SILVA, Francisco Lucenildo da.




A Ética como um Componente Curricular Transversal, e sua contribuição na formação Moral e Valores do Aluno.





Umarizal - RN
2010


RESUMO

Esta pesquisa aborda a importância do ensino da ética no espaço escolar como um tema transversal, e sua contribuição na formação moral e valores do aluno, através de conteúdos que despertem a prática reflexiva para a construção social e moral, juntamente com os demais conteúdos didáticos lecionados no âmbito escolar. Diante das dificuldades que professores encontram em todos os níveis escolares, de ensinarem valores éticos e moral, isto devido à crescente desestruturação social e moral da atualidade, surgiu a necessidade de realizar esta pesquisa, objetivando apresentar a importância deste ensino na sala de aula como um conteúdo capaz de auxiliar além do aprendizado intelectual, também na formação moral e valores dos alunos, e assim procurar-se novos caminhos e estratégias que possam atender as necessidades dos educadores frente a este desafio. O desenvolver deste trabalho é com base nas teorias e opiniões de autores da área educacional, para solidificar assim, os pensamentos sobre esta temática exposta. Utilizam-se também no presente trabalho, pesquisas através de questionários para coletarem-se dados, onde haverá abordagens com 02 alunos e 02 professores da rede pública de ensino, da cidade de Umarizal - Rio Grande do Norte, visando um estudo mais profundo sobre a temática discutida próximo da realidade escolar local.

Palavras-chave: Valores Éticos, Moral, Transversalidade, Ensino e Aprendizagem.

ABSTRACT

This research show the importance of ethics teaching, in the school space as a transversal theme, and its contribution to moral education and values of student, through subjects that stimulate the reflective practice for construction social and moral development, together with other educational subjects applied in the school. Because the difficulties that teachers have in all school levels to teach moral and ethical values, and it?s because the social and moral growing disintegration, of actuality, that was necessary this research, aiming to present the importance of this teaching in the classroom as a subject able of helping, beyond the intellectual learning, also in moral education and values of students, and so, to find new ways and strategies that can resolve the necessity of educators with this problems. The development of this work is based on theories and opinions of authors of the educational field to solidify so, the thoughts on the exposed subject. Are also used in this work, searchers using questionnaires to collect of data, where there will be approaches with 02 students and 02 teachers from public schools, of Umarizal City - Rio Grande do Norte, seeing a deeper study about the discussed theme close to reality of local school.

Keywords: Ethical Values, Moral, Transversality, Teaching and Learning


1 INTRODUÇÃO

A Prática de Educação Moral é indicada como Ética na nova determinação utilizada pela Lei de Diretrizes e Bases - LDB, lei 9.394 de 20 de Dezembro de 1996, e a prática do ensino da Ética como um tema transversal é indicado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, (PCN, 2001) como sendo uma atividade importante e que deve ser utilizada em sala de aula.

Diante destas recomendações, fica explícito a importância de priorizar-se e intensificar o ensino da Ética como um tema transversal na sala de aula, melhor dizendo, no sistema de ensino brasileiro. Com este objetivo de esclarecer a importância da ética e da moral dentro das atividades de ensino, que se buscará estudar melhores métodos e orientações para a efetivação deste trabalho. Outro ponto relevante nesta pesquisa é apresentar o ensino da ética como um conteúdo capaz de auxiliar na formação do indivíduo como ser social, para isto será necessário como atitude inicial, rever os atuais currículos escolares que regem nossa educação, e buscar de forma mais relevante abrir espaço para que o ensino de valores e moral, através do ensino transversal da ética, possa aparecer com mais intensidade, saindo do diálogo, do abstrato para a prática de ensino e aprendizagem.

Neste aspecto é notório que o sistema educacional brasileiro entende que ensinar ética e seus conceitos de valores, moral, civilidade, caráter, entre outros, podem, somados aos demais conteúdos didáticos escolares, produzir efeitos positivamente para a Educação do povo brasileiro, e de qualquer outra nação, no sentido da formação intelectual, social e moral do indivíduo.Este é, portanto um desafio para as escolas atuais, assim como para educadores e gestores que estão à frente do processo de ensino e aprendizagem, como afirmam os PCN (2001), inserir o ensino da ética no currículo escolar é confrontar diretamente com os princípios e regras que regulam os diversos comportamentos dos indivíduos, sabendo-se que estes comportamentos são reflexos do meio social e resultado das relações interpessoais, como se pode perceber no trecho dos PCN: "cada ser humano posiciona-se diante de um conjunto de valores que não foram criados por ele isoladamente, mas no contexto das relações com outros seres humanos" (PCN, 2001 p.51).

