UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA

CURSO DE LETRAS – HABILITAÇÃO EM LINGUA PORTUGUESA

A FÁBULA COMO UM INSTRUMENTO EDUCATIVO NO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I

DA SILVA, Janielle Sales.¹

FREIRE, Raquel Oliveira.

RESUMO: Este presente artigo traz como principal finalidade, incentivar a leitura por meio do uso de fábulas, esclarecer o seu real sentido, desde a sua criação até os dias atuais, não deixando sua característica principal, que é a lição de moral. Mostrar o seu poder educativo e como pode ser importante tanto para a formação das pessoas, como ajudar na formação de novos leitores críticos, capazes de ver além das palavras e descobrir o significado que a leitura das fábulas podem proporcionar á suas vidas. Utilizamos como recurso um projeto aplicado na Escola Irmã Rosa Aparecida (Dispensário de Santana), por graduandos da universidade de Feira de Santana, adaptamos esse projeto de acordo com a realidade e necessidades dos envolvidos. Em nossas pesquisas teóricas autores como: Nelly Coelho, Regina Zilberman, Fany Abramovich, Marcuschi, Rezende, Isabel Solé, entre outros serviram para subsidiar teoricamente este trabalho. Não foi difícil observar o interesse e a dedicação desses alunos na aplicação do projeto, o quanto estes estiveram atentos á leitura, as fábulas por serem textos de fácil compreensão, permitiram que esses identificassem facilmente o ensinamento encontrado na fábula e rapidamente se dispuseram a aplica-lo em sua vida.

 

PALAVRAS-CHAVE: Fábula. Construção da personalidade. Criança. Leitura.

 

1 INTRODUÇÃO

Há muito tempo tem-se discutido a questão da leitura como pressuposto indispensável na aquisição do conhecimento, uma vez que ela leva o homem a compreender o mundo e a interagir com outros homens, além de ampliar e enriquecer a nossa visão da realidade. Porém essa prática vai além da decodificação de palavras, trata-se da construção e compreensão que o leitor tem do mundo e da realidade em que está inserido.

Contudo o que vemos é o desinteresse do homem pelo ato de ler, porque não foi educado a isso, partindo do principio que ainda somos de uma cultura que pouco ler, uma sociedade acomodada, ou porque não se identificou com os textos que se deparou ao longo da sua formação e com isso cresce cada vez mais o número de pessoas que não são capazes de construir sua consciência critica e nem refletir a cerca dos acontecimentos e realidade a que são expostas, tornando-se assim o que alguns autores chamam de analfabetos funcionais, leem mais são incapazes de compreender e construir suas ideias a partir do que foi lido.

As fábulas por serem textos pequenos, de fácil entendimento e por trazer consigo suas lições uteis á vida humana, podem ser usadas como ponto de partida para atrair o leitor que á medida que toma gosto pela leitura, adquire princípios aceitos pela sociedade e aprende a refletir e se posicionar diante de acontecimentos da vida cotidiana.

Esse trabalho tem como foco apresentar a fábula como gênero educativo, que à medida que insere a criança no mundo da leitura através de uma deliciosa e encantadora leitura que a levará a um mundo construído pela sua imaginação, ajudará na formação da sua personalidade, quando através da fabula ela descobri o mundo imenso dos conflitos e das soluções que todos atravessam.

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 A importância da Leitura

A leitura é o processo de interpretação, reflexão e compreensão, onde o leitor realiza o trabalho de construção do significado do texto. O ato de ler envolve a capacidade de interação do homem, além de atuar como o componente mais importante para o conhecimento. O trabalho da leitura apresenta-se como uma atividade capaz de possibilitar a participação do homem na sociedade.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) (2001, p.57) afirmam que: “A leitura, como prática social, é sempre um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal.” Essa afirmativa discute a importância do ato da leitura para o desenvolvimento cognitivo e social do ser humano.

Ler não implica apenas em decodificar, exige mais do que isso, pois o individuo deve buscar no texto lido entender e repassar para outras pessoas as ideias retiradas do mesmo. Já na decodificação ele apenas visualiza e transmite sons.

A decodificação é considerada apenas uma etapa da leitura, sendo que na maioria dos casos há indivíduos que passam da mesma, tornando-se incapazes de entender e explicar um texto, chamados assim de analfabetos funcionais.

