Durante essa pouco mais que década e meia, os EUA exerceram uma posição hegemônica dentro do sistema capitalista, praticamente sem encontrar contestação. Isso ocorreu em uma época em que o sistema se apresentava em uma notável fase de expansão, crescendo como um todo ao ritmo médio de 5% ao ano, e sendo capaz de controlar o efeito crítico de suas passagens conjunturais desfavoráveis (crise de Suez, 1956; depressão nas industrias têxteis e químicas norte-americanas, 1952-54; crise monetária, 1957).

Se a balança comercial norte-americana se manteve superavitária, desde finais da Segunda Guerra mundial até finais dos anos 1950, seu balanço de pagamento, ao contrário, manteve-se constantemente deficitário, totalizando, em 1958, um déficit permanente de cerca de 3 bilhões de dólares anuais.

Com a queda nas exportações norte-americanas, simultânea à elevação das importações (causada por movimentos conjunturais grevistas em certos setores, como o de aço), que se configura a partir de 1958, o déficit passa a representar claramente uma transferência de reservas de ouro para os países industrializados da Europa Ocidental e para o Japão, gerando um excesso de dólares internacionalmente. Característica dessa etapa de internacionalização do capitalismo foi o fato de que grande volume desse déficit dos EUA foi utilizado como exportação maciça de capitais para as áreas industrializadas da Europa Ocidental, para programas de "ajuda" aos países do Terceiro Mundo, e para o financiamento de gastos militares na Ásia.

Na realidade se fazia investimentos que geravam lucros em curto prazo, mas cuja maior percentagem acabou sendo reinvestida in loco, consoante a busca de uma maior lucratividade inerente ao sistema, simplesmente agravando a situação externa dos EUA. A situação caminhou rapidamente para um impasse. Por volta de 1968, os bancos centrais dos países industrializados não desejavam mais acumular dólares, e principalmente houve uma desproporção entre as reservas norte-americanas de ouro e o montante de suas dividas em curto prazo, transformando a conversibilidade do dólar em impossibilidade prática.

O golpe final sobre a hegemonia norte-americana veio com o aumento do preço do petróleo pelos países da OPEP em 1973, que mergulhou o país em uma forte recessão, aliada à permanência de uma pressão inflacionária e à manutenção de um déficit em seu balanço de pagamentos, pois os EUA importavam, por volta de 1973, cerca de 30% de suas necessidades globais de petróleo.