UNIVAG ? CENTRO UNIVERSITÁRIO
GRUPO DE PRODUÇÕES ACADÊMICAS DE HUMANAS
CURSO DE PEDAGOGIA



















A FUNÇÃO DO ORIENTADOR SOCIAL NO PROJOVEM ADOLESCENTE DO TRAÇADO METODOLÓGICO AO TRAÇADO DA VIDA




ACADÊMICA: LILIANE LAURA DE MACEDO CABRAL

ORIENTADORA: PROFª. MS. MABEL STROBEL

















Várzea Grande
2011
LILIANE LAURA DE MACEDO CABRAL





















A FUNÇÃO DO ORIENTADOR SOCIAL NO PROJOVEM ADOLESCENTE DO TRAÇADO METODOLÓGICO AO TRAÇADO



Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Graduado em Pedagogia ao UNIVAG ? Centro Universitário.


Orientadora: Profª. Ms Mabel Strobel














Várzea Grande
2011
LILIANE LAURA DE MACEDO CABRAL






A FUNÇÃO DO ORIENTADOR SOCIAL NO PROJOVEM ADOLESCENTE DO TRAÇADO METODOLÓGICO AO TRAÇADO DA VIDA







Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Graduado(a) em Pedagogia, ao UNIVAG ? Centro Universitário.



Aprovado em 21 de 06 de 2011.




BANCA EXAMINADORA




Profa. Esp./Ms./Dra. [nome completo]
Orientador(a)


Profa. Esp./Ms./Dra. [nome completo]
Membro



Profa. Esp./Ms./Dra. [nome completo]
Membro




A FUNÇÃO DO ORIENTADOR SOCIAL NO PROJOVEM ADOLESCENTE: DO TRAÇADO METODOLÓGICO AO TRAÇADO DA VIDA

CABRAL, Liliane Laura de Macedo
STROBEL, Mabel Moreira

RESUMO
Este artigo tem como objetivo contextualizar o Programa Projovem Adolescente e investigar a função do Orientador Social nesse Programa, que tem como mantenedor o Governo Federal em parceria com os governos municipais, o qual se desenvolve no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) do Município de Várzea Grande/MT. Atende jovens de 15 a 17 anos, na inserção social e no aspecto socioeducativo. O Orientador Social atende a esses jovens e compõe o grupo de 16 a 30 participantes, denominado de coletivo. A metodologia utilizada é de estudo bibliográfico e pesquisa de campo, na abordagem qualitativa, através de questionários com perguntas abertas envolvendo dois Orientadores do Programa e a análise da vivência pessoal durante a prática do Estagio Supervisionado e enquanto profissional atuando no Programa, durante 2010 e 2011. O referencial teórico desta pesquisa fundamentou-se nos seis volumes de produção científica que subsidia a execução do Programa, dentre estes, encontra-se o Traçado Metodológico, o qual resume o restante dos volumes. Utilizando-se também, as ideias de Freire (1996) e as legislações referentes à inclusão de jovens em programas socioeducativos.


Palavras-Chave: Projovem Adolescente; Orientador Social; Coletivo.


ABSTRACT
This article aims to contextualize the Adolescent Program Projovem and investigate the function and role of the Mentor Program in Social, which has as maintaining the Federal Government in partnership with municipal governments, which develops at the Center for Reference and Social Assistance (CRAS) the City of Greater Lowland / MT. Serves 15 to 17 years in social integration and socio-educational aspect. The Social Advisor meets these youths and the group composed of at least 16 to 30 participants, called the collective. The methodology used is bibliography study and field research, the qualitative approach, using questionnaires with open questions involving two Program Advisors and analysis of personal experience during the practice of Supervised and acting as a professional in the program during 2010 and 2011. The theoretical framework of this research was based on the six volumes of scientific literature which subsidizes the program execution, among them is the Trace Methodology, which summarizes the remaining volumes. Using also the ideas of Freire (1996) and the laws regarding the inclusion of youth in socio-educational programs.

