A FORMAÇÃO CONTINUADA NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO
FUNDAMENTAL I

Palavra chave: Estudos Sociais, Formação Continuada, Geografia.

RESUMO
O educador que leciona a disciplina de geografia tem em suas mãos a oportunidade de passar para seus alunos a grandiosidade que é conhecer o meio em que vive.
O artigo parte da premissa que o saber docente para este profissional torna-se indispensável no momento que este se propõe a lecionar a disciplina. Assim, o artigo analisa a importância da formação continuada para os profissionais do ensino fundamental I que desejam ministrar aulas de geografia, porém, não são graduados na mesma. O reconhecimento
metodológico e epistemológico da geografia, dará ao profissional capacidade de desenvolver sua prática construtivista, não deixando que a educação tradicional se enraíze em sua prática, causando um grande problema: a desmotivação do discente perante a disciplina de geografia.

INTRODUÇÃO

A temática básica da geografia é o espaço, com ela se compreende a construção do mundo. As intervenções na natureza, e as conseguentes modificações nela introduzidas dependem das diversas tecnologias empregadas pelo homem. As inovações consequentemente e o aperfeiçoamento da tecnologia imprimi um processo aos mecanismos de apropriação da natureza, o que significa maiores modificações e maior
domínio sobre o espaço. Nesta intensa modificação do espaço a tecnologia se revela como grandiosa forma de transformação do meio e de alienação social.
Os avanços tecnológicos e a globalização intensificaram as relações sociais no mundo, a internet é vista atualmente como fonte de informações e exerce diversas funções sociais oriunda de uma determinada classe dominante no mundo. Sujeitos críticos, pensantes, e formadores de opiniões são necessários para o rompimento deste paradigma. Seguindo
nesta perspectiva, a educação é uma porta de saída para a formação do sujeito compreensivo e atuante sobre o meio. O pensamento complexo constitui nas diversidades da compreensão da realidade que cerca o indivíduo, neste sentido, a geografia contribui no estudo das relações do homem com o meio, o que possibilita a compreensão das formações e transformações da realidade, sendo uma disciplina transdisciplinar
necessitando de outras ciências para o entendimento do lugar de vivência do homem: o planeta Terra. Compreender o Espaço Geográfico2 em suas formações e transformações, faz com que o aluno entenda seu próprio lugar de vivência. Repensar a prática educativa sobre a ótica geográfica, é romper com o paradigma que se estende durante décadas no ensino
fundamental I, principalmente após a implantação dos Estudos Sociais na Lei de Diretrizes Básicas (lei número 5.692/71). A formação inicial do docente em geografia, traz para o sujeito uma visão holística acerca das categorias de análise da geografia: Lugar, Paisagem, Região, Território, Espaço
Geográfico. Este artigo pretende analisar a importância da Formação continuada para os profissionais do ensino fundamental I, que desejam ministrar aulas de geografia, porém não são graduados na disciplina. O artigo Delimita-se a questionar o profissional que leciona no ensino fundamental I a disciplina de geografia, sem, se preocupar em capacitar-se continuamente a respeito da ciência geográfica. O artigo faz uma análise e uma reflexão a respeito desses profissionais, sendo realizado uma investigação
bibliográfica por meio de pesquisas documentais em livros, revistas e sites.
Alfabetizar-se no conteúdo do mundo é do ponto de vista da geografia, identificar na natureza tecnicamente produzida as contradições em que estamos inseridos, procurando desvendar as ações necessária à construção de um novo mundo, de uma nova natureza, na qual o ato humano tem a identidade de sua humanidade. Ler o espaço é compreender o ESPAÇO GEOGRÁFICO- O espaço geográfico é um "espaço social", um "espaço produzido", uma "formação sócio espacial", um espaço físico ("primeira natureza") onde o processo de gênese e desenvolvimento de cada formação econômica social é a própria formação de um espaço geográfico, uma
"segunda natureza", uma "natureza tecnificada" (PAGANELLI, pág 133, 1987).