É importante salientar também a questão da leitura na escola, pois se percebe que há alunos que chegaram ao final da quarta série do ensino fundamental sem saber ler e escrever, com isso se pode afirmar que a maioria das escolas a leitura não está sendo trabalhada com o intuito de formar cidadãos com capacidade de compreender o uso da mesma como prática social.

É preciso que haja o incentivo à leitura não só em casa, mas também na escola, pois muitos acreditam que gostar de ler é um dom e nem todos nasceram com isso. É necessário entender que isso não existe e que se trata de um hábito que se adquiri.

Através da leitura é possível a capacidade do desenvolvimento imaginário, reflexivo e argumentativo. Crianças que gostam de ler livros adquirem com mais rapidez: criatividade, autoconfiança, capacidade de criticar algo e facilidade em compreender melhor o mundo. As crianças que leem e ouvem história passam a visualizar melhor o mundo a sua volta e tornam-se capazes de comentar, indagar, duvidar ou discutir sobre elas.

 É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula. (ABRAMOVICH, 1997).

Neste caso, quanto mais cedo á criança tiver contato com os livros, perceber e ter gosto pela leitura, maior será a probabilidade dela tornar-se um bom leitor quando adulto. E essa atitude de formar leitores capazes de refletir e construir suas próprias convicções deve partir primeiro da escola que é o espaço em que esta encontra situações e espaço para essa prática e o professor é indispensável nesse processo, á medida que ele torna-se mediador entre a criança e o mundo da leitura, quando instiga e provoca no aluno questionamentos que auxiliem no entendimento do texto que se está lendo, sempre lembrando que por trás de um texto que se lê há nele outros fatores á serem considerados, a bagagem cultural, o conhecimento de mundo e as experiências vividas pelo leitor, é ser capaz de compreender o que fica nas entrelinhas do texto. Isso pode ser comprovado com o que diz os PCN’s sobre a leitura:

 Não se trata simplesmente de extrair informações da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica necessariamente compreensão na qual os sentidos começam a ser construídos antes mesmo da leitura propriamente dita. (PCN 2001, p.53)

É o que alguns autores chamam de conhecimentos prévios, como (SOLÉ 1998, P.22) ao afirmar que a leitura: “É um processo mediante o qual se compreende a linguagem escrita. Nessa compreensão intervem tanto texto, sua forma e contéudo, como o leitor, suas experiências e conhecimentos prévios”. Portanto essa compreensão foge ao texto, vai além dele, quanto mais conhecimentos prévios, mais fácil será a interpretação do que se está lendo.

 

2.2 Contextualizando Literatura Infantil

Nas sociedades ocidentais, em tempos remotos, as crianças eram vistas como homúnculos, trabalhavam e viviam junto com os adultos, participavam de politicas, festas, guerras, assistiam a mortes e partos, eram tratados com brutalidade, em muitos casos chegavam a morrer. O conceito de infância não existia nessa época.

A ascensão da família burguesa promoveu o fim desse período, dando inicio á separação entre vida adulta e infância. Um novo status foi concedido á criança na sociedade e a escola foi projetada. É em decorrência disso que nasce a literatura infantil.

Segundo Coelho (1988, p. 44), a literatura para crianças surgiu, oficialmente, no século XVII, na França, com As Fábulas de Jean de La Fontaine, que utilizava suas fábulas com o intuito de delatar as misérias e as injustiças de sua época, sendo, por isso, admirado pelas camadas mais pobres da sociedade, com suas fábulas simples, mas, ao mesmo tempo, repletas de sabedoria e valores morais.

Nesta mesma época, a literatura infantil era tida como mercadoria, principalmente pela aristocracia, mas com o decorrer do tempo, a sociedade cresceu e modernizou-se através da industrialização, contribuindo para a expansão da produção de livros.

A partir de então, a relação entre escola e literatura passou a se estreitar, pois cabia á escola a tarefa de fazer com que as crianças desenvolvessem a capacidade de dominar a língua escrita para que pudessem adquirir livros. De acordo com Lajolo e Zilbermam (2002, p.25): “a escola passa a habilitar as crianças para o consumo das obras impressas, servindo como intermediária entre a criança e a sociedade de consumo”.

