A IGREJA QUE VENCE – Parte 2

Texto: Jeremias 5. 22 

Em A IGREJA QUE VENCE – Parte 1 dissemos que uma das características que marcam a Igreja do Avivamento e a Igreja vencedora é o conhecimento da Palavra de Deus

Creio que outra característica de uma Igreja Avivada e vencedora é a Obediência. Obediência não a um programa religioso, não a um ritual, obediência não a uma regra de conduta, mas a uma Obediência cega à vontade de Deus[1]. 

Todo o universo e tudo no universo, para estar em equilíbrio precisam funcionar seguindo as regras que o instituiu. A sistemática das relações políticas, religiosas, econômicas e sociais, para estar em sintonia precisa obedecer a determinadas leis próprias. 

O sistema mundial vive, caminha e funciona debaixo de obediência. O governo obedece ao sistema político que o instituiu, o empresário obedece ao governo e as leis do mercado no qual está inserido, o empregado obedece às leis da empresa na qual trabalha. 

O homem e a mulher obedecem ao sistema civil do país onde vivem, os pais obedecem aos avós e os filhos obedecem aos pais. Os líderes religiosos obedecem ao sistema religioso ao qual pertencem e os fieis obedecem à doutrina que escolheram seguir e aos seus líderes religiosos. Todo ser humano está sujeito às leis e regras, quer queira ou não. 

Toda a natureza vive, caminha e funciona debaixo de obediência. Segundos, minutos, horas, dias, anos e séculos estão debaixo de uma lei cronológica. As leis naturais regem tudo o que está a nossa volta controlando minuciosamente tudo o que não depende do homem. 

O dia obedece ao seu turno, a noite obedece ao seu turno. A lua obedece as suas fases, o sol segue sua rotação e nunca se desviou dela. Outono primavera verão e inverno obedecem cada um o seu tempo. O mar obedece o limite da praia. Os animais obedecem ao clima, procriam e hibernam na época certa[2]. 

Todo o sistema solar, toda a natureza segue uma obediência absoluta às leis de Deus, segue ao que Deus determinou desde o inicio de tudo e até agora. É neste ciclo de obediência, onde na natureza e de forma grandiosa as coisas acontecem e funcionam de forma correta e maravilhosa sem precisar da intervenção humana é que reside a glória de Deus. Neste sentido é que a natureza também expressa a glória de Deus. Na natureza é feita a vontade de Deus. 

Somente o homem, sendo ímpio ou crente, tem dificuldade em obedecer a Palavra de Deus. Mas ao crente é imposta a ordem para obedecer a Deus, não apenas obedecer, mas viver de acordo com determinadas leis espirituais criadas e sustentadas por Deus. 

É preciso que o crente se preocupe em obedecer a Palavra de Deus, se preocupe em obedecer a Deus não em um dia ou outro, em uma hora ou outra, mas em todos os momentos e em qualquer situação de sua vida. É preciso que eu pare de preocupar unicamente comigo e passe a me preocupar também com as pessoas que estão ao meu redor, eu preciso me preocupar com as pessoas que estão mortas espiritualmente. 

Uma das preocupações do crente deve ser a de anunciar Jesus Cristo àqueles que estão vivendo em pecado, que não aceitaram ainda o Senhor Jesus como Salvador[3]. É preciso parar de se preocupar em fazer apenas minha vontade na vida cristã e cumprir a vontade de Deus, pois na verdade é ela que deve coordenar minha vida cristã[4].

 

É necessário que eu cumpra minha obrigação de estabelecer o Reino de Deus na minha vida vivendo uma vida cristã verdadeira e fiel. É necessário que eu cumpra minha obrigação de propagar o Reino de Deus entre as pessoas falando do amor dele indistintamente, sendo uma testemunha fiel das bênçãos de Deus na minha vida e da Obra redentora de Jesus Cristo na cruz do calvário. Estabelecer o Reino é estabelecer a vontade de Deus na minha vida e na minha Igreja. Esta é a minha função como crente no Senhor Jesus Cristo[5].

 

No ato de uma conversão verdadeira ao Senhor Jesus Cristo está feito a aliança com ele. Está feito o pacto, um compromisso espiritual de obedecer, amar e servi-lo. O Senhor Jesus tem cumprido fielmente o seu compromisso, o seu pacto, sua aliança feita conosco, feita não quando convertemos, mas feita desde a fundação do mundo e levada a efeito na cruz do calvário por ocasião do sacrifício de Jesus Cristo[6].