as relações que nós, Seres Humanos, estabelecemos com nosso lugar, com o espaço em que vivemos e construímos na vida, ou melhor, com o espaço de vivência. A noção do espaço é uma estrutura mental que se constrói ao longo do desenvolvimento
desde o nascimento da criança, até a formação de seu pensamento através do processo
complexo e progressivo, que implica a mediação constante do adulto que o cerca. Neste
sentido, o lar familiar passa a ser o local de convívio da criança, onde ela encontra
proteção, carinho, amor, etc. Porém, no momento em que a criança passa a frequentar o
espaço escolar, isto significa uma nova etapa em sua vida, onde a mesma se relaciona
com outras crianças e um outro espaço que agora não é mais de convívio familiar, mas
sim em sociedade. Este é o segundo passo para se conviver em sociedade e o espaço
escolar é tão importante nesta construção de vida do indivíduo.
Neste sentido, a formação continuada do professor que leciona a disciplina de geografia
no ensino fundamental I, se faz necessário para aliar conhecimento cientifico a prática
educativa. A geografia é uma ciência que abre as janelas do mundo dando ao educando
uma visão antes não compreendida, sendo uma disciplina que envolve curiosidade e
desafios para a compreensão das relações humanas com o espaço. A formação
continuada deste profissional é prioridade no momento em que este leciona nas séries
iniciais, onde necessita mobilizar conhecimento chamando atenção dos alunos sobre a
realidade que está em volta, buscando do conhecimento prévio dos educando vivências e
realidades que fazem parte do seu cotidiano. Este profissional tem um papel
extremamente relevante no que diz respeito ao incentivo pela leitura, pela pesquisa, pela
prática, e pelo conhecimento Geográfico.
As pesquisas sobre formação e profissão docente apontam para uma revisão da
compreensão da prática pedagógica do professor, que é tomado como mobilizador de
saberes profissionais. Considera-se, assim, que este em sua trajetória constrói e
reconstrói seus conhecimentos conforme a necessidade de utilização dos mesmos, suas
experiências, seus percursos formativos e profissionais.
Atualmente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira dá sustentação ao
aligeiramento das licenciaturas, o que, somado à crescente privatização e
mercantilização do ensino superior, resulta numa perspectiva cada vez mais
pessimista quanto à qualidade da formação de professores, (Yves Lacoste,
pág.38, 1997).
Na realidade brasileira, embora ainda de uma forma um tanto "tímida", é a partir da
década de 1990 que se buscam novos enfoques e paradigmas para compreender a
prática pedagógica e os saberes pedagógicos e epistemológicos, relativos ao conteúdo
escolar a ser ensinado/aprendido. Repensando a formação dos professores a partir da
análise da prática pedagógica. Identifica o aparecimento da questão dos saberes como
um dos aspectos considerados nos estudos sobre a identidade da profissão do professor
e a formação docente (Pimenta, 1999).
UMA CRÍTICA A DISCIPLINA DE ESTUDOS SOCIAIS.
Em 1971 foi integrada a Lei de Diretrizes Básicas da Educação a lei número 5.692/71,
onde surgiram novas disciplinas que abrangiam três matérias: Comunicação Expressão,
Estudos Sociais e Ciências, estas disciplinas correspondiam a denominada licenciatura
curta. As disciplinas eram ministradas no ensino de primeiro e segundo graus, entretanto,
para ministrar aulas no segundo grau, os professores teriam que ter licenciatura plena
(PONTUSCHKA, ORG. 2007).
(?). Afora os problemas criados pela Lei 5.692/71, implantando a Área de
Estudos Sociais no 1.° grau, os cursos de licenciatura curta de Estudos Sociais,
problemas debatido são longo desses anos, objeto de estudo e pesquisas, e a
separação do curso de bacharelato (geógrafos) e de licenciatura (professores de
Geografia) nos cursos de Geografia, funcionando muitas vezes em Institutos
diferentes (Geociências e Ciências Humanas/Educação), encontra-se ainda "crise
de identidade da Geografia" no seio das Ciências Humanas e Sociais e da prática
de ensino, em todos os níveis.
