RESUMO

O presente estudo analisou os principais motivadores econômicos do desmatamento ocorrido nos municípios de Santarém e Belterra entre os anos de 1999 a 2004. Discute-se a rápida expansão da fronteira agrícola que está ocorrendo nesta região e a influência das diversas obras de infra-estrutura ocorridas para facilitação do escoamento da produção agrícola, destacadamente as obras da hidrovia Teles Pires- Tapajós, o porto graneleiro instalado em Santarém e a perspectiva de asfaltamento da rodovia BR-163 que liga o estado do Mato-Grosso ao município de Santarém no oeste do Pará. Para determinação do desmatamento foram utilizadas técnicas de sensoriamento remoto com classificação e comparação de uma série anual com seis imagens orbitais LandSat 5(TM) e 7(ETM+) na órbita-ponto 227-62 dos anos 1999 a 2004. Após a análise dos dados verificou-se que a taxa de desmatamento regional variou de 11 a 15 mil hectares por ano e aumentou muito em 2003 e 2004 chegando a 25 e 28 mil hectares por ano, respectivamente. Na análise dos motivadores econômicos dos desmatamentos observou-se forte correlação entre o aumento do plantio mecanizado de grãos, da instalação de um porto graneleiro e do aumento no preço da soja com o aumento do desmatamento a partir do ano de 2002. Percebeu-se ainda que houve um processo de alteração da velocidade e tamanho da ocupação das áreas e do tamanho dos maiores desmatamentos, que eram quase que exclusivamente para a pecuária em 1999 e 2000 e passaram a ser para o plantio de grãos prioritariamente para exportação (soja, arroz, milho e sorgo) nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2004. Separou-se as áreas desmatadas em florestas primárias e florestas secundárias em regeneração de mais de 11 anos, estas responsáveis por 42% do desmatamento total. Diferentemente dos resultados encontrados em alguns estudos anteriores, sobre os motivadores econômicos do desmatamento na Amazônia, encontrou-se que a monocultura de grãos foi a maior responsável pelos desmatamentos em áreas de floresta primária. Foi comparada a evolução temporal dos índices de desmatamento anual dentro e fora de uma unidade de conservação federal de uso sustentável e com população residente, a Floresta Nacional do Tapajós, constatando-se que o aumento do desmatamento regional não se refletiu diretamente no aumento de desmatamento dentro da unidade.

Palavras-Chave: Amazônia, Santarém, Belterra, BR-163, Floresta Nacional do Tapajós, desmatamento, soja, sensoriamento remoto.