Durante as primeiras décadas do século XX, as obras didáticas produzidas para a infância tinham a finalidade apenas de educar, havia poucas histórias que falavam da vida de forma lúdica ou do cotidiano. Por volta dos anos 70, essa visão de mundo é substituída e a literatura infantil passa a ser valorizada, principalmente através das obras de Monteiro Lobato, no que se refere ao Brasil. Ela então cresce trazendo valores para a aventura, o cotidiano, a família.

É importante salientar a questão da fantasia como elemento de total relevância em textos dirigidos á infância, pois expulsa dos livros qualquer fator que possa expressar a realidade e trás para a criança um mundo totalmente imaginário, por exemplo, os contos de fadas, onde os problemas do herói sempre são solucionados, os vilões acabam mal e a história termina com um “felizes para sempre”.

É importante mencionar também o autor Monteiro Lobato como um integrante de alta relevância para a literatura infantil brasileira, pois este produziu obras direcionadas diretamente para o publico infantil, tendo como uma de suas principais obras o Sitio do Pica-pau Amarelo.

Enfim a literatura infantil procura trazer temas que incentivam a imaginação das crianças e ao mesmo tempo estimulam estas para o ato de leitura, proporcionando a capacidade de criar novas histórias e até mesmo usa-las no processo de formação da personalidade.

2.3 Breve histórico

O termo fábula na sua origem etimológica vem do latim “fari” que significa falar e do grego “phaó” que significa dizer, contar algo. Nelly Coelho (2000, p.165) a define como a narrativa de uma situação vivida por animais que alude a uma situação humana e tem por objetivo transmitir certa moralidade.

De linguagem simples e de fácil interpretação o gênero fábula é bem aceito em todas as faixas etárias uma vez que trás valores a serem vivenciados por todos. Seu caráter universal se deve principalmente pelo fato de se aproximar da sabedoria popular, tirando delas uma lição útil, a ser transmitida e vivenciada por todos.

É uma estória com estrutura em verso em que animais possuem características e agem como humanos, essas fábulas vem sempre acompanhadas de uma lição de vida, que vem subsidiada na maioria das vezes da vitória da bondade sobre a astúcia, da inteligência sobre a força, a derrota dos orgulhosos e presunçosos, mencionam valores como: amor, justiça, honestidade, prudência, valores esses que foram sempre aceitos e buscados pela sociedade.

Em sua origem, a fábula era um texto oral contado ás pessoas em situações informais do dia-a-dia. Hoje é vista como gênero educativo capaz de influenciar ainda que inconscientemente a atitude daqueles que um dia tiraram alguns minutos do seu preciosíssimo tempo para se deliciar dessas pequenas histórias que á medida que diverte, ela encanta, educa, transmite valores e princípios.

No Brasil, a fábula teve seu inicio com Monteiro Lobato e é no Sitio do Pica-pau Amarelo onde se desenvolve cada estória que Lobato reescreveu inspirado nas fábulas de Esopo tido para muitos como “pai das fábulas”, e La Fontaine.

 

2.4 Fábulas como gênero educativo

A literatura infantil é considerada uma ferramenta poderosa para o aprendizado, pois permite que as crianças vivenciem situações e problemas, e assim possam interagir e superar momentos considerados difíceis, e é aliada as fábulas que consegue atingir o alge dos seus objetivos, educar, um hábito de ler que constrói personalidades e princípios.

No contexto educacional, sabemos da importância que as atividades lúdicas têm para o desenvolvimento da criança, uma vez que está a faz usar a imaginação, construir suas próprias ideias, fazer questionamentos, ampliando dessa forma seus horizontes, tornando-se capazes de refletirem e se posicionarem diante das situações que se apresentam seja nas leituras de fábulas ou até mesmo na sua vida.

 O caráter educativo das fabulas está na união da ficção e num transcorrer da estória que desperta o interesse da criança pelo assunto, pelo desfecho da mesma tornando-se assim uma leitura atraente e saborosa, que ao passo que entretêm e diverte, ela educa e constrói mentes pensantes, capazes de agregar valores e raciocinar de forma critica sobre sua vida, o mundo, os acontecimentos.

As fábulas por serem estórias imaginárias que tentam explicar o comportamento dos homens, sempre trazem uma lição que vem sempre acompanhada de uma lista de valores que são implícitos nas estórias por meio de uma linguagem simbólica, pois na grande maioria delas o “bem” e o “mal” são facilmente identificados pelas crianças. Tornando-se possível trabalhar os valores humanos, conduzindo-as não só à aprendizagem, mas permitir que estas compreendam os aspectos positivos e negativos que elas podem conter.