Key-Words: Projovem Teen; Guiding Social; Collective.
INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo investigar o papel do Orientador Social no Programa Nacional de Inclusão de Jovens - Projovem, e identificar como ocorre a busca constante pelos adolescentes na faixa etária de 15 a 17 anos. Pretende também, contextualizar o referido Programa elaborado na esfera do Governo Federal e desenvolvido em parceria com as prefeituras. Neste caso, com a Prefeitura do município de Várzea Grande/MT, no espaço do Centro de Referência de Assistência Social-CRAS.
O Projovem Adolescente agrega jovens beneficiários do Programa Bolsa Família, sendo este, conforme o Traçado Metodológico (BRASIL, 2009a, p.21) é "uma renda que beneficia famílias em situação de pobreza que tem como objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional". O Programa agrega também, adolescentes vítimas de violência, exploração sexual, trabalho e medidas de proteção ou socioeducativas.
A metodologia aplicada neste trabalho tem como referencial o estudo bibliográfico e pesquisa de campo, na abordagem qualitativa, através de questionários abertos, com a participação de dois (02) orientadores dos coletivos em Várzea Grande/MT e a vivência no coletivo, que mostrará na prática, a realidade tanto do Orientador Social como da sua função mediante a tantas dificuldades encontradas no coletivo. Destacamos que para obter um bom trabalho, é preciso comprometimento tanto dos órgãos competentes como a coordenação local do Programa. Referindo-se também, nesse contexto, ao próprio Orientador Social, pois é através deste, que resultará o trabalho de inserção dos adolescentes na sociedade com possibilidade de uma melhoria de vida tanto familiar, quanto escolar e de realizações futuras.
O Orientador Social é o profissional da educação ou de qualquer outra área que busca os jovens para formar o coletivo, tendo que compor com o mínimo 16 e máximo 30 adolescentes, fazendo um trabalho educativo e social ao mesmo tempo, tanto com o jovem quanto com sua família, pois é preciso criar este vínculo com ambas as partes, para conquistar a confiança de todos os envolvidos (BRASIL, 2009a).
Este profissional, independente de sua formação inicial deve demonstrar a capacidade de criar vínculos de confiabilidade para que os jovens sintam-se acolhidos. Elabora atividades em relação ao cotidiano, promove debates, elabora projetos sobre temas polêmicos entre jovens, trabalhando com a realidade de cada pessoa do grupo, sobre a importância da aproximação com a família, o esporte e o lazer para que o adolescente interaja com as propostas do Projovem (BRASIL, 2009a).
Nesse contexto, cabe ao Orientador a sensibilidade em propor uma metodologia participativa que ajude sensivelmente no diálogo com a família e desta com o jovem, aprendendo a escutá-lo, pois conforme esclarece Freire (1996, p.113):

O sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fossemos os portadores da verdade a ser transmitidas aos demais, que aprendemos a escutar, mas é escutando que aprendemos a falar com eles.

Assim, o orientador precisa ter um comprometimento com o jovem e sua família, manter diálogos, saber escutar o que as partes envolvidas estão se expressando verbalmente. É a partir disso, que irá se formar um vínculo, para poder executar as orientações previstas nos cadernos com relação à vivência, família, escola e outras atividades que o adolescente deve presenciar no Programa. (CRAS, 2011).
O termo Coletivo é utilizado no Programa Nacional Projovem-Adolescente, não no sentido rotineiro de classe ou turma escolar. Trata dos agrupamentos dos jovens no Programa em espaços não-escolares, sendo cada Orientador responsável tanto pela busca, como cadastro, inscrição e o desenvolvimento das atividades de segunda a quinta-feira durante um período do dia (BRASIL, 2009b).