 

Mas é preciso que nós cumpramos nossa parte do acordo espiritual feito com Deus, acordo que resume basicamente em viver uma vida de obediência a Deus, uma vida exclusiva para Deus. Uma aliança nunca é compromisso só de um lado, um pacto nunca é compromisso de um só lado, mas são compromissos de ambos os lados. Deus fez um pacto conosco e nós com ele, nós fizemos uma aliança com Deus e ele conosco, o compromisso é dos dois lados. Deus tem feito a parte dele, será que temos realmente feito a nossa parte?

 

Às vezes pensamos que somos servos agora que somos crentes, na verdade sempre fomos servos só que antes éramos servos do mundo, servos do pecado, cumprindo os desejos da carne, os desejos da velha natureza, éramos filhos das trevas, mas agora somos filhos da luz não servos do pecado. Ser servo pressupõe serviço e obrigações a cumprir, ser servo pressupõe obediência[7].

 

Como servos de Deus estamos a serviço do Reino e se antes servíamos ao mundo, obedecíamos ao pecado por que não podemos agora obedecer a Deus cujo “jugo é suave e o fardo é leve”?[8]

 

Qual trabalhador fica todo dia e toda hora cobrando seus direitos do patrão? Está tudo no contrato não precisa cobrar nada basta cada uma fazer sua parte, o empregado trabalha e o patrão cumprirá a parte dele. Se o patrão faz o que deve ser feito e o empregado não faz a parte que precisa ser feita o empregado está fora.

 

Qual é o servo fica toda a hora reclamando seus direitos? Reclamando destaque? Qual servo fica reclamando que o Senhor dele cumpra sua parte, mas ele o servo tem dificuldade de cumprir a dele, ele o servo, não está disposto a trabalhar para o Senhor?

 

Como podemos não cumprir totalmente nossa obrigação e querer que Deus cumpra a dele? Qual servo reluta, enrola, reclama para fazer sua parte, mas quer que seu Senhor sempre faça a dele?

 

O crente é quem faz isto, nós os crentes somos os únicos servos que invertemos a nossa posição e pensamos que somente o Senhor precisa fazer a parte dele e não nos preocupamos em fazer a nossa. Como cidadãos cumprimos, ainda que a contra gosto, nossas obrigações com o governo e com a empresa na qual trabalhamos, mas como servos de Deus, muitas vezes negamos a fazer o que ele nos pede para fazer.

 

A maioria dos crentes insiste que Deus lhe conceda bênçãos e benefícios mas eles não se preocupam muito em cumprir sua obrigação de servo, não medita nos ensinos bíblicos e quando pratica os ensinos, pratica-os muito superficialmente, obedece a Deus muito à contra gosto e procuram cumprir apenas o necessário para lhes dar uma “cara” de crente. Muitos de nós crentes procuramos viver o minimamente possível uma vida de negação do nosso “Eu”, a negação de uma vida materialista e mundana.

 

Percebemos, às vezes, que seguidores de outras seitas são muito mais combativos na defesa da doutrina deles do que nós os crentes. Eles participam ativamente das reuniões fazem suas oferendas com disposição ás vezes, de madrugada, discipulam outros com entusiasmo quer levar os outros a crerem no que eles crêem, eles possuem, muitas vezes um conhecimento mais profundo da doutrina deles do que muitos crentes possuem dos seus ensinos.

 

As pessoas escarnecem de Deus e não ficamos muito preocupados, achamos até “normal”, julgamos como coisas do momento ou do final dos tempos. Muita gente despreza o sacrifício de Jesus e dizemos simplesmente que Jesus não precisa de defesa. Claro que ele não precisa de defesa, mas a fé que vivemos precisa ser defendida e explicada para não se confundir com outros tipos de “fé” que existem por ai.

 

Para isto precisamos ter argumentos e fundamentos o que necessariamente nos levará ao episódio da Cruz. Não estamos nem ai se pessoas falam mal das Igrejas evangélicas, falam mal da Bíblia que para nós é a “boca de Deus” afinal, nestes tempos se fala mal de tudo e de todos não é mesmo? Afinal de contas a discordância de opiniões é largamente difundida.

Por isto mesmo, é que precisamos também expor nossa opinião acerca da Igreja de Deus e fazê-la à luz da Palavra de Deus e não ficarmos passivos, omissos e às vezes, até cúmplices deles não acreditando que a Bíblia seja realmente a vontade de Deus expressa para nós. Às vezes nem mesmo acreditamos nela, temos a Bíblia como um livro comum e não como livro santo. O alcorão, a Toráh, o evangelho segundo Alan Kardec tem para seus seguidores, em muitas ocasiões, mais valor que a Bíblia tem para nós[9].

