A FORMA DO CONTEÚDO NO POEMA “O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO”  *

                                                                                   

                                                                                                  Alinete de Jesus Rodrigues**

 

Vinícius de Moraes[1] foi poeta, compositor, músico, boêmio, crítico de cinema e diplomata. Passou por várias fases literárias, por isso é que para compreender com mais profundidade as suas obras é importante compreender estas várias fases e contextualizá-las à época de sua produção.  Com o movimento modernista no Brasil em 1922 a arte literária trouxe muitas inovações principalmente o rompimento com os padrões formais da poesia, surgindo novas técnicas onde privilegiava o uso do verso livre, onde as palavras que compunha os versos não estavam submetidas ao rigor simétrico e as formas fixas de versificação tornando-se estas desnecessárias. A poesia passava então a ser mais solta, mais livre e descontraída bem como, descontínua e repleta de formas inovadoras. Assim foram algumas das obras de Vinicius: livres e descontraídas. Um tipo de narrativa em forma de poesia, considerada para muitos estudiosos da literatura poesia em prosa: A fusão do enredo e da poesia, a narratividade desenvolvia em ambiência lírica ou épica[2] com linguagem singular, constituída de versos soltos e rimas descontinuadas. Este momento em que o modernismo alarga suas conquistas entre as décadas de 30 e 40 a poesia brasileira vive um dos melhores momentos: o clássico já não era mais obrigatório, mas também não era mais repudiado, era um novo espaço que abria as portas para a liberdade da criação.  Nasce assim, uma geração de poetas, com maior maturidade, sem escândalos sem radicalismos e sem excessos, porque os poetas já se sentiam seguros para escrever seus versos livres, já que a ficção brasileira também estava iniciando uma nova fase, e juntamente com as mudanças políticas e sociais do Brasil, a prosa passa a percorrer novos rumos. Neste ensaio, trataremos um pouco mais sobre esta afirmação.  

 

 

Vinícius de Moraes foi considerado um modernista mesmo que em suas obras traga o reflexo do clássico, e até se percebe com maior intensidade a presença desse classicismo na composição dos seus sonetos que soam com evidencia uma tradição de Camões e de Shakespeare ele também traz as características da irreverência e implicitava nessa corrente literária a missão de cumpri-la como instrumento de denúncia social o que era bem peculiar na geração de modernistas que se voltam não apenas para as questões universais do homem, mas também abre um foco de atenção para os problemas da sociedade capitalista.  Segundo o autor do site[3] abaixo citado:

 

Ele já era, naquele tempo, um clássico e um moderno, um poeta de largo sopro elegíaco e um hábil sonetista que podemos classificar como um moderno renovador o modelo camoniano. Tudo levaria Vininha à consagração oficial, mas ele preferiu o contrário. Declarou guerra à solenidade e à sisudez precoce a que não resistiram outros da sua geração. Não se deixou atrair pelo aburguesamento, entregando-se a uma reação oposta: passou a agredir as convenções, assumindo atitudes anti-acadêmicas, anti-burguesas, tanto na vida pessoal como na arte. E passou a viver o seu próprio processo de rebeldia, através do qual rompeu as cadeias que o limitavam, e se afirmou à sua maneira. A poesia de Vininha é dividida em duas fases: a primeira é uma poesia sacra, religiosa, revelando sua tendência para o transcendental, para um misticismo estecticizante. É o constante duelo entre a carne e o espírito, entre o sexo e a religiosidade, às vezes até patética, vindo de encontro, frequentemente com o hermetismo.  

 

 

Por isso que muitos autores consideram que a poesia de Vinícius é muito personalista porém, sem abandonar o eu - lírico com seu conteúdo sensualista e por vezes erótico ele se reveste de um idealismo social e de valores espiritualistas para dar uma forma de narrativa com um teor revolucionário, mas um revolucionário cristão, desenvolvendo um conteúdo dramático[4] que diz respeito ao cotidiano do homem como sujeito da sociedade construindo um tipo literário preocupado com os problemas do dia a dia que o homem enfrenta na construção de sua história com a sua lida e com o seu trabalho. Esse viés espiritualista segundo Willians Calazans de Vasconcelos de Melo[5] demarca a primeira fase de Vinicius. Afirmando: A primeira fase da poesia de Vinícius de Moraes, como se depreende das próprias considerações feitas pelo Poeta, ancora-se num viés espiritualista.  Completa ainda MOISÉS[6].