A crítica sobre a disciplina de Estudos Sociais3 por parte dos Geógrafos brasileiros era
devido a proposta de formação dos educadores que foi reduzido e englobado em dois
campos científicos: História e Geografia. Como esses profissionais estudaram essas
disciplinas sem a parte do aprofundamento epistemológico e morfológico poderiam
3 ESTUDOS SOCIAIS - A introdução das propostas no Brasil aconteceu sob a influência
norte-americana. Em 1916, nos EUA, a "Comissão de Estudos Sociais" divulgou um
relatório defendendo uma educação para jovens que possibilitasse a eles apreciar a
natureza e as leis da vida social, adquirir o senso de responsabilidade em uma
sociedade, participar da promoção do bem-estar da população em geral e acreditar em
uma comunidade mundial que incluísse toda a humanidade. Essas idéias chegaram ao
Brasil com a Escola Nova. Em 1934, o Departamento de Educação do Distrito Federal
publicou o Programa Sociais, mencionando o ensino de Estudos Sociais, para os cinco
primeiros anos da escola elementar. Nessa mesma época, "Estudos Sociais" apareceu
também como "Matéria Escolar" da Escola de Professores do Instituto de Educação,
destinada a habilitar professores primários (PAGANELLI, pág 133, 1987. (Disponível em:
http://www.agb.org.br/files/TL_N2.pdf, acessado em: 25/09/2010).
lecionar com segurança essas disciplinas, visto que, essa formação dava ao profissional
uma visão reduzida e fragmentada acerca de todo conhecimento que está ligado ao
campo cientifico.
No que se refere especificamente à geografia, notamos que a formação dos
professores deixa muito a desejar, e que, muitas vezes, em se tratando de
professores mais antigos da rede escolar, a visão que eles têm está relacionada à
geografia que eles estudaram há muitos anos atrás, ou seja, ainda descritiva e
fragmentada. (?). A formação desses professores está estruturada em cursos de
licenciatura curta com complementação em Geografia ou em História. Repensar,
portanto, a grade curricular desses cursos, buscando melhorar a qualidade da
formação e um real aprofundamento em áreas específicas se faz necessário, mas
não da maneira como o governo está fazendo e nem tentando retomar o curso de
Estudos Sociais, com o nome de Ciências Humanas (Castellar, pág. 52, 1999.
Disponível em: http://www.agb.org.br/files/TL_N14.pdf, acessado em: 25/09/2010).
Neste sentido, o professor desta disciplina não preparava o aluno para o cotidiano,
intensificando o paradigma tradicional que impulsiona a fragmentação, memorização,
descrição dos fenômenos espaciais. Esse modelo de ensino não trazia nenhum benefício
ao educando por não questionar e não analisar as formações espaciais. Assim, a
estrutura cognitiva do ensino-aprendizagem se perdia no meio do processo de
aprendizagem por tornar a disciplina em uma simples memorização e descrição de
eventos socioespaciais. "Segundo autor, retirava-se da relação entre ensinar e aprender
sua propriedade fundamental, ou seja, preparar o sujeito para estar no mundo para agir
no mundo, e participar da construção da realidade social presente e futuro
(PONTUSCHKA, pág. 65, 2007)".
O profissional desta disciplina passou a ser apenas um mero transmissor do conteúdo,
reprodutor de conhecimento didático, reduzindo-se assim a sua prática educativa em
descrever os fenômenos espaciais, de forma resumida e fragmentada, compondo apenas
conhecimento que detinha em seu campo de conhecimento básico. Esta situação fez com
que os profissionais desta área não tivesse sucesso como agente mediador e
transformador da situação.
