O movimento sindical se inicia no Egito no ano de 1899, quando trabalhadores da indústria de tabaco formam a primeira entidade sindical organizada no país. Este movimento de organização dos trabalhadores é rápido, em 1911 já haviam cerca de quinze sindicatos com cerca de sete mil filiados. Mas o início da Primeira Guerra Mundial dá um impulso nestas organizações, visto que muitos trabalhadores europeus estavam no Egito e decidem entrar para as novas organizações sindicais.

O principal articulador deste movimento foi o partido nacional, representado nestas instituições na pessoa de  Mustafa Kami. O partido tinha observado que os sindicatos e cooperativas eram uma mobilizar grandes contingentes da população. Mas com uma campanha contra a colonização inglesa e a Primeira Guerra Mundial o partido nacional é colocado na ilegalidade. Mas quando o partido nacional é caçado muitos sindicatos são desfeitos, pois estavam intimamente ligados ao partido.

Mas os trabalhadores voltam a se organizar em torno da causa anti-imperialista em 1919. Os trabalhadores dos setores de transporte, setor de matérias elétricos e de produção e transporte de energia elétrica outros trabalhadores aderem parcialmente a luta mas estes setores citados eram o centro das atividades.

Muitos trabalhadores inspirados nestas lutas decidiram criar seus próprios sindicatos.  Em 1922 já havia 33 sindicatos no Cairo, 33 em Alexandria, 18 na região do Canal 6 e em outros distritos. Estes novos sindicatos surgiram sob a influência do Partido Wafd. Mas o entusiasmo das massas para com seus líderes '‘nacionais’' diminuiu consideravelmente quando se tornaram conscientes do fato de que esses líderes não tinha a intenção de lutar pelos interesses das massas, mas apenas usar o movimento de massas, a fim de arrancar algumas concessões de imperialismo.

Mas já em 1923 trinta mil trabalhadores fizeram uma greve que atingiu consideravelmente a economia egípcia. As principais paralisações foram as da Companhia de Petróleo Suez que durou 75 dias a de Companhia de Gás Cairo durou 45 dias. Assim o movimento proletário egípcio conseguiu seu auge nos anos de 1923 e 1924. Além das vitórias conseguidas nas mobilizações o trabalhador egípcio conseguiu se organizar em torno de um partido operário.

Com a paralisação das principais cidades do Egito, Mas o alto índice de desemprego que atingia o jovem país ajudou os empresários a recrutar os fura-greve. Além disso, o governo egípcio trouxe diversos batalhões do exército para reprimir os trabalhadores em greve.

 Mas a traição do Wafd que em nome da unidade nacional, aceitou participar do governo indicando Saad Zaghloul para primeiro-ministro. As duas primeiras ações de Wafd foram à repressão brutal do partido comunista e a outra foi romper totalmente seus laços com os sindicatos que o ajudaram a chegar à posição atual.

O segundo passo não foi dado apenas por Zaghloul e seu partido, mas também pelos trabalhadores e seus sindicatos que viram que o Wafd queria apenas se aproveitar das estruturas dos sindicatos apenas para se promover junto à classe operaria.

Com este rompimento entre trabalhadores e o governo iniciou-se uma brutal repressão a qualquer órgão minimamente do proletariado egípcio. O direito a greve foi suspenso e foram criados novos sindicatos ligados diretamente ao governo, que tinham o único objetivo era frustrar a luta operaria.

A polícia politica iniciou um processo de investigação contra as lideranças da classe proletária, as técnicas utilizadas para fazê-los mudar de opinião eram o suborno, a tortura e também assassinatos.

Este impedimento de criação de uma organização independente dos aparatos governamentais não deixava que os trabalhadores constitui-se um partido revolucionário. Devido a uma direção sindical falida e a repressão estatal muitos trabalhadores se voltaram ao príncipe Abbas Halim, que em 1929 tentava tornar-se uma força de representação do povo.

A Federação de trabalhadores egípcios foi funda nesse ano com o príncipe como presidente. Depois de algum tempo esta federação conseguiu o apoio de um grande número de sindicatos com uma adesão de 200 mil trabalhadores.

Depois o príncipe Abbas Halim constitui se próprio jornal que tinha a única motivação defender sua visão para um novo país. O príncipe não foi uma figura contraria a luta de trabalhadores, teve sua devida importância em organizar a luta operaria em seu país.

O governo de Ismaïl Sidky Pasha que fez todo o possível para esmagar o movimento sindical, conseguindo prejudicar a Federação de modo que apenas uma pequena parcela de seus membros permaneceu.