Para reforçar esta idéia que, apesar das vantagens do ensino da ética, como também de sua maior divulgação no âmbito educacional, existem várias dificuldades em sua implementação, os parâmetros curriculares já alertaram ao corpo educacional, para que estes agentes responsáveis pelo bom andamento do ensino não fossem pegos de surpresa e tivessem em mente a tarefa que haverão de cumprir, tendo um resultado final satisfatório, como está explícito na citação dos PCN:

"Trazer ética para o espaço escolar significa enfrentar o desafio de instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das áreas de conhecimentos, uma constante atitude crítica, de reconhecimento dos limites e possibilidades do sujeito e das circunstancias, de problematizarão das ações e dos valores e regras que os norteiam" (PCN, 2001, p.61)

Contudo, mesmo com a existência destes desafios, não se deve permitir que a falta de estímulo ou o medo de enfrentar algo novo, torne-se um empecilho para que este ensino aconteça na sala de aula de forma real e eficaz, tornando-se algo concreto na vida dos aprendizes. O ensino da ética e sua grande contribuição para a escola, como formadora de indivíduos demonstra a importância desta disciplina como uma atividade indispensável e justificável.

1.1 A transversalidade no campo de ensino

Como é sabido o quadro educacional brasileiro ainda é bastante insatisfatório, tem revelado desigualdades sociais que atingem diretamente a educação. Estas desigualdades são regionais, municipais, e mais especificamente locais, onde há uma má distribuição de renda e oportunidades. Estes problemas tornam-se entraves, impedindo o crescimento e o desenvolvimento social, afetando o ensino com baixo rendimento escolar, evasão, repetência, defasagem idade/série, entre outros problemas.

Diante de uma realidade tão insatisfatória, a escola se mostra muito preocupada, pois a mesma exerce um papel de extrema importância na construção social, formando cidadãos. Segundo os PCN (2001, p.61) "Mesmo com limitações, a escola participa da formação moral de seus alunos". Assim, aumenta a responsabilidade da escola e conseqüentemente a cobrança por parte da sociedade de responsabilidade levando à escola uma reflexão, avaliação e novos métodos que possam contribuir significativamente para a re-construção social.

Vale salientar que a escola não pode assumir isoladamente e unicamente a postura de "salvadora"; ou seja, a escola é uma das muitas instituições em que o ser humano participa e aprende algo para sua formação. No entanto, a Família é a primeira instituição social na vida de um indivíduo, isto implica dizer que muitos valores deveriam ser ensinados fora da escola, e que esta pudesse ser vista como uma saída a mais, um reforço nos padrões sociais, para serem somado aos valores internalizados nos indivíduos que chegarem até a sala de aula para aprimorarem seus conhecimentos.

Assim como a Igreja, ONGs, Sindicatos, entre outras instituições sociais que lutam com seres humanos, acabam ensinando e transmitindo valores o que é chamado pela Didática, de Educação Intencional. Todavia, existe também a Educação Não-intencional, que são as experiências, os valores, e conceitos adquiridos no contexto social, são práticas que não tem ligação específica com instituições. Estas acabam ensinando e transmitindo valores mesmo sem intenções de fazer isto, como cita Libanêo (1992) Neste cenário, a atual postura da escola é de atuar como forma de complemento destes valores que ainda não foram transmitidos em sua totalidade, é aí que entra o ensino da ética, e é também quando surgem os desafios da escola, e do professor, principalmente, pois existe ainda uma idéia difundida socialmente que a escola tem o dever de ensinar tudo, depositando apenas na escola a responsabilidade de pode haver aprendizado.

Verifica-se que o papel da família é fundamental na vida de um ser humano e que a ausência desta configura-se na desestruturação social, por isso conscientizar os alunos sobre a importância do respeito, amor, caráter, enfim, todos os valores que regem o seio familiar e social, é algo que deve ser ensinado diariamente no âmbito escolar, principalmente na sala de aula. A esta idéia é que se chama ensino Transversal.

