*Jerry Wendell Rocha Salazar PALAVRAS-CHAVE: Parâmetros Curriculares Nacionais; Ensino de Geografia Tradicional; Concepção de Criança; Orientações Didáticas. Existem divergências muito grandes entre o tradicional e o crítico, pois ao se estabelecer a dicotomia entre estas duas vertentes imprimiu-se a ideia de que o tradicional não é crítico e que, portanto, o critico não é tradicional. Divinizando assim o ensino crítico e demonizando tudo o que é tradicional. De maneira que a concepção de conhecimento e educação da linha pedagógica tradicional tornou-se sinônimo de dominação e sua metodologia de ensino, antiquada. Entretanto historicamente a tendência Tradicional ou Conservadora teve seu ensino de cunho humanístico, de cultura geral e verbalista. Não distante dos pressupostos filosóficos observados nas entrelinhas dos PCN?s, muito embora estejamos no século XXI. Vários estudiosos da educação compartilham da mesma ideia de que o Ensino Tradicional teve seu valor para educação atual e como é prática ainda comum nos dias de hoje, pode-se afirmar que é muito cruel a maneira como é entendida, visto que no todo contribuiu (ou ainda contribui) para o desenvolvimento da educação, pois seus conteúdos enciclopédicos tão criticados permitiram o acesso à cultura letrada, o rigor e disciplina de suas aulas agregaram valores de respeito e austeridade em sala de aula, bem como, sua visão para preparação moral e intelectual formaram muitos dos nossos intelectuais. Assim como os PCN?s apontam para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos. Esse exemplo pedagógico deve perpassar por onde o professor deva ser crítico busque no interior da sala de aula, se utilizar de técnicas de ensino que visem à aquisição do saber sistematizado, principalmente através da utilização da bagagem de conhecimentos que o alunado trás da sua cotidianidade. Nessa linha de raciocínio, entende-se que é preciso, portanto, "formar uma consciência espacial para a prática da cidadania, o que significa tanto compreender a geografia das coisas, para poder melhor manipulá-las no cotidiano, quanto conhecer a dinâmica espacial das práticas cotidianas inocentes, para dar um sentido mais genérico (mais crítico, mais profundo) a elas. Nessa concepção, a produção e reelaboração do conhecimento derivam das interações entre professor e alunos, que por sua vez, trazem uma bagagem de conhecimentos extra-escolar, de fundamental para tal reelaboração" (CAVALCANTI, 1988). Os PCN?s (1998) elencam 10 objetivos com relação à formação dos alunos do ensino fundamental, dentre eles destaca-se a formação cidadã e assim também em suas próprias linhas: "conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país". Sua concepção de criança esta bem próxima da tradicionalista em que se acredita que a criança tem a capacidade de assimilação igual a do adulto, porém menos desenvolvida e assim seus conteúdos são organizados baseados na "progressão lógica", na qual o aluno é instruído e educado para atingir pelos próprios esforços sua plena realização pessoal, dentro dos moldes do Neoliberalismo. Nessa última linha observa-se o emprego da terminologia ?pertinência? ao país no sentido de pertencimento, isto é o sentimento que deve ser despertado nas crianças de pertencer ao Brasil, ou melhor, o patriotismo. Marca presente no ensino propedêutico tradicional. Em sua redação, os PCN?s (1998), fazem criticas ao ensino tradicional: Independentemente da perspectiva geográfica, a maneira mais comum de ensinar Geografia tem sido por meio do discurso do professor ou do livro didático. Este discurso sempre parte de alguma noção ou conceito-chave e versa sobre algum fenômeno social, cultural ou natural, descrito e explicado de forma descontextualizada do lugar em que se encontra inserido. Após a exposição, ou trabalho de leitura, o professor avalia, mediante exercícios de memorização, se os alunos aprenderam o conteúdo. Abordagens atuais da Geografia têm buscado práticas pedagógicas que permitam colocar aos alunos as diferentes situações de vivência com os lugares, de modo que possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito. Espera-se que, dessa forma, eles desenvolvam a capacidade de identificar e refletir sobre diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação sociedade/natureza. Dessa forma, esse modelo de ensino terá como objetivos, formar sujeitos, o que difere das políticas neoliberais aplicadas pelos PCNs, como uma geografia humanística que visa formar apenas indivíduos alienados. Portanto, essa nova forma de ensinar geografia, tendo o espaço como produto, condição e meio de reprodução das relações sociais, faz com que os alunos comecem a se identificar com seu espaço de uso cotidiano, passando a conhecê-lo de forma particular através de vários olhares, pois, a partir do conhecimento geográfico, obtemos habilidades para compreender o nosso meio, sobretudo as relações travadas no espaço. CONCLUSÃO: Após a análise e discussões dos resultados cabe então dizer que os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino de Geografia apresentam fortes traços da Política Neoliberal em sua formulação, e muito embora, critique o ensino tradicional da geografia suas recomendações recaem ao tradicionalismo. Entretanto é necessário abrir um parêntese quando se fala da Tendência Tradicional de Ensino, visto que em muito se deve ao emprego de alguns métodos tradicionais aos avanços da educação, sobretudo a brasileira. Sua visão de educação para cidadania está estampada na concepção das mais diferentes escolas brasileiras e isso não quer dizer um retrocesso. Desse modo, essa geografia escolar cidadã que vê o espaço como historicamente produzido pelo homem, e a necessidade de conhecê-lo de forma sistemática para melhor organizá-lo numa perspectiva de sociedade mais justa e igualitária, deve ser a geografia escolar que mais se adéqua a formação de sujeitos conscientes dos seus papéis como cidadãos participantes de uma sociedade dinâmica. BIBLIOGRAFIA: CAVALCANTI, L. S. Geografia escolar e a construção de conceitos no ensino. In:_____. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas: Papirus, 1998. LOPES, A. O. Aula expositiva: superando o tradicional. In: PASSOS, Ilma; VEIGA, A. (Orgs). Técnicas de ensino: Por que não? 2 ed. Campinas: Papirus, 1998. ROCHA, G. O. R. O papel do professor de geografia na formação de uma sociedade crítica. Revista Ciência Geográfica. Baurú. IV (10): mai/ago, 1998. _____. A geografia escolar e a consolidação do projeto educacional neoliberal no Brasil. Belém: Mineo, 2002. O ENSINO DE GEOGRAFIA DAS PRÁTICAS TRADICIONAIS AO MOVIMENTO DE CONSTRUCAO DE UMA GEOGRAFIA ESCOLAR CIDADÃ. Desenvolvido por Valtey Martins de Souza, 2010. Disponível em: Acesso em: 24 abril. 2011.