 

A Toráh tem para o Judeu mais valor do que a Bíblia tem para nós. Pessoas desacreditam do Jesus que pregamos e nós não nos importamos muito e deixamos para lá não nos importa que as pessoas creiam mais em seu time de futebol e o defenda tenazmente do que em Jesus que é o nosso Salvador[10].

 

Somente o Avivamento genuíno vai levar o crente e a Igreja a se posicionar contra o mundo, contra o pecado e contra o inferno. Somente o avivamento vai levar o crente e a Igreja a reconhecer seu lugar de servo, conhecer suas obrigações diante do Senhor Deus.

 

O Avivamento vai clarear espiritualmente sua vida e sua mente e te mostrar quem você é e quem é você diante de Deus, vai clarear sua mente e te mostrar quem realmente é Deus e quem Deus é diante de você. O avivamento vai nos mostrar quem somos nós para exigir que Deus faça quando nós, que somos servos, não fazemos. Quem é você para exigir que Deus cumpra o dever dele enquanto você que é servo não cumpre o seu para com ele?[11].

 

O Avivamento nos lembrará que Deus não é um garoto de recados, Deus não é um empregado nosso, Deus não é alguém a quem eu peço e ele faz na hora que eu quero, do jeito que eu quero e que vai onde eu mando, Deus de modo nenhum vai fazendo todas as minhas vontades. Preciso descobrir quem é Deus diante de mim e quem eu sou diante dele.

 

Quem sou eu diante de Deus? Preciso lembrar que sou servo, sou pó, sou barro, sou como a erva que nasce de manhã e à tarde seca-se, sou como o sopro do vento, a minha justiça é como trapo de imundícia. Diante de Deus minha situação é de total dependência e carência[12].

 

O Avivamento vai destruir a visão tacanha que tenho de Deus. Vai destruir o cristianismo medíocre que tenho seguido.  Vai destruir este cristianismo baseado em rituais, meditação transcendental, pensamento positivo, determinação de riquezas e de atitudes místicas no qual tenho vivido.

 

Temos focado nossos olhos apenas no Jesus Cristo pendurado na cruz do calvário, agonizando vencido pelos seus inimigos e algozes. Mas precisamos desviar nosso olhar deste Jesus humano e contemplar o Jesus Divino, ressurreto, vitorioso. Levar nossos olhos a olharem para o Jesus Vencedor contemplado por João na ilha de Patmos[13].

O Avivamento vai destruir esta viseira focada somente em um Deus humano que faz esquecer-me de um Deus Divino apresentado, por exemplo, no livro do profeta Isaias[14], uma viseira que faz esquecer-me do Deus Todo Poderoso, Senhor da Guerra diante do qual a terra estremece, os montes fumegam as muralhas caem e o diabo foge.

 

O Avivamento vai acabar com este cristianismo à base de trocas que tenho vivido vai acabar com as negociatas espirituais que tentamos fazer com Deus, pois para ser uma Igreja vencedora precisamos e devemos procurar viver um cristianismo puro, santo e agradável a Deus[15].

 

Terceira coisa que se precisa praticar urgentemente para ser uma Igreja vencedora e alcançar o Avivamento é a oração de arrependimento é o clamor pela misericórdia é a prática diária do arrependimento, é o chorar pelos pecados cometidos e buscar desesperadamente o arrependimento e a mudança de atitude. Nada substitui a oração, uma Igreja que ora, que clama que se arrepende de seus pecados é uma Igreja que vence, um crente que ora, que clama, que se arrepende de seus pecados é um crente que vence[16].

 

Não podemos vencer o pecado nem o diabo com belas palavras e conhecimento humano. Só podemos vencê-los com oração e em oração. Mesmo ao usar a Palavra sagrada que é a Bíblia e fazer menção do nome de Jesus, estes usos devem ser sempre seguidos por oração e ser pronunciados pela boca de pessoas que orem e vivem o que pregam[17].

 

Não existem palavras de vitória na boca do crente que não possui vida de oração, oração leva à intimidade com Deus, intimidade leva a conhecer o propósito de Deus, intimidade leva a conhecer os planos de Deus para cada um de nós e para a Igreja como um todo.

 

Quando oramos Deus confirma as palavras que saem de nossa boca, quando oramos Deus confirma aquilo que fazemos porque fazemos o que está na vontade dele e só fazemos o que é da vontade dele quando conhecemos a vontade dele e só conhecemos a vontade dele quando oramos. Quando oramos somos nós que falamos com Deus.

