segundo a mesma, o rei, e depois, o primeiro-ministro, poderia cobrar certos impostos ou gastar recursos, porém, somente com a aprovação do parlamento. Já no Brasil, Zdanowicz (apud LUNKES, 1983) expõe que o orçamento passou a ser estudado a partir de 1940, tendo seu ápice a partir de 1970, quando empresas passaram a adotá-lo com mais frequência.

Schaeppi (2008) ressalta a importância do orçamento para a empresa, ensinando que ele tem como início, a definição dos objetivos que a organização almeja alcançar, passando pela análise dos pontos fortes e das limitações da empresa. Corroborando com a afirmação, Wolf (apud LUNKES, 2000) que, o plano estratégico, o orçamento, o fluxo de caixa, bem como os relatórios financeiros e contábeis são instrumentos de condução que permite à empresa chegar onde pretende.

No que tange ao orçamento familiar, Ares (2009) alega que, o orçamento familiar não é apenas anotar as despesas realizadas. Para ele, este processo envolve o planejamento, a eleição de prioridades, o controle do fluxo de caixa. Ademais, Ares (2009) defende que o orçamento ajudará o indivíduo no entendimento de seus hábitos de consumo.

3.     A EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO BRASIL

 

 

Conforme Monteiro (2010), em países desenvolvidos, o tema finanças pessoais ou Educação Financeira já se encontra em estágio avançado, constando inclusive da grade curricular das escolas. Além disso, o pesquisador e professor do Laboratório de Finanças (Labfin) da Fundação Instituto de Administração (FIA) Saito (apud MONTEIRO, 2010) mostra, em estudo, que o processo de educação financeira está se desenvolvendo de forma mais intensa nos Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália, Nova Zelândia e Coréia do Sul. Por outro lado, na América Latina e no Leste Europeu, que compreendem países não desenvolvidos, o ritmo de ações no sentido de aprimorar o conhecimento financeiro da população, ainda é bastante lento.

Ao analisar as iniciativas existentes nos Estados Unidos, Saito (apud MONTEIRO, 2010) observou que a educação financeira é um assunto que consta do currículo escolar em 48 Estados, além do Distrito de Columbia. O autor observa que nos Estados Unidos, percebe-se uma grande diversidade de grupos envolvidos no processo de educação em finanças pessoais, de modo que a participação de órgãos governamentais, instituições financeiras e do terceiro setor ocorre, concomitantemente, com a ação do sistema de ensino formal.

Conforme Saito (apud MONTEIRO, 2010) no Reino Unido, o tema é facultativo desde 2001. Além disto, o assunto está inserido em outras matérias estudadas pelos alunos durante a vida escolar. No Japão, segundo Saito (apud MONTEIRO, 2010), verifica-se a participação das principais instituições financeiras privadas. O sistema de ensino insere a economia doméstica nas grades curriculares. "No caso japonês, a formação de poupança está muito ligada à história do país, à preocupação de reconstruir a nação depois da Segunda Guerra Mundial", diz.

Saito (apud MONTEIRO, 2010) ainda afirma que quando o assunto é tratado no Brasil, é mais focado no aconselhamento, do tipo “como conseguir o primeiro milhão”, por exemplo. Na opinião do professor, ainda que algumas unidades de ensino no país estejam colocando em suas grades curriculares a educação em finanças pessoais, faz-se necessária a promoção da inclusão do tema nos currículos brasileiros de forma mais ampla. Por conseguinte, ele comenta que esta demanda é coerente com os interesses sociais predominantes e relevantes para o desenvolvimento econômico do país.

Savoia (2007) explica que:

“nas últimas duas décadas, três forças produziram mudanças fundamentais nas relações econômicas e sociopolíticas mundiais: a globalização, o desenvolvimento tecnológico e alterações regulatórias e institucionais de caráter neoliberal.”

Para Savoia (2007), tal fato levou os países desenvolvidos a desviarem o foco de seus programas de seguridade social, havendo, diante disto, um rompimento do paradigma paternalista do Estado. Assim, nos países desenvolvidos houve a compreensão, por parte do Estado, de que o indivíduo deve ter vida financeira própria, não se confundindo com a da pessoa estatal, substituindo, assim, seu maior dispêndio com seguridade social por investimentos na educação de seus nacionais.

