A FESTA DO DIVINO
O culto ao Divino foi instituído pela rainha Dona Isabel (1271-1336), de cuja vida há muitas lendas. Esposa de Dom Dinis, sexto rei de Portugal, prometeu criar comemorações ao "Divino" caso um problema de ordem familiar, envolvendo o marido e o filho, fosse resolvido. Atendida, cumpriu a promessa: construiu uma igreja em Alenquer e instituiu a cerimônia de coroação do Imperador, coroando um dos pobres presentes. A festa difundiu-se em Portugal e posteriormente alcançou as colônias, inclusive o Brasil. Entre nós, se tornou tão popular que segundo o folclorista Câmara Cascudo, o título de Imperador do Brasil foi o preferido em 1822 pelo ministro José Bonifácio de Andrada e Silva, porque o povo esta mais habituado com o nome de Imperador do Divino do que com o nome de Rei.
Por razões diferentes, duas cidades brasileiras merecem destaque quanto à realização da festa do Divino Espírito Santo: Paraty (RJ) e Pirenópolis (GO).
A festa em Paraty recebe turistas de todas as partes do Brasil que vão dividir com o povo da cidade as "dádivas do Divino": muita comida, bebida, exibição de grupos folclóricos, leilão de prendas e outras brincadeiras populares. Entre as atividades religiosas não faltam a missa cantada e a procissão.
A festa de Pirenópolis também recebe um grande número de turistas, mas é diferente da festa de Paraty. O momento maior do evento é a realização da Cavalhada que representa as lutas de mouros e cristãos. Os cristãos chefiados por Carlos Magno e os mouros pelo sultão da Mauritânia. Todos luxuosamente vestidos: os cristãos, de roupas azuis com bordados de símbolos católicos, cruzes e cálices com hóstia. Os mouros com roupas vermelhas bordadas de meia lua. Os cavalos são adestrados e cuidadosamente enfeitados. A parte dramática da apresentação é feita em campo próprio com os jogos de argolinhas. A assistência costuma vibrar e torcer pelos mouros que são vistos como a oposição.

A CRENÇA
Em tudo há o toque vermelho. Tudo é divino! É a grande festa de Pentecostes ? cinqüenta dias após a Páscoa. A casa do festeiro ou Imperador do Divino fica aberta ao povo que se farta. Comida e vinho não podem faltar. Afinal, diz a crença que o "Divino" presidirá uma era de fartura e compreensão entre os povos.
A FOLIA DO DIVINO
Durante a semana da festa, a Folia do Divino canta e toca pedindo auxílio para as festividades. As ofertas são generosas e sortidas; dependendo da cidade podem ser: sal, boi, galinha, porco e dinheiro que a folia recolhe no chamado Giro da Bandeira.
A BANDEIRA
A bandeira, venerada, é vermelha como as línguas de fogo sobre os apóstolos e tem uma pomba em vôo no centro, representando a descida do Espírito Santo em forma de pomba, por ocasião do batismo de Jesus.
A SUPERSTIÇÃO
Após o levantamento do mastro, o povo repara para que lado pende a bandeira: é a direção da casa do novo festeiro.




(Obs. Texto transcrito de autor desconhecido)
CVR/