São frequentes os estudos que comprovam a necessidade e os benefícios que as fábulas proporcionam as crianças na integração ao mundo da literatura infantil e é por isso que elas devem ter uma maior convivência com o mundo das fábulas, pois cada uma revelará ao leitor uma faceta de transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Dentro dessa perspectiva, a fábula assume um papel relevante, à medida que, pode se tornar a principal mediadora em auxiliar a abordar os problemas universais e do cotidiano, conscientizando-os que os valores não estão ultrapassados, mas continuam sendo fundamentais no comprometimento com uma sociedade justa e humana.

Ouvir ou ler estórias é uma possibilidade que a criança encontra para descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses e as soluções que todos os seres humanos vivem e atravessam ao longo da vida. Assim, é através de uma atividade prazerosa de leitura ou ouvir estórias que se pode descobrir outro lugar, outros tempos, outros modos de agir, de pensar e ser. ABRAMOVICH (1991, P.162)

3        MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi realizado na E.E.I.F. José Napoleão Ximenes, situada no povoado de Rosápoles, na cidade de Alcântaras, tendo como público alvo os alunos do quarto ano do ensino fundamental I, totalizando 32 alunos. 

Inicialmente, fizemos um levantamento bibliográfico, pesquisando o conceito, origem, contexto e características do gênero fábula. Em seguida elaboramos um plano de aula a ser executado na sala de aula, onde selecionamos livros de fábulas depositados na biblioteca da escola, sendo que apenas um deles foi utilizado para leitura. Planejamos o tempo de execução da leitura e produção de ilustrações e moral da fabula. A execução desse projeto em sala deu-se através da apresentação do conceito de fábula, da leitura da fabula “A tartaruga e a lebre” de Esopo, após a leitura desta os alunos foram instigados a usar sua imaginação levando em conta a fábula estudada, ilustrando o possível tempo, espaço, personagens, cenário em que tudo aconteceu e a produzirem um ensinamento exposto na fábula, a partir de suas percepções sobre a mesma, após a produção os resultados foram expostos e apresentados pela turma.

A duração do projeto se deu em 2 horas/aula, ambas no mesmo dia. Na execução desse projeto foram utilizados como recursos pedagógicos: livros, mural de exposição, folhas para ilustração e moral da fábula, canetas, lápis coloridos, pincéis, fita adesiva e lápis.

O ponto de partida que orienta a construção deste estudo é a importância dos alunos adquirirem prazer pela leitura, usando a fábula como primeiro passo, levando em consideração esta com um texto pequeno, de linguagem simples e de fácil entendimento, a partir delas os alunos são levados a usarem sua imaginação e a interpretarem de acordo com seus conhecimentos prévios, a fim de construírem uma consciência critica em relação aos acontecimentos da realidade a que estão inseridos.

4        RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados foram satisfatórios, percebemos o interesse dos alunos durante a aplicação do projeto quando estes observavam atentamente a narração da fabula e era facilmente identificado entre eles olhares de curiosidade de como seria o final da mesma, muitos até se surpreenderam quando ouviram que a tartaruga mesmo com toda a sua lerdeza conseguiu chegar ao destino final antes da lebre que se jugava rápida e no caso até vencedora. Durante a apresentação das ilustrações ficou visível à atenção das crianças, pois a maioria produziu seu desenho de forma bem parecida com todo o cenário em que a história aconteceu, quando as produções dos ensinamentos da fábula foram expostas a maioria da turma escolheu como moral que deveria permear a moral da fábula lida: “Devagar se vai ao longe” o ensinamento “não se pode duvidar do outro” e “devagar também se chega”, sendo que a ultima foi a mais votada como moral da fábula.

A escolha desses dois ensinamentos foi motivada pelo fato de haver alguns colegas da sala que durante o intervalo desafiavam os outros colegas em algumas brincadeiras, e segundo os alunos havia algumas crianças que vivia sendo alvo de gozações quando estes não conseguiam realizar as atividades em sala tão rápido quanto outros que se julgavam espertalhões.