Segundo Costa (2014) a pesquisa divulgada no final do mês de janeiro aponta a falta de educação financeira do brasileiro. Para o autor, temos ainda pouco conhecimento sobre nossas finanças, independentemente do estrato social, oito em cada dez entrevistados não sabem como controlar as despesas. Foi o que revela uma pesquisa nacional feita em dezembro passado com cerca de 650 pessoas pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

 

Tabela 1 Pesquisa de Educação Financeira 2014

Renda das pessoas entrevistadas

Percentual de conhecimento sobre finanças pessoais

Até R$ 1.330,00

16%

De R$ 1.331,00 a R$ 3.140,00

15%

Mais de R$ 3.141,00

24%

Fonte: Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 2014.

 

Conforme Costa (2014), a pesquisa mostra que apenas 18% dos entrevistados têm bom conhecimento sobre as finanças pessoais, somente em 16% dos domicílios com renda mensal de até R$ 1.330, o chefe da família tem conhecimento sobre as finanças da casa. Essa fatia cai para 15% no caso das famílias com rendimentos entre R$ 1.331 e R$ 3.140 e avança para 24% para aquelas com receita acima de R$ 3.141. Corrobora o autor analisando que, mesmo no estrato de renda mais elevado, o percentual é baixo, neste estrato, menos de ¼ das famílias tem pleno conhecimento das finanças.

Costa (2014) escreve que, a pesquisa identifica a falta de disciplina para registrar todos os gastos está entre as maiores dificuldades que os brasileiros enfrentam na hora de fazer o planejamento financeiro das contas, outras dificuldades levantadas foram: reunir todas as informações, recordar todos os pagamentos que não constam no extrato bancário, falta de tempo e não saber calcular a taxa de juros. Para o autor, isso tem como consequência da falta de controle, 36% dos entrevistados afirmaram ter deixado de pagar ou ter quitado com atraso alguma conta nos últimos 12 meses. Conforme o autor, entre as contas pagas em atraso, destacam-se as faturas de cartão de crédito (para 31% dos entrevistados) e as despesas fixas, como água, luz e telefone (para 28% dos entrevistados). Segundo o autor, a pesquisa entrevistou 656 consumidores em todas as capitais brasileiras, cujo a margem de erro é de 3,8 pontos percentuais e a margem de confiança é de 95%.

Tabela 2 Produtos líderes de compra parcelado.

Classificação

Produtos Líderes de compra financiados ou Parcelados

Roupas e calçados

Eletrônicos (Celular, Computador, TV e etc.)

Eletrodomésticos

Móveis

Viagens

Fonte: Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 2014.

3.1 Diferentes estratégias em cada estágio da vida

 

Para Cherobim (2010, p. 7), uma estratégia financeira não será sempre adequada para o indivíduo, ao longo de sua vida. A autora comenta que, a postura de planejamento deve se amoldar à fase do indivíduo e no caso dos jovens, eles tem tempo, energia, disposição para erros e acertos e podem arriscar profissões, gastar com coisas supérfluas ou viver sob tutela de pais ou avós. Assim com o passar dos anos as necessidades humanas mudam e à medida que envelhece, passa a utilizar-se de algumas mordomias, visto que já não tem mais a mesma disposição de outrora. Em outras palavras, os pontos fortes e os pontos fracos de uma pessoa mais nova se diferenciam em relação a uma mais experiente, bem como as ameaças e oportunidades proporcionadas pelo ambiente externo variam no decorrer da vida. Desta forma, faz-se necessária a adoção de diferentes estratégias no planejamento financeiro em cada fase.

Schwalfemberg (2010) faz um paralelo entre as cinco fases da vida do homem, o Homo Sapiens: infância, puberdade, adulto jovem, meia-idade e velhice, com as fases que compõem o ser humano no aspecto financeiro, definido por ele como Homo Ecônomus, raça composta de mais de seis bilhões de membros, que, segundo o especialista, nasce consumindo, vive consumindo, e morre consumindo. Divide Schwalfemberg (2010), a vida do Homo Ecônomus em cinco fases distintas: Partida, Acumulação, Estabilização, Retribuição e Prorrogação.

A tabela 3 apresenta as principais contribuições dos autores pesquisados em relação ao planejamento financeiro e orçamento familiar.

 

 

Tabela 3 Percepções convergentes

AUTORES

PERCEPÇÕES E PENSAMENTOS EM COMUM

Savoia (2007); Monteiro (2010); Saito (2010).

