A Evasão Escolar, na Educação de Jovens e Adultos: Um Estudo de Caso na Escola CEJA 06 de Agosto, no Município de Pontes e Lacerda.

Marcela alessandra Ossuci Pagotto

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RESUMO

Odesenvolvimento deste artigo tem por objetivo entender e descobrir os reais motivos da Evasão Escolar na EJA haja vista um grande problema encontrado no contexto escolar atual. Para tal discussão apresentaremos um histórico da EJA no Brasil; o processo de evasão escolar na EJA; a relação aluno, professor e ambiente escolar e por último, pretendemos identificar as possíveis causas da “evasão”, as hipóteses levantadas, e, por fim, discutir sobre o assunto, na busca de estratégias que levam ao entendimento acerca da vida destes sujeitos, pois apenas o oferecimento da oportunidade educacional pode não ser suficiente para a estadia e sucesso escolar destes alunos. Aplicou-se um questionário para uma turma do primeiro, do segundo e do terceiro ano do segundo segmento do Ensino Médio e também a um professor de cada turma, da Escola Estadual – EJA 06 de Agosto, com o intuito de ter uma estimativa quanto ao tema proposto, bem como também ir à busca de informações importantes que servirão de subsídio para o referido apresentado na temática.

 Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Evasão Escolar, Educação.

INTRODUÇÃO

A Educação de Jovens e Adultos tem sido criada no Brasil com um intuito inicial de sanar uma deficiência ou falha na estrutura educacional brasileira, que em outros tempos deixou de atender a milhares de crianças e jovens por inúmeros motivos: econômicos, sociais, culturais. A educação na década de 50 e 60 ate meados da década de 80 não era uma prioridade na política brasileira, e hoje com a Educação de Jovens e Adultos o Brasil tenta reparar esta “falta de oportunidade” de milhares de jovens e adultos espalhados por todo o Brasil.

Mas mesmo dentro deste programa, ainda existem fatores cruciais e extremamente relevantes que levam os alunos a permanecerem sem a liberdade de permanecer nesta modalidade de ensino e estes fatores ainda continuam sendo econômicos, sociais, culturais dentre outros, mas agora de um ângulo diferente, pois já não se trata mais de uma oportunidade perdida, mas de um direito restrito.

A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de educação básica, que busca a preparação do aluno, do tempo perdido, propiciando a continuidade aos estudos. Dessa forma é assegurado por lei o acesso à Educação de Jovens e Adultos através da Lei 9.394 no “Art.37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria” (BRASIL 1996, p.50).

De modo que a educação de jovens e adultos busca um ensino de qualidade com foco no aprendizado do aluno, e umas reais mudanças na qualidade de vida, visando a sua realidade Para a elaboração deste artigo optaram pela pesquisa bibliográfica, dando ênfase a uma abordagem qualitativa. Revisamos a história da EJA com o intuito de contextualizar e informar o leitor. Recorremos aos seguintes autores: Paulo Freire (1989), LDB -9394/96, Trivinõs (1994), Ludke e Andre (1999), SEDUC (2012), Parecer n. 93 (2000), Jacques Delors (2000). Mato Grosso e seus Municípios (2012).

O objetivo deste trabalho foi verificar os motivos que levam alunos da Educação de Jovens e Adultos – EJA à evasão escolar do ponto de vista dos próprios alunos. Para tanto, foram aplicados questionários em 15 alunos da Escola 6 de Agosto escolhidos por serem alunos que começaram a frequentar a EJA, saíram e voltaram a estudar na EJA, buscando identificar os variados motivos, que causaram a evasão Este estudo é fundamental para orientar os professores, que estão envolvidos com a EJA e os que pretendem atuar nesta modalidade de ensino, na escola da prática educativa que desenvolverá em sala de aulas.

O trabalho desenvolve-se em quatro capítulos distribuídos em introdução, nesta está presente à apresentação do tema e a justificativa e a exposição dos objetivos em estudo, a metodologia e a apresentação das partes que compõe o trabalho. O segundo capítulo está composto pelo referencial teórico que aborda temas como o processo de invasão escolar no EJA, Ambiente escolar: Aluno e Professor. O terceiro capítulo apresenta a metodologia e utilizada para conclusão e fechamento da análise dos dados e considerações finais.

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO

 

A alfabetização não é só um processo que leva ao aprendizado das habilidades de leitura entre outras, mas sim a uma contribuição para a liberdade de expressão do homem em seu pleno desenvolvimento. Alfabetizar é propiciar condições aos jovens e adultos para ter acesso ao mundo da escrita tornando-a capazes não só de ler e escrever como de se comunicar na sociedade. Nesse sentido, poder-se-ia embasar em Paulo Freire (1989, p.30) que assim nos fala, em particular sobre a alfabetização de adultos:

 

Se antes a alfabetização de adultos era tratada e realizada de forma autoritária centrada na compreensão mágica das palavras doadas pelo educador aos analfabetos, se antes os textos geralmente oferecidos como leitura aos alunos escondiam muito mais do que revelavam a realidade, agora pelo contrário, a alfabetização como ato de conhecimento, como ato criador e como ato político e um espaço de leitura do mundo e da palavra.

