Em alto mar – no barco – Jesus dormia.

Grande agitação... mar revolto lançava o barco ora para cá, ora para lá.

Dos céus, clarões iluminavam a escuridão; trovões estarrecedores quebravam o silêncio lúgubre daquela noite de pescaria.

Os pescadores, acostumados que estavam com as intempéries do mar, jamais viram cena igual.

Acometidos de grande temor e tremos, em alto brado, pressentindo perigo eminente, clamavam:

– Jesus... Jesus... vamos morrer!

Calmamente Jesus dormia. Nada abalava aquela alma serena.

Novamente brados contritos gritavam mais forte:

– Mestre... Mestre... vamos morrer!

Mas afinal, como podia Jesus dormir em meio à tamanha agitação.

Acorda então Jesus, e com um simples sinal, um simples levantar de mãos, cessa a tempestade.

Atônitos, aqueles que há pouco gritavam, calaram-se, sem nada entender. Interrogativos, olhavam-se. Quem era aquele que curava enfermo, dava visão ao cego, ao coração contrito trazia alento, multiplicava pães e peixe, perdoava o pecador, acalmava a tempestade.

Quebra por fim o silêncio, e repreende aqueles que o acompanhavam:

– Homens de pouca fé, porque temais então, se no barco eu me encontro.

Todos calaram e, cabisbaixo, não puderam responder, porque realmente, Jesus estava no barco e disse bem; contudo, Ele não estava dentro de cada tripulante.