FUNÇÃO DO ORIENTADOR SOCIAL NO PROJOVEM ADOLESCENTE DO TRAÇADO METODOLÓGICO AO TRAÇADO DA VIDA

A prática do Estágio Supervisionado em Espaços não Escolares feito no CRAS-Cristo Rei do Município de Várzea Grande/MT, com o Programa Projovem Adolescente no ano de 2010, levou-nos a refletir o quanto o Orientador Social é importante na vida de cada jovem integrante do Programa. Durante o tempo de regência das aulas que foram trabalhadas na semana do referido Estágio, uma funcionária da coordenação do Projovem fez um convite para levarmos o curriculum vitae até a coordenação e a partir desse momento, começamos a desenvolver um trabalho de orientação com esses adolescentes. Foi em conseqüência dos desafios dessa prática que obtivemos estímulo pesquisar sobre a função do Orientador Social no Projovem Adolescente .
O Traçado Metodológico (BRASIL, 2009ª, p. 16) nos evidencia que o Projovem Adolescente é um Serviço Socioeducativo de Proteção Social Básica inserido na Política de Assistência Social (PNAS), no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e vinculado ao Centro de Referência e Assistência Social-CRAS. Sua principal diretriz é complementar a proteção social à família, a partir do apoio direto aos jovens de 15 a 17 anos de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, vinculados ou egressos de programas e serviços de Proteção Social Especial, ou sob medidas de proteção ou socioeducativas do Estatuto da Criança e do Adolescente, exceto em cumprimento de medida de internação.
O Projovem, enquanto Programa do Governo federal foi criado em 2005, com a denominação de Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano, Saberes da Terra e outras modalidades que tiveram como proposta, incluir o adolescente na participação dos programas criados pelo governo. Mais tarde, com o objetivo de potencializar os resultados, optou-se pela reformulação do programa de inclusão de jovens de 15 a 29 anos, dando origem a 04 modalidades: Projovem Adolescente- Serviço Sócio Educativo; Projovem Urbano; Projovem Trabalhador; e do Campo. O funcionamento dessas modalidades foi sancionada pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva em setembro de 2007 e regulamentado pela Lei n. 11.629 de 10 de junho de 2008 (BRASIL, 2009a).
Os jovens se reúnem de segunda a quinta-feira no período matutino das 7horas às 11horas e no período vespertino das 13horas ás 17horas. E, para cada período há um Orientador Social que é a pessoa que vai instruí-los no decorrer do ano, mantendo um convívio direto com os adolescentes no coletivo. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (BRASIL, 2011, p.1) ressalta que "Coletivos são jovens que são organizados em grupos, que desenvolvem uma série de atividades, em um percurso envolvendo os eixos estruturantes, o ciclo completo de cada coletivo tem duração de dois anos.
Segundo o Traçado Medológico (BRASIL, 2009a, p.37) "O Orientador Social é a "alma" do Projovem Adolescente. Desempenha a "função chave" de facilitar a trajetória de cada jovem e do coletivo juvenil na direção do desenvolvimento pessoal e social, contribuindo para a criação de um ambiente educativo, participativo e democrático". Sendo função do Orientador, projetar e executar as ações socioeducativas dentro e fora do coletivo.

O Traçado Metodológico é parte integrante do conjunto das publicações elaboradas pelo MDS com o intuito de proporcionar, às equipes profissionais e aos gestores responsáveis pelo Projovem Adolescente em todo o País, as bases conceituais e os subsídios teóricos e práticos necessários à estruturação e desenvolvimento de um serviço socioeducativo de qualidade (...) (BRASIL, 2009b, p 13).

