A essência da participação na Gestão Escolar
Ângela Dutra

A gestão escolar participativa surgiu na década de 80, após o período da ditadura militar com o nome de Administração solidária, com a idéia de que a participação nas decisões deveria acontecer por parte de todos os segmentos. Seria o sentir coletivo onde todos estariam lutando por um mesmo objetivo. Desse desejo surge um projeto de pesquisa a respeito da gestão democrática (co-gestão). Foi constatado que uma instituição só se torna eficiente quando tem a participação de todos que nela "servem", assim tem-se uma administração efetiva construída pela convivência solidária, respeito mútuo às diferenças e trabalho coletivo.
No entanto, para que se tenha uma gestão participativa dentro da escola alguns fatores precisam ser considerados: os segmentos participantes da comunidade escolar devem ser bem informados sobre tudo que ocorre, devem ter consciência política nas decisões; a formação é indispensável para uma prática de gerenciamento compartilhamento e acima de tudo a escola deve possuir um gestor consciente da necessidade de um processo participativo, saber que não deve gerir sozinho, que deve está integrado com os outros segmentos, conhecer suas necessidades e anseios. Pois no momento que houver necessidade de ele tomar uma decisão sem a participação dos demais, terá consciência de que sua atitude será a melhor para a vida escolar e de seus membros.
Cabe ressaltar que não se deve confundir gestão democrática com legitimação de idéias, onde os participantes da comunidade escolar e ou seus representantes (colegiados /conselhos) são convidados, apenas, para verbalizarem suas discussões sobre questões já definidas e que precisam de legitimidade diante da escola.
Para que haja uma relação de integração e compromisso entre os segmentos, não permitindo acontecer o que foi citado, além da consciência política se faz necessário que o gestor esteja disposto a permitir essa mudança de atitude, conheça seus membros com todas as suas particularidades. O planejamento escolar é o momento em que pode e deve acontecer essa integração, além das reuniões dos conselhos e colegiados, espaço para discussões e decisões em prol de uma escola transformadora e preocupada com a qualidade educacional. Assim se concretiza a participação plena que se faz na atuação efetiva dos profissionais da educação e dos usuários na gestão da escola.
Vale salientar que há dois sentidos de participação articulados entre si. Há a participação como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos constituindo-se como prática formativa, com elemento pedagógico, metodológico e curricular, deixando, a escola, de ser uma redoma, um lugar fechado e separado da realidade, para conquistar o status de uma comunidade educativa que interage com a sociedade civil.
Há, também, a participação como processo organizacional em que os profissionais e usuários da escola compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisão, onde a participação é ingrediente dos próprios objetivos da escola e da educação.
Já se sabe que a escola é lugar de compartilhamento de valores e de aprender conhecimentos, desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas e estéticas. Mas é também lugar de formação de competência para a participação na vida social, econômica e cultural.
Heloisa Luck (2006) diz que os segmentos que atuam na escola exercem influencia sobre a dinâmica e sobre os resultados educacionais da escola e que isso depende também de uma competência em decidir e agir sobre as questões que a envolvem. Que a atuação consistente seja o ponto de partida para a construção dessa escola tão almejada, todos participando, juntos, sendo co-responsáveis por uma educação de qualidade. E essa educação de qualidade, reflete em alunos críticos e participativos conscientes de seu papel na sociedade em que atual, além de ter como frutos alunos que valorizem o ato de aprender. Entende-se, dessa forma, que a gestão escolar democrática, participativa aperfeiçoa e qualifica a aprendizagem do aluno.
O diretor tem um papel fundamental no processo de mudança nas estruturas educacionais. Sendo assim, o gestor é responsável junto com toda equipe escolar pelo desenvolvimento individual e coletivo dos alunos que fazem parte da instituição a qual gere frente a uma sociedade plural e democrática.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: alternativa, 2001.
______. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Editora alternativa, 2004.

LÜCK, Heloisa. Concepções e processos democráticos de gestão educacional. Petrópolis, R J: Vozes: 2006. Vol. II.