"A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas e um compromisso com as relações interpessoais no âmbito da escola, pois os valores que se requer transmitir, os experimentados na vivencia escolar e coerência entre eles devem ser claros para desenvolver a capacidade dos alunos intervirem na realidade e transformá-la tendo essa capacidade, relação direta com o acesso ao conhecimento acumulado pela humanidade" (PCN, 2001, p.65)

Sabe-se que existe uma necessidade de ensino dos temas transversais, e pensar neste ensino é pensar diretamente em Ética, não retirando o mérito de outros temas também transversais como: Saúde, Orientação Sexual, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo, etc. Como também do ensino teórico-científico, o mais priorizado pelas escolas, isto porque se entendem que apesar dos temas transversais serem defendidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a Lei das Diretrizes e Bases (LDB), ainda existem muitas falhas no que diz respeito à aplicação destes na prática, incluindo a ética, o que tem ocasionado um discurso demagógico na sala de aula, e com pouco efeito na vida diária do aprendiz.

Poder-se-ia comprovar esta falta de adequação da disciplina Ética à vida cotidiana dos educandos; bastaria abordar alguns estudantes e questioná-los sobre o que eles entendem sobre Ética? Provavelmente poder-se-ia ouvir facilmente argumentos sobre violência,vandalismo ou outro conceito. Isto se explicaria porque os alunos falariam de assuntos que estão ao seu redor, assuntos comuns na sociedade, conhecidos e vivenciados dia-a-dia no cotidiano de muitos destes alunos; porém assuntos como: respeito, dignidade, caráter e outros temas tornar-se-ia muitas vezes difícil de explicar pela ausência de ser mencionados e vividos, chegando até a serem desconhecidos dos alunos.

As possíveis respostas dos alunos não estariam erradas, contudo precisariam ser trabalhadas mais profundamente, como por exemplo, se diferenciar violência da incivilidade. Segundo Charlot (2005), há uma diferença entre violência, indisciplina e incivilidade, estes três assuntos são relatados no livro do escritor e apresentam uma visão sobre, como os franceses fazem esta distinção, e torna-se evidente que a incivilidade, é o reflexo de uma falha na construção social do indivíduo, são justamente ausência de valores como amor e respeito, e muitos outros, que servem para a boa conduta e moral de qualquer indivíduo. No caso da violência, são atos que estão fora do controle da escola, e que são de responsabilidade da justiça ou polícia, atos de tráfico de drogas, estupros, etc. E a indisciplina, segundo o autor, é vista como algo "comum" em um ambiente escolar, pois estes atos são o posicionamento dos alunos frente a regras e costumes da escola, algo que para a lei não é crime, é um direito do aluno de contestar, assim é importante que o educador saiba fazer esta distinção.

A falta da civilidade ocasiona no ambiente escolar ação como: palavrões, absentismo, desrespeito, desinteresse nas atividades, etc. Para se aprofundar neste tema ver o artigo Escola versus Violência, do autor Raymundo Lima (2008). Estes tipos de conflitos afetam diretamente o ensino, atrapalhando assim o bom andamento do processo de ensino e aprendizagem. A desestruturação familiar é certamente um dos fatores que contribuem para esta incivilidade, como também as desigualdades e injustiças sociais, o problema é que na verdade esta problemática cresce a cada dia, dentro e fora do ambiente escolar.

Este é o principal alvo que deve ser atingido pela educação; ou seja, a ausência da civilidade. É neste ponto, portanto, que a educação ainda não alcançou eficácia, Raymundo Lima (2008) afirma que é justamente devido à incivilidade que o aluno comete até inconscientemente a indisciplina e na pior das hipóteses a violência. Desta forma, é somente através da educação que o indivíduo aprende as regras de convívio social e ético, para assim atuarem como cidadãos de bem, por isso procura-se conscientizar e aplicar o ensino da ética dentro da grade escolar como tema transversal já que a ética ainda não é aceita como uma disciplina e sim como um tema circunstancial (Tavares; Cunha; Silva, 2004) Por esta razão tem provocado críticas e contradições aos PCN, que defendem este método de ensino com os temas transversais e, principalmente a ética que é tão importante dentro do processo de ensino-aprendizagem, ainda não é constituída uma disciplina.

Sabe-se das grandes dificuldades encontradas pela escola e especificamente pelo professor, em tornar seu plano de aula flexível às mudanças e adaptado à realidade do aluno, haja vista ser esta a fenda por onde entrará o ensino da ética, moral e valores de modo transversalmente aos conteúdos das matérias lecionados. Este processo ocorrerá no momento do planejamento, esta tarefa tão importante e indispensável na vida do professor, como cita Libanêo:

"O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade da ação escolar e a problemática do contexto social" (LIBANÊO, 1992, p.222)

A importância do planejamento é realmente uma tarefa necessária para o bom andamento e direcionamento da aula, neste momento de elaboração do plano, o educador reflete que conteúdos haverá de lecionar, e avaliar-se-á também a sua própria prática, podendo assim trazer para sua aula conteúdos úteis para o aprendizado dos alunos, fazendo adequações à realidade em que este indivíduo está inserido e o próprio contexto social onde a escola está situada. O professor precisa ser conhecedor não só da realidade escolar em que atua como também dos valores éticos além de ser ético também, para que, desta forma, encontre o melhor método para ensinar e simultaneamente ocorrer o aprendizado por parte dos discentes.