 

Essa modalidade de ensino, nos dias de hoje está sendo tratada pela Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional – LDB 9394/96, como direito subjetivo aplicável a qualquer outra modalidade educativa, embora tenha sido tratada historicamente como sendo sem importância.

Os objetivos da formação de jovens e adultos não se restringem a compensação da educação básica, eles visam promover a inclusão social e a inserção no mercado de trabalho de jovens e adultos que não tiveram acesso à educação na idade própria, proporcionar condições para que essa população construa sua cidadania e possa ter acesso à qualificação profissional. (UNESCO, 2000)

De acordo com a leitura realizada no fascículo Panorama Histórico de EJA no Brasil e Mato Grosso (fundamentos, concepções e princípios da EJA) de Wilma Amorim (2014), e Escolarização de Jovens e Adultos de Sérgio Haddad (2000) . Aborda ainda um pouco da história da educação no Brasil do período da Colônia ao Império onde os jesuítas eram responsáveis pela educação, uma educação de cunho mais religioso, dando enfoque ao EJA como uma conquista, modificação na política educacional no Brasil dentro de um contexto socioeconômico, político e cultural que apesar de lutas para esse tipo de ensino obteve muitas conquistas. É importante ressaltar que ao longo da história da educação no Brasil a alfabetização de jovens e adultos (EJA) tem sido alvos de diversas mobilizações, a favor de uma educação que seja inclusiva e de qualidade.

Haddad (2000) e Amorim (2014) ressaltam que no período da Primeira república foi feita muito pouco pela Educação de Adultos, as lutas eram muitos, o ensino nesse período era a desigual, para diversos grupos.

 

Alfabetizar jovens e adultos não é um ato apenas de ensino – aprendizagem é a construção de uma perspectiva de mudança; no início, época da colonização do Brasil, as poucas escolas existentes eram para privilégio das classes média e alta, nessas famílias os filhos possuíam acompanhamento escolar na infância; não havia a necessidade de uma alfabetização para jovens e adultos, as classes pobres não tinham acesso a instrução escolar e quando a recebiam era de forma indireta.(P.08).

 

 

Com a educação voltada para poucos a sociedade especialmente adulta era mais suscetível a aceitar aquilho que lhe era imposto pelo Estado que eram capacitar os jovens e os adultos para trabalhar em indústrias. Mesmo a educação de jovens e adultos tendo um espaço nesse processo educacional em meados de 1940 que a educação brasileira passa por modificações significativas após fim do estado novo, então surgiu à redemocratização da educação brasileira que faz adotar o princípio da educação para todos. Foi nesse período que o Estado brasileiro aumentou as suas responsabilidades para com a educação de jovens e adultos

O plano nacional da educação de responsabilidade da União e previsto pela constituição de 1934 que incluía uma educação de ensino integral, gratuito e de frequência para crianças, também deveria fazer parte do ensino para adultos. Foi assim que a educação na modalidade EJA foi reconhecida e recebeu atenções e tratamentos necessários.

Apenas em 1947 que surgiu a Campanha de Educação de Adultos, com a mobilização de educadores e da população que era em prol de ampliações de números de escolas e de melhoria na qualidade do ensino, reafirmando assim a educação como direito e todos.

No fim da década de 1950 surgiu o CEAA (campanha de educação de adolescentes e adultos), nesse período os renovadores da educação exigiram do estado à responsabilidade de uma educação/ensino definitiva e de qualidade para os jovens e adultos. E nessa mesma década outras campanhas foram organizadas fortalecendo assim uma educação e um ensino que fosse de acordo comas necessidades da população mais adulta considerada em grande parte analfabeta.

Nos anos de 1959 a 1964 os diversos trabalhados relacionados à educação adulta passaram a ganhar presença e importância, os acontecimentos, campanhas e programas tornaram muitos fortes. O Movimento da Educação de Base, da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (1961), O Movimento de Cultura popular do Recife entre outros, nesse mesmo período passou a ser reconhecida como um poderoso instrumento político.

Segundo Sérgio Haddad e Wilma Amorim durante o regime militar em 1964 “produziu uma ruptura política em função da qual os movimentos de educação e cultura populares foram reprimidos; seus dirigentes, perseguidos; seus ideais censurados. Transformando-se na década de 1970 muito mais em um instrumento de evangelização do que propriamente de educação popular”.

As mudanças surgiram com a fundação do MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização –, em 1967, e, posteriormente, com a implantação do Ensino Supletivo, em 1971, quando da promulgação da Lei Federal 5.692, que reformulou as diretrizes de ensino de primeiro e segundo graus.

Assim passar a existir o ensino supletivo que acabou por ser uma possibilidade de avanço e aceleração na educação de jovens e adultos, se preocupava e se propunha a recuperar o atraso, atualizar o presente, formando uma mão de obra que contribuísse no esforço para o desenvolvimento nacional, através de um novo modelo de escola. Amorim ( 2014) coloca que:

 

Suplência, Suprimento, Aprendizagem e qualificação. A Suplência tinha como objetivo: “suprir a escolarização regular para os adolescentes e adulto que não a tenham seguido ou concluído na idade própria” através de cursos e exames (Lei 5.692, artigo 22, a). O Suprimento tinha por finalidade “proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte” (Lei 5.692, artigo 24, b). A Aprendizagem correspondia à formação metódica no trabalho e ficou a cargo basicamente do SENAI e do SENAC. A Qualificação foi à função encarregada da profissionalização que, sem ocupar-se com a educação geral, atenderia ao objetivo prioritário de formação de recursos humanos para o trabalho” ( AMORIM, pág18).

