A filosofia do não - pensar das escolas brasileiras
Clayton Alexandre Zocarato


Porque não é ético pensar dentro das escolas brasileiras situadas em nossa sociedade capitalista do qual o neoliberalismo se encarregou de oferecer seus genes dilacerantes?
Uns dos princípios elementares do método cartesiano de Descartes, "Penso logo existo", está em franco declínio, entre os mais diversificados antropos de esferas de sociabilidade, e os professores das escolas brasileiras em sua vasta totalidade são testemunhas oculares da carência de investimentos estatais concludentes no ensino, médio, fundamental e superior, ao qual o Brasil foi deslocado.
Sumariamente, esse quadro foi outorgado com o lançamento sem precedentes, de uma informatização dos meios de processamento de dados educacionais, não havendo uma área de embasamento teórico metodológico coerente que unificasse o "educar" com a faculdade "do pensar", em sintonia com a comodidade que a computação ofereceu para a humanidade.
Estamos defrontes, há uma insólida busca de satisfação plena de todos os instintos (alguns beirando praticamente um retorno ao o primitivismo pré-histórico), fazendo nascerem desatinos de lampejos de subjetivismos, atrelando os seres humanos a um alvorecer sarcasmos de consciência crítica, direcionando-os para rotas de massificações de progresso em relação a conteúdos intelectuais e idealísticos de consistência e clareza de esclarecimento.
Outrora seja realçado, que as redes sociais da internet nutriram um universo paralelo ao estreito de "senso-comum" de uma patologia do real, ao qual fez com que grupos de pessoas subalternas aos meios de dominação de capital e do social, vissem que diante da ininterrupta adentrada do mundo virtual em suas vidas, em diferentes escalas de pensamentos, projetou a imagem do computador como um "calcanhar de Aquiles" no quesito de angariar relações humanas, sendo elas afetivas ou profissionais
Com a chegada da informação em um espaço de tempo escasso, e de distancias invólucras, e a comodidade em poder fazer do "lazer do lar", um ócio de propagação e consubstanciação de conhecimento, criou-se uma degradante alienação de intelectualidade, enrubescida pelo desejo do imediatismo e de aceitação perante o inconsciente coletivo das multidões.
É claro, que para uma globalização que não poupa aqueles que não têm condições de usufruírem de suas dádivas, venham a resplandecer um discurso fraternalista por parte de grandes multinacionais e corporações que almejam alavancar seus investimentos nas mais diversificadas bases sociais, desenhando um plantel de discurso de caridade "uniforme", favorecendo o aprimoramento de um capital de giro, desbocado em providenciar o florescimento de um lastro de "pensamento" subordinado nas conquistas do financeiro, incidindo um assassinato em massa de mentes geradoras de conhecimento, elitizando a área concernente de grupos sociais, de uma práxis intelectual consistente, abarcado em uma justeza de tecnicismo empírico, carente crítica cultural
A esse fato, ocorre uma colaboração para um atrofiamento mental resplandecente de ultrajantes dicotomias ideológicas, germinando um caos na contemporaneidade, levando há um levianismo histórico e filosófico desenfreado, deixando exposto que a formação dentro dos estabelecimentos de ensino brasileiro alimenta lacunas de carências de construção do "ser ? ativo, e que esteja intelectualmente engajado", na orbita de sua realidade vivente.
Isso demonstra como o ensino nas escolas brasileiras, está situado em uma aglutinação de mentes, e posteriormente a uma arregimentação de uma brutificação sócio-histórica, que colabora para a disseminação de um eixo civilizatório orquestrado em exterminar a arquitetura de um coito de autonomia de conhecimento individual.
"O não ? pensar", segundo Pierre Bourdieu e seus conceitos "de magia e teatralidade", ao qual o universo "pós- revolução industrial" constituiu-se, favorecendo uma estética de comportamento, que valorize o ilusório da forma no sentido de caracterização do eufórico como determinante na condução das relações humanas, minando o abstrato e enaltecendo o concreto, delineia-se com o "status quo" do ensino no Brasil, ensoberbecendo a técnica das quinquilharias da robótica, contra os devaneios filosóficos das ciências humanas.
