A FALÊNCIA DOS ESCRITORES MATO-GROSSENSES

 

          Há muitas pessoas por aí que me perguntam: por que São Paulo tem tantos escritores e Mato Grosso quase nada? Outros dizem: só nascem escritores no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Nordeste.

          Mesmo o povo dos outros Estados tem visto isto. O Mato Grosso não sobressai muito em literatura quanto outros Estados.

          Quando se fala em Mato Grosso, já se pensa em florestas, cerrados ou animais selvagens. É pouco habitado – pensa eles. Até o nome já diz: Mato Grosso.

          Mas eles se esquecem que num lugar onde há florestas, muitos animais; há também muita beleza, menos poluição, mais tranqüilidade  mais paz.

          Quando reina a paz dentro de cada um de nós, então a inspiração chega e é o momento em que gera o escritor mais firme, o poeta mais seguro com seus artigos fundamentados numa terra onde há muita fartura em vista dos outros.

          Nestes últimos tempos Mato Grosso vem se destacando em todos os setores sociais. Fomos o terceiro em turismo e brevemente, talvez sejamos o primeiro.

          E os escritores, os poetas vieram e acreditaram e sentiram e escreveram, mas como não há apoio, não há editoras suficientes, aos poucos eles começam a esmorecer, a procurar outros setores. E a literatura com isto vai diminuindo num Estado tão rico de beleza natural.

          Mato Grosso teve e tem muitos escritores, mas que sobressaíram mesmo foram poucos. E os poucos que sobressaíram é porque lutaram com força de leão para conseguir lugar de escritores, mesmo trabalhando em outros setores sociais. É o caso de José de Mesquita, Rubens de Mendonça, D. Aquino, Ulisses Cuiabano, Tertuliano Amarília, Silva Freire, Estevão de Mendonça e outros que conseguiram seus nomes na escrita mato-grossense.

          Mas que adianta ver e não poder falar? Que adianta escrever e não publicar? Que sentido tem? É o mesmo que escrever na areia para as ondas do mar cobri-las outra vez.

           E como é tão dolorido para um autor ver a sua obra destruída ou desvalorizada.

          É o que acontece com os escritores mato-grossenses. Se quiserem ver suas obras publicadas, terão quer ir a São Paulo ou Rio de Janeiro. Isto é dolorido para nós, perdermos as pessoas que podem representar o que temos de belo, de útil ao povo. A nossa cultura com isto vai ficando cada vez mais fechada e em nós mesmos.

          Os que aqui ficam trabalham muito para publicar um livro, quando em outros lugares se poderia publicar muitos. A não ser que o cara é “Cheio da grana” e com seu próprio dinheiro pagar a impressão e distribuição do livro.

          Há muitos por aí que tem seus “originais” prontos, mas são pobres e por isto nada conseguem. Eles ficam com suas obras guardadas durante anos. Tem dó de queimá-las. E neste intervalo os outros Estados vão de passo firme, fundando editoras, mais gráficas, mais revistas, etc. e nós na mesma de sempre.

          Agora se pergunta: vamos continuar assim ou seguir o exemplo dos outros Estados? Talvez apareça um, disposto e talvez tomando interesse, possa trazer uma editora de livros mato-grossenses para cá para mostrarmos o que temos para contribuir em literatura no contexto nacional.