 

Sendo assim, com essas quatro etapas os professores da rede de ensino de jovens e adultos ganharam formação específica para essa modalidade de ensino. Com o modelo de ensino supletivo, pela sua flexibilidade, estaria sendo construída uma nova oportunidade de ensino dos que perderam a possibilidade de escolarização em outras épocas, ao mesmo tempo em que seria a chance de atualização para os que gostariam de acompanhar o movimento de modernização da nova sociedade que se implantava dentro da lógica de “Brasil Grande” da era Médici. Em 1988, foi promulgada a Constituição, que ampliou o dever do Estado para com a EJA, garantindo o ensino fundamental obrigatório e gratuito para todos.

Conforme Haddad (2000) uma parcela expressiva do projeto educacional do regime militar foi consolidada juridicamente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de número 5.692 de 11 de agosto de 1971.

O ensino supletivo foi regulamentado, mas seus fundamentos e características são mais bem desenvolvidos e explicitados em dois outros documentos: o Parecer do Conselho Federal de Educação n. 699, publicado em 28 de julho de 1972, de autoria de Valnir Chagas, que tratou especificamente do Ensino Supletivo; e o documento “Política para o Ensino Supletivo”, produzido por um grupo de trabalho e entregue ao Ministro da Educação em 20 de setembro de 1972, cujo relator é o mesmo Valnir Chagas. Esse ensino supletivo visava recuperar o atraso vivenciar/ e renovar o presente.

No período de 90 aconteceu um reconhecimento da importância da EJA para o fortalecimento da cidadania e da formação cultural da população, devido às conferências organizadas pela UNESCO, criada pela ONU e responsabilizada por incrementar a educação nos países em desenvolvimento. Essa mobilização nacional, que foi organizado os Fóruns Estaduais de EJA, que vêm se expandindo em todo o país.

Graças as essas lutas que em acontecendo nos dias de hoje a um avanço muito grande com relação e educação de jovens e adultos, tem feito benefícios para pessoas que não teria a oportunidade de voltar para as salas de aula, trabalhadores que sempre quiseram trazer os estudos para as suas vidas, adolescentes que já havia abandonado as salas estão voltando a ter oportunidades de terem uma vida social melhorada através do estudo.

 

O PROCESSO DE EVASÃO ESCOLAR NA EJA

 

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino da rede pública que visa garantir que trabalhadores que não tiveram oportunidade de estudar na idade ideal.

Assim de acordo com A Nova LDB, lei nº9.394/96, artigo 37 diz que: “A educação de jovens e adultos será destinada aqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamentalmente e médio na idade própria”. Com isso o sistema de ensino assegura aos jovens e adultos um ensino gratuito podendo assim finalizar seus estudos, considerando as características do aluno, seus interesses, condições de vida e de trabalho.

Um motivo muito presente na evasão escolar da EJA, é a não participação da família na vida escolar do aluno. A família após o crescimento dos filhos acredita não precisar mais de acompanhá-los na vida escolar achando que sua obrigação como pai e mãe ou responsável, já tivesse sido cumprida. Vale ressaltar, que partes dos alunos que frequentam a EJA, são jovens entre 15 e 17 anos, ou seja ainda necessitam do acompanhamento por parte da família.

A não interação com a família e a escola atrapalha no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno na escola, sendo assim se faz muito necessário esse contato entres ambas as partes, ajudando assim a garantir um ensino de qualidade, pois a escola e composta pela família e pela comunidade.

Uma forma de ajudar os jovens e adultos a permanecerem nas escolas e a família, com esse apoio o aluno terá mais autoconfiança, pois o primeiro incentivo tem que vir de dentro de casa.

A Legislação Brasileira diz:

Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1997, p.2).

 

Com o passar dos tempos as pessoas com mais idade começou a perceber o quanto a educação e importante na vida das pessoas, que o conhecimento faz um cidadão com autoconfiança. E também com o passar do tempo houve um autoexigência com relação aos conhecimentos e dessa forma precisariam voltar à escola básica.

Diante disso, surge o reingresso do adulto as turmas da EJA.

 

A educação permite ir em busca de uma vida mais equilibrada permitindo a esses adultos buscar uma melhoria de vida. Para que aumentem as 30 possibilidades individuais de educação, e para que se tornem universais, é necessário que mude o ponto de vista dominante sobre o valor do homem na sociedade, o que só ocorrerá pela mudança de valoração atribuída ao trabalho. Quando o trabalho manual deixar de ser um estigma e se converter em simples diferenciação do trabalho social geral, a educação institucionalizada perderá o caráter de privilégio e será um direito concretamente igual para todos. (Pinto, 2000, p.37).