 

O crente quer dançar, o crente quer louvar, o crente quer ouvir pregações, o crente que assistir seminários, o crente quer acampar, o crente quer, digamos “adorar” mas o crente não quer orar. Há crentes que na verdade nem mesmo sabem orar, apenas falam algumas palavras repetidas e rápidas e declaram que oraram. Mas orar é primeiro conversar sinceramente com Deus. É abrir o coração e expor a vida miserável na qual se encontra e pela qual depende totalmente de Deus.

 

Orar é clamar principalmente por misericórdia e perdão, orar é fazer tudo isto de coração quebrantado e com fé, se não houver fé no que nós estamos falando se não há quebrantamento em nosso coração, se não há arrependimento e clamor por perdão e misericórdia em nossa oração, acredite nós não oramos devidamente de forma correta e Deus não escutou sua oração.

 

É triste é difícil não? Mas a bíblia nos diz que aquele que se aproxima de Deus deve primeiro crer que ele existe[18], a Bíblia diz que Deus não despreza um coração contrito, arrependido.

 

Deus diz que se nós o buscarmos nós vamos encontrá-lo a qualquer tempo[19]. O crente não quer orar, oração é uma das atividades mais difíceis da vida cristã, orar não é fácil necessita de tempo, requer desgaste espiritual, para orar é preciso negar a minha vontade. Orar é ainda interceder por aqueles que precisam, requer colocar-se entre Deus e o necessitado, entre Deus e o problema que se quer ver resolvido.

 

Orar é guerrear é ficar na frente da batalha espiritual de arma na mão, cara a cara contra o pecado e o mundo, cara a cara contra o diabo. Orar é lutar contra as potestades. Orar é avançar contra o império das trevas. Orar é submissão total a Deus, oração é mediação é estar em defesa do Reino de Deus e da Vontade de Deus. A oração não é para pedir que seja feita a nossa vontade, mas estar em oração e viver em oração é cumprir a Vontade de Deus. Foi isto que Jesus quis dizer quando ensinou a orar. Ele disse “Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu[20]”.

 

Mas oramos sempre pedindo que seja feita a nossa vontade pois estamos sempre pedindo algo e às vezes oramos somente para pedir, menos para agradecer, menos para nos colocar a serviço de Deus. Devemos pensar que a oração é para promover a Vontade de Deus e não a minha vontade, orar é lutar espiritualmente porque através da oração nós entramos em um mundo de Guerra Espiritual.

 

Para ser um crente Vencedor é preciso orar sem cessar, sem desanimar, sem descansar. Para ser uma Igreja Vencedora é preciso orar dia e noite todos os dias e todas as noites e de maneira ininterrupta. A Bíblia diz que “Nossa luta não é contra homem mas contra os espíritos maus” [21].

 

A guerra da Igreja é espiritual não é contra o ser humano, nem é contra o governo nem é contra os homossexuais, não, muito menos contra negros ou políticos. A guerra da Igreja não é nem mesmo contra outra igreja, denominação, seita ou qualquer que seja. Nossa guerra é espiritual e na guerra espiritual nossas armas devem ser espirituais e a única forma de alcançarmos as armas espirituais é através da oração.

 

A Bíblia nos diz que nossas armas espirituais são muito poderosas, a maior arma espiritual, a mais poderosa arma que o crente possui chama-se Oração[22]. Oremos com fé buscando a Vontade de Deus e veremos o que acontece conosco, com a Igreja e com o mundo a nossa volta.



[1] - II Coríntios 10.5; 6.

[2]  - Jeremias 5:22.

[3] - Atos dos Apóstolos 4:12.

[4] - Marcos 16,15-20.

[5] - Mateus 28:19-20.

[6]  - Gênesis 17:7. Levítico 26:45

[7]  - 1 Samuel 12:24.

[8]  - Mateus 11. 30.

[9]  - Romanos 10:17. I Coríntios 10:29.

[10]  - I Pedro 3.15.

[11]  - Lamentações 3:22

[12]  - Romanos 9.20.

[13]  - Apocalipse 1:12-18.

[14]  - Isaías 6:1-4.

[15]  - João 17:17.

[16]  - Romanos 12.12

[17]  - Efésios. 6.18.

[18]  - Hebreus 11:6. Salmos 51.17. II Crônicas 7.14.

[19]  - Jeremias 29.13-14. Mateus 7.8.

[20]  - Lucas 11.2.

[21]  - Efésios 6.12.

[22] - II Coríntios 10.4. 

Geraldo Gerraro Goulart