A GEOGRAFIA NOS SÉCULOS XIX E XX¹


Vamilson Souza D`Espindola²


RESUMO: A geografia passou por vários processos de estudos e adaptações até chegar a ser considerada como ciência, passando também por processos de adaptações e estudos no período de desenvolvimento como ciência. Vários foram os pensadores que contribuíram para com esse processo, com o desenvolvimento de estudos e teorias, defendendo um ponto de vista ou reformulando outros, possibilitando a geografia desenvolver ramificações de estudos específicos, trazendo o estudo de processos específicos dentro da geografia e contribuindo para seu desenvolvimento como ciência. A geografia possibilita estudarmos o mundo em que vivemos e como nos relacionamos dentro desse processo, em sociedade, com o meio ambiente e com o planeta em si.

Palavra chave: Processos; Geografia; Ciência.


INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo, através da pesquisa, trazer informações a respeito da evolução da geografia nos séculos XIX e XX, contando com informações e descrição de alguns processos e pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da geografia nesses dois séculos. Como esses pensadores começaram a desenvolver seus trabalhos de pesquisas, quais eram seus objetivos e suas idéias. Como a geografia passou a ser vista, aceita e estudada como ciência.
A geografia passou por vários processos de mudanças e adaptações até os dias de hoje, muitos foram os pensadores e pesquisadores que contribuíram para esse processo de desenvolvimento e adaptação. O mais importante foi o processo onde a geografia passou a ser considerada e estudada como ciência.
Muitas foram às divergências a respeito de teorias que buscavam explicar nosso mundo e como o homem se relacionava como o meio e o meio se relacionava com o homem. Muitas das teorias surgidas buscavam explicações que legitimassem as atitudes do homem perante o meio ambiente e a sociedade, com isso, outros pensadores desenvolviam teorias para explicar de modo diferente ou formular novas idéias a respeito desse envolvimento.
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1 - Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia na disciplina de Educação Especial no ano de 2010.
2- Graduado em Educação Física pela Universidade do Sul de Santa Catarina no ano de 2008.

Com todas as buscas, a geografia ganhou ramificações e linhas de pensamentos e estudos mais especificas, adentrando e possibilitando o estudo mais especifico de determinado seguimento geográfico, fortalecendo assim a geografia como ciência.

A GEOGRAFIA NOS SECULOS XIX E XX

CONCEITO

Pensar a geografia em nosso meio é pensar no estudo do que motiva o ser humano explorar o meio em que vive, viver em sociedade e locomover-se nos mais diferentes espaços.

"A Geografia, de maneira bem resumida é o estudo do espaço que os seres humanos habitam. É um dos saberes mais antigos que existem, uma vez que a confecção doa primeiros mapas na Antiguidade já pressupõe um estudo geográfico". (COELHO 2008).

A expressão geografia (geo, ?terra?; grafia ?descrição?, ?escrita?) foi inventada pelo filósofo grego Erastótenes no século III a.C. Nesse tempo todos os estudiosos eram filósofos e geralmente ocupavam-se de quase todos os temas que hoje conhecemos por diferentes disciplinas e Erastótenes foi um deles. Exerceu o cargo da então famosa biblioteca de Alexandria e deu importantes subsídios para diversos saberes tais como a matemática, a geografia, a física e a astronomia. Nos séculos XVII, XVIII e XIX é que as diferentes áreas do saber foram ganhando autonomia e se configurando da maneira pela qual vemos hoje. A geografia sempre apresentou dois aspectos: um teórico (geografia geral e regional) e outro prático ou estratégico (utilidade prática para o Estado, militares, empresas e indivíduos em geral). De modo geral, todos os povos e todas as sociedades humanas habitam em um determinado espaço e, consequentemente são essenciais o conhecimento e preocupação desse espaço para que haja a possibilidade de intervenção a fim de suprir suas necessidades. (COELHO 2008).

