Tempos atrás eu estava vivendo uma vida pouco saudável. Minha alimentação não era balanceada e praticar algum tipo de esporte era algo que nem passava pela minha cabeça. Apesar de alguns sinais claros, como irritação e pouca paciência, eu achava que no geral eu estava muito bem.

Certo dia, ao fazer um exame de rotina, levei um susto que mudaria a minha vida. Com certa arrogância, agendei os tais exames achando que no médico passaria por aquelas consultas padrão onde seria perguntado sobre como me sentia, histórico familiar de doenças e coisas do tipo. O fato é que os exames mostraram que alguns dos meus indicadores pessoais estavam perigosamente em risco. Precisei assim de um especialista, de uma visão externa para ver o que de fato acontecia comigo.

Foi um grande choque de realidade e um exercício mental da tomada de consciência de que o rumo da minha vida teria que ser outro. Tomada as ações médicas iniciais, me vi diante de alguns caminhos ou ferramentas de auxílio e fui em frente. Entre nadar, pedalar ou caminhar decidi correr e virei maratonista. Minha vida mudou muito, mas sigo melhorando continuamente.

Hoje quando se fala ou discute gestão empresarial, a filosofia Lean é cada vez mais assunto.

Porém, vejo que em muitas organizações, ocorre algo muito similar ao relato pessoal que fiz no início deste texto. Internamente, não conseguem enxergar como realmente estão. Míopes, não percebem que caminham para o abismo ao acharem que seus processos são eficazes e seus indicadores aceitáveis. Nesta fase, os altos estoques parecem não incomodar, assim como os problemas de qualidade que apontam níveis elevados de retrabalho e refugo. Também, parece não preocupar os processos e os sistemas internos pouco eficazes e burocráticos entre tantas outras situações. A arrogância organizacional é uma doença e pode ser fatal. Desta forma, seus líderes ignoram estes sinais e agonizam mesmo muitas vezes atuando em mercados extremamente atraentes.

Felizmente, o fato positivo é que muitas outras organizações já passaram pelo exercício mental da tomada de consciência de que algo novo precisava ser feito. É o choque de realidade.

A partir desta etapa, um leque de possibilidades de ferramentas é colocado a sua disposição. É chegada a hora de começar a pensar e agir diferente, de parar com soluções paliativas e sim buscar a causa raiz dos problemas. É o momento de envolver toda a liderança e de mobilizar a todos através do exemplo. Também, é o momento de rever os modelos de planejamento, de puxar e não empurrar material, de organizar e "limpar"o chão de fábrica e os escritórios, momento de rever processos, de criar os times de melhoria, de investir em treinamento e preparação de toda a organização para uma nova jornada. Enfim, é hora ser Lean.
O O caminho será longo, mas os primeiros resultados são imediatos e extremamente motivadores. Assim, desejo que as organizações cada vez mais passem por este processo mental e acordem o quanto antes para uma vida LEAN e de sucesso.

Ter uma vida saudável é uma opção pessoal. Ser LEAN, uma opção inteligente e absolutamente fundamental para as organizações do século XXI.

Sérgio Freitas