 

Os países desenvolvidos estão bem em relação à educação financeira. Já os países subdesenvolvidos como o Brasil ainda não deram passos significativos sobre este tema.

Schwalfemberg (2010); Garcia (2012); Buchalla(2009); Cherobim (2010); Carvalho (2012).

 

A responsabilidade de educar em todas as esferas, inclusive financeiramente as crianças são dos pais.

Schwalfemberg (2010); Cerbasi (2004); Wiltgem (2012).

 

Importante que administração financeira seja aplicada em família como um orçamento doméstico onde todos participam.

Cherobim (2010); Schwalfemberg (2010).

 

A estratégia financeira não será sempre a mesma para a vida inteira, pois ela terá que ser adequada a diversas fases da vida.

Ares (2009); Shaeppi (2008); Lunkes (2009).

 

O orçamento é fundamental para o planejamento, controle de caixa e a eleição de prioridades. Com o orçamento se chega a onde pretende.

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.1.1 Homo Ecônomus: Fase da partida

 

Abrange as fases da infância e da adolescência, sendo do nascimento aos 18 anos, na classificação de Schwalfemberg (2010). Afirma o autor que essa fase começa antes mesmo da maternidade, visto que a partir da concepção, já aparecem às primeiras despesas. Após isso, nasce um ser humano cheio de necessidades e vontades, que vão muito além da subsistência. Ressalta Schwalfemberg (2010), que do nascimento aos 18 anos, os pais desse pequeno Homo Ecônomus bancarão alimentação, educação, saúde, vestuário, lazer, além de outras despesas. A ameaça externa para a criança aqui é a deficiência no sustento de alguma destas despesas fundamentais para o seu desenvolvimento. Já, o ponto fraco é o fato de somente consumir nesta fase, não sendo fonte de recursos para a família.

Para Garcia (2012) a decisão de conceder mesada aos filhos pequenos, bem como determinar o valor e a maneira, é um dilema que os pais enfrentam, no que tange a tempo e valor. Para o autor, outro desafio, é o fato de a criança com menos de sete anos de idade ainda não ter noção do que é poupar para comprar depois e passada esta idade, ela já pensa em ganhar o próprio dinheiro, sendo este o momento ideal, segundo Garcia (2012), para se ensinar a noção de preço dos produtos que ela consome. Ainda um ponto forte nesta fase é a abertura e facilidade para aprendizado que o indivíduo possui.

No entanto, Buchalla (2009) alerta para que os pais não cometam o exagero de querer mostrar, detalhadamente, toda a realidade financeira da família, pois induz o pequeno indivíduo a pensar que custa muito dinheiro para família, gerando angústia na criança. Por outro lado, Buchalla (2009) diz que, os adultos não podem também dar um padrão irreal para os filhos. Isto distorce a visão de valores da criança, tornando-a um adulto que consome, mesmo sem possibilidades, só para demonstrar um poder aquisitivo que, na realidade, não tem. Outro erro bastante comum, de acordo com Buchalla (2009), é a ideia de que os filhos tem de aprender a poupar, somente. Assim, diante do fato de que, nesta fase, o indivíduo só consome, existe a grande oportunidade de se aplicar uma educação financeira mais abrangente, que ensine o pequeno homo economus a gastar corretamente, também.

Buchalla (2009) entende, como ameaça externa para a criança, os pais a orientarem de maneira inadequada, fato que é decisivo na formação de pontos fracos, nela quando adulta. Desta forma a falta do ensino de valores, ou a instrução inadequada destes, será um problema na formação do intelecto financeiro que por outro lado, os pais têm a oportunidade de instruir corretamente, a fim de que, o pequeno indivíduo passe a desenvolver pontos fortes para as finanças desde já. Neste sentido, Buchalla (2009) apresenta como boa estratégia para a educação adequada da criança, práticas, com o intuito de demonstrar o valor das coisas, como, por exemplo, uma economia para comprar um brinquedo desejado, ou fazer uma viagem de férias. Tais experiências levam o pequeno indivíduo ao aprendizado de que, os objetos desejados tem um preço e que podem se arrepender de algumas compras. Isto ajudará a criança a desenvolver um senso financeiro equilibrado.