Quando isso acontece, pode-se afirmar que existe um profundo desconhecimento
por parte do professor ao trabalhar com as crianças objetivando construir, junto
com eles, o conhecimento geográfico, reduzindo-o à descrição da realidade sem
sentido, por exemplo. O que confirma que estamos corretos quando afirmamos
que existe um distanciamento entre o que se ensina e o que o aluno é capaz de
aprender. Não há dúvidas de que a formação do professor do Ensino
Fundamental, tanto das séries iniciais quanto das de 5.ª à 8.ª, é falha (Castellar,
pág. 53, 1999. Disponível em: http://www.agb.org.br/files/TL_N14.pdf, acessado
em: 25/09/2010).
A dicotomia entre o profissional que lecionava a disciplina de Estudos Sociais e o
pesquisador era nítido, pois o pesquisador graduado era reconhecido por ser conhecedor
de teorias e práticas vivenciadas dentro do ambiente acadêmico. O professor de Estudos
Sociais era bem semelhante a um técnico, onde o profissional tinha a receita pronta e
sem maior conhecimento de causa e efeito do fenômeno espacial. Faltava em sua
formação inicial disciplinas que incentiva-se o professor a ser um pesquisador escolar,
analisando e confrontando as diferentes realidades, criando uma dialética entre o
conhecimento prévio dos alunos e o conhecimento cientifico geográfico. O ensinar resulta
em pesquisar, pesquisar requer uma curiosidade do ainda não conhecido, e isto faz do
Professor graduado em geografia um pesquisador, diferente do profissional da disciplina
de Estudos Sociais.
Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando,
intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, pág. 29, 1996).
O debate a respeito do ensino de Estudos Sociais entre MEC4 e SESu5 resultou em uma
proposta de dissociação da disciplina de Estudos Sociais por História e Geografia. O que
mudaria a carga horária das disciplinas, a grade curricular, e a condição do profissional
que iria administrar, ou, lecionar as disciplinas de História e Geografia.
A Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) e Associação Nacional de
Professores Universitário de História (Anpuh), xiliaram, com as respectivas críticas
na extinção dos Estudos Sociais e também contribuíram para apropriação de parte
do professorado à Universidade (PONTUSCHKA, pág. 66, 2007).
Portanto, esse movimento trouxe grandes avanços para as disciplinas de História e
Geografia, fazendo com que as Universidade recebessem grande número de profissionais
que desejavam se graduar nas referidas disciplinas.
4 MEC- Ministério da Educação e Cultura
5 SESu- Secretaria de Educação Superior
A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO
ENQUANTO SUJEITO CRÍTICO DA REALIDADE QUE O CERCA.
A compreensão do espaço geográfico faz da geografia um estudo relevante ao ensino
escolar, visto que, esta é a relação entre o homem e a natureza, sobre a ótica dos
fenômenos espaciais. Nesta apreensão do conhecimento espacial, o ensino de geografia
se apóia revelando as nuanças que estão enraizadas no espaço geográfico, desde o
momento do surgimento do HOMO SAPIENS SAPIENS, o espaço foi se transformando
de forma pensada ou impensada pelo homem moderno.
Por se tratar de uma ciência que visa a compreensão dos fenômenos espaciais, a
geografia oportuniza ao educando e educador o estudo da realidade, buscando dela uma
interação com o cotidiano da vida. Na esfera do conhecimento geográfico a realidade vai
sendo construída e estudada em sala de aula. Neste sentido, a geografia escolar cria e
recria espaços físicos e culturais, onde o simples rompimento com o mundo desconhecido
torna-se um momento único singular na vida do individuo. A ciência geográfica propícia ao
educando um novo olhar a respeito do meio em vive, em sua relação com seu meio de
vivência.
A geografia, como disciplina escolar, oferece sua contribuição para que os alunos
e professores enriqueçam suas representações sociais e seu conhecimento sobre
as múltiplas dimensões da realidade social, natural e histórica, entendendo melhor
o mundo em seu processo ininterrupto de transformação, o momento atual da
chamada mundialização da economia (PAGANELLI, pág. 129, 1987. Disponível
em: http://www.agb.org.br/files/TL_N2.pdf ,, acessado em: 25/09/2010).