 

A Educação de Jovens e Adultos reflete bastante na vida dos adultos ingressantes, abrindo cada vez mais espaço trazendo assim mais significado em busca de novos conhecimentos, fazendo-os refletir sobre a importância de ir à busca do crescimento pessoal.

Mesmo assim temos muito que compreender sobre o porquê da evasão escolar nas escolas da EJA 06 de agosto, dessa forma para entender sobre a evasão escolar se tem em vista que não é um caso isolado, mas um termo preocupante e que pode vir a produzir uma série de determinantes que causa efeito na produtividade da vida escolar. A partir daí fica em destaque o valor que a educação de jovens e adultos representa na vida das pessoas que procuram a EJA, tendo a chance reaverem estudo que lhe é de direito.

Muitos desses estudantes saem da escola por falta de incentivo da própria família, já vem de muito antes quando crianças já não os deixaram ir para a escola ouvindo na maioria das vezes pelos mais velhos que “escola e feita pra que não trabalha” e outras coisas mais, quando esse aluno chega à sua maioridade apesar de não ser mais criança ele também precisa do um incentivo familiar, pois se ele continuar ouvindo que o estudo o bobagem ele ira acabar se deixando levar por esses absurdos faldos pela própria família.

Com relação a Evasão Escolar, ARROYO relata:

 

Na maioria das causas a evasão escolar tem a responsabilidade de atribuir a desestruturação familiar, e o professor e o aluno não têm responsabilidade para aprender, tornando-se um jogo de empurra.” (ARROYO, 1997, p.23).

 

A escola e o professor podem e devem ajudar esse aluno, por isso a importância da escola procurar saber sobre a vida dos alunos que nela estuda, muitas desses alunos que abandona só precisaria de um apoio, um simples você pode, você consegui, pois todo ser humanos precisos de atenção e dedicação. Assim é importante a escola estar preparada tanto para receber quanto para formar os adultos ingressantes, pois estes estão em busca de novas oportunidades.

Segundo ARROYO:

Os jovens e adultos continuam vistos na ótica das carências escolares: não tiveram acesso, na infância e na adolescência, ao ensino fundamental, ou dele foram excluídos ou dele se evadiram; logo propiciemos uma segunda oportunidade”. (ARROYO, 2006, p.23).

 

 

 

Nos educadores temos que levar em conta que se esse adulto já foi impedido de lhe dar uma educação escolar, então temos que unir forças para que o mesmo não desista novamente, darmos e eles não somente uma segunda chance, mas também a chance de mudança de vida, mudança de pensamento.

Outra forma também de evasão na EJA 06 de Agosto e a questões sociais, econômicas, políticas e culturais, poderá tem muito a ver com o que a não permanência na do aluno da EJA, e pensando assim que só vem a aumentar o número de desistência de jovens e adultos que ainda não completaram a educação básica na idade correta. Cury aponta no artigo “Direito a Educação direito à igualdade, direito à diferença” que:

 

O direito à educação escolar é um desses espaços que não perderam e nem perderão sua atualidade. Existe garantia ao acesso dos cidadãos à educação básica. Afinal, a educação escolar é uma dimensão fundante da cidadania, e tal princípio são indispensáveis para políticas que visam à participação de todos nos espaços sociais e políticos e, mesmo, para reinserção no mundo profissional. O contorno legal indica os direitos, os deveres, as proibições, as possibilidades e os limites de atuação, enfim: regras. Tudo isso possui enorme impacto no cotidiano das pessoas, mesmo que nem sempre elas estejam conscientes de todas as suas implicações e consequências. (CURY, 2002, p. 245-246).

 

 

Esse e um direito que todos da sociedade precisa e deve saber, pois muitos não voltam a escola por vergonha, não sabendo eles que o seu retorna as salas de aulas so tem a crescer não só na vida deles mais também no nosso país, quanto mais jovens e adultos alfabetizados mais o Brasil tem a ganhar.

Uma grande dificuldade que o jovem e adultos encontra também e o não apoio dos patrões, muitos desistem por não querer chegar atrasado na escola. A escola pode entrar em contado com esses empresários para auxiliarem que funcionário com mais conhecimento só vem a somar com a sua empresa,

 

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação a LDB:

 

A educação nacional é inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, objetiva o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o serviço responsável da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, Lei nº 9.394/96 Art. 2º 1996).

 

Sendo assim, esse aluno com todos esses incentivos não desistirá de concluir seus estudos.

O professor tem que ter em vista que não e só ensinar a ler e escrever é também ter a preocupação em inseri-los no processo educacional, valorizando a experiência que este aluno já traz consigo ao decorrer da vida, para que ele se senta importante e que possa ter novas visões da vida.

