A imagem de um conceito.

Sou apenas uma fotografia.

Nego tudo a seu respeito.

Apenas o seu conceito.

Nada mais.

O resto é o deixar de ser.

Além da fotografia.

Sou também o nome dela.

Por ser ela.

Tornei-me.

Uma fenomenologia.

Demasiadamente grande.

O que significa.

Não ser a fotografia.

A razão do não ser.

Absolutamente nada.

O dia que ela mesma.

Desmanchar a sua imagem.

Perdida no tempo histórico.

Não serei sequer o conceito dela.

O motivo do não ser.

É o que de fato sou.

Pelo menos potencialmente.

O significado da ausência.

Da imagem e do conceito.

Alguém poderia dizer.

Que loucura.

 É o seu entendimento.

Nada disso é histórico.

Quando é a verdade.

 Da ausência.

Perdida nesse mundo.

Por um instante de alienação.

 Ser uma foto.

É um grande fato.

 Histórico.

Pelo menos.

Por algum momento.

Ser e não ser.

 Muito menos o não ser.

O que é a eternidade.

Apenas esse momento.

Vigorando silenciosamente.

O presente que se vive.

É o que se faz.

 Permanentemente.

 O futuro de uma ilusão.

Na intuição da ausência.

Do conceito.

Da epistemologia do mesmo.

 A etimologia me define.

Estabelece a minha imagem.

Pequena frágil e solitária.

Como não sendo ela mesma.

Em um tempo prematuro.

Tudo foge acaba.

Como se não tivesse.

Existido tal realidade.

Que não requer sequer.

A memória.

 Apenas a inexistência.

Do não significado.

Fotográfico.

O que sou mesmo.

É essa não existência.

Que nesse instante.

É o mundo da imaginação.

 Não sou o que devo ser.

 O que devo ser não sou.

Não é um jogo de palavras.

Mas o sentido profundo.

De não estar.

Apesar da manifestação.

 A inexistência.

 Do conceito recusado.

Da imagem.

Do que deverá deixar de ser.

Como se nunca antes.

Tivesse existido.

Então para um breve.

Futuro.

Que não será o futuro.

Sou apenas a negação.

Não só da fotografia.

Mas também do seu conceito.

 Imaginar deus nesse momento.

É como pensar no tempo passando.

 Tudo que devo dizer.

É a fluência do deixar.

Ser o que não poderá ser.

Então para que o ser.

 Quando na verdade.

O significado  do nome.

O mundo.

 O vosso mundo.

Constituído pelo seu ser.

Deixa exatamente de ser.

Eternamente para não ser.

É a vossa ausência.

Da compreensão da sua razão.

Do seu mundo perdido.

Esquecido.

Na mais profunda ilusão.

Este é o meu ser.

 Perdidamente.

No esquecimento.

Do deixar de poder ser.

Eternamente.

Edjar Dias de Vasconcelos.

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