1.2 Formação do Caráter Pessoal

Na ótica da lógica pessoal, este pensamento pode ser entendido como uma simples utopia se fizer análises comparando com a realidade da sociedade atual, onde a incivilidade, as desigualdades e a ausência de valores, dominam o universo de muitos seres humanos.

Uma possibilidade de modificar o quadro atual da sociedade começa a despontar quando a educação atinge uma área de acesso muito restrita e intocável: a mentalidade humana, o cognitivo, é o típico trabalhar o interior dos indivíduos, e para atingir esta área é preciso trazer à reflexão de si mesmos, um olhar para dentro, o entender que a sociedade exige princípios e regras que não podem ser ignoradas, e devem ser postas na prática, no convívio com outras pessoas, é atuar nas faculdades intelectuais dos aprendizes, através do estudo centrado na formação de caráter dos futuros personagens de uma geração futura.

Antes de qualquer ação didática o corpo escolar precisa estar apto a trabalhar com as mais diversificadas formas de estilos e culturas de cada aluno individualmente, e necessariamente o professor deverá possuir uma formação qualitativa para atuar com a diversidade, estando apto certamente haverá condições de no seu espaço de trabalho, aplicar conteúdos que não ficarão apenas na teoria, mas que poderão ser utilizados na vida cotidiana dos alunos, podendo assim sobressair das dificuldades e das mais diversificadas citações de conflitos impostos pela própria vida.


2 MÉTODO

2.1 Delineamento

A pesquisa constitui-se de um estudo correlacional, haja vista este tipo de estudo caracterizar-se por existir relação entre as variáveis.

2.2 Hipóteses

O trabalho possui a seguinte hipótese: ao ser ensinado sobre os valores éticos e morais na sala de aula, somado aos demais conteúdos das matérias, o aluno será capaz de refletir criticamente sua condição como ser humano e sua atuação no contexto social em que está inserido, adquirindo assim a possibilidade de construir sua formação intelectual, social e moral.

2.3 Amostra/Participantes

Durante este trabalho foram abordados 02 (dois) alunos e 02 (dois) professores da rede pública de ensino, nível médio, da cidade de Umarizal, interior do Estado do Rio Grande do Norte.

2.4 Instrumentos
Os dados serão coletados através de um questionário contendo 03 (três) questões direcionadas para os alunos, e outro questionário com 04 (quatro) questões específicas para os professores.

2.5 Procedimentos

Entregar-se-á os questionários de forma aleatória na escola onde os colaboradores estarão atuando, e conseqüentemente responderão as devidas questões de forma voluntária.

2.6 Análise de dados

Os dados serão analisados de forma qualitativa, diante das informações obtidas nos questionários aplicados aos professores e alunos, estes colaboradores da pesquisa serão identificados por siglas referentes; P1 e P2 (professor 1 e professor 2); A1 e A2 (aluno 1 e aluno 2).

2.7 Aspectos Éticos

Os colaboradores na realização da coleta de dados através do questionário, haverão de serem conhecedores dos objetivos do presente trabalho, da importância da colaboração dos participantes e do sigilo da identidade dos mesmos assim como da escola em que atuam os respectivos colaboradores.

3 RESULTADOS/DISCUSSÃO

Através do trabalho de coleta de dados utilizando-se de um questionário, pode-se obter as seguintes informações organizadas sobre as respostas dos alunos e professores sobre o tema ética.

3.1 Análise das respostas dos alunos

A tabela 1 sintetiza as respostas dos alunos a questão sobre o que é ética.

Tabela 1. Respostas dos alunos para a questão 01

PERGUNTA 01

Em sua opinião o que é Ética?

RESPOSTAS

A1: Respeito e Educação

A2: São os valores que faz de cada pessoa um cidadão melhor e também uma sociedade mais harmoniosa.