Muitos jovens não respeitam a autoridade do professor em sala de aula. Não é raro vermos casos de professores serem agredidos dentro do ambiente escolar. Muitas vezes, a relação familiar e o meio social em que estes jovens estão inseridos pode influenciar nesse mau comportamento por parte dos jovens, como mostra as falas a seguir:

E por fim, a última dificuldade apontada pelos educadores que trabalham com a Educação de Jovens e Adultos diz respeito à baixa estrutura da escola. Os docentes reconhecem a necessidade de se buscar meios que estimulem a aprendizagem dos alunos, mas, reconhecem as dificuldades enfrentadas em muitas escolas do Brasil que ofertam a Educação de Jovens e Adultos sem dispor de uma estrutura adequada. Podemos dizer que a falta de materiais didáticos direcionados para este público de alunos, bem como a estrutura da escola que é voltada para o ensino fundamental, tem dificultado o trabalho docente em muitas escolas brasileiras. Como veremos nas falas a seguir.

 

AMBIENTE ESCOLAR: ALUNO E PROFESSOR

 

Para obter um bom desenvolvimento na Educação de Jovens e Adultos EJA, em primeiro momento o que se tem que haver entre o professor e o aluno e o respeito onde cada um tem que se colocar no lugar do outro. Em ambos os papéis estão conectados, necessitando assim de um melhor desenvolvimento no processo educacional.

Quando o educador se atenta com o educando está exercendo o seu papel e deste modo à relação entre ambos pode refletir positivamente no processo de aprendizagem. Também dessa forma, o educador preparar o educando para a sociedade pensando nele como alguém com potencial.

Segundo GADOTTI (1999: 2), o educador para pôr em prática o diálogo, não deve se colocar na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida.

Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser mais bem cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.

O professor não deve se preocupar somente com o conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos.

De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor consiste em agir com intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação.

O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com cultura. ABREU & MASETTO (1990: 115), afirma que “é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade”.

Segundo FREIRE (1996: 96), “o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.

Ainda segundo o autor, “o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca”.

Ou seja, professor proporciona boas relações com os alunos, pois com esse ambiente harmoniosa fica mais fácil para o aluno, se sentir-se a vontade não só com o professor e sim também com seus colegas de sala de aula, com isso só facilitará seu envolvimento nas atividades e a construção dos conhecimentos com relação aos conteúdos trabalhados.

Os irmãos Freschi relatam que:

 

Estabelecer vínculos afetivos, de forma que não comprometam e não modifiquem a postura e a ética profissional é fundamental para o bom funcionamento do trabalho e para que o processo de aprendizagem aconteça de forma prazerosa para o professor e para os alunos. (Freschi, 2013, p.04).

 

Quando o professor faz seu trabalho com amor fica bem mais fácil ensinar e aprender, ou seja, com toda essa união fica mais nítido o que o professor precisa ensinar e mais fácil para aluno aprender.

O professor entre muitas características que possui, precisa achar significado dentro das diferentes situações de aprendizagem desenvolvendo com seus alunos as capacidades para um mais perfeito aprendizado, quanto mais atento e o professor com relação aos seus alunos mais fácil seu planejamento de aula.

Para planejar, o professor utiliza os conhecimentos didáticos e a sua própria experiência prática, sua visão de mundo estará sempre presente por isso vale ressaltar que:

O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. A escola, os professores e os alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de classes. Isso significa que os elementos do planejamento escolar – objetivos, conteúdos, métodos – estão recheados de implicações sociais, têm um significado genuinamente político. Por essa razão, o planejamento é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções; se não pensarmos detidamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da sociedade (LIBÂNEO, 1994,

p.222).

 

A partir do memento em que o professor leva seu aluno a expor suas opiniões em sala, ele passa a dar a oportunidade ao aluno o ato se conhecer e passar seus pensamentos e opiniões sobre o que o mesmo pensa, além de que nesse momento o professor tem a chance de perceber o mundo em que aquele aluno vive.

Segundo Augusto Cury:

 

O educador tem como trabalho levar seu aluno a pensar, a desenvolver autonomia, senso crítico, mas sem esquecermos que estamos ensinando pessoas, sendo assim não se pode deixar de humanizar a educação, levando em consideração o educando no seu total. (CURY, 2013, p.57).

 

Fazer um aluno crítico e ter certeza que teremos um mundo melhor, fazer esse aluno perceber o quanto e importante que ele se expressa não só seu pensamento e desejos.

Segundo Placco, Vera Maria N. de Souza ela coloca que:

 

Auxiliar alunos no desenvolvimento de uma consciência crítica quanto a sincronicidade existente nelas e nos professores. (...). Prepara-las para uma intervenção objetiva, sistemática e crítica no meio educacional, no auxílio a professores para a consciência do fenômeno da sincronicidade e para a transformação de sua prática. (Placco, 2000, p.38).

 

Para formamos um aluno critico o papel do educador tem que proporcionar meios e alternativas para que esse aluno posso expressar suas ideias, informando que ele tem esse direito, pois ele está cumprindo com o seu papel social.

Para um bom entendimento entre o educador ele precisa estar ao lado de seu educando procurando compreender, e acompanhar seu desempenho, ajudando o mesmo reconhecer a sua identidade e aperfeiçoar a sua consciência crítica e visão do mundo, direcionando a buscando seu verdadeiro papel de educador da EJA.

A relação professor/aluno é muita importância, pois o dever do professor esta encaminhar o aluno a vida, ajudando a se identificar qual a sua contribuição no meio social.