Cherobim (2010, p. 8) corrobora com a ideia, ressaltando a importância dos padrões de finanças estabelecidos na infância, visto que os critérios estabelecidos pelas pessoas que convivem com o pequeno indivíduo, certamente, nortearão sua vida financeira. De acordo com a autora na adolescência, segunda subfase da etapa partida, as finanças não mudam muito, visto que o adolescente, via de regra, continuará improdutivo financeiramente, ou, no máximo, terá uma renda diminuta como menor aprendiz. Assim a diferença é que este estágio tem maior influência na formação da base profissional do indivíduo.

Cherobim (2010, p. 9) comenta que, “a adolescência é a fase pessoal de abrir portas, em todas as áreas, devendo o jovem sair, praticar esportes, formar um grupo de amigos, divertir-se, usar alguns produtos da moda, bem como viver experiências.” Estas práticas auxiliarão na formação de uma pessoa equilibrada, que conhece a vida e vai ter opção de escolher o caminho a seguir. Portanto, para a autora, esta postura estratégica é a ideal para formar a personalidade financeira do jovem que, em breve, adentrará ao mercado de trabalho.

 

3.1.2 Homo Ecônomus: Fase da acumulação

 

Ao completar 18 anos, o homo economus entrará na etapa da acumulação, na classificação de Schwalfemberg (2010). A fase da acumulação é compreendida dos 18 aos 35 anos. No início desta fase, o indivíduo está iniciando um curso superior e tem a possibilidade de buscar uma renda própria, como um estágio na área acadêmica. Para Schwalfemberg (2010), é provável que até o final da faculdade, o homo economus ainda terá o suporte financeiro dos pais. Após a colação de grau, duas décadas de usufruto do que os outros produziram, enfim, é chegado o momento do primeiro emprego formal, ou seja, a independência pode começar a ser realidade para o indivíduo. Este aspecto é um ponto forte desta fase. A partir de então surgem os grandes desafios: o primeiro carro, o casamento, a casa própria, o primeiro filho, outro carro, outro filho, a quitação dos financiamentos, uma casa maior, enfim, a formação do patrimônio definitivo até os 35 anos, o auge do desempenho na carreira profissional. Vale ressaltar que é de extrema importância a continuação da formação intelectual do indivíduo, não podendo o mesmo, no mercado de hoje, correr o risco de ficar desatualizado. (SCHWALFEMBERG, 2010)

3.1.2.1 Vida adulta: Casamento

 

Silva (2012) defende que, o principal marco da idade adulta é, ao contrário dos adolescentes, limitados pelo ritmo da maturação biológica e as restrições dos pais, os adultos podem escolher seus próprios caminhos de vida. Um destes caminhos é o casamento. Para o autor o ser humano deixa seus pais e se junta a uma pessoa, com a qual, dividirá tudo. Segundo o autor, é neste estágio da vida que acontece, em regra, o total desligamento financeiro com os pais.

A dificuldade de adaptação de uma nova fase segundo Galvão (2012) é que, numa união de duas pessoas, a primeira barreira que se verifica são as individualidades e que dificilmente os cônjuges têm a mesma visão de finanças. Diante disto, o autor observa que, o homo economus deverá se acostumar com a ideia de que seu dinheiro não é mais exclusivamente seu, bem como as despesas a pagar não são somente as suas.

Em sua obra “Casais inteligentes enriquecem juntos”, Cerbasi (2004, p. 56) destaca que, as finanças domésticas serão saudáveis se for praticado o sentido de união, sendo administradas em conjunto. O autor destaca que, com o casamento, passam a serem dois salários, duas cabeças pensando, duas formas diferentes de lidar com o dinheiro. Ainda o autor observa dizendo que planos comuns jamais serão construídos de modo eficiente se tudo no relacionamento for dividido e como possível resposta, é a ideia de simplificação para que a organização seja facilitada.

O autor sugere que, a separação de uma espécie de mesada individual, igual para os dois, para que cada cônjuge gaste como bem entender ao longo do mês. Para Wiltgen (2012), o objetivo desta medida é tentar conservar a individualidade de cada membro do casal, da mesma forma que é mantida a igualdade.

 

3.1.2.2 Vida adulta: Filhos

 

Para Cerbasi (2004, p. 83) é indubitável que um filho altera profundamente a vida do casal e salienta que a vinda do primeiro filho traz mudanças à vida do casal tão ou mais significativas do que o casamento. Para o autor, muda completamente a responsabilidade dos pais em relação a sua vida profissional e familiar, bem como os gastos da família. Destarte, o filho quando chega muda sensivelmente a rotina da mãe, especialmente quando trabalha fora.