Pode-se observar que o A1 tem ainda uma visão muito restrita sobre o significado de ética, comenta de forma insegura e resumida este conceito, fato que pode comprovar a ausência deste assunto em sala de aula. O A2 pensa em ética tanto no individual como no coletivo, seu modo de comentar mostra o seu conhecimento sobre o tema abordado e a consciência da importância dos valores éticos na sociedade.

Tabela 2. Respostas dos alunos para a questão 02

PERGUNTA 02

Você tem estudado algum conteúdo sobre ética na sala de aula? Cite algum exemplo de como este conteúdo é ensinado.

RESPOSTAS

A1: (não) sim, o professor ensinou e colocamos em prática na sala de aula para aprender aos demais lugares.

A2: Sim, explicando estes assuntos e nos conscientizando de que esses valores são importantes para a vida em sociedade.

Se observar-se a resposta do A1, pode-se perceber claramente o que se relatou anteriormente sobre a insegurança e o desconhecimento do mesmo no que se refere à ética, pois o aluno, nega o ensino e em seguida volta atrás, além de deixar confuso o exemplo solicitado, a ausência deste ensino na sala de aula desse aluno é notória. O A2 apresenta seu entender e conhecimento do assunto, um exemplo que de alguma forma os valores ético e moral estão sendo discutidos na sala onde estuda.

Tabela 3. Respostas dos alunos para a questão 03

PERGUNTA 03

Você considera importante estudar sobre valores éticos e moral na sala de aula, junto aos demais conteúdos ensinados? Por quê?

RESPOSTAS

A1: Sim, porque é bom agente dar respeito como ser respeitado.

A2: Sim, porque da escola deve sair também cidadãos com valores éticos e morais.

Nestas respostas fica explícito que ambos são conscientes da importância deste ensino, vale salientar que o A2, enfoca a responsabilidade da escola como formadora do indivíduo, tanto intelectualmente como moralmente, um pensamento muito válido; contudo, não se pode esquecer que não unicamente a escola ao responsável pela formação do indivíduo, mas, instituições como família, igrejas, sindicatos, entre outras.

3.2 Análise das respostas dos professores

Procurou-se coletar também, algumas respostas de professores, para mostrar como acontece ou se realmente acontece o ensino dos valores ético e moral no âmbito da sala de aula, já que este ensino deve ser parte indispensável dentro do currículo escolar.

Tabela 4. Respostas dos professores para a questão 01

PERGUNTA 01

Em sua opinião o que é Ética?

RESPOSTAS

P1: São normas e princípios fundamentais que norteiam a conduta do ser humano. Ética essa que deve ser exercida por todas as pessoas, independente da profissão que exerce.

P2: É um conjunto de valores construídos com base familiar, religiosa, educacional, social.

O conceito de ética por parte dos professores é conivente em suas expressões, fica notório o entender teórico do tema por parte de ambos, como também a onde estes valores devem atuar diariamente, é importante, pois lembrar que ética e moral não podem ser tratados como simples teoria utópica, devem ser vivenciadas realmente, sair do discurso, do planejamento, para fazer a diferença no caráter social.

Tabela 5. Respostas dos professores para a questão 02

PERGUNTA 02

Você tem ensinado algum conteúdo sobre ética na sala de aula? Cite algum exemplo de como este conteúdo é transmitido.

REPOSTAS

P1: Sim, pois algumas disciplinas que são trabalhadas exigem um pouco de ética, para isso é preciso uma preparação do professor, pois o conteúdo deve ser de acordo com a faixa etária e transmitida da forma mais clara possível.

P2: Tenho tentado. Quando evitamos um aluno de colar, por exemplo, estamos agindo de forma ética.

Diante este questionamento percebe-se que o P2, demonstra mais cutela na resposta, ou talvez insegurança, mas, o mesmo demonstra consciência das dificuldades reais que é trazer ética para o âmbito escolar, ainda mais nos dias atuais onde há uma quebra de valores sociais, familiar etc. Vale salientar que é valido a "tentativa" de ensinar, pois o que não pode acontecer é a própria acomodação ou desistência diante os problemas, além do mais o professor deverá saber que o ensino precisa estar dentro dos princípios democráticos, ou seja entender que o aluno traz consigo uma individualidade,seus conflitos e ponto de vista aprendidos através da cultura, ou meio em que vive, valores estes que muitas vezes não são compatíveis com as normas e princípios morais da escola, que devem ser respeitados e valorizados,para que assim possa existir uma interferência com a instrução devida.(PCN, 2001, p.63).