Com relação ao ensino e aprendizagem da EJA não é apenas o educando que aprende, pois a aprendizagem é construída com a troca de experiências de educador e educando, podendo ser através do diálogo as trocas de experiências.

Uma coisa que podemos afirmar com certeza, pois está no que pesquisamos, na vivencia do nosso dia/dia como educador é a necessidade de sintonia entre educando, educador, escola, família e comunidade.

Sabemos que auno da EJA não pode ser tratado como criança, ou seja, não podemos somente pegar um plano de aula com conteúdo do Ensino Fundamental regular e aplicar para eles, afinal estamos educando adultos, é preciso que se diferencie o modo de ensino e aprendizagem para esse público, esse processo de educação de jovens e adultos é chamado de Andragogia como definiria Cavalcanti (1999):

 

A Andragogia significa, portanto, “ensino para adultos”. Um caminho educacional que busca compreender o adulto desde todos os componentes humanos, e decidir como um ente psicológico, biológico e social. Busca promover o aprendizado através da experiência, fazendo com que a vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a assimilação. (CAVACANTI, 1999, p. 67).

 

 

A melhor forma do conseguirmos ajudarmos na aprendizagem desses jovens a adultos é o diálogo, a troca de vivencia, com isso ajudara o educando e o educador a se sintonizar em um só ambiente.

Sabemos que existem muitos obstáculos na Educação de Jovens e Adultos, obstáculos que com o passar dos tempos estão sendo superadas, porém ainda tem muito que melhorar no que se refere a investimentos.

O educando sabe e entendi o mundo em que se vive, sabe também que é responsável pelas transformações que ocorrem em sua vida, sendo capaz de construir e reconstruir sua história da mais perfeita forma.

Com isso, a aprendizagem ocorre de forma motivadora e com significado em uma relação direta em que é possível expressar a autenticidade do sujeito enquanto agente ligado em seu ambiente social.

 

3 METODOLOGIA

 

Para alcançar com êxito os objetivos propostos, bem como obter as informações necessárias para a realização da pesquisa, utilizou-se pesquisa do tipo exploratório qualitativa.

A metodologia utilizada para a elaboração deste artigo foi a pesquisa bibliográfica como base para os levantamentos dos dados, cuja abordagem em um estudo de caso, qualifica a análise, em termos de pesquisa qualitativa. Compreende-se por uma categoria de pesquisa que nos permite analisar uma unidade em profundidade bem como explorar o fenômeno em toda a sua complexidade (TRIVIÑOS, 1994, p.133-136).

Os dados obtidos estão presentes em vários estágios da investigação tornando mais formal após o encerramento do levantamento na pesquisa bibliográfica. A abordagem da pesquisa qualitativa escolhida foi a de estudo de caso.

4 PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS

4.1 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO MUNICÍPIO DE PONTES E LACERDA

A análise dos dados coletados revelou que a EJA gradativamente vem progredindo, enfrentando várias mudanças nas áreas administrativas pela Legislação Federal na Lei n° 10.880 de 09 de junho de 2004, na qual o Art. 3° diz:

 

Fica instituído o programa de apoio aos sistemas de ensino para atendimento a Educação de Jovens e Adultos, no âmbito do Ministério da Educação, a ser

executado pelo FNDE, com o objetivo de ampliar a oferta de vagas na educação fundamental publica de jovens e adultos, em curós presenciais com avaliação no processo, por meio de assistência financeira, em caráter suplementar, aos sistemas de ensino estaduais, municipais e do Distrito Federal.

Os primeiros habitantes de Pontes e Lacerda foram os indígenas. Décadas depois a descoberta do ouro em Mato Grosso trouxe diversos imigrantes para a cidade, que antes fazia parte de Vila Bela da Santíssima Trindade. Hoje, Pontes e Lacerda estão vivendo um de seus melhores momentos como sendo um município agropastoril e apesar de não ter indústrias, dá as seus moradores um ar limpo e uma boa renda.

A cidade Pontes e Lacerda encontram-se localizada ao Sudoeste do Estado de Mato Grosso, fazendo divisa com a Bolívia. Seu nome é em homenagem a Antônio Pires da Silva Pontes Leme e a Francisco José de Lacerda e Almeida, ambos que vieram para elaborar a primeira carta geográfica dos rios da região.

No começo a cidade era habitada apenas por indígenas, com a descoberta de ouro na região, vários imigrantes, principalmente paulistas, vieram a integrar a população, porém acabaram praticamente dizimando a população indígena que hoje se concentra a apenas uma porção de terra chamada Reserva do Sararé.

Mas na verdade, o município se originou a partir de uma vila na época denominada “Vila dos Pretos”, onde se localizava o Posto Telegrafo trazido à cidade pela Comissão Rondon, chefiada por Candido Rondon. Segundo os escritos do Plano Diretor (2006):

Com o surgimento da República (1889), as preocupações de demarcação de fronteira e de maior controle do território nacional, resultam que em 1906 a Comissão de Linhas Telegráficas chefiada pelo então Major Cândido Rondon, ao articularem Vila Bela com o país, instalam às margens do Rio Guaporé uma estação telegráfica, com mão-de-obra trazida daquele município. Esta estação telegráfica, origina a Vila dos Pretos (atual bairro Guaporé), que seria por muitos anos um dos únicos pontos de povoamento entre Cáceres e Vila Bela.