Sartre, e o "existencialismo", engrandecem o fator de "glebas sociais inertes", que caminham em direção a um cadafalso de produção e absorção de saberes, e salienta que as imensas quantidades de manifestações de abatimento do "ser", transpondo um "logos" de extermínio do espaço psíquico ao qual esteja locada a maioria das pessoas.
Nesse sentido, as escolas brasileiras fornecem um lucrativo campo de ajuda para a consolidação de "seres voltados para morte" fazendo com que Sartre continue mais vivo do que nunca em seus pressupostos teóricos, pois o nível degradante em que está localizada a maioria delas, tanto no circulo estrutural como humano não deixam alternativas para a ação de uma metodologia que venha resgatar das trevas da ignorância ao qual grande parcela de estudantes foi jogada com o descaso das autoridades em constituir um organismo escolar que valorize o individuo ao invés de priorizar pelo "coletivo mecanicista de formação de mentes críticas".
É satisfatório, dizer que o indivíduo crítico, dentro de nossa estafante conciliação educacional centrada em uma gestação de "levas? de "zumbis" desconcertados de qualquer tipo de resquícios maiêuticos, produz um sistema de retórica escolar débil de princípios democráticos, enlevando um discernimento repleto de falácias, deformando a face dos preceitos da liberdade de opinião e do livre agir intelectual.
De certa forma, o século XXI, faz um clamor em busca de um coeficiente de esperança e salvação que ofereça um terreno fértil para a proliferação das "sub-culturas" desconstruídas por pleitos de sublevações repressivas por parte de um aparelho estatal patriarcal, extenuando um modelo gestor de mentes nevrálgicos de cadências de ceticismo em relação ao seu subjetivismo, que tramitem em prometer um inupto séquito de crenças no júbilo metafísico da eternidade espiritual, deixando um "materialismo-histórico", estando aquém, da evolução da técnica impregnada pela burguesia industrial fortificada a partir do século XVIII com a impregnação de forma apriorístico da máquina, descaracterizando o sistema de lutas de classes e levando a um acanhamento de seres sociais "acros" em deferirem na hegemonia do capitalismo neoliberalista
Isso possibilita a união de um campo elucidativo heterodoxo, exibindo uma unificação de normas zanborradas de metamorfoses sociais e cognitivas arraigados de univocidade de culturas, políticas e religiosas, que proporcionem um "labor" de identificação contundente de um "corpus populacional" pensante e coerente, motejando uma "gaia" de miscelâneas deficientes de cidadania.
Nesse aspecto, o "existir satreano", encontra subsídios, nos mais antagônicos componentes de estruturação e movimentação em torno assimetria de um mundo globalizado, ao qual proporcione e ocasione o acesso a todas as pessoas ao conhecimento e comodidade, sendo o segundo fator o mais resplandecente, que culminando com um exercício de liberdade lúgubre de expressão, sendo que o indivíduo está morto perante conforto da modernidade, enquanto um consumismo escaldante deixa suas cicatrizes, levando há uma incessante busca do prazer imediato e a satisfação das vontades físicas e sentimentais, isso lentamente pela óptica da acumulação de capital, que em busca de novas ilusões, eleve os delírios cotidianos de fuga existencial, demarcando "a morte do pensar".
A faculdade do pensar congratula, a uma gestação de preconceitos contra aqueles que ousam articular suas opiniões, em eloqüente escala.
A "era da informática" visa há uma padronização do "modus vivendi", exterminando os contatos sociais e íntimos das pessoas, adornando uma internet que substitua os estamentos mais básicos de convívios humanos dentro do universo matriarcal e patriarcal, gerando indivíduos robotizados, onde o "errar? já não é mais permitido, e as brincadeiras simples de "pega-pega" e "esconde-esconde" são substituídos por notebooks e seus adornos eletrônicos, projetando um estereótipo de vivencia fortuito de carências afetivas e amistosas.
A segregação dos espaços de construção de uma "personalidade dialética" gestora de capacidade de imaginação, fornece combustível para gerir um escamo sociológico minguado de grupos de indivíduos criativos.
O sociólogo italiano Domenico de Masi, e seus "grupos criativos", legitimam o clássico modelo burguês de divisão entre a capacidade intelectual particular de cada indivíduo, com o notável esforço físico do operariado.
