Tendo a leitura como um dos processos básicos, com o qual o ser humano é capaz de adquirir e compartilhar novos conhecimentos, receber informações e interagir socialmente. Percebe-se que o brasileiro, vem no entanto a cada dia apresentando um hábito de leitura restrito e limitado.  “Apesar dessa presença maciça e diversificada da leitura e da escrita nas atividades que se realizam na escola, vivemos às voltas com altos índices de analfabetismo funcional, evasão e repetência”. (FONTANA & CRUZ, 1997. P. 208)

A busca pela formação do leitor, seja pela leitura acadêmica ou mesmo por puro prazer, trata-se de um processo de constante oportunizacão desde as primeiras letras e palavras, deve-se incentivar a busca pela leitura e principalmente pela compreensão do que se lê. 

De acordo com Kuenzer (2002, p. 101), “Leitura, escrita e fala não são tarefas escolares que se esgotam em si mesmas; que terminam com a nota bimestral. Leitura, escrita e fala – repetindo – são atividades sociais, entre sujeitos históricos, realizadas sob condições concretas”, promovendo a formação do sujeito crítico e reflexivo, uma vez que é através do desenvolvimento dessas habilidades que os estudantes podem posicionar-se em situações, sejam elas cotidianas ou não, com autonomia. Cabe à escola a tarefa de oportunizar ao estudante situações de ensino-aprendizagem que contextualizam os conhecimentos que os mesmos já trazem quando chegam a escola e os que vão adquirindo nas aulas, sem que haja ruptura.

            Dessa forma, a leitura permeia mais que o uso de símbolos e tomada de informações, mais que o simples exercício da língua como forma de comunicação mas principalmente a formação crítica baseada não somente em sua opinião mas em uma gama de preceitos enraizados em vários conhecimentos escritos com outros pontos de vista, “o leitor se conscientiza de que o exercício de sua consciência sobre o material escrito não visa o simples reter ou memorizar, mas o compreender e o criticar” Silva (1991, p. 80).

Para Brandão e Michelitti apud. Chiappini (1998, p. 17) “O ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de intelecção de mundo que envolve uma característica essencial e singular ao homem: a sua capacidade simbólica e de interação com o outro pela mediação da palavra”. Portanto, o ato de ler torna-se o canal para experienciar fatos, e vivencias das quais não se presenciou, mas mesmo assim pode-se apreender tais conhecimentos e pontos de vistas.

Quando se observa a leitura na escola, deve-se ter sempre em mente as condições que se estabelecem para o ato de ler, desde o texto que se escolhe até mesmo a forma de abordá-lo, tal trabalho deve ter um objetivo didático claro e adequado, pois o leitor que irá esmiuçar tais informações deve ter uma linguagem compatível e sempre que possível que lhe agrade, “[…] o processo de leitura depende de várias condições: a habilidade e o estilo pessoal do leitor, o objetivo da leitura, o nível de conhecimento prévio do assunto tratado e o nível de complexidade oferecido pelo texto” (SOLIGO, 1999, p. 53)

            Os trabalhos de leitura com um todo tem que se posicionar como algo úteis e até mesmo necessários fora do âmbito escolar, a aproximação dos que se é lido com o mundo em que se vive é sempre aconselhável, pois em muitas vezes a falta desse posicionamento na escola causa os leitores para fazerem provas os quais em dias não fazem a menor idéia do que foi lido, “as atitudes e experiências emocionais são o fator determinante dos ‘interesses’. Os interesses e motivações do indivíduo refletem-se em seu modo de vida total.” (BAMBERGER, 1987, p. 32).

Portanto, quando se fala da leitura na escola, mais do que o ato de ler, deve-se formar leitores. A sutil diferença está em que naquele é apenas um ato passivo, muitas vezes tornando-se impositivo, já neste cria-se a necessidade pessoal pela leitura, “O interesse dos leitores pode ser despertado principalmente através do enredo dos acontecimentos, do sensacionalismo” (BAMBERGER, 1987, p. 35). O que não se deve confundir "laissez faire, laissez aller, laissez passer", mas sim com um direcionamento que leve em conta a opinião do leitor e que se de tempo e condições para que esse, desfrute dessa liberdade e aprenda com o exercício da leitura. “O bom clima pedagógico-democrático é o em que o educando vai aprendendo à custa de sua prática mesma que sua curiosidade como sua liberdade deve estar sujeita a limites, mas em permanente exercício” (Freire, 1996, p. 85).

Referências

 

FONTANA, R.; CRUZ, N. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, 1997.

KUENZER, Acácia (Org.). Ensino Médio: Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. 3ª ed. Cortez, 2002.

SILVA, Ezequiel Theodoro. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. 5ª ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991.

CHIAPPINI, L. (Coord.).Aprender e ensinar com textos didáticos e para-didáticos. Vol. II. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1998.

_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação à Distância. (Cadernos da TV Escola) v. 1 – Português. NASCIMENTO, Cecília Regina do & SOLIGO, Rosaura. Leitura e leitores. – Brasília, 1999.

_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação à Distância. (Cadernos da TV Escola) v. 1 – Português. SOLIGO, Rosaura. Para ensinar a ler. – Brasília, 1999.

BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito de leitura. 3 ed. São Paulo: Ática, 1987.