O P1 afirma que ensina e de modo transversal, já que este conhece a ética dentro das disciplinas, e sabe que o professor precisa conhecer estes valores para poder transmitir aos seus aprendizes. Um ponto muito valoroso, isto porque o educador precisa estar consciente e atento quanto a importância da ética na escola, caso contrário como poderá atuar de forma eficaz diante a problemática existente no campo escolar? Pergunta esta expressa nos PCN:

"Se os educadores não ficarem atentos a esse fato, se não tiverem clareza das implicações destas questões no cotidiano. Como intervir buscando legitimar regras de convivência que auxiliem a construção de uma sociedade mais justa?" (PCN, 2001, p.66)


Tabela 6. Respostas dos professores para a questão 03

PERGUNTA 03

Você considera importante ensinar sobre valores éticos e moral na sala de aula, junto aos demais conteúdos didáticos do currículo escolar? Por quê?

RESPOSTAS


P1: É extremamente importante, pois a ética está inserida em todo currículo escolar, que pena que nem todos os profissionais têm uma preparação ética para trabalhar adequadamente.

P2: Sim, porque esses ensinamentos ficarão e servirão para sempre para a vida.

O P1 relata sobre ética no currículo escolar, está claro que este profissional conhece os PCN e sabe que a ética deve ser inserida no processo de ensino e aprendizagem, isto não significa necessariamente que os ensinos destes valores estejam acontecendo dentro da sala de aula. Ainda segundo este profissional, o problema maior no não-ensino da ética, é a despreparação dos professores diante desta temática, embora não sirva como desculpa ou motivo de não ensinar a disciplina ética, pois o professor precisa estar atento as atualizações, ser inovador, pesquisador, e flexivo a todas as mudanças, inclusive na sua própria pratica de ensinar (LIBÂNEO, 1992).


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entende-se que ainda existem muitos mitos e discussões sobre este tema tão instigante a Ética. Mitos que dizem ser impossível ou desnecessária a prática deste ensino no âmbito da sala de aula, e muito tem se discutido sobre a importância, benefícios e também dificuldades no ensino desta disciplina.

Prefere-se aqui apresentar a idéia que, mesmo convictos das problemáticas existentes no meio educacional, o ensino de valores éticos e moral tem apresentado durante longos períodos uma contribuição favorável na formação do indivíduo dentro do processo de ensino e aprendizagem. Alguns alunos já conseguiram assimilar estes valores, e como resultados tem alcançado uma boa formação tanto como alunos como cidadãos de bem. Outros ainda vêm o ensino da Ética como uma realidade distante, desconhecida, e são justamente estes que precisam ser alcançados, ensinados.

De modo semelhante os professores, os responsáveis pelo ensino, um bom ensino por sinal, devem dedicar-se ao máximo para sobressaírem das barreiras encontradas no caminho, entendendo que são formadores não somente de intelectuais, mas de intelectuais conscientes e conhecedores de seus direito e deveres.

Para finalizar, ainda é cabível dizer que a escola como um todo precisa estar preocupada com esta questão, aqui abordada, por isto este levantamento realizado mostra a necessidade de novas pesquisas posteriores, que investiguem esta temática, para que novos pensamentos, visões, e caminhos possam fluir, contribuindo para uma educação qualitativa, e uma sociedade mais justa e igualitária.






5 REFERÊNCIAS

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos: Apresentação dos Temas Transversais/Secretaria de Educação Fundamental ? Brasília: MEC/SEF, 2001 436p.

CHARLOT, B. Relação com o saber: Formação dos Professores e Globalização. P. Alegre: Artes Médicas, 2005.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática/ Jose Carlos Libâneo. São Paulo: Cortez, 1992. ? (coleção magistério ? 2° grau. Série formação do professor).

LIMA. Raymundo. Escola X Violência: Revista Espaço Acadêmico- n° 80 ? Mensal- Janeiro/2008 ? Artigo.
Disponível em: http:// www.espacoacademico.com.br - Acesso em: 14/12/2009.

MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Oficina de Lingüística Aplicada: A natureza social e educacional dos processos de ensino/aprendizagem de línguas ? Campinas, SP: Mercado de Letras, 1996. (coleção letramento, educação e sociedade).

TAVARES. Ângela M. Munhoz; CUNHA. Deolinda de Fátima P; SILVA. Francisco das Chagas. O Ensino da Ética. Ano III, Nº129 - Volume IX - Porto Velho - Janeiro/2004.
Disponível em: http:// www.Primeiraversao.unir.br/artigo129.html- Acesso em: 01/03/2010.