A ESPERANÇA DE PACIENTES PORTADORES DE CÂNCER DE MAMA

 

Priscilla Gonçalves

Railane Santos de Souza

Faculdade São Francisco de Barreiras-FASB

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INTRODUÇÃO

Todo câncer se caracteriza por um crescimento rápido e desordenado de células, que adquirem a capacidade de se multiplicar. Essas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores malignos, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo.

O câncer de mama, como o próprio nome diz, afeta as mamas, que são glândulas formadas por lobos, que se dividem em estruturas menores chamadas lóbulos e ductos mamários. É o tumor maligno mais comum em mulheres e o que mais leva as brasileiras à morte, segundo o Instituto Nacional de Câncer - Inca.

Segundo a Estimativa sobre Incidência de Câncer no Brasil, 2010-2011, produzida pelo Inca, o Brasil terá 500 mil novos casos de câncer por ano. Desses, 49.240 mil serão tumores de mama.

Apesar dos avanços da medicina no tratamento do câncer e do aumento da veiculação de informações pela mídia, a percepção social da doença nem sempre reflete a situação real. O câncer ainda equivale a uma doença fatal, vergonhosa, misteriosa, sinônimo de morte, comumente associado à dor, sofrimento e degradação, aquilo que cresce e corrói, consome o indivíduo.

Segundo Sampaio (2006), com o avanço dos meios tecnológicos de detecção precoce, os tratamentos se tornam cada vez mais eficientes, contribuindo para o aumento de expectativa de vida das mulheres com câncer de mama. Diante desse aspecto, o câncer abandona seu status de doença frequentemente fatal, assumindo características de uma doença crônica.

O câncer é, com certeza, uma das preocupações no Congresso. Atualmente, 530 ações relativas à doença, incluindo projetos, requerimentos e pedidos de audiências públicas tramitam nas duas casas legislativas. São propostas que concedem benefícios fiscais, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de automóvel adaptado para quem sofreu limitações físicas e sequelas após o câncer de mama (linfedema).

São ações políticas importantes sobre tema de grande interesse da sociedade. O protagonismo do Congresso nessa matéria tem forte respaldo de entidades médicas filantrópicas públicas e privadas, apoiadoras da causa. Estimular a prevenção, promover pesquisas e facilitar o tratamento do câncer são, sem dúvida, um desafio coletivo.

Sendo assim, entender as questões envolvidas no câncer de mama, permite ao profissional de saúde avaliar e assistir a mulher de uma forma adequada e singularizada.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

O câncer de mama é a doença em que as células normais da mama começam a se modificar, multiplicando-se sem controle e deixando de morrer, formando uma massa de células chamada de tumor. A mama é composta principalmente por tecido gorduroso.

Dentro dela, uma rede de lobos, formados por pequenos lóbulos, abriga as glândulas produtoras de leite. Pequenos ductos as ligam aos lóbulos e lobos para levarem o leite ao mamilo, localizado no centro da aréola. Perto de 90% dos tumores de mama ocorrem nos ductos ou lobos.

Segundo a Estimativa sobre Incidência de Câncer no Brasil, 2010-2011, produzida pelo Inca, o Brasil terá 500 mil novos casos de câncer por ano. Desses, 49.240 mil serão tumores de mama.

O câncer de mama é relativamente raro antes dos 35 anos, mas acima dessa idade sua incidência cresce rápida e progressivamente. É importante lembrar que nem todo tumor na mama é maligno e que ele pode ocorrer também em homens, mas em número muito menor. A maioria dos nódulos (ou caroços) detectados na mama é benigna, mas isso só pode ser confirmado por meio de exames médicos.

Quando diagnosticado e tratado ainda em fase inicial, isto é, quando o nódulo é menor que 1 centímetro, as chances de cura do câncer de mama chegam a até 95%. Tumores desse tamanho são pequenos demais para ser detectados por palpação, mas são visíveis na mamografia. Por isso é fundamental que toda mulher faça uma mamografia por ano a partir dos 40 anos.