A GEOGRAFIA NO SÉCULO XIX

É no século XIX que o desenvolvimento do conhecimento geográfico começa a se tornar muito importante. Tornando-se de fato a Geografia, fundamental no contexto da reação das antigas casas dinásticas que, no Congresso de Viena, buscaram retornar às bases da personificação do poder, em conjunto com um novo fator inserido: o sentimento nacional ? resultado de suma relevância das guerras napoleônicas. O espaço, então, aparece como a forma física da identidade nacional. No entanto, não se pode pensar que esse acontecimento foi um período de paz, já que os levantes nacionais aconteceram em todo continente. Houve alguns conflitos entre os Estados europeus: as "Guerras de Unificação da Alemanha" (1860), a "Guerra da Criméia" (1852) e a "Guerra Franco-Prussiana" (1871) a partir de meados do século XIX. (RIBEIRO 2008).

Foi somente no século XIX que a geografia passou a ser considerada como uma ciência autônoma, com todas as suas particularidades, se separando de outras disciplinas tais como a geologia, e economia e a astronomia que se achavam integrados com ela e, a partir desse momento também ganharam suas autonomias. A geografia passa então a se ocupar especificamente do espaço geográfico, ou seja, a superfície terrestre, que é o lugar onde a humanidade vive e no qual produz modificações. (COELHO 208).


O conhecimento geográfico, neste mesmo século, onde a percepção a respeito de sua importância tornou-se mais intensa e valorizada, ganhou força e se desenvolveu com maior intensidade. Há uma vasta bibliografia que trata sobre o assunto da gênese da Geografia Moderna, podendo se apontado o século XIX como sendo de sistematização do conhecimento estratégico relacionado à geografia. Neste momento os impérios, na busca ampliar seus domínios, percebendo a importância do espaço, começam á desenvolver estratégias buscando alcançar o poder mundial. É o caso justamente da Alemanha formada tardiamente em torno da Prússia, onde surgiriam os pioneiros da Geografia Moderna como Karl Ritter, Alexander Von Humboldt ? no início do século XIX ? e Friedrich Ratzel, no fim do século XIX. (RIBEIRO 2008).

Dois estudiosos germânicos do século XIX são considerados os criadores da geografia moderna ou científica: Alexander von Humboldt (importantes trabalhos em geografia física) e Karl Ritter (importantes trabalhos em geografia humana). Podemos ainda relacionar o advento da geografia moderna com seu momento histórico, uma vez que no século XIX a humanidade já tinha unificado todo o espaço planetário, processo que já havia começado desde o século XV, com a expansão marítimo-comercial européia e foi progredindo no decorrer dos séculos. Não foi por acaso que os trabalhos de Humboldt e Ritter surgiram desse período. A construção da geografia moderna só pôde ocorrer num momento em que praticamente toda a superfície terrestre havia sido conhecida, estudada e mapeada. (COELHO 2008).


O século XIX é marcado pelo surgimento e criação de muitas idéias e conceitos a respeito da geografia e a forma como o homem se relacionava com o meio ou o meio se relacionava com homem, propiciando a formação de muitas teorias e o surgimento de pessoas importantes para o desenvolvimento da geografia moderna e o debate fundamental na formulação das teorias evolucionistas, sistematizando a Filosofia e as Ciências Naturais.

Alexander von Humboldt e Carl Ritter, ambos alemães, forneceram grandes contribuições à teoria geográfica no início do século XIX. Outro geógrafo alemão, Friedrich Ratzel, célebre por sua obra Antropogeografia (1882-1891), tentou demonstrar que as forças naturais determinam a distribuição das pessoas na Terra, enquanto seus conterrâneos Ferdinand von Richthofen e Alfred Hettner introduziram as idéias de Humboldt, Ritter e Ratzel em um sistema coerente. Entre os geógrafos franceses do final do século XIX destaca-se Paul Vidal de La Blache, que se opôs à idéia de que o meio físico determina de um modo estrito as atividades humanas. No século XIX, com o desenvolvimento do imperialismo europeu, surgiram muitas sociedades geográficas. As sociedades mais antigas desse tipo se estabeleceram em Paris, Berlim e Londres, entre 1820 e 1830. Nos Estados Unidos foi fundada a American Geographical Society em 1851 e a National Geographic Society em 1888. (MEDEIROS 2008).


