Na época de Galileu, Newton, Descartes e outros grandes nomes da intelectualidade, não haviam instrumentos midiáticos que os despertassem para um mundo paralelo de futilidades; um mundo atrofiador da mente. Com o advento da tecnologia, o fluxo de informações e facilidades operacionais nos levou para um mundo ocioso, antagônico ao mundo do pensar e fazer.

As pessoas se comunicavam principalmente via cartas e oralidade, de forma que o mundo em que viviam tinha dimensões proporcionais aos acontecimentos das pequenas cidades, vilas e afins. As vezes um fato ocorrido numa cidade vizinha era totalmente desconhecido na outra, de forma que as populações estabelecidas em médias e pequenas extensões territoriais eram "fechadas", se comunicando apenas por viajantes que traziam e levavam notícias defasadas, ou pelos mensageiros, que eram pessoas encarregadas de noticiar determinado fato a outrem em outra localidade.

Bom, hoje as coisas mudaram. Mudaram tanto que há certo desejo de não sabermos de nada, de voltarmos duzentos a trezentos anos e não compartilhar a nossa vida com o mundo fora dos muros. O estrondoso desenvolvimento tecnológico propiciou estarmos em vários lugares ao mesmo tempo e de sabermos noticias de todo o mundo e mesmo de fora dele. As vezes, sabemos mais sobre os outros de que nós mesmos. Isso tudo tem um nome: globalização.

A globalização, que nos conecta a todos e a tudo, nos desconecta de nós mesmos, tamanha a gama informacional que absorvemos. Temos que começar o dia sabendo o que houve ou esta havendo a milhares de quilômetros, o que os políticos pensam, o que as instituições estão fazendo, que país esta atacando e qual esta se defendendo, quem morreu e quem está nascendo. Tudo faz parte de nós, e nós não fazemos parte de tudo. A globalização é a mentora disso.

Mas sem globalização não viveríamos hoje, e hoje não viveríamos sem globalização, pois uma decisão dependa de outra que ocorre em algum lugar do planeta, uma nação se enriquece ou se empobrece de acordo com o pensamento de alguns estrangeiros, e nós vivemos ou morremos ao bel prazer do mundo, mundo este que criamos. A globalização nos separou de nós mesmos, e a humanidade a vem criando desde os tempos mais remotos, e nos tempos atuais ela esta amadurecida. Antes de perguntarmos quem somos nós, devemos perguntar: Quem são os outros?