Cherobim (2010, p. 19) explica que, é natural o ritmo de trabalho da mulher diminuir nesta fase e, além disto, uma série de gastos é acrescida ao orçamento familiar, visto que, os pais são responsáveis por todas as necessidades do recém-nascido homo economus.

Reis (2011) observa que, passados os primeiros anos, inicia-se a fase dos filhos na escola e assim coloca em patamar de maior importância o projeto pedagógico escolar na hora da escolha da instituição de ensino. Cherobim (2010, p. 20) ressalta a importância da presença dos pais no processo de matrícula dos filhos. Colocando em escolas na qual possa acompanhá-los nas atividades, mas também que possam pagar, não somente a mensalidade, mas a lista de materiais, os uniformes, os gastos com feriados comemorativos, as excursões, entre outras demandas escolares.

3.1.3 Homo Ecônomus: Fase da estabilização

 

Conforme Schwalfemberg (2010), o grande desafio do Homo Ecônomus, durante a etapa da acumulação, é estabelecer um padrão de consumo sustentável, no curto e no longo prazo, equilibrado entre uma boa qualidade de vida no presente, e a formação de um bom patrimônio para o futuro, com vistas, primordialmente, a chegada à etapa da retribuição. Mas o autor observa que, entre a fase da acumulação e a da retribuição, existe a fase da estabilização, a qual abrange o homo economus dos 35 aos 60 anos de idade. Em regra, nesta fase os filhos irão para a faculdade. No Brasil, segundo Cherobim (2010, p. 21) ainda que as vagas em universidades públicas tenham aumentado, os sistemas de cotas raciais e sociais diminuem a chance do indivíduo de classe média cursar uma faculdade pública. Um curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), por exemplo, tem um custo elevado, em relação ao salário mínimo, fato que torna quase impossível o indivíduo se sustentar para pagar a faculdade, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, conforme Cherobim (2010, p. 21). Isto representa uma grande ameaça às finanças familiares. Um ponto fraco que o Homo Ecônomus poderá apresentar nessa fase, segundo Schwalfemberg (2010), é a tendência de, ao atingir seu pico de competência, o indivíduo se permitir entrar em um processo de obsolescência ou por ser diferenciado, tornar-se muito caro para o mercado. Em ambos os casos, afirma Schwalfemberg (2010), que o provável resultado é a perda da estabilidade, traduzida em desemprego ou redução de salários.

Por outro lado, expõe Schwalfemberg (2010), os indivíduos em fase de estabilização, com carreiras que continuam ascendente, o que faz com que os recursos disponíveis só façam aumentar. O grande risco, neste caso, é um aumento desnecessário no padrão de vida. Isto pode gerar dificuldades para a fase seguinte.

 

3.1.3.1 A importância de uma Previdência privada

 

Neste contexto, apresenta-se como oportunidade para o indivíduo o investimento em Previdência Privada onde o individuo pode escolher entre dois regimes previdenciários, quais sejam o Regime de Capitalização e o Regime de Repartição Simples. Barros (2012) explica que aquele regime se baseia na ideia da poupança, sendo semelhante ao FGTS, já que as contribuições são acumuladas em fundos de pensões ou em contas específicas e aplicadas nos mercados financeiros e em outros ativos, ao longo da vida ativa do segurado, sendo o capital gerado utilizado para custear as prestações previdenciárias. Neste sentido, ao se aposentar, o indivíduo receberá, de fato, o que contribuiu ao longos de sua vida profissional, mais a capitalização que o mercado financeiro gerou.

Por outro lado, no Regime de Repartição Simples, Barros (2012) expõe que, os contribuintes do presente é que irão custear as prestações dos beneficiários atuais, tratando-se de uma espécie de pacto social entre gerações, em que os ativos financiam os inativos, de modo que, todas as contribuições recolhidas formarão recursos a serem utilizados para o pagamento dos benefícios daquele ano. Por isso, muitos denominam este sistema como regime da solidariedade. Volpi (2009) corrobora com a afirmação dizendo que a repartição simples é um regime que representa a solidariedade por excelência, idealizado pelo Estado para ser social-democrático.