A GEOGRAFIA NO SÉCULO XX

No século XX a geografia continua a evoluir e novos pensadores trazem seus conhecimentos, pesquisas e teorias a respeito do mundo, sociedade e desenvolvimento. Muitas idéias novas surgem, novos conceitos e novas ramificações, propiciando novos campos de pesquisas e estudos. Começando com alguns pensadores e se disseminando pelo mundo através da discussão das idéias e teorias. A Geografia Histórica é resultante da corrente de pensamento de Auguste Longnon, da França.

No início dos anos vinte do século XX, a Geografia Histórica foi resultante da produção de intelectuais de origem francesa pertencentes ao Collège de France. Foram professores desta eminente instituição os seguintes geógrafos: Auguste Longnon (1844-1911), Jean Brunhes (1869-1930), Roger Dion (1896-1981), Pierre Gourou (1900-1999), Maurice Le Lannou (1906-1992) e André Siegfried (1875-1959). Mas foi com Auguste Longnon e Roger Dion que esta corrente do pensamento geográfico alcançou mais projeção. Auguste Longnon é reconhecido como o fundador da Geografia Histórica, geógrafo e historiador, foi responsável, no Collège de France, pela disciplina Geografia Histórica de 1892 até 1911. Já Roger Dion, além de ter sido professor do Collège de France de 1948 a 1968, foi também professor das Universidades de Lille e Sorbonne por um longo período. Profundo conhecedor das paisagens rurais da França, escreveu, em 1933, sua tese de doutoramento sobre o Vale de Loire e adquiriu reconhecimento pela grande contribuição que deixou sobre a história das videiras e a Geografia dos vinhos. Em seus estudos, procurou relacionar a influência do clima, do solo e das tradições de cultivo na história da produção francesa de vinhos e champagnes. (PIRES 2008).


Outra corrente de pensamento surgida no século XX, sendo desenvolvida a traves da discussão da geografia Histórica e na busca por renovações é a Geografia Cultural, ganhando notoriedade através de Carl Sauer, direcionando seus estudos aos impactos causados pela ação humana na paisagem.

A geografia cultural ganha notoriedade a partir da obra de Carl Sauer, baseada no historicismo e dando uma grande importância à diversidade cultural. A obra de Sauer valoriza o passado, focalizando principalmente as sociedades tradicionais. O principal conceito utilizado pela geografia cultural é o conceito de paisagem, ela deve ser estudada enquanto o conjunto das construções humanas sob a natureza. A paisagem é o objeto de estudo da geografia cultural. Ou seja, geografia cultural nasce sendo alvo de crítica tanto da geografia tradicional quanto da geografia crítica. Contudo, o conceito de cultura utilizado por Sauer, definido simplesmente como "modo de vida", também vai ser alvo de crítica dos próprios seguidores da geografia cultural. (PIRES 2008).


Seguindo o processo de evolução, relacionado à busca de uma melhor definição a respeito da geografia, voltada também a busca de aperfeiçoamento e desenvolvimento, para a melhor aplicação e utilização dos métodos criados e desenvolvidos. Novos métodos e formas de utilização começam a surgir, criando assim novas ramificações de estudos e definições para a geografia, por parte dos geógrafos. Propiciando assim novos campos de estudos e uma melhor definição para os campos de estudos.

No início da década de 1950, os geógrafos começaram a utilizar cada vez mais os métodos quantitativos, que tiveram grande utilidade ao serem aplicados à teoria da localização; Walter Christaller deu importantes contribuições a essa teoria. Na década de 1960, a geografia foi dividida em diferentes escolas: por um lado, as que apoiavam os métodos quantitativos e por outro, as que defendiam um enfoque descritivo. Contudo, desde a década de 1970, os diferentes métodos são utilizados em conjunto e aplicados a novas áreas do estudo geográfico. Os computadores se transformaram em um instrumento de grande utilidade na geografia. Atualmente, com o Sistema de Informação Geográfica, ou SIG, é possível criar imagens de uma área em duas ou três dimensões e utilizá-las como modelos em estudos geográficos. (MEDEIROS 2008).

