O Arianismo, heresia que usurpa de Cristo a essência divina, gerou, ao log da história, uma série de outros erros doutrinários. Tais erros, como toda heresia, vem em efeito cascata tentando esconder-se com mentiras sob o manto de uma verdade aparente.

Um dos maiores erros que se vieram a partir do Arisnismo foi justamente essa heresia sobre a pessoa de Cristo que teve início com Nestorius, bispo de Constantinopla que, em sua teoria, negava a Maria o título de Theotokos (literalmente "Mãe de Deus"). Nestorius dizia que Maria deu origem apenas à pessoa humana de Cristo em seu útero e chegou a propor como alternativa o título Christotokos ("Mãe de Cristo"). Criou uma teoria visualmente herética, já que o Arianismo do século anterior já tentava modificar a essência de Cristo e agora o Nestorianismo ia além pois ensinava que Cristo passou a ser Deus em um determinado momento, ou seja, não o foi sempre.

Segundo o Nestorianismo, Jesus Cristo tinha duas naturezas distintas, uma humana e outra divina, completas e afeiçoadas de tal forma que formam um Jesus homem, a exemplo de gêmios siameses: possuidor de natureza divina e humana estando conjuntas em uma união mecânica, muito mais do que orgânica (juntos, porém diferenciados). Fica claro que Nestorius confundia os termos “natureza” e “pessoas” misturando-os de uma forma aterradora. As duas naturezas de Cristo (humana e divina) para Nestorius era a mesma coisa de dizer que eram duas pessoas. Na verdade ele sinonimizou natureza e pessoa.

Também não criam no purgatório, muito menos na veneração de imagens e relíquias (crenças essas revitalizadas pelos protestantes a partir do século XVI e até hoje).

Os teólogos Católicos ortodoxos imediatamente reconheceram que a teoria de Nestorius dividia Cristo em duas pessoas distintas (uma humana e outra divina, unidos por uma espécie de "elo perdido"), de sorte que apenas uma estava no útero de Maria.

Obviamente que a Igreja reagiria, e o fez no ano 431 com o Concílio de Éfeso dirigido pelo Papa Celestino I. Por ser Bispo Nestorius foi chamado para o Concílio automaticamente o que levou a uma discussão sobre Maria (Theotokos ou Christotokos). Tal Concílio definiu que Maria realmente é Mãe de Deus, não no sentido de que ela seja anterior a Deus ou que seja a fonte de Deus, mas no sentido de que a Pessoa que ela carregou em seu útero era de fato o Deus Encarnado.

Em 429 São Cirilo, Bispo de Alexandria, escreveu aos bispos e aos monges do Egito, condenando a doutrina de Nestório. Ambas as correntes se dirigiram ao Papa Celestino I, que rejeitou a doutrina de Nestório num sínodo no ano de 430. O Papa ordenou a São Cirilo que intimasse Nestório a retirar suas teorias em um prazo de dez dias, sob pena de exílio; Cirilo enviou ao Patriarca de Constantinopla uma lista de doze anatematismos que condenavam o nestorianismo.

Após esse episódio, Nestório não se quis dobrar e manteve-se em erro; de mais a mais ele sabia que podia contar com o apoio do Imperador; além de tudo isso, tinha muitos seguidores na escola antioquena, entre os quais o próprio Bispo João de Antioquia. No ano de 431, o Imperador Teodósio II, instigado por Nestório, convocou para Éfeso o terceiro Concílio Ecumênico a fim de solucionar, de uma vez por todas, a questão discutida. São Cirilo, foi nomeado o representante do Papa Celestino I e abriu a assembléia diante de 153 Bispos que estavam presentes. Logo na primeira sessão, foram apresentados os argumentos da literatura antiga favoráveis ao título Theotókos, que, ao final, foi solenemente proclamado por todos os Bispos presentes; tinha-se daí que em Jesus havia uma só pessoa (a Divina); Maria se tornara Mãe de Deus pelo fato lógico de que Deus quisera assumir a natureza humana no seu seio e desde sempre era a natureza divina e humana em uma pessoa divina que ali estava sendo gerada, daí Maria era mãe de Deus. Quatro dias após esta sessão inaugural, isto é, no dia 26/06/431 chegou em Éfeso o Patriarca de Antioquia, levando consigo 43 Bispos seus seguidores, todos favoráveis a Nestório; esses não quiseram se unir ao Concílio Ecumênico presidido por São Cirilo, representante do Papa Celestino I; dessa forma criaram um Concílio paralelo que depôs Cirilo. O Imperador acompanhava, atento, tudo de perto e estava extremamente indeciso. São Cirilo, então, mobilizou todos os recursos que possuía, para mover Teodósio II, o Imperador, em favor da reta doutrina definida pelo Papa; nessa empreitada teve a sincera ajuda de Pulquéria, piedosa e influente irmã mais velha do Imperador. Este finalmente resolveu apoiar a sentença reta de Cirilo e exilou Nestório. Contudo, os antioquenos não se renderam, em momento algum, muito menos de imediato. Eles acusavam Cirilo de arianismo a apolinarismo. Após longos dois anos de litígio em torno da questão, no ano de 433 puseram-se de acordo sobre uma fórmula de fé que. Professava um só Cristo e Maria como Theotókos.

Nestorius preferiu continuar em erro, o que levou à sua excomunhão por heresia.

Imagina-se que facilmente se pode identificar o protestantismo pentecostal neste heresia! Isso na verdade é, no protestantismo, apenas uma maneira a mais de negar a Encarnação de Deus. Percebemos que São João escreveu seu Evangelho em resposta clara aos gnósticos, e fez questão de iniciá-lo pela Encarnação. Isso aconteceu porque a base gnóstica do protestantismo (e também, de certo modo do nestorianismo) recusa-se a admitir que Nosso Senhor tenha verdadeiramente assumido a nossa natureza, humana, contudo não pecadora. Por esse motivo, por exemplo, que Lutero afirmava que o pecado humano não é jamais apagado, mas apenas encoberto por Deus, seria uma pequena enganação em palavras mais rudes. Para ele, Nosso Senhor mentiria ao dizer o homem não tem pecado, para que ele entre no Céu. É mais conveniente para um gnóstico acreditar em um deus que minta do que em um Deus que se faz verdadeiramente homem, com uma mãe humana, sofrimentos humanos e dores humanas, com exceção do pecado, repetimos.

Evidente é que o nestorianismo seja o alicerce protestante por excelência, nessa temática da Encarnação. É preciso lembrar que a tendência atual da grande maioria dos setores protestantes é de negar o título de Mãe de Deus à Virgem Maria. Os mais instruídos e que conseguem responder a questões teológicas, ao serem interpelados por apologistas católicos sobre ser Jesus Deus e homem ao mesmo tempo, levando à lógica mais evidente de que sendo Maria mãe de Cristo só pode ser também Mãe de Deus, respondem eles, quase com um uníssono com o próprio Nestório: – A Virgem Maria é mãe de Cristo enquanto homem, e não de Cristo enquanto Deus! Impossível ficar criando situações em que Deus Encarnado (Jesus Cristo) ficava encenado ser homem enquanto na verdade era Deus, ou vice-versa (heresias que se vieram em seguida). Muito menos é possível ficar criando teorias no sentido de que havia duas pessoas em Cristo, metamorfizando e dissolvendo a palavra “natureza” no meio da retórica. Deus e o homem estão unidos em Cristo na mesma Pessoa, e é esta Divina. Apenas no nestorianismo, que confunde os termos, é que não.