 

Tal fase é marcada pelo uso do verso livre de longa extensão. Carregados de melancolia, seus primeiros versos corporificam a ânsia pelo transcendental, como num jorrar de emoções em tom declamatório. Em tais composições, percebe-se a busca por uma linguagem solene que reconstrua a atmosfera de caráter neo-simbolista, almejando-se alcançar o sublime espiritual por meio da poesia, objetivo este que, posteriormente, se desvinculará de sua produção poética.

 

 

                                     

O autor de Poeta do Sublime já citado anteriormente afirma que além da despreocupação com a estética no que diz respeito à simetria dos versos, Vinícius sente-se livre para a sua criação.  Ressalta ainda este autor que:

 

 

A poesia de Vininha é dividida em duas fases: a primeira é uma poesia sacra, religiosa, revelando sua tendência para o transcendental, para um misticismo estecticizante. É o constante duelo entre a carne e o espírito, entre o sexo e a religiosidade, às vezes até patética, vindo de encontro, frequentemente com o hermetismo.  

 

 

Lembrando que este conteúdo místico remete a um cristianismo puro independente de doutrinas religiosas, acordando apenas para o ensinamento de Jesus, porém, bem aproximado ao mundo materialista, valorizando ainda a reflexibilidade, o que implica em convocar o homem ao poder de pensar e de transformar a própria história e a história de uma sociedade capitalista escravista, através da orça do seu trabalho.  O poema lembra um trecho bíblico da tentação de Cristo quando satanás tenta induzi-lo a aceitar o poder e abrir mão dos seus idealismos e crenças. Com estes versículos Vinicius de Moraes inicia O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO, (1956) sobrepondo o operário em posição similar, tentado pelo poder para ceder e subjugar a sua própria consciência.

 

 

 

 

 

 

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:

– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.

E Jesus, respondendo, disse-lhe:

– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirá.[7]

 

 

Com esta analogia que é o prólogo do poema: Operário em construção apresenta o homem operário, responsável pela construção de uma sociedade progressista, limpa e incorruptível como fora Jesus Cristo.  Ao mesmo tempo em que o conflito de oprimido e opressor que habita respectivamente entre operário e patrão, histórico de um capitalismo selvagem revela o revolucionário e demarca a luta de classes. Luta esta, que foi objeto fundamental para o socialismo de Karl Marx, que não admite o homem como escravo do próprio homem, compreendendo em sua Teoria de Mais-Valia que aquele que produz é o senhor de sua obra. Esclarecendo:

 

 

Durante um período, o trabalhador produz apenas um valor = valor de sua força de trabalho, portanto, apenas um equivalente. Pelo preço adiantado da força de trabalho o capitalista recebe assim um produto de mesmo preço. É como se ele comprasse o produto já pronto no mercado[8]

 

 

Nessa luta entre aqueles que se dizem senhores, e escravos: aqueles que produzem é que Vinícius apresenta o operário como o verdadeiro senhor da sua produção e protagonista dessa e da sua própria história.

 

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas

Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.

(Vinicius de Moraes) [9]

 Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo,
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião

 

Aqui, Vinícius utiliza-se da metáfora como matéria-prima para unir de forma indissolúvel o significante ao significado no poema. Subindo “com as asas / que lhe brotavam da mão” e aprendendo “a notar coisas / a que não dava atenção”.  A metáfora do operário que árdua de modo perceptível, “adquirindo a dimensão da poesia”.  Vinícius ainda utiliza de paradoxos para dar a idéia contraditória e para definir a situação cotidiana. Os versos aqui destacados comprovam esta afirmação. Que a casa de um homem é um templo / Um templo sem religião sendo a sua liberdade/ era a sua escravidão.

 

 

Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão

De fato como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?

 

Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!

 

E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construção

 

 

 

 

 

 

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.

 

 

 

 

 

Vinícius traduz a vida do operário, até então alienado, marcando um ponto significativo nos seus versos, quando dentro dessa condição humana o operário toma consciência de que ele como construtor reconhece o verdadeiro valor da sua mercadoria.

 

Mas o que é o valor de uma mercadoria? Forma objetiva do trabalho social despendido em sua produção. E mediante o que medimos a grandeza de seu valor? Mediante a grandeza do trabalho contido nela. Mediante o que seria, pois, determinado o valor[10]

 

 

 

De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão,
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado

 Que tudo naquela mesa

– Garrafa, prato, facão –
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção

Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!