 

Em 1909, o governo do Estado, deixou que quase 4.000 hectares de terras fossem povoados. Apesar disso, a ocupação da cidade se deu de forma lenta e somente com o decorrer dos anos é que se pode chegar à população de hoje. Mas somente anos depois que ela começou a ser reconhecida como uma cidade.

Com o crescimento do pequeno aglomerado urbano, a Lei no 3.813, de 03 de dezembro de 1976, sancionada pelo governador José Garcia Neto, criou o distrito de Pontes e Lacerda, no município de Vila Bela da Santíssima Trindade. (LIMA, 2010)

 

Com a exploração da madeira na região foram surgindo fazendas agropecuárias com plantações de arroz, soja algodão entre outras, aonde a mão de obra qualificada foi se fazendo necessária. Muitos jovens e adultos na busca dessa qualificação profissional voltaram a estudar.

A partir do dia 25 de Fevereiro de 2008, a Escola Estadual 6 de Agosto passou a ofertar apenas o ensino do CEJA, no ano de 2010 passando a denominação de EJA (Educação de Jovens e Adultos). Segundo observação na ata de criação, por não possuir mais clientela significativa para o ensino fundamental, o nome foi sugerido devido o histórico corrente com a luta do EJA – defendeu a escola viva a interação com a realidade da sociedade e por ser um ilustre mato-grossense, que é localizado na situada na rua Ceará n°1488 – centro Pontes e Lacerda-MT.

O Projeto Político Pedagógico (PPP) tem como linha condutora a construção de um centro de educação de jovens e adultos baseados no pensar e no agir dos profissionais, pais, alunos e comunidade nela inserida. A partir da diversidade dos envolvidos no processo educacional busca-se um consenso para realizar uma escola para todos onde a base seja uma aprendizagem significativa, que transforme, ou contribua para modificar positivamente a realidade dos nossos alunos favorecendo a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

A proposta curricular da escola é priorizar a qualidade de ensino e aprendizagem do EJA com base nos princípios de que a vida escolar deve se caracterizar como um processo contínuo: da necessidade de resinificar a unidade entre aprendizagem e ensino, uma vez que sem aprendizagem o ensino não se efetiva; de reformulação da Proposta Curricular, priorizando o enfoque social, político, cultural e histórico; de se propor forma de trabalhar os conteúdos curriculares indo além dos fatos e aspectos conceituais passando a incluir valores, atitudes e posturas éticas reafirmando o compromisso da Escola na formação de cidadãos críticos, integrados a seu tempo, de sua responsabilidade social que deverão incorporar os valores imprescindíveis ao exercício da cidadania: liberdade, competência, responsabilidade, solidariedade e disciplina.

Os professores da EJA trabalham com textos interdisciplinares e temas transversais sobre o meio ambiente, saúde, sexualidade, valores, cidadania, política, entre outros.

Quanto à “avaliação” da Alfabetização da EJA, é feita a todo o momento, ou seja, durante todas as atividades executadas em sala de aula, como por exemplo, na oralidade, nas atividades escritas, na interação da turma etc. Pois sabemos que numa concepção pedagógica mais moderna, a educação é concebida como experiências de vivencias múltiplas, agregando o desenvolvimento total do educando.

Os pontos positivo foram: o interesse dos educandos ao se tratar das atividades referentes aos gêneros, à participação, não só da turma, como também da regente onde todos foram envolvidos, de maneira satisfatória.

Quanto aos pontos negativos sempre há, pois sabemos que a educação, nas últimas décadas vem passando por grandes transformações, mas é necessário que nós que atuamos neste campo estejamos engajados nessa luta, para vencermos juntos todas as muralhas que impedem de termos uma educação de qualidade, que satisfaça de forma igualitária todas as massas.

Ampliando práticas e cidadania visa o direito a liberdade e as escolhas e os usossociais do conhecimento entendendo ser necessário formar o educando par o exercício da cidadania objetiva e critica. O investimento central neste eixo é na cidadania e na capacidade de ação social e política dos sujeitos de EJA.

Educação dialógica o EJA incorpora o ideário Freiriano de educação dialógica, partindo do planejamento das aulas teóricas, oficinas pedagógicas e culturais, objetivando estabelecer diálogos com saberes presentes nas experiências dos educadores nas suas culturas de origem.

Para organizar a matriz curricular do EJA parti destes quatro eixos, que será priorizado o trabalho por área de conhecimento e não por disciplina buscando uma interação entre os conteúdos a serem trabalhados e a realidade social dos educandos, por meio de uma abordagem que os relacione os temas de interesse social e coletivo.

O EJA atende jovens e adultos de diferentes faixas etárias, diferentes graus deexpectativas em relação à aprendizagem entre jovens de 15 anos a adultos acima de 70 anos.

A proposta pedagógica da EJA está fundamentada nos pressupostos teóricos de PauloFreire, Levys. Vygostsky e Emilia Ferrero.