Mas como antes o governo não conseguiu liquidar a luta dos trabalhadores, assim, em 1927, houve uma nova greve geral atingindo as empresas de energia elétrica em Alexandria, oficinas ferroviárias em Boulak, a empresa de tabaco Cairo, os bondes do Cairo, uma fábrica de seda e outros lugares.

Em 1931, uma nova greve dos trabalhadores ferroviários de Boulak estourou. Os trabalhadores queriam marchar em uma demonstração para a cidade e foram cercados por uma força policial, os trabalhadores da imprensa do governo e do arsenal aderiram à greve que terminou em uma luta de barricadas que duraram três dias.

Em 1932, ocorreram novas greves dos trabalhadores Assuão, nas oficinas ferroviárias, em algumas fábricas têxteis e de tabaco e em outros lugares. Em 1934, uma nova onda de greves eclodiu, trabalhadores grevistas viraram bondes e ônibus em uma luta feroz contra os fura-greves e contra a repressão policial.

Greves continuaram durante 1935 e 1936. Neste último ano uma greve entre os trabalhadores dos bondes em Alexandria foi cruelmente reprimida pela polícia, tendo um expressivo número de trabalhadores mortos pela repressão. Houve uma greve nos lagares de azeite e de uma fábrica têxtil onde os grevistas foram tirados à força e também em uma fábrica de açúcar em Howmadieh. Os gestores forma expulsos junto com os guardas desarmados, o governo enviou tropas que atiraram e feriram os trabalhadores, a que os trabalhadores só poderiam responder lançando pedaços de ferro. A luta desigual terminou com a expulsão dos trabalhadores depois de um cerco prolongado, 63 trabalhadores foram presos. No mesmo ano testemunhou manifestações em massa exigindo uma jornada de oito horas diárias.

Neste período os sindicatos ainda eram dirigidos pelo Abbas Halim. Mas o Partido Wafd estava na oposição ao governo tentou recuperar a sua influência junto aos operários e sindicatos e assim decidiu construir uma nova federação de sindicatos para dividir novamente a luta operaria.

Mas quando nomes importantes do Wafd deixaram o partido à luta entre as duas federações se tornaram aberta. Assim esta divisão foi ficando clara e as greves foram sendo sacrificadas e em favor de uma liderança ou outra. Entre os anos de 1924 e até 1939 as lutas operarias ganharam uma forma mais independente das federações, exceto as greves de  1923-24.

Com a Segunda Guerra Mundial, o movimento sindical egípcio entrou em uma nova fase. O número de trabalhadores aumentou de uma forma assustadora. Ainda mais rapidamente aumentou o custo de vida. Mas o aumento do custo de vida a luta sindical também ganhou um novo impulso lutando pelo aumento dos salários e assim mais trabalhadores aderem aos sindicatos.

Em 1942, o movimento chegou a um nível elevado, um amplo movimento grevista se espalha por todos os centros industriais do país. Uma série de greves alcançou um sucesso parcial. Os comitês de trabalhadores tentaram atacar o governo ao apresentar suas exigências de leis trabalhistas, especialmente a legalização dos sindicatos. As greves e manifestações em conjunto com a situação militar do país obrigou o governo Wafd a promulgar lei número 85. Essa lei reconheceu o direito à organização sindical com algumas exigências.

O Wafd tentou em diferentes maneiras se vincular aos sindicatos e regrá-los. Mas o antagonismo entre as massas sindicais e o Wafd cresceu de forma constante, atingindo tais dimensões, que na primeira oportunidade, quando surgiu uma disputa entre o rei e o Wafd com o último sendo expulsos do governo, a maioria dos sindicatos declararam-se contra qualquer patrocínio e pela independência de classe.

Além disso, a expressão política foi imediatamente dado a sua independência: nas eleições ao Parlamento em Janeiro de 1945, os sindicatos apresentaram três candidatos. No Congresso Internacional de Sindicatos ocorrido em Paris em Setembro de 1945 os representantes dos sindicatos egípcias apresentaram um programa militante. 

Apesar da confusão em alguns pontos este programa demonstra uma grande consciência de classe atingido pelas entidades sindicais. As greves do último ano mostram claramente o estágio alcançado pelo movimento da classe trabalhadora. Houve três grandes paralisações uma que consegui reunir 30.000 trabalhadores nas oficinas ferroviárias em Boulak, outra com cerca de 15.000 trabalhadores nas obras têxteis em Shubra a última teve a adesão de 30.000 trabalhadores agrícolas de Kom Ombo. No ano de 1945 um em cada onze trabalhadores do Egito aderiu a uma nova greve geral.

Os grandes avanços conseguidos pelo movimento sindical tem mostrado claramente, apesar da proibição do estabelecimento de uma federação geral dos sindicatos, consegui significativas vitórias.