Volpi (2009) destaca como desvantagem o fato de o regime de repartição simples ser mais vulnerável a obstáculos financeiros. Para ela, nem sempre haverá equilíbrio entre as contribuições efetuadas e o pagamento dos benefícios. Neste sentido, Silva Barros (2012) enumera três fatores externos que ameaçam o seu funcionamento: a evolução da estrutura demográfica, a crise do emprego e a concorrência dos fundos de pensão. Segundo Rezende (2001, p. 363-364), “o problema do regime de repartição é que ele não guarda relação direta entre benefícios e contribuições, ficando ao sabor das flutuações econômicas e das mudanças demográficas”. Por tabela, estes riscos recaem sobre o contribuinte que depende somente deste regime.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), a estrutura demográfica do Brasil está em constante evolução. No censo 2010, constatou-se que a representatividade dos grupos etários no total da população em 2010 é menor que a observada em 2000 para todas as faixas com idade até 25 anos, ao passo que os demais grupos etários aumentaram suas participações na última década. O instituto complementa que o grupo de crianças de zero a quatro anos do sexo masculino, por exemplo, representava 5,7% da população total em 1991, enquanto o feminino representava 5,5%, caindo para 4,9% e 4,7% em 2000 e chegando a 3,7% e 3,6% em 2010. Ademais, a pesquisa apresentou o aumento do topo da pirâmide. Os números mostram que a população com 65 anos ou mais, era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegou a 7,4% em 2010.

Assim, a evolução demográfica e a imprevisibilidade econômica do país aumenta a importância de o indivíduo ter um plano previdenciário que complemente o plano do INSS. Segundo Schwalfemberg (2010), o último prazo para se começar a destinar um excedente para as últimas fases financeiras da vida se dá nos 35 anos. O planejador calcula que, para se obter uma aposentadoria de 15 mil reais mensais, suficiente para um casal com casa própria e longe das dívidas viver confortavelmente, é necessário o acumulo de 3 milhões de reais até os 60 anos. Para tal, o indivíduo precisa destinar 4400 reais a um bom investimento, em todos os meses da estabilização.

Depois de tomada a decisão de aderir a um plano de aposentadoria complementar, é necessária a atenção na escolha da modalidade a ser adotada, para que haja compatibilidade entre o perfil do investidor e o investimento.

Rodrigues (2006) explica que, no VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), “a tributação do Imposto de Renda dar-se-á no momento do recebimento dos benefícios ou por ocasião de resgates de recursos efetuados, havendo incidência apenas sobre os rendimentos auferidos, de acordo com o regime tributário escolhido”. Em contrapartida, segundo Rodrigues (2006), é que não se concede ao segurado o benefício fiscal de deduzir os valores das contribuições vertidas ao plano.

Por outro lado, no PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), Rodrigues (2006) expõe que no PGBL a base de cálculo do Imposto de Renda será o valor total recebido. A vantagem é que nos planos PGBL, concede-se ao participante um benefício fiscal, no qual ele utiliza as contribuições vertidas ao plano como deduções da base de calculo do imposto.

3.1.4 Homo Ecônomus: Fase da retribuição

 

O nome da fase é exatamente o que o indivíduo vai vivenciar. Destaca Schwalfemberg (2010) que é o momento da aposentadoria, de não mais depender do dinheiro recebido por um trabalho, em suma, começar a ser retribuído por todo longo trabalho realizado até os 60 anos, em média. A pessoa pode até continuar a fazer atividades laborativas, mas, para Schwalfemberg (2010), não é saudável que dependa dela. Uma vantagem, sob o aspecto financeiro é o fato de os filhos, geralmente deixarem a dependência financeira nesta etapa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), a idade média da fecundidade passou de 26,3 anos em 2000 para 26,8 em 2010, e a média de idade em que os filhos saem de casa é de 35 anos. Isto significa so indivíduos geralmente tem suas despesas com filhos reduzida quando estes tem uma média de 61,8 anos. Segundo Yazbek (2012), quando os filhos saem de casa, a dinâmica da família muda por completo. Segundo ela, no plano financeiro, a mudança significa menos despesas no orçamento com alimentação, contas de água e luz, seguros e outros gastos aleatórios. Para Yazbek (2012), esta é uma chance de a família reorganizar suas finanças. Em outras palavras, pode-se classificar esta circunstância como uma oportunidade para se livrar da inadimplência, bem como de replanejar o orçamento doméstico, de modo que a situação financeira seja otimizada. Porém, para Schwalfemberg (2010) existem algumas novas ameaças para o homo economus. É comum existir pessoas com má-fé, que buscam se aproveitar do patrimônio formado pelo indivíduo, ao longo de sua vida, ensejando alguns cuidados nesta fase. Para Schwalfemberg (2010), é uma boa oportunidade a criação de uma cesta de investimentos que gere uma boa pensão. Uma boa opção, na visão do planejador, são os Títulos da Dívida Pública, através do Tesouro Direto.