A estrutura política pedagógica da EJA está ancorada na visão mercadológica para aformação do indivíduo, inserir-se no mercado de trabalho. Com o deslocamento de umaunidade do EJA para o município de Pontes e Lacerda, inserem-se na política e no contexto das Diretrizes Curriculares gerais da Secretaria de Educação do Estado de MT que orienta os eixos propostos para a EJA às orientações curriculares para a educação de jovens e adultos em MT; seguinte concepção. Trabalho, conhecimento e cultura são considerados princípios gerais da política educacional de outras discussões, da legislação educacional brasileira e de documentos internacionais, que foram pensados os quatro eixos norteadores da EJA no Estado‟ (SEDUC, 2012, p.12).

Considerando a trajetória da EJA no Brasil, este tem sido pautado por campanhas ou movimentos desenvolvidos, a partir da administração federal, com envolvimento de organizações da sociedade civil, visando à realização de propostas ambiciosas de eliminação do analfabetismo e formação de mão de obra, em curtos espaços de tempo. Nos dias de hoje a alfabetização não visa somente à capacitação do aluno para o mercado de trabalho é também necessário que a escola desenvolva no aluno suas capacidades, em função de novos saberes que se produzem e que demande um novo tipo de profissional, que o educando obtenha uma formação indispensável para o exercício da cidadania.

A acomodação dos educandos é um outro fator que colabora para o estado de mesmice dos educadores, pois esses se acostumaram com a cartilha como sendo o único meio de aquisição da leitura e escrita.

A partir dessas conclusões, tenho em vista também algumas considerações no sentido de recomendar que sejam feitos cursos regulares de capacitação para os profissionais atuantes nas classes da EJA, para que os mesmos possam refletir sobre sua prática e criar estratégias para modificar essa prática descontextualizada; o investimento por parte do Município, subsidiando materiais didáticos para que se possam criar ambientes estimuladores do processo da aquisição da leitura e da escrita; a parceria dos familiares e da própria instituição de ensino, em dar credibilidade à atuação dos educadores, no sentido de não cobrar que a cartilha seja utilizada e preenchida em um tempo mínimo fixado e, por fim, poder contar com a disposição, boa vontade e entusiasmo dos professores em assumir esse compromisso de mudança, para que esse espírito de transformação contagie e motive os educandos das classes da EJA, para que os mesmos também lutem para ser partícipes de uma prática educativa coerente com a realidade cultural por eles vivenciada.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A motivação para a realização deste trabalho surgiu através das experiências vivenciadas no estágio supervisionado I em que ao estagiarmos em turmas da Educação de Jovens e Adultos percebemos as dificuldades na modalidade da EJA, dentre elas destacou-se a evasão, despertando o interesse de pesquisar e aprofundar em busca de entender essa problemática. Ao longo desta pesquisa constatamos os principais aspectos que norteiam a educação de jovens e adultos tais como o histórico, o método Paulo Freire, o processo de evasão, a relação professor/aluno que serviram de subsídio para uma completa absorção de dados.

Através dos estudos realizados, importantes informações foram levantadas que ajudaram a compreender os reais motivos que levam a evasão escolar especificamente na turma da EJA. Muito mais que compreender nos levou também a refletir em como existem fatores determinantes que influenciam no processo de ensino-aprendizagem.

A evasão infelizmente está presente no contexto da EJA por diversos motivos, dentre eles destacam-se o cansaço físico, pois a grande maioria dos alunos opta por estudar na EJA devido a trabalhar durante o dia e estudar no período da noite, o horário de início das aulas também é uma dificuldade, a falta de incentivo da família e a dificuldade em aprender contribuem em grande peso para que os alunos da EJA evadam. Mediante os dados coletados o que mais nos chamou a atenção foi o fato de que a grande maioria dos alunos quer estar na EJA, apesar do mercado de trabalho ser exigente, eles voltaram a estudar por vontade própria, por acreditarem que o estudo tem grande relevância em suas vidas e faz diferença sim, pois acreditam que se não tivessem abandonado os estudos suas vidas seriam melhores, destacando que os 52 alunos da EJA em sua maioria, apesar das dificuldades não tem vontade de abandonar os estudos, muito pelo contrário, desejam não apenas concluir o Ensino Médio, mas chegarem a faculdade e até mesmo a pós- graduação.

No entanto, a evasão na EJA é um problema sério e que precisa ser investigado para despertar nos profissionais a necessidade de estar sempre refletindo sobre a prática educativa destinada a essa clientela, pois a educação de jovens e adultos deve ir além da representação de números em estatísticas educacionais, ela deve conhecer resgatar a história da comunidade, desenvolver juntamente com os sujeitos um conhecimento que atenda as suas necessidades, incentivarem os alunos a permanecer em sala de aula e adequá-los aos padrões de visão de mundo, a fim de se evitar que as turmas diminuam, que a falta de interesse aumente e a evasão cresça, esse processo depende muito do educador que atua no EJA, é ele que tem o papel de motivar e incentivar esses alunos em permanecer em sala. A partir das análises dos dados, concluímos que as pessoas que tentam voltar a estudar, mas acabam evadindo, são aquelas desestimuladas por causa da “ausência de tempo” e “sobrecarga da jornada de trabalho”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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