Mulher, negra, família humilde, seu pai era pedreiro, sua mãe, empregada doméstica. E mesmo com as maiores dificuldades imagináveis, ela tinha um sonho quando pequena: o de ser médica.
Hoje, é Dra. Elaine Pereira da Silva, mas seu caminho não foi um mar de rosas, principalmente por ter lutado contra todas as adversidades possíveis. Começou a trabalhar com apenas, 14 anos, e teve que enfrentar o preconceito e a discriminação, mas nem por isso lhe faltou, força de vontade para alcançar seu grande objetivo.
Inspirada no trecho da música de Lô Borges, “porque se chamavam homens, também se chamavam sonhos e sonhos não envelhecem”, ela seguiu e não desistiu de seu sonho, mesmo se formando em Biologia, em 1985.
Para Elaine, esse diploma não era o suficiente, entrou em um cursinho pré-vestibular onde estudava de manhã, enquanto lecionava à noite. Após seis meses de estudos, não conseguiu ingressar na faculdade de medicina.
No ano seguinte, depois de um ano de cursinho, conseguiu passar em duas Universidades particulares, mas mesmo trabalhando, ela não teve como pagar seus estudos.
O desejo de ser médica só aumentava, por isso Elaine fez mais um ano de cursinho, e finalmente o resultado foi o esperado. Em 1988, ela foi aprovada na Santa Casa, na Unesp e na Unicamp, esta que sempre esteve nos seus sonhos.
A felicidade parecia ter chegado, e o começo do seu sonho, instaurava-se no ano de 1989, quando, finalmente, estava cursando medicina. Passou a morar gratuitamente na Moradia dos Estudantes da Unicamp, e recebia uma pequena bolsa do SAE (Serviço de Apoio ao Estudante.
Com sua dedicação e força de vontade, o sucesso de Elaine era certo, mas no meio do caminho, um baque. Por uma negligência médica de seu próprio professor, que não diagnosticou a tempo, seu quadro, teve que ficar quatro dias em coma.
O sofrimento de Elaine foi grande, por causa da Neurocisticercose, a doença da larva da Taenia Solium na cabeça. Por isso, ela só conseguiu se formar em 1997, os efeitos da doença foram: dois comas, uma lesão cerebral que lhe causou infantilidade mental (excesso de alegria), perda da memória recente por três anos, sonolência excessiva que, felizmente, foram praticamente revertidos após meses de luta.
Essa história é verídica e está no Livro: “Pérola Negra – História de um caminho”. “Esse é um livro de sonho, sofrimento, determinação e coragem”, afirma Rubem Alves.
Atualmente, Dra. Elaine divide seu tempo entre o trabalho na medicina privada, na área de medicina do trabalho (área em que pretende se especializar), o trabalho voluntário na favela de V. Brandina, e também ministra palestras de motivação para o público em geral.

Site da autora: www.doutoraelaine.com