Este Traçado Metodológico está ordenado em três eixos estruturantes: Convivência Social - é a parte que desenvolve o convívio com a família, amigos a comunidade em geral, instigando sentimentos de carinho, amor ao próximo, respeito, solidariedade e aprender a conviver e respeitar as diferenças. A Participação Cidadã - sensibiliza os jovens na questão da participação e no envolvimento com a sociedade, tanto na parte cultural, social, ambiental, econômica e política, para que sejam desenvolvidas experiências juntamente com o Orientador Social para beneficio a comunidade local e em outras regiões. O último eixo é o Mundo do Trabalho - vai possibilitar ao adolescente, refletir sobre a sua futura profissão, instigando a buscar mais conhecimento e de obter uma boa perspectiva de vida (BRASIL, 2009a).
Percebemos a complexa e dinâmica atuação do Orientador Social diante desses eixos e inserido num Programa que envolve a sensibilidade, a atenção e o respeito à vivência de jovens muitas vezes exclusos do convívio social e às margens da sociedade.
Está essa função devidamente programada e respaldada nos Traçados Metodológicos? A pergunta problematizadora de nosso estudo está inserida nessa linha de investigação. Então, qual é a função do Orientador Social no Programa Projovem Adololescente, a real função, ou seja, aquela que diariamente é exercida pelo profissional responsável pelo Coletivo dentro do Programa .
Optamos pela participação do grupo respondendo algumas perguntas através de questionário aberto e, para evitar comprometimentos, nenhum de nossos entrevistados será nomeado pelo seu nome próprio, apenas de Orientador A e Orientador B, quando citados nas respostas da pesquisa realizada nos coletivos do município de Várzea Grande- MT.
As questões da entrevista foram enumeradas de 01 a 12, e estarão em ordem seqüencial, conforme perguntas e respostas dos orientadores entrevistados:
Em relação à pergunta número 01, sobre como conheceu o Programa Projovem Adolescente? As respostas foram às seguintes:"Conheci o Projovem através da minha ex cunhada". (Orientadora A). "Fui convidada a participar de reunião, no qual a coordenação do Projovem estava presente e eles eram um dos preletores". (Orientadora B)
Conforme o relato dos Orientadores entrevistados, estes conheceram o Projovem Adolescente através de um vizinho, familiar ou até mesmo por envolvimento em questões políticas. Este fato pode ser um dos motivos de Ingressam no programa e na maioria das vezes, sem a devida qualificação para atuar no cargo proposto. Outras vezes, são de áreas totalmente distintas das áreas educacionais e sociais, e por não ter outra opção, terminam aceitando a proposta de trabalho, porém desistem, por causa da não identificação, dos salários baixos e ou infra estrutura precária.
Em relação à pergunta 02 sobre qual é a sua opinião a respeito do Programa? As respostas foram às seguintes:"O Programa em si na teoria é uma coisa, agora na prática é outra". (Orientadora A). "Teoricamente um Programa inteligente e promissor, mas na prática, na realidade onde os jovens estão inseridos, não corresponde a teoria a ser aplicada no coletivo". (Orientadora B).
Como dito pelas Orientadoras tudo o que está nos cadernos do Orientador Social, proposto pelo governo aos jovens e dá a impressão de perfeita harmonia, mas os seus objetivos não se efetivam na prática, devido a falta de apoio, investimentos, englobando tudo o que se refere ao Programa. Coletivo e Orientadores acabam sozinhos tendo que resolver os seus problemas diários.
Em relação à pergunta 03 se o Orientador recebe apoio pedagógico da coordenação municipal do Projovem Adolescente? As respostas foram às seguintes:
"Capacitação é uma vez por semana e o caderno metodológico que não é o suficiente". (Orientadora A "Com reuniões semanais, orientações, quanto aos cadernos do Projovem. Contudo esse apoio deveria ser mais intensificado ao Orientador e ao coletivo". (Orientadora B)
Sempre fica faltando algo na capacitação, um maior aprofundamento nas discussões. É repassado o que está nos cadernos do Orientador Social e nada de novo, para que possa aplicar no dia a dia, como oficinas, novas técnicas que nos auxiliem a entender os problemas sociais e na conquista e permanência deste jovem no coletivo. Esse apoio deveria ser mais intensificado ao Orientador e ao coletivo, pois na maioria das vezes as promessas que são feitas não são cumpridas.
Em relação à pergunta 04 se recebe ajuda com materiais escolares para realização das atividades? As Orientadoras A e B emitiram praticamente, a mesma resposta: "Recebemos ajuda com materiais, mas não é o suficiente, às vezes temos que comprar com dinheiro do nosso próprio salário".
Como dito a falta de materiais é uma preocupação, pois os materiais que são recebidos não são suficientes para realização de um bom trabalho, tendo que driblar essa situação. Com a aplicação das estratégias pede-se doações ou tira-se do próprio salário. Fica o questionamento: como trabalhar com todas essas dificuldades dentro do coletivo?
Em relação a pergunta 05 a respeito do lanche para os jovens, se recebe todos os dias e, se a resposta for negativa, qual a atitude em relação a isso. As respostas foram às seguintes:"Nós fazemos cota e compramos ingredientes para fazer o lanche". (Orientadora A). "Hoje o lanche é diário, mas nos meses anteriores não havia lanche e os orientadores eram responsáveis por ele". (Orientadora B)
Segundo o Traçado Metodológico (BRASIL, 2009a, p.36), o responsável pelo Programa deverá fornecer lanche sempre que necessário. Mas a realidade é totalmente oposta, os lanches não são fornecidos todos os dias, levando o Orientador social e até mesmo os jovens, a se reunirem para fazerem cotas para a aquisição do mesmo. Muitos dos jovens não tem uma boa alimentação em casa e quiçá nenhum alimento na dispensa. .
Em relação à pergunta 06, se o Orientador obtêm apoio da família em relação ao jovem, as respostas foram as seguintes:"As famílias dos jovens também me apóiam". (Orientadora A). "Algumas vezes". (Orientadora B)

É também por meio do convívio que se estabelecem e se solidificam os vínculos humanos, inicialmente no âmbito familiar, constituindo uma rede primária de relacionamentos que asseguram afeto, proteção e cuidados (...). (...) tecendo-se redes secundárias, essenciais ao desenvolvimento afetivo, cognitivo e social (BRASIL, 2009a, p. 26).