A geografia passou e ainda passa por mudanças, ajustes e adaptações, ainda nos dias de hoje, pelo fato de as linhas de pensamentos dos geógrafos não serem unânimes desde o inicio do pensamento geográfico e a busca por uma melhor explicação das atividades do homem na terra e da terra sobre o homem. O pensamento diversificado propiciou a abrangência do campo de atuação dos geógrafos, sempre voltada para o campo da geografia. As linhas de pensamento e pesquisa no campo da geografia possibilitam uma melhor compreensão e desenvolvimento, propiciando a sociedade um vasto campo de pesquisa, estudo e aprendizado. Sendo o processo apresentado somente parte de como a geografia se desenvolveu no mundo, alguns pensadores e criadores do pensamento geográfico, ramificações criadas a partir das divergências de pensamento, possibilitando a geografia, ser pensada, vista e estudada como ciência.

No entanto, apesar de todas as subdivisões, existe uma unidade da geografia: é o estudo do espaço geográfico na inter-relação entre a humanidade e seu meio ambiente...Sua atuação está normalmente ligada a questões de planejamento e meio ambiente, além da formulação de mapas geográficos. Recentemente, os geógrafos ganharam um novo campo de atuação: a apreensão e utilização de dados geográficos através dos SIGs (Sistemas de Informações Geográficas). Os SIG são tecnologias de processamento de informações geográficas, normalmente sob a forma de softwares, que sistematizam dados geográficos sobre inúmeros fenômenos de uma área ou região. (COELHO 2008).


CONCLUSÃO

O estudo da geografia passou por varias modificações e adaptações. Esse processo pode ser considerado muito importante para o aperfeiçoamento do pensamento geográfico, pois possibilitou à geografia passar a ser estudada e compreendida como ciência. Tendo a geografia, ganho essa definição, devido ao esforço de muitos pensadores que buscavam explorar, desvendar, estudar e compreender o mundo em que viviam e como o homem interferia no meio e o meio interferia na vida humana e a formação do planeta.
Muitas outras perguntas surgiram para esses pensadores, desenvolvendo assim o pensamento geográfico, surgindo também pensadores que buscavam explicar e responder a essas perguntas de forma a rebater as respostas e tórias apresentadas. Essas diferenças de idéias e pensamentos possibilitaram a geografia ganhar ramificações para estudos mais específicos de determinadas áreas. Com essas ramificações a geografia passa a possibilitar ao geógrafo a busca pela formação especifica que melhor lhe estimule a estudar a geografia e a contribuir para o desenvolvimento de nosso mundo.

BIBLIOGRAFIA

COELHO, Rafael. Geografia e Geógrafos. Mundo Vestibular. .Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/articles/4796/1/Geografia-e-Geografos/Paacutegina1.html>. Acesso em 25 de maio de 2010.

MEDEIROS, Edu. Geografia. Edumedeiros.com. Disponível em: <http://www.edumedeiros.com/geografia/index.php>. Acesso em 31 de maio de 2010.

PIRES, Hindenburgo Francisco. Reflexões sobre a contribuição da geografia histórica e da
geohistória na renovação dos pensamentos geográfico e histórico no século xx. Monografias.com. Disponível em: http://br.monografias.com/trabalhos909/reflexoes-sobre-contribuicao/reflexoes-sobre-contribuicao.shtml>. Acesso em 31 de maio de 2010.

RIBEIRO, Filipe Giuseppe Dal Bo. O "longo século XIX: Clausewitz, Lavallée, e a Ordem da Santa Aliança em perspectiva. Revista Espaço Acadêmico ? nº 91 ? mensal ? Dezembro de 2008. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/091/91ribeiro-f.htm>. Acesso em 25 de maio de 2010.