Ao final o que ficou bastante evidente foi a fábula sendo interpretada de diversas maneiras, de diferentes visões esse fenômeno é explicado por Marcuschi (1999, p.96) quando diz que: “a leitura é um ato de interação comunicativa entre o leitor e o autor, com base no texto, não se podendo prever com segurança os resultados. Assim, mesmo os textos mais simples podem oferecer as compreensões mais inesperadas.”.

Desse modo, as fábulas podem apresentar múltiplas interpretações, dependendo portanto, da influência que o contexto irá exercer e dos conhecimentos individuais e da vivência do leitor, sendo que esta vivência, esses conhecimentos individuais é de suma importância para a interpretação que o leitor faz do texto pois como afirma ainda Marcuschi (1999, p.98), “os conhecimentos individuais afetam decisivamente a compreensão, de modo que o sentido não reside no texto.”

As fábulas através do lúdico fazem com que a criança una o real ao imaginário e ajuda-os a compreender os valores humanos aceitos e repudiados pela sociedade.

5        CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao fim deste trabalho podemos concluir que a leitura de fábulas é de suma importância para o processo da aquisição da leitura da criança, porque possibilita não só o desenvolvimento-critico intelectual da mesma, mas também proporciona maior desenvolvimento da imaginação infantil, levando em conta que a linguagem presente nas fábulas é de fácil entendimento e consequentemente de fácil compreensão.

Usar a fábula como aliado no processo de educação, na formação da personalidade e na aquisição da leitura nos parece uma atitude louvável, e pertinente, pois á medida que a criança adquire o gosto pela leitura, aguçando sua imaginação, ela conhece os valores defendidos e aceitos pela sociedade e com isso retêm para si princípios a serem aperfeiçoados e vividos ao longo de sua vida.

A proposta de trabalhar com fábulas foi bastante prazerosa, nos proporcionando resultados positivos, uma vez que os alunos ao terem contato com á fabula, uniram o lúdico e sua imaginação e utilizando seu conhecimento de mundo, sua vivência inferiram a moral da fábula, o ensinamento que estava por trás da mesma, tanto na escrita quanto na oralidade.

O projeto teve resultados favoráveis no sentido de que as crianças ao lerem e entenderem os ensinamentos trazidos na fábula refletiram sobre sua conduta em relação aos seus colegas de escola, sua família e todos aqueles que fazem parte de sua convivência, quando afirmam que não irão mais duvidar do poder de superação do outro e nem zombar quando o outro desenvolver suas atividades mais devagar, e no que se refere á leitura, a professora nos relatou que após a aplicação do projeto os livros de fábulas passou a ser procurado na biblioteca da escola, o que nos leva a concluir que o professor tem um papel significativo na formação do leitor que tanto almejamos, criando situações e metodologias que levem esses alunos a sentirem prazer no ato de ler.

Enfim trata-se de um sentimento de dever cumprido, porém inacabado, contudo este trabalho nos possibilitou refletir, como futuros professores do nosso compromisso na construção do saber e na formação de alunos que sintam prazer ao ler, conscientes de que construindo uma mente critica-reflexiva sejam capazes de mudar e agir no meio em que vivem. Pois como diz Rezende (2000, p.21): “O professor deve ser o impulsionador de leitura, criando em sala de aula condições para os alunos lerem e serem valorizados pelo que leem”. Há urgência em inovar nas salas de aulas, usando metodologias que sejam capazes de cativar os alunos na prática da leitura e interpretação do que leem.

6        REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. 3. ed. Brasília: MEC, 2001.

COELHO, Nelly Novaes.  Panorama histórico da literatura infanto-juvenil. São Paulo: Quíron, 1985. 

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise e prática. São Paulo: Ática, 1991.

ESOPO. Fábulas de Esopo. Tradução Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1994. 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 41. ed. São Paulo: Cortez, 2001. 

KOCH, I V & ELIAS, V M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo; Contexto, 2010.

MARCUSCHI, Luiz Antonio. A Leitura como processo inferencial num universo cultural-cognitivo. In: BARZOTTO, Valdir Heitor (Org.). Est ado de Leitura. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1999, p. 95 – 124.

SOLÉ. Isabel. Estratégias de leitura. 6ª Ed. São Paulo, Artmed, 1998.

ZILBERMAN, Regina. Literatura e Pedagogia: ponto e contraponto. Po