Actualmente falar de Política é falar de Economia, e ler sobre as duas pode rapidamente tornar-se numa experiência triste e desinteressante se não for evidente onde as taxas, os ratings ou os deficits vão atrapalhar o nosso quotidiano.Mesmo quem dá pouca bola a este assunto já se apercebeu da prevalência da Economia sobre tudo o resto, já aceitou que passámos de POVO a CONSUMIDORES e já chegou à conclusão que o nosso problema reside aí mesmo ? em consumirmos demasiado para aquilo que produzimos.

Parece que isso não é muito bem visto na Europa. Aliás, isso não é bem visto pela Europa do norte porque os nossos velhos amigos que habitam a bacia do Mediterrâneo formam conosco essa turma de maus alunos. Portugal, Espanha, Itália e Grécia: a zona com a paisagem mais variada, com o mar mais recortado, com a arquitectura mais diversificada e com o maior número de monumentos e obras de arte por km2, tudo isto iluminado por um dos climas mais amenos do planeta.


Sardenha, Mar Mediterrâneo

Qualquer economista sabe meia dúzia de índices estatísticos que colocam as Suécias e as Alemanhas desta nova Europa no topo da formação, eficiência ou competitividade mas querer transplantar o modelo social e económico nórdico não só é idiota como pode pôr em risco a diversidade patrimonial dos territórios fundadores da civilização ocidental.

Mas vamos à parte idiota; é óbvio que a obtenção de conforto em climas temíveis é muito difícil, os povos do norte são utilitaristas e eficientes porque disso depende a sua própria sobrevivência enquanto POVO. E num mundo materialista, são os países cujos genes integram essa característica que lideram a orquestra das nações. Impõe-nos a visão de uma ESPÉCIE Humana compulsivamente a trabalhar de forma absurda e sem sentido, adquirindo cada vez mais objectos, cuja maioria de pouco serve a não ser para nos criar a ilusão de preenchimento de um vazio existencial inesgotável.


Estocolmo, Suécia

Desculpem lá, senhores altos e loiros mas aqui em Portugal não vamos engolir isso. E para já nem vamos levantar grandes ondas; preocupem-se primeiro com os deputados espanhóis que já andam a levar na tromba e com a "festa" que já decorre há quase um ano nas ruas de Atenas.

Este pequeno povo, que resistiu aos romanos, reconquistou a terra aos árabes e pontualmente com eles se misturou, que não deu hipóteses à gigante Castela, que barrou a entrada às tropas de Napoleão enquanto caravelas exíguas atravessavam toda a extensão do mar conhecido e por conhecer, que controlou durante décadas o comércio em todo o Oceano Índico ao mesmo tempo que se embrenhou nos confins da Amazónia para circunscrever as fronteiras do maior país da América do Sul. É a este povo heróico e com raros pergaminhos históricos que querem impor o modelo social e económico norueguês ou mesmo britânico? Países que são independentes há míseros anos ou que, aproveitando-se da nossa lealdade recorrentemente nos apunhalam pelas costas?

Ainda para mais quando sabemos que todos os estudos que foram feitos sobre o índice de felicidade humana (à excepção do patrocinado pela revista de alta-finança Forbes) colocam os países mais pobres nos lugares da frente e os únicos países desenvolvidos que também atingem boas classificações são os escandinavos, pese embora a altíssima taxa de suicídios e alcoolemia crónica.

Portanto, se a actividade e o trabalho forem pautados pelo ritmo adequado, os povos mediterrânicos com a sua criatividade, capacidade de improvisação e contemplação alcançam patamares de excelência, como qualquer livro de História pode comprovar.

É altura de reprimirem esse mau feitio para com a malta do sul da Europa e talvez juntos possamos todos procurar soluções que salvaguardem o nosso legado e que façam do fundo do poço em que nos encontramos uma base sólida para um futuro comum e próspero para os que de nós descendam.