As múltiplas leituras socioespaciais que se pode fazer a partir de um terminado espaçotempo,
faz com essa disciplina se torne intrigante e motivadora, na busca de desvendar
as transformações de um terminado espaço. A Geografia possibilita desenvolver a
habilidades no aluno, como: observação, descrição, interpretação e análise crítica da
realidade tendo o foco a transformação do espaço geográfico. Compreender a realidade,
é apreender as relações do espaço produzido entre as interações dos homens com
natureza, concomitamente a compreensão das relações sociais de produção deste
espaço. Contudo, a Geografia analisa os diferentes espaços com sua localização,
orientação, representação dos fenômenos espaciais. Sobre a ótica do espaço geográfico
o ensino de Geografia é de extrema relevância para o ensino escolar. (OLIVEIRA, 1991).
A Geografia é uma área de conhecimento comprometida em tornar o mundo
compreensível para os alunos, explicável e passível de transformações. (...).
As temáticas com as quais a Geografia trabalha na atualidade encontram-se
permeadas por essas preocupações. É possível encontrar uma farta
bibliografia sobre varias questões que entrelaçam os temas de estudo da
Geografia com as questões sociais apontadas como prioritárias (...) (PCN,
1997, pág. 26).
O ensino de geografia propicia ao aluno uma visão sistêmica e holística do cotidiano,
dando a possibilidade, ao mesmo, de maior interação com seus conhecimentos prévios, a
partir de diversas experiências resgatadas pelos próprios alunos. Neste sentido, vale
ressaltar que a geografia em seu cerne é a disciplina questionadora, polêmica, que visa
compreender as formações dos lugares, a partir de diferentes realidades.
O ENSINO DE GEOGRAFIA E A FORMAÇÃO CONTINUADA PARA OS
PROFISSIONAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I
O ensino da geografia busca das experiências do cotidiano dos alunos a compreensão da
formação dos espaços, sendo o conhecimento prévio dos educandos a mola propulsora
para o ensino-aprendizagem do conhecimento Geográfico. Entretanto, para lecionar neste
novo paradigma o educador deve beber das águas dos conhecimentos geográficos.
Se não há professores especialistas em geografia, como os alunos, por exemplo,
do curso pedagogia, ao se formarem, irão ensinar geografia, criando condições
para construírem, junto com o aluno, o conhecimento, se eles próprios deveriam
estar, também, no processo de construção de alguns conceitos e conteúdos?
Seria o caso de rever, paralelamente, a postura que o professor tem diante de seu
próprio conhecimento. Como propor desafios aos alunos, se ele próprio está
inseguro diante da possibilidade de ser questionado por eles e não saber lidar com
essas situações? (Castellar, pág. 56, 1999. Disponível em:
http://www.agb.org.br/files/TL_N14.pdf, acessado em: 25/09/2010).
Seguindo esta perspectiva, é que se faz necessário a formação continuada para os
educadores em pedagogia e Normal Superior, que lecionam no ensino fundamental I,
visto que, uma das exigências para lecionar a disciplina é conhecer e reconhecer as
categorias de análise de forma aprofundada, para o ensino de Geografia.
O processo ensino-aprendizagem já começa debilitado, pois, se o professor não
tem clareza sobre seu papel, em uma concepção em que a construção de
conceitos e a aprendizagem significativa são determinantes, como fazê-lo romper
com a prática tradicional? São poucos os investimentos institucionais em formação
de professor, a qual deveria ser continuada (Castellar, pág. 57, 1999. Disponível
em: http://www.agb.org.br/files/TL_N14.pdf, acessado em: 25/09/2010).