Se a família trabalhar em parceria com os Orientadores, mantendo contato, auxiliando no decorrer da semana, enviando esses jovens para o coletivo, o resultado será melhor, pois ela é essencial nessa trajetória de vida e levar esses adolescentes a obter uma nova perspectiva, tanto no ambiente familiar, escolar, trabalho e na comunidade em geral. Sabemos que muitos precisam obter um vinculo de carinho, união e saber o quanto é importante para os seus familiares e que as vezes demonstram agressividade para chamar atenção de algo que eles não possuem, o ser humano não foi feito para viver sozinho. Algumas famílias apóiam e acompanham os adolescentes para ir ao coletivo, mas em contrapartida muitos os deixam, somente para se livrar de um problema (CRAS, 2011).
Em relação à pergunta 07, sobre qual é o papel do Orientador Social dentro do Programa Projovem Adolescente? As respostas foram às seguintes:"Devemos ir às casas dos adolescentes cadastrá-los, acompanhá-los e orientá-los fazer visitas para as famílias". (Orientadora A). "O Orientador Social tem navegado em muitas profissões como: orientador, psicólogo, assistente social, portanto difícil definir o papel do Orientador. A sua função e a orientação é o mediador de conhecimento, é o que estimula o debate a troca de experiência muita das vezes confidente. É o transmissor e o receptor de informações que possibilita a construção do saber do jovem, ampliando sua visão de mundo e incentivador do crescimento pessoal e levá-lo a ser protagonista". (Orientadora B)
Conforme as respostas dos Orientadores sobre a sua função dentro do programa, observamos que é de ir à busca desses adolescentes em suas residências, cadastrá-los, manter um acompanhamento e contato semanal com a família em suas moradias, em outro período em que o Orientador não esteja no coletivo, totalizando 40 horas semanais. A sua função é a orientação e de mediador de conhecimento, é quem estimula o debate a troca de experiência e muitas vezes tornam-se confidente ou como se fosse um parente próximo para esse adolescente.
O orientador se torna o transmissor e o receptor de informações que possibilita a construção do saber do jovem, ampliando a sua visão de mundo e incentivador do crescimento pessoal e levá-lo ao protagonismo.

As principais expectativas ao papel do Orientador Social dizem respeito ao modo de atuar com os jovens, o que requer, em suas ações cotidianas, que se faça presente e compromissado nas relações com os jovens, que estabeleça e desenvolva vínculos e que esteja permanentemente disposto a refletir sobre o seu trabalho e a melhorar constantemente o seu desempenho. (...) é uma referência fundamental para os jovens, propondo-se como um modelo de identificação o que aumenta a sua responsabilidade quanto à postura adotada frente aos jovens e frente à vida, que deve ser consistente com os princípios orientadores e dimensões metodológicas do Projovem Adolescente. Traçado Metodológico, BRASIL, 2009 a)