 

 

. Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela

 

 

 

É a partir desse momento de reflexão que ele, o, operário, toma consciência de sua importância de estar no mundo como participante ativo na construção dessa sociedade e o quanto esse capitalismo selvagem promove a cegueira social incorrendo para as injustiças da qual ele, o operário, é a maior vítima.  Ao tomar posse de toda uma compreensão de poder ele adere à possibilidade de adquirir outra consciência de nunca perder a capacidade de dizer não. Firmar nas suas idéias com lucidez, sem se acovardar e sem nunca deixar se corromper.

 

 

Foi dentro dessa compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção,
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão

Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia "sim”
Começou a dizer "não”

 

 

 

Uma nova dimensão constituída pela própria percepção da sua importância na sociedade e ao compreender que ao exercitar a sua profissão ele se tornara o escultor do seu destino e, portanto o verdadeiro responsável tanto pela sua história quanto pela sua construção.  A consciência adquirida, desse “instante solitário” e o conhecimento compartilhado como outros operários juntamente o poder de compreensão que lhe despertara para a possibilidade de dizer não, lhe acometeu a idéia de substituir as posições entre servo e senhor ele é o senhor. Pois a leitura de mundo que ele fazia agora tinha uma tradução bem diversa da que tinha ate então via, percebia e apreendia o que sua compreensão agora lhe apresentava:

 

 

E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

 

 

Este conflito entre as duas consciências onde uma prevê o risco de morte, mas busca a retidão, a história, a verdade, a ética, incorruptibilidade e a outra: o jogo fácil, a imobilidade, o comodismo, a submissão e conseqüentemente a alienação onde o principio se fundamenta em duas posições definidas: dominador e dominado: escravo e senhor. Era preciso definir as regras:

 

 

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
– "Convençam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isto sorria.

 

 

Principia então um combate, que implica em: ao se buscar o fim da existência do outro arriscando a própria vida. Mas para se atingir o intento e o êxtase da verdade, este combate torna-se inevitável. Há que se crer na certeza da vitória para a conquista de uma libertação do próprio homem consciente de que: arriscar a própria vida é o preço pela liberdade e um bem para o reconhecimento de que esta vida existe de fato, e de consciência própria, livre e independente. 

 

 

Dia seguinte o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu por destinado
Sua primeira agressão.

Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

 

 

 

A partir desse estado de clareza total podia o operário ver-se como parte integrante de tudo que havia a sua volta e se dá conta de como o seu trabalho gerava o próprio capitalismo que o esmagava “a casa que ele fazia /Sendo a sua liberdade /Era a sua escravidão”. De modo que, para a manutenção da verdadeira “ordem social” teria que manter o seu papel, tomando posse das suas obras das quais era por direito dono e senhor. Porem essa tentativa de mudanças provocaria grandes tensões, mas era necessário para o resgate da sua historia de construtor da sociedade.  Onisciente da realidade social e plenamente consciente do heroísmo do seu personagem Vinicius conclui que sendo essa posição considerada rebelde pelos detentores do poder, a operária passa a sofrer as conseqüências previstas, agressões e repreensões, porém persistindo em sua postura, e esse comportamento firme torna incompreensível ao patrão. 

 

 

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia

 

 

Mudando de tática o patrão apresenta ao operário o mundo, como se fosse seu, e oferece regalias ao operário para tentar compreender o motivo da sua rebelião e para trazê-lo à sua submissão. Discorre então nos versos a seguir o modo como se porta o patrão diante da sua tentativa de segundo ele “restauração da ordem”.

 

 

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação.
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

 

 

 

Por entender que aquilo que lhe era oferecido já lhe pertencia, o operário observa a ampla região em volta da construção e vê o que seu patrão não consegue ver, era o mundo que ele construíra e consciente de que a ele já pertencia.

 

 

Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia.
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas

Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

– Loucura! – gritou o patrão.
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário.
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido,
Razão, porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

 

O operário sente-se só, mas ouve a voz de outros operários que “morreram por outros que viverão”, fazendo uma alusão à outra dimensão uma dimensão de confronto a verdade. Desse modo, temos nesse interessante e bem construído poema de Vinícius de Moraes, um exemplo da realidade, que a nosso ver, demonstra vários aspectos das relações do indivíduo para com a sociedade, partindo da sua compreensão desta e da compreensão de seu papel.[11] Nesta mensagem está contida o sujeito na tentativa de buscar uma dinâmica para a sua mobilidade social através de um conteúdo de problemática do cotidiano do homem trabalhador que cumpre o seu papel faz a sua história transformando o seu universo e sendo transformado por ele, o que o constrói e que ajuda a construir. O poema trás uma linha que recorda um cordel constituído de redondilhas, uma forma de composição que lembra os autos medievais[12] Colocando o operário com a imagem de um herói moderno que participa da massa de trabalhadores a qual está sujeita às injustiças cometidas contra eles. Operário em construção é mais que um poema, é uma construção de versos que “obriga” o sujeito a refletir sobre o seu papel na sociedade.

