A GESTÃO DE TEMPO NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PROFESSOR LICENCIADO E O MEDIVO

 INTRODUÇÃO

A capacidade de utilizar melhor o tempo é uma condição essencial para uma organização metodológica e racional da aula. A organização eficaz da aula de educação física deve acontecer com o intuito de minorar os comportamentos irregulares e melhorar o tempo disponível para o ensino e prática, visto que o uso do tempo escolar encontra-se directamente associado aos resultados académicos dos alunos.. (BENTO, 1987) & (SIEDENTOP, 1998).
O presente estudo que tem como tema: a gestão de tempo na aula de educação física, pretende Identificar os momentos da aula de educação física em que os professores gastam a maior parte do seu tempo e usou-se o cálculo percentual. Para a recolha de dados recorremos a um instrumento designado por análise do tempo da aula.
A pesquisa feita com professor Licenciado e Médio provou que o tempo útil em média foi de 78.3% em que aproxima a dos estudos de Januário e Graça, que estimam em volta dos 78.9% do tempo programa. O tempo disponível para a prática foi de 69.2%, e estudo realizado pelo (CARREIRO e PIERON, 1990) citado por (SIEDENTOP, 1998) tiveram 71.6%. Na organização gastaram 15.1% do tempo útil, assim sendo este valor esta abaixo do estudo realizado por (JANUÁRIO & GRAÇA 1997) que obtiveram 18% e por fim na instrução notou-se o gasto de 15.45%, este valor ainda continua a se encontrar abaixo do estudo realizado por (JANUÁRIO & GRAÇA, 1997), registado em 17%. Palavras-chave: Gestão, Tempo e Educação Física.
Importância da gestão tempo CARREIRO DA COSTA (1995), diz que «têm sido várias as questões colocadas no estudo da variável tempo, para as quais nem sempre há respostas inequívocas». No entanto, no conjunto dos estudos realizados, possuem-se hoje inúmeros dados descritivos sobre a utilização do tempo na sala de aula e o seu papel no processo de ensino e aprendizagem. A estratégia indispensável que o Professor de Educação Física deve ter em conta na leccionação é a boa gestão de tempo. Visto que o tempo
«é a variável tempo como o recurso mais precioso do professor, posto que é essencial para aprendizagem» (SIEDENTOP, 1998).
JANUÁRIO E GRAÇA (1997), afirmam que «uma das chave que o professor possui para aumentar as potencialidades de aprendizagem dos alunos…é correcta administração e gestão do tempo escolar à sua disposição». Assim sendo «usar o tempo disponível da melhor maneira possível é um elemento fundamental de boa gestão» … (SARMENTO, 1993).
MOREIRA (1999) diz que «no momento de planificar e descrever aprendizagem significativa, a variável tempo é factor de grande relevo». BENTO (1987) é de opinião que «os gastos e perdas injustificadas de tempo se devem atribuir a deficiência na preparação e organização didáctico metodológico do ensino…». Em relação à noção tempo em Educação, é possível encontrar um grande número de designações, muitas delas com significados com o mesmo campo extensional (JANUÁRIO e GRAÇA, 1997).
Em educação física na literatura em português são reconhecidas as seguintes designações: tempo programa, tempo útil, tempo disponível para a prática e tempo potencial de aprendizagem.
AS VARIÁVEIS TEMPO Tempo programa O primeiro nível da eficácia de ensino consiste em aproveitar ao máximo o tempo programa de que dispõe para que o aluno passe o máximo tempo possível nas instalações desportivas, para tal, exige-se que se limite o tempo passado nos balneários e que o mesmo seja convertido em prática (SIEDENTOP, 1998). Na verdade, o aumento do tempo de duração de cada aula não resultou linearmente em maior ganho de aprendizagem, (CARREIRO DA COSTA, 1995).
Tempo útil O tempo útil decorre desde que o professor começa propriamente a aula, até à sua conclusão, e é apresentado por duas medidas - duração ou percentagem sobre o tempo programa (respectivamente, 501 minutos ou 100%, como valores teóricos máximos) (JANUÁRIO e GRAÇA, 1997). Segundo os autores, «o professor não dispõe na totalidade o tempo programa na sua aula, pois o tempo passado no balneário a equipar ou em higiene pessoal deve ser subtraído». Pode-se afirmar que as regras de utilização dos balneários pelos alunos são o factor que mais afecta a duração do tempo
útil. Assim, os professores que garantem que os alunos se equipem durante o intervalo conseguem maximizar o tempo útil. «Resultados de cinco estudos em relação à duração do tempo útil da aula estima-se em 39 minutos (78.9% do tempo programa) a média do tempo útil da aula, no entanto existem diferenças marcantes na utilização do tempo útil pelos professores variando num dos estudos entre os valores máximos e mínimos de 49 e 33 minutos» (JANUÁRIO, 1992). BENTO (1987), diz que «o tempo afectivo é designado como sendo o tempo gasto em tarefas pedagogicamente justificadas, em relação com o tempo total da duração da aula e é despendido por:
Transição e assimilação de esclarecimentos com demonstrações e instruções;
Observação, análise e avaliação da execução de tarefas motoras e afins etc…». O autor fundamenta dizendo que «na avaliação do tempo afectivo devemos ter em conta que o grau de justificação pedagógica do tempo gasto não é o mesmo em todas as tarefas referidas». Assim sendo devemos tomar medidas para reduzir ao mínimo não apenas os tempos mortos, mas também as actividades de preparação da exercitação.
MESQUITA (1997), o treinador (ou professor) quando planifica as suas aulas não pode destinar o tempo de que dispõe somente para a prática dos exercícios pois terá de gastar tempo a realizar outras tarefas imprescindíveis (informar, organizar e mudar de exercícios, entre outros). Dentro do tempo útil, o professor promove inúmeras
1 a nossa realidade as aulas são de 45 ou 90 minutos.
actividades - apresentação dos objectivos da aula e das várias tarefas de aprendizagem… (PIÉRON, 1999).
Para maximizar o tempo útil de aula (ou aproveitar ao máximo o tempo programa), JANUÁRIO E GRAÇA (1997), propõem o seguinte conjunto de estratégias: «Antecipar a entrada no balneário, Limitar o tempo passado no balneário, Estabelecer regras para o início de aula, Reduzir a duração das rotinas administrativas «sumário, chamada, entre outras», Motivar os alunos para a disciplina».
Tempo em instrução A apresentação das tarefas representa normalmente 15% a 25% das intervenções do professor ou da inteiração professor-aluno (PIÉRON, 1999). Na apresentação das tarefas o professor deve explicar explicitamente o propósito da actividade e estratégias cognitivas a serem usadas para ajudar os alunos a concentrarem no trabalho (CAMARA, 1986).
SILVEMAN (1994), afirma que a «instrução é emitida em três momentos principais:
Antes da prática recorrendo a explicações e demostrações; Durante a prática através da emissão de feedback; Após a prática através da análise da prática desenvolvida».
Tempo em organização O tempo de organização refere-se à soma acumulativa de tempo que os alunos necessitam para realizar as suas tarefas de organização, de transição e de outras relacionadas com a matéria (SIEDENTOP, 1998), o autor acrescenta dizendo que «as investigações demonstram que cerca de 15 a 35% do tempo de uma aula é dedicado à organização». Toda a organização nas aulas de educação física deve criar condições para que o jovem possa dispor do tempo máximo possível para actividades planeadas (SARMENTO, 1993). Assim sendo «O tempo de organização é particularmente elevado em certas actividades como é o caso de desportos colectivos e na leccionação de ginástica e, ao contrário, é particularmente reduzido em actividades como a dança aeróbia» (SIEDENTOP, 1998).
Tempo disponível para a prática O tempo disponível para a prática consiste na subtracção ao tempo útil do tempo gasto em instrução e organização, nas quais os alunos não se encontram em actividade física JANUÁRIO E GRAÇA (1997), o mesmo acrescenta dizendo que «A capacidade do professor em disponibilizar o maior tempo possível para a prática das actividades físicas dos alunos é uma das habilidades técnicas de ensino que potenciam o sucesso pedagógico em educação física». Para tal «considera-se que os alunos estão em prática quando mais de 50% da turma estiver envolvida na exercitação motora prescrita pelo professor no princípio da aula ou mesmo ao longo da mesma…». Assim sendo «o mais importante na metodologia da regulação da carga e na determinação da densidade motora de cada aula consiste em que todo o gasto de tempo seja pedagogicamente justificado» (BENTO, 1987).
A melhor prestação dos alunos em uma unidade experimental de ensino tem relação directa com o tempo disponível para a prática dos alunos (SIEDENTOP, 1998). Os factores que influenciam a aprendizagem dos alunos, alguns estão relacionados com os próprios alunos, no caso da quantidade de tempo que o aluno permanece ocupado activamente na tarefa, outras dependem de condições proporcionadas pelos professores no caso da quantidade de instruções e a oportunidade temporal permitida para a aprendizagem (CARREIRO DA COSTA, 1995). Os ganhos da aprendizagem dependem, entre outros aspectos, da quantidade máxima de tempo de actividades motoras passadas em actividades específicas (SARMENTO, 1993). Os longos tempos de espera condenam os alunos à inactividade durante a maior parte de tempo da fase principal da aula (BENTO, 1987).

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