O Orientador Social precisa ter uma postura ética e ter compromisso frente a esses adolescentes que devido a várias circunstancias da vida na particularidade de cada jovem já sofreram toda ordem de indiferença e exclusão. Na maneira de ser de cada um, procuram ajuda, carinho, respeito e necessitam saber que são importantes e é através disso, que o Orientador precisa criar vinculo de amizade, companheirismo para ajudar esses jovens no caminho de sucesso na sua trajetória de vida.
Conforme a pergunta 08, se o Orientador já sofreu alguma ameaça ou risco de morte dentro ou fora do coletivo? Sim ou não. As respostas foram às seguintes: "Não". (Orientador A). "Sim". (Orientador B)
Dentro do coletivo o Orientador sofre ameaças, às vezes, pelo simples fato de não ter o mesmo padrão de vida e representar as diferenças no coletivo, ou por uma palavra que foi dita que alguém não tenha gostado. Assim, o Orientador fica vulnerável, não tem proteção ou segurança no percurso até a sua residência, a desordem psicológica do individuo envolvido em violências provoca agressividade e e revolta.
Conforme a pergunta 09, se o salário é compatível com tudo o que faz dentro do coletivo? As respostas foram as seguintes: "Não, pois fazemos o papel de pai, mãe, psicólogo, amigo". (Orientadora A). "O Orientador é desvalorizado, o que ele faz e desenvolve no coletivo e de grande responsabilidade social. E até risco de "morte ele enfrenta no seu dia a dia". (Orientadora B)
Conforme a pergunta 10, dê três exemplos de experiências que adquiriu dentro do Programa. As respostas foram: "Me tornei mais sensível a realidade dos adolescentes, adquiri experiência de vida". (Orientadora A). "Aprendi a não julgar pela aparência, tinha medo dos adolescentes, mudou minha visão, conhecendo a realidade do jovem. Converso com alguns pais que as vezes choram, em pedir ajuda e contar problemas sobre o adolescente, aprendi a ouvir mais, a ser mediador, trocas de experiências". (Orientadora B)
Mesmo tendo os casos de agressividade, precisam de uma amizade sincera, compreensão que não tem em casa, e casos de alguns pais que às vezes choram pedindo ajuda para o filho e contam seus problemas, mães sozinhas que precisam trabalhar tendo filhos envolvidos com as drogas, os assaltos e outras problemas e não sabem a quem recorrer, tornando-se o Orientador um ouvinte também da família.
Conforme a pergunta 11, indique três pontos positivos e três pontos negativos do Programa. As respostas foram às seguintes: "Positivos - O crescimento intelectual dos jovens, a mudança de vida e o desenvolvimento e Negativos- O lanche, a infra estrutura, a falta de incentivo" (Orientadora A). "Positivos- Pode salvar vidas, mudar visão e levar a consciência de um mundo melhor. Negativos- Falta de investimento ou verba que não chega, condições precárias para desenvolver o trabalho dentro do coletivo, falta de apoio aos Orientadores e somente ajudam aquele que tem bastante jovem". (Orientadora B)
Na pergunta 12, se o Orientador indicaria alguém a trabalhar neste Programa? "Sim, pois nós fazemos um papel muito grande na vida deles, pois aqui eles aprendem a respeitar os outros a valorizar o ser humano". (Orientadora A) "Indicaria sim, porquê apesar dos problemas eu estaria ajudando vidas". (Orientadora B).
O Orientador pode salvar ou resgatar vidas, mudar a visão e levar a consciência e perspectiva de um mundo melhor, o crescimento intelectual dos jovens, a mudança de vida de alguns adolescentes que estão no Projovem com uma perspectiva de vida melhor
A falta de investimento ou verbas que não chegam, as condições precárias para desenvolver um bom trabalho, a falta de apoio, o lugar, o ambiente apropriado que venha trazer benefícios aos jovens, são questões sempre pendentes. Segundo a coordenação do Programa é de responsabilidade do Orientador Social, arrumar o lugar para abrir o coletivo. O Orientador precisa se desdobrar para fechar a cota certa que é de 15 a 25 adolescentes, podendo chegar ate 30 jovens e se não conseguir, o coletivo não será aberto e se aberto, terá que ter o mínimo de pessoas, referente a cima, para inicio do trabalho.
No traçado metodológico que é o caderno do Orientador Social, afirma-se sobre as instalações físicas e recursos matérias (BRASIL, 2009a, p 35):

As instalações físicas e demais recursos materiais disponibilizados ao Projovem Adolescente devem contribuir para a criação de uma ambiência adequada e favorável ao desenvolvimento das ações socioeducativas. Ambientes amplos, limpos, arejados, bem iluminados e bem conservados, com espaços, mobiliário e materiais suficientes e adequados, ajudam a criar esta ambiência, contribuem para a autoestima dos jovens e também para que estes se corresponsabilizem com o cuidado das instalações e o uso responsável dos recursos. Inversamente, a inadequação de recursos materiais necessários às atividades podem prejudicar o desenvolvimento das atividades e condicionar atitudes e comportamentos desfavoráveis dos jovens.

Observamos que a realidade daquilo que acontece no coletivo não condiz com o que está descrito no caderno do Orientador Social, pois este se encontra em condições desfavoráveis. Uma salinha cheia de entulhos, muito quente, escura onde alunos passam mal, com tanto calor e correndo até mesmo o risco de serem retirados do lugar. Ás vezes, na mesma sala acontecem outros cursos, ocasionando a saída desses adolescentes para alguma outra área do Centro de Referência e Assistência Social.
Observamos também, que o fator principal que acontece no Programa é a evasão, porque muitos cursos são ofertados, mas não são cumpridos pela coordenação, o que prejudica o papel do Orientador em manter esses adolescentes no coletivo, ficando os jovens desacreditados comprometendo o trabalho do Orientador Social que é o de manter e instruir esses jovens.
O Traçado Metodológico descreve de quem é a real função de recrutar esses adolescentes para formar o coletivo, assim sendo:

(...) o Projovem é um serviço público e gratuito, sendo o preenchimento das vagas de responsabilidade exclusiva e intransferível do órgão gestor da assistência, devendo-se envolver o CRAS na mobilização e seleção dos jovens, obedecendo-se rigorosamente aos critérios estabelecidos pela legislação e instrumentos normativos do serviço socioeducativo (BRASIL, 2009a, p. 19).