 

 

Em Vinícius de Moraes esse herói encontra-se descrito no poema “O Operário em Construção”. Este poema traz a descrição da vida de um operário que toma consciência de sua importância para a sociedade e juntamente sobre seu sofrimento e toda injustiça acometida aos trabalhadores, que constroem os edifícios e não têm reconhecido o seu trabalho e que assim seguem para ter seu pão, trocando sua mão-de-obra pelo alimento, sem maiores recompensas[13].

 

 

Porém, a desconstrução de uma ordem de submissão Somente assim é possível olhar o homem, nesse processo de construção e reconstrução, como capaz de criar algo mais do que seu próprio cárcere. Mas, fundamentalmente, enquanto um ser que pode tentar compreender sua vida, sem que suas faculdades interpretativas tornem-se prisioneiras das circunstâncias sociais. Assim Vinícius finaliza sua grande construção poética: o operário como herói e senhor de sua própria consciência.

 

 



* Ensaio apresentado ao Prof. Dr. Vitor Hugo Fernandes Martins do Componente Curricular Cânones e Contextos na Literatura Brasileira, do Curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campus XXI, Ipiaú, Como requisito para complementação de nota.

** Acadêmica do quarto semestre vespertino.

[1] Vinícius de Morais nasceu no Rio de Janeiro RJ em 19 de outubro de 1913.   Formou-se em direito em 1933, ano em que lançou seu primeiro livro de poemas.   Foi um dos grandes representantes do lirismo amoroso dos tempos atuais. Em 1943, ingressou na carreira diplomática, afastado pelo governo militar em 1968. Compositor de mais de 300 letras de musica, Toda a poesia de Vinicius de Moraes está distribuídas em mais de dois mil exemplares. Morre na manhã de 09 de julho, de 1980.  (MOISES, Massaud - Historia da Literatura Brasileira: Modernismo, Cultrix, Vol III, SP, 2001, p: 279).

[2]  MOISES, Massaud - A Criação Literária, Prosa II Cultrix, edição 18º, SP, 1996, p: 29.

[3] O poeta do Sublime - A Literatura na Vida de Vinícius. Acessado em: 28.01.2011. Disponível em: - http://www.viniciana.siteonline.com.br/interna.jsp?lnk=13226

[4] A poesia de Vinicius pelo estofo dramático, posição especial nos quadros da nossa coante3mporaneidade. A variedade das soluções problemáticas e dos motivos inspiradores traduz a permanência do problema de raiz ideológica ou religiosa. (MOISES, Massaud - Historia da Literatura Brasileira: Modernismo, Cultrix, Vol III, SP, 2001p: 284)

[5]MELO Willians Calazans de Vasconcelos de - Vinicius de Moraes nos Livros Didáticos - Ano 3 - Edição 3 – Maio de 2010.

[6] MOISÉS, Carlos Felipe. - Vinícius de Moraes. Em Literatura Comentada - São Paulo: Abril Educação, 1980. 

[7] Escrituras Sagradas, Novo testamento Lucas, cap. V, vs. 5-8.

[8] MARX, Karl – O Capital: Critica da Economia Política. Capitulo XVI Diferentes Fórmulas para a Taxa de Mais-Valia Editora Nova Cultural Ltda. 1996, SP p: 162.

[9] MORAES, Vinicius de – Antologia poética, - OPERARIO EM CONSTRUÇÃO edição 21º José Olympio RJ - 1990 p: 205.

[10] MARX, Karl – O Capital: Critica da Economia Política. Capitulo XVII Transformação do Valor, Respectivamente do Preço da Força de Trabalho, Editora Nova Cultural Ltda. 1996, SP p: 165.

[11] Vinicius de Moraes nos livros didáticos Revista Anagrama: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação Cidade Universitária, São Paulo, Ano 3 - Edição 3 – Março-Maio de 2010    

[12] Apud: MOISÉS, 1980, p. 54,    

[13]  PEREIRA, Andrea Francielle A Modernidade em Vinícius De Moraes In: CELLI – Colóquio de Estudos Linguísticos e Literários. SP. 2007 p: 1661.