A Incidência do câncer de mama é o segundo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. Nos homens, a incidência é pequena, não representa nem 1% dos casos.

A cada ano, cerca de 22% das novas ocorrências de câncer em mulheres são de mama.

As estatísticas indicam o aumento da frequência tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência, ajustadas por idade, nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos países. Estudos do Instituto Nacional do Câncer (INCA) afirmam que, no Brasil, 49.400 novos casos são esperados em 2008 e 2009. No âmbito mundial, uma em cada oito mulheres irá apresentar câncer de mama.

Os fatores de Risco do câncer de mama afeta a saúde e a autoestima das mulheres. Raro na faixa dos 20 anos torna-se frequente acima dos 35 e, a partir daí, a taxa de incidência aumenta rápida e progressivamente. A menarca precoce (primeira menstruação), a menopausa tardia (após os 50 anos de idade), a primeira gravidez após os 30 anos e a nuliparidade (não ter tido filhos) também constituem fatores de risco.

História familiar é ainda um importante fator de risco, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmã) foram acometidas da doença antes dos 50 anos.

O câncer de mama de caráter familiar corresponde a aproximadamente 10% do total de casos desse tipo de doença. A ingestão regular de álcool, mesmo que em quantidade moderada, é identificada como fator de risco, assim como a exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 35 anos.

O aparecimento de um nódulo ou tumor na mama é um dos  primeiros e principais sintomas do câncer de mama. Ao longo do processo podem surgir alterações na pele que recobre o local, retrações ou um aspecto semelhante ao da casca de laranja. Podem também surgir nódulos palpáveis na axila.

O ideal é que quando diagnosticados precocemente, cerca de 95% dos casos são curados. As formas mais eficazes para detecção precoce são o autoexame, o exame clínico e a mamografia.

O exame clínico das mamas (ECM) pode detectar tumores menores que 1 (um) centímetro, se superficiais. Já a mamografia, que corresponde à radiografia da mama, revela lesões em fase inicial, até microscópicas.

Nem todos os cânceres de mama são iguais, existindo mais de um tipo. O primeiro passo no tratamento é a realização da biópsia da lesão descoberta na mama para diagnóstico.

Os fatores que serão considerados no tratamento incluem: o estágio e o grau tumoral (que significa o quão diferente as células tumorais são quando comparadas com as células normais);

Posteriormente o status dos receptores hormonais, receptor de estrógeno (RE) e receptor de progesterona (RP); 3. o status do receptor-2 para o fator de crescimento epidérmico (HER-2);

Em seguida a descrição genética do tumor e a presença de mutações nos genes para o câncer de mama; a idade da paciente, o estado geral de saúde da pessoa e se a paciente está ou não na menopausa.

Para o câncer localizado na mama, a cirurgia para remover o tumor é frequentemente o primeiro tratamento. Hoje as cirurgias são cada vez menores, preservando-se a estética da mama. Tratamentos adicionais podem ser empregados para diminuir o risco do câncer retornar (recidiva). Na maioria dos casos são utilizados radioterapia, quimioterapia, terapia alvo-direcionada e/ou hormonioterapia.

A confirmação do diagnóstico de conviver com o câncer trouxeram profundas mudanças em suas vidas e na maneira de ver o mundo. As formas de enfrentamento da vida, após o câncer se expressaram nas expectativas voltadas para cura e a necessidade de apego religioso.

Para mulher com diagnóstico de câncer de mama, estabelecer novos propósitos na vida é o resultado dos ajustamentos psicossociais trazidos pelo diagnóstico. Ao aprender e reconhecer que pode alterar sua vida diária, a mulher integra o seu novo ser de forma produtiva e saudável. A esperança de voltar à normalidade é um importante fator facilitador do tratamento. (Bergamasco, 2001).

Durante todo o enfrentar da doença e seu tratamento as mulheres procuram ver as coisas do lado positivo para poderem ter esperanças. Após o diagnóstico, as mulheres relatam sentir-se diferentes, haviam mudado em alguns aspectos, seja na sua maneira de ser, seja na maneira de ver a vida. (Caliri, 1998).