Se o recrutamento dos jovens fosse feito conforme relata o Traçado Metodológico acima, o Orientador não teria a sobrecarga de recrutar sozinho, sem ajuda dos órgãos competentes, acarretando um trabalho exaustivo, e sempre temendo se iria ou não conseguir a quantidade certa de adolescentes, para poder iniciar o seu trabalho. Além de ter que mantê-los dentro do coletivo, para desenvolver o trabalho de orientação junto aos adolescentes, que se torna uma tarefa árdua, pois os atributos que lançam ao Orientador Social são muito exaustivos e tendo afazeres que não é de sua alçada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo procurou descrever a função e a trajetória que o Orientador Social precisa percorrer, desde a criação do coletivo até as Orientações com os jovens e podemos concluir, com base na pesquisa realizada, que esta função possui múltiplas facetas. Se no Traçado Metodológico se refere a orientar e desempenhar a função chave de facilitar a trajetória de cada adolescente em uma dimensão para o desenvolvimento pessoal e social, sendo um mediador de conhecimentos, nas respostas dos entrevistados, percebemos que vai além disto.
A amplitude da sua função que vai desde desempenhar um papel de alguém da família como mãe, tia, avô, também além de orientar, como psicólogo, assistente social, e outras áreas afins.
Baseando-se na teoria de Paulo Freire, no Caderno Metodológico e em sites do Governo que relatam do assunto proposto, podemos afirmar que para ser um bom Orientador precisamos ter como base, o conhecimento vasto da legislação sobre os direitos e deveres dos jovens; ter apoio dos órgãos competentes para que juntos possam realizar um trabalho de qualidade para deixar de ser somente na teoria e na promessa.
É importante ressaltar que este trabalho é muito complexo, e não se esgota nesta pesquisa inicial. É preciso que cada órgão responsável se organize e faça o que é realmente proposto. Não sobrecarregando somente uma das partes, exatamente aquela diretamente ligada aos jovens o Orientador Social, sendo que este é o que deveria receber todas as condições necessárias para o seu trabalho. A parceria, com certeza teria um trabalho eficiente e de sucesso, para que a sociedade possa ver que é um trabalho sério e de confiabilidade.
Reconhecer o papel do Orientador Social e valorizar o seu trabalho. Este sozinho, não conseguirá desempenhar a proposta de orientação dos adolescente no Programa, obter um salário conforme o grau de escolaridade, que venha condizer com todo o desempenho e aperfeiçoamento profissional. É inegável dizer que nunca teremos barreiras, mas se lutarmos pelos nossos direitos, com união das esferas do Governo, força e persistência, chegaremos a ver uma juventude mais próxima dos seus lares, da educação, do exercício da cidadania e da dignidade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Traçado Metodológico. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 2009a. (Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo)

_______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno do Orientador Social - Ciclo I, Percurso Socioeducativo I: Criação do Coletivo. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009b. (Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo)

________Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno do Orientador Social - Ciclo I, Percurso Socioeducativo II: Consolidação do Coletivo. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009b. (Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo)

________Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno do Orientador Social - Ciclo I, Percurso Socioeducativo III: Coletivo.Pesquisador Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009b. (Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo)

________Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno do Orientador Social - Ciclo I, Percurso Socioeducativo IV: Coletivo.Questionador Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009b. (Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo)

________Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno do Orientador Social - Ciclo II, Percurso Socioeducativo V: Coletivo Articulador-Realizador. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009b. (Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo)

_______. Desenvolvimento Social. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Projovem Adolescente-Coletivos, 2011. Disponível em: http://www.mds.
gov.br/falemds/perguntas-frequentes/assistencia-social/psb-protecao-especial-basic a/projovem-adolescente-15-a-17-anos/projovem-adolescente-coletivos. Acesso em: 05 mai. 2011.

CRAS. Centro de Referência de Assistência Social. Vivencia presencial. Cristo Rei, Várzea Grande, 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.