Na música "Natália" do Legião Urbana, Renato Russo cita que "..a felicidade é uma mentira..".
Talvez mais uma mentira, das tantas que fazem parte de nossa existência, mas o fato é que meu objetivo não é atestar se a felicidade é mentira ou verdade, mas sim o que a move, o que cria e o que demonstra a felicidade.
Posso estar sendo pretencioso ao desejar estabelecer tal argumentação, não se esqueçam que não estou buscando "verdades", ou talvez esteja, afinal o que são "verdades"? Mas essa é uma outra discussão.
Começarei no primeiro ponto descrevendo a gênese da felicidade.
Observo como surge o que se chama felicidade, ou seja, primeiramente o que se compreende como sendo.
Se pararmos para uma análise rápida e subjetiva, nos deparamos com a busca pelo objeto do desejo, ou seja, a felicidade. A busca que pretendo não se refere a epistemologia ou filologia, embora auxiliem. Mas sim sobre o estado do ser que se sente feliz.
O segundo ponto seria o que vem a ser esse sentimento de felicidade?
Percebe-se que surge toda vez que praticamos uma ação com objetivo de um ganho próprio.
Os altruístas me dirão que existe a felicidade pelo que se causa ao outro, mas mesmo o outro é sentido sobre a perspectiva do seu olhar sobre ele, e o que sente é reflexo de sua apreensão em relação aquele que menifesta o teu sentir.
A felicidade manifesta-se quando me sinto "bem", quando causa-me um certo prazer que me leva a tal êxtase. Meu corpo emite sensações que determinam um estado que denomino como "feliz".
A felicidade é um para-si, pois é captada sob sua perspectiva e apreendida através de teus sentidos.
Partimos para o terceiro ponto, o que move a felicidade?
Partindo do pressuposto do primeiro ponto, podemos deduzir que se a felicidade é um para-si, o que for apreendido como relevante ao seu desejo de satisfação-feliz, terá como função mover a sua felicidade.
O que move a felicidade é a busca por ela mesma, um devir. A busca por si próprio não seria uma não-busca, já que pressupõe ter se encontrado?
O fato é que a felicidade também é volúvel, o que torna a sua busca como algo constante pelo desejo de renovação.O que nos leva a outro ponto, a felicidade não é plena, pois ela necessita ser resgatada.
O seu objetivo é ser encontrada para que se perca novamente, criando um ciclo de perdas e ganhos, em que o indivíduo mais feliz, é aquele que mais ganha. Que não compreendam as colocações com uma conotação financeira, embora também seja aplicável.
O indivíduo feliz constantemente é o que sente estar ganhando frequentemente, seja atenção de um outro ser, seja o amor da pessoa desejada, seja a companhia dos familiares, enfim, que esteja realizando seus desejos-de-felicidade.
Partimos para o quarto e último ponto desta exposição, a demonstração da felicidade.
A conclusão que chego acerca da felicidade, baseado nos três pontos seguintes e em uma exposição meramente subjetiva e diga-se de passagem, muito modesta, é que a felicidade é uma demonstração de seu êxito em uma relação de poder.
Pois como expus acima, a felicidade é subjetivada e move-se com intuito de realização de seus atos, mais ainda, ela é a satisfação por obter êxito em relação a apreensão daquilo que deseja e a externação do para-si através dos sentidos que manifestam a alegria pela conquista.
Assim a felicidade é a demonstração de sua vitória em relação ao desejo de conquista, a concretização do seu ato de apreender manifestada no "bem-estar" momentâneo sob uma perspectiva de um porvir, ou seja, uma nova conquista.