Após o tratamento do câncer de mama, algumas iniciativas são tomadas, retorno ao trabalho; dedicação a obras sociais; maior dedicação e proximidade da família e de si própria; maior dedicação e envolvimento no centro espírita; atuação como voluntária num grupo de apoio a mastectomizadas e participação no grupo de pós mastectomizadas com a realização dos encontros de Yoga e Musicoterapia. (Backes, 1997).

As mulheres ao estabelecerem um vínculo de confiança com um Ser Superior fazem desse vinculo um fio condutor que lhes proporcionam a segurança, a tranquilidade e força para superarem a dor e o desconforto, aceitando-os e conformando-se com eles. A perspectiva de vida está direcionada na presença e na sintonia com Deus. (Bittencourt & Cadete, 2002b)

Silva & Mamede (1998, p.134) afirmam que “a manifestação da esperança é um ponto forte para assegurar à mulher uma imagem positiva das mudanças ocorridas no seu corpo. Ajudar outra pessoa, partilhar experiências e problemas ao diagnóstico, ao tratamento, e até mesmo a problemas de outra natureza, são elementos considerados essenciais para o crescimento e/ou transformação do comportamento”.

Outro pronto importante, e que traz mais esperança aos portadores da doença é o apoio do SUS. O Sistema único de saúde oferece aos pacientes portadores de câncer de mama mais uma esperança na cura. Um dos medicamentos mais eficientes no combate à doença -Trastuzumabe será incorporado pelo Ministério da Saúde.

  O Legislativo Municipal recebeu informação do Ministério da Saúde, que o SUS tem prazo até o final do ano para a efetivação de sua oferta à população brasileira. A incorporação do medicamento foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias - Conitec para o tratamento de câncer de mama inicial e avançado.

  A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, estratégia para expandir a assistência oncológica no País.

Cabe ressaltar também os direitos aos portadores de Neoplasia Maligna, doença mais conhecida como Câncer. São reservados alguns direitos no sentido de ampliar a sua qualidade de vida e resgatar a sua cidadania.

Estas pessoas, que se encontram com dificuldades sócio-econômicas e com sua expectativa de qualidade de vida reduzida pela doença, demandam uma série de medidas legais e de saúde, para que sejam atendidas suas demandas, das mais às menos urgentes. Tais como: Auxílio-doença, Aposentadoria por Invalidez, Isenção do Imposto de Renda na Aposentadoria, Isenção de ICMS, IPI e IPVA na compra de veículos adaptados, Isenção de IPI na compra de veículos adaptados, Quitação do financiamento da casa própria, Saque do FGTS, Saque do PIS/PASEP, Andamento prioritário de processo cível, criminal ou trabalhista, Acesso livre aos dados do serviço médico, Recebimento de medicamentos pelo SUS, entre outros.

 

METODOLOGIA

 

Trata-se de um estudo no qual foi utilizada uma revisão sistemática da literatura sendo possível identificar o conhecimento sobre a esperança de pacientes portadores de câncer de mama.

A utilização estratégica para a busca dos estudos consiste na procura em bases eletrônicas de dados, na busca manual em periódicos, as referências listadas nos estudos identificados e o encontro de material não publicado.

As publicações sobre o assunto, contido em periódicos nacionais indexados e não indexados, constituem o objeto desta análise.

Para acesso, utilizamos as palavras-chave “câncer de mama”, “diagnóstico de câncer de mama”.

A população do estudo foi composta por artigos indexados, de acordo com levantamento do banco de dados.

Adotamos como critérios de inclusão das publicações na consulta ao banco de dados referidos.

Publicações que apresentassem como população de estudo mulheres com diagnóstico de câncer de mama.

As publicações foram numeradas de forma aleatória. Antecedeu a análise, a leitura de todos os textos.

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredito ser oportuna a identificação da esperança e expectativas da mulher frente ao câncer de mama, visto que, quando uma pessoa descobre que é portadora de uma neoplasia maligna ela passará por situações conflitantes em que se faz