As esdrúxulas catárticas de Masi, em suplementar uma metodologia de ensino de cunho humanista, esbarra em eficazes sistemas de uma burocratização, de cítrica weberiana, ensejando uma liberdade camuflada em esterilidades teatrais, favorecendo uma cultura de massa, que não aceita a sujeitar-se em delinear-se em conflitos com os nichos do "livre agir e do livre pensar".
Nesses aspectos, é enfático e notório o uso e manuseio extremado da demagogia.
As religiões neopentencostais exploram o "apocalíptico e o fatalismo" como artefato de uma masturbação mental, imbuindo conteúdos de coerção psicológica, social e espiritual, que de maneira exuberante decretam o assassinato dos preceitos de raciocínios críticos, na margem de construção de uma episteme de informação.
A essa masturbação mental, podemos colocar em rota de colisão com a mesmíssima "primeira-educação", com as quais as maiorias das escolas brasileiras jubilam, em naufragarem em um mar de hipocrisias propagandísticas, reportando um aprendizado que lance luz há um extrativismo intelectual de classes, contaminando os mais diferentes indivíduos, em uma atrofia mental, não deixando aberturas para uma proliferação colossal de um satisfatório absenteísmo de individualidade.
"O romancista, Julio Verne em suas obras de ficção científica, deixa amostra uma apologia enaltecedora do ?Realismo Fantástico", aos quais todos os seres humanos estariam auscultados em simetria de um "esmo" limiar de civilidade, mundializado pela capacidade de atualização e invenção dos meios de transportes tendo o advento da modernidade um fato paradoxal de sentido concreto em exacerbar, uma prolixidade de mentes geradoras de opiniões, minando o aspecto local vangloriando o enfoque global, vaticinando o campo ficcional, ganhando um Oasis de fatos verídicos trazidos pelos desenvolvimentos tecnológicos.
Enquanto o conhecimento facilita a vida dos seres humanos, a ignorância exaspera em suas almas.
Vivemos em um "limbo" de destruição do falar e do questionar, o que é demonstrado pelo surgimento de modas, trejeitos, bordões, comportamentos coletivos, inanição das esferas de concomitância de produção dos saberes e de estrondosa vulgarização da arte em filosofar.
O numero 666 (explanando com The Number of The Beast, canção do grupo de Heavy Metal Iron Maiden), não está unicamente enraizada a profetizar o juízo final e a destruição da humanidade, em função de uma nova era, não necessitando um código de barras marcado na testa das pessoas, como um emblema de adoração e evocação a alguma entidade maligna, anunciando que todas as pessoas são iguais.
Já estamos em uma era, onde "animalização" do homem ao invés de ser combatida é enaltecida.
O mito da caverna de Platão faz-se La em franco declínio, é interessante adentrar na promiscuidade de lançar mentes a um degredo de desenvolvimento de não a inteligência.
O extermínio do conhecimento no cotidiano, promove um inapto cronograma de dependências afetivas onde as pessoas possam ser aceitas por aqueles que a rodeiam, jogando-as em um marasmo de perturbações desconcertantes de mentalidades criadoras, arremetendo-as, há conflagrações de desesperança e incredulidade.
O "não pensar" está fecundando-se em discrepantes meios, não havendo liames que focalizem a criação de uma cadeia de ideologia que mostre ao estudante brasileiro uma proposta de vida ao qual ele não se curve aos pés dos desígnios do grande capital, correndo o risco de estrangular-se em uma banalização de seu consciente e na escatologia de seu ardor intelectual.
A "doença mental do pensamento" promove uma sintética desfiguração do perguntar, onde o "errar" não é mais pecado ou um fator de conhecimento e melhoras do racionalismo de cada indivíduo, e sim algo de total permanência de morbidez de ações e sentimentos engendrados em um naturalismo "comteano".
Em suma o "errado" reina absoluto, basta descobrirmos quem será do "certo", nessa hermética Ilíada de imbecilidade ao qual entrou uma boa parcela de brasileiros?

Bibliografia.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. Tradução. Sergio Miceli, Silvia de Almeida Prado, Sonia Miceli e Wilson Campos Vieira. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002.
DE MASI, Domenico. Criatividade e Grupos Criativos. Tradução. Léa Manzi e Yadyr Figueiredo. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2003
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