3.1.5 Homo Economus: Fase da prorrogação

 

São os ‘Anos dourados’ que para Cherobim (2010, p. 23), é a fase que surge quando a pessoa começa a precisar de algum tipo de assistência. Schwalfemberg (2010) fixa 80 anos como o início da prorrogação, porém no Brasil, em apenas 50 anos, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou 25,4 anos e passou de 48 para 73,4, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, a tendência é que a cada década a fase da prorrogação comece mais tarde no Brasil. Um ponto fraco neste momento é a dependência que o ser humano passa a ter nesta fase da vida. Miranda (2010) argumenta que o idoso dependente é tão vulnerável quanto um bebê, ou seja, não tem condições de se alimentar sozinho, de se vestir sozinho e de defender-se, necessitando, assim, de cuidados especiais.

Miranda (2010) conclui que este dispositivo legal, via de regra, não vem sendo cumprido. A psicóloga concluiu que os filhos não querem mais cuidar de seus pais idosos, principalmente, quando eles estão doentes. Tal situação se reflete no aspecto financeiro. Desta forma, o idoso fica vulnerável a ameaças externas, como os abusos financeiros. A Ontario Association of Professional Social Workers e citada por Grossi (2003, p. 23), considera violência contra pessoas da melhor idade como “qualquer ação que cause dano físico, emocional ou financeiro ao idoso(a) cometido por uma pessoa que está numa posição de confiança, seja um amigo, familiar, vizinho ou cuidador”. Tueth (2000) postula que, essencialmente, a exploração inclui a apropriação de recursos da pessoa idosa por outrem, visando a benefício próprio através de meios desonestos. Melo Bruno (2005) entende que, o grau de intimidade e a relação de confiança entre abusador e vítima contribuem para que este tipo de abuso se concretize.

Outro desafio financeiro na prorrogação é a questão do gerenciamento dos recursos que para Cherobim (2010, p. 25) os latinos têm grandes dificuldades em encarar a morte, buscando viver como se esta nunca fosse chegar. Reforça a autora que, o ideal é planejar financeiramente a morte do indivíduo, pois certamente isto evitará grandes dificuldades à família, no que tange a divisão dos bens. Para a autora, é essencial que se coloque em uma planilha todas as despesas e dívidas, vincendas e vencidas, para que, na ocorrência do falecimento, se possa ter a realidade do possível inventário que o homo economus deixou para a família.

Neste contexto até o momento, observa-se a importância em todas as fases do homem economus e a necessidade de planejamento financeiro e de orçamento familiar ao longo da vida.

4.     CONCLUSÃO

 

 

Esta pesquisa bibliográfica apresentou diversos conceitos de administração, planejamento e finanças pessoais, bem como, a ligação que a administração financeira pessoal efetivamente tem em relação à vida humana. Desta forma, nos induz a uma real necessidade em saber lidar com as finanças em diferentes fases da vida, ou seja, as contribuições dos autores mostraram o quanto à administração financeira é importante na educação familiar, pois tanto as famílias brasileiras como as escolas não disponibilizam o suficiente este conteúdo nos dias atuais.

Desta forma, as contribuições dos autores nos levam a crer que a administração financeira pessoal sendo ensinada como educação financeira nos lares, torna-se um instrumento mais eficiente na vida do individuo, capaz de maximizar o poder aquisitivo, racionalizar recursos e contribuir na hora de investir para construir riquezas. Isso faz desta ciência um dos ingredientes principais para uma vida digna.

Diante disso apresenta-se como sugestão a divulgação da educação financeira em nível nacional, que promova o orçamento familiar e o consumo consciente nas famílias e nas escolas como componente curricular.

Como um estudo bibliográfico, observo que há limitações de fontes, e sugiro que pesquisas empíricas venham corroborar com as afirmações dos autores, levando a novas abordagens ampliando a gama de conhecimento e a visão a respeito da educação financeira e orçamento familiar.

Um questionamento final, para novas pesquisas seria identificar como uma cultura de valorização da educação financeira pessoal em todas as faixas etária da população poderia levar a melhoria, formação intelectual das crianças e levaria possivelmente a redução da pobreza e de outros problemas sociais em nosso país.