O saber docente do professor de geografia é relevante no momento de sua prática, pois
no momento que este se propõe a ensinar o conhecimento geográfico, se compromete a
desenvolver habilidades e competências antes não desenvolvidas dentro do sujeito que
se propõe a aprender. Neste sentido, o saber docente para este profissional é de extrema
relevância por dar ao educador a oportunidade de quebrar paradigmas tradicionais e fazer
do ensino de geografia um acontecimento contemporâneo. O profissional que domina o
conhecimento historicamente produzido no âmbito da ciência reconhece o significado
social que deve exercer em sua profissão. Parte da competência deste profissional é
reconhecer e aprofundar seu conhecimento sobre o ensino de geografia.
O saber que se torna objeto de ensino na escola não é o saber universitário
simplificado, é um saber transformador, recomposto, segundo o processo que trata
de dominar ao máximo, evitando simplicações que deformam os conhecimentos
ou que provocam desvios (MARECHAL, apud PONTUSCHKA, pág. 27, 2007).
Essa afirmação colabora com a necessidade do educador do ensino fundamental I
continuar tendo capacitações durante sua vida profissional que lhe permita autonomia e
reflexão sobre os conteúdos programáticos que serão adotados. O planejamento das
atividades curriculares definido o que ocorrerá junto com outros profissionais que
trabalham dentro do ambiente escolar.
Ao professor das primeiras séries cabe, na ação didática, ter as condições de
traduzir as formulações interpretativas da sociedade em que vive a criança,
possibilitando construir gradualmente a compreensão das articulações que
ocorrem na sociedade através do espaço e do tempo (PAGANELLI, pág 133,
1987. (Disponível em: http://www.agb.org.br/files/TL_N2.pdf, acessado em:
25/09/2010).
Mediante o já citado acima, percebe-se a necessidade da Formação continuada para os
profissionais que não são graduados em geografia, mas que se propõe a lecionar o
conhecimento geográfico no Ensino Fundamental I. Os problemas que existe sobre a
prática desses profissionais são diversos, de ordem de identificação e confusão sobre os
conceitos e conteúdos a serem lecionados. Nas últimas décadas diversas obras de
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram produzidos para rever as habilidades e
competências do ensino de geografia.
De acordo com o PCNs de geografia do Ensino Fundamental I, uma analise feita pela
Fundação Carlos Chagas, observou que os problemas para o ensino de geografia são
diversos, entre eles: "abandono de conteúdos fundamentais da Geografia, tais como as
categorias de nação, território, lugar, paisagem e até mesmo de espaço geográfico, bem
como do estudo dos elementos físicos e biológicos que se encontram aí presentes
(PARAMÊTROS CURRICULARES NACIONAL DE GEOGRAFIA, 2000)". Assim, deduz
que o profissional não está habilitado há lecionar a disciplina de geografia, por não ter
conhecimento teórico sobre as categorias de análise geográfica.
São comuns modismos que buscam sensibilizar os alunos para temáticas mais
atuais, sem uma preocupação real de promover uma compreensão dos múltiplos
fatores que delas são causas ou decorrências, o que provoca um
"envelhecimento" rápido dos conteúdos. Um exemplo é a adaptação forçada das
questões ambientais em currículos e livros didáticos que ainda preservam um
discurso da Geografia Tradicional e não têm como objetivo uma compreensão
processual e crítica dessas questões, vindo a se transformar na aprendizagem de
slogans (PARAMÊTROS CURRICULARES NACIONAL DE GEOGRAFIA, 2000).
A sociedade é dinâmica, processual. O ensino de geográfica necessita compreender a
realidade, o momento, entretanto necessita também compreender que os processos
histórico-geográficos que estão ocorrendo devido uma série de fatores e não de forma
pontual. Este tipo de prática educativa restringe a noção da geografia transformado-a em
mera ciência descritiva, onde não se faz associação e relação entre os fatores. Muito
menos que estes fatores são dado de forma processual, e não de forma fragmentada e
pontual.
Há uma preocupação maior com conteúdos conceituais do que com conteúdos
procedimentais. O objetivo do ensino fica restrito, assim, à aprendizagem de
fenômenos e conceitos, desconsiderando a aprendizagem de procedimentos
fundamentais para a compreensão dos métodos e explicações com os quais a
própria Geografia trabalha (PARAMÊTROS CURRICULARES NACIONAL DE
GEOGRAFIA, 2000).
Sem a compreensão epistemológica e metodológica do ensino de geografia, o ensino fica
defasado, na qual a maneira de como é organizado e produzido o campo cientifico
geográfico fica restrito há conceitos fragmentados e soltos, não dando ao educando uma
visão generalizada, pontual e principalmente processual de um determinado espaço.
A memorização tem sido o exercício fundamental praticado no ensino de
Geografia, mesmo nas abordagens mais avançadas. Apesar da proposta de
problematização, de estudo do meio e da forte ênfase que se dá ao papel dos
sujeitos sociais na construção do território e do espaço, o que se avalia ao final de
cada estudo é se o aluno memorizou ou não os fenômenos e conceitos
trabalhados e não aquilo que pôde identificar e compreender das múltiplas
relações aí existentes (PARAMÊTROS CURRICULARES NACIONAL DE
GEOGRAFIA, 2000)
Por muitos anos, acreditava-se em uma educação que fosse baseada em decorar, onde o
aluno não era visto como um sujeito crítico capaz de dar opinião e de fazer diferença. Os
profissionais dessa época estavam cientes de que estavam fazendo diferença na
educação desses sujeitos. Sujeitos esses que perderam a oportunidade de se tornarem
modificadores de uma cultura tradicional reafirmando os conceitos dos dominantes da
época.
Acredita-se que a educação atual para estes profissionais que atual no ensino
fundamental I, passa por um momento de transformação, onde a própria sociedade cobra
desses educadores que estejam se capacitando cada vez mais e melhorando suas aulas
de acordo com a realidade que o cerca.
[...] a competência docente não é tanto técnica composta por uma série de
destrezas baseadas em conhecimentos concretos ou na experiência, nem uma
simples descoberta pessoal. O professor não é um técnico nem um improvisador,
mas sim um profissional que pode utilizar o seu conhecimento e a sua experiência
para se desenvolver em contextos pedagógicos práticos preexistentes (Castellar,
pág. 54, 1999. Disponível em: http://www.agb.org.br/files/TL_N14.pdf, acessado
em: 25/09/2010).
Portanto, o profissional do Ensino Fundamental I que deseja lecionar o ensino de
geografia deve ter em sua consciência que a formação inicial foi apenas o inicio do
descobrimento de uma nova realidade, ele deve compreender que a Formação
Continuada é extremamente importante para lecionar o ensino de geografia, visto que, a
ciência geográfica é dinâmica e necessita de estar sempre reavendo sua compreensão e
teorias.
REFERÊNCIAS
· CASTELLAR, Sônia Maria Vanzella. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O
ENSINO DE GEOGRAFIA. 14ª ed, São Paulo. Terra Livre, 1999. 51-59 p. (Disponível
em: http://www.agb.org.br/files/TL_N14.pdf, acessado em: 25/09/2010).
· FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 35 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
· LACOSTE, Yves. A Geografia serve antes de tudo para fazer a guerra. São Paulo:
Edusp, 1997
· PARÂMETROS curriculares nacionais, volume 5: história, geografia. 2. ed. Brasília:
DP&A, 2000.
· PAGANELLI, Tomoko Iyda. Para a Construção do Espaço Geográfico na Criança.
2ª ed., São Paulo. Terra Livre, 1987. 129-149 p. (Disponível em:
http://www.agb.org.br/files/TL_N2.pdf, acessado em: 25/09/2010).
· PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Saberes Pedagógicos e atividade docente. São
Paulo: Cortez, 2000
· PONTUSCHKA, Nacib Nídia (org). Para ensinar e aprender Geografia.
Cortez,editora. São Paulo, 2007.
· OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Educação e Ensino de Geografia na Realidade
Brasileira: para onde vai o ensino da Geografia? São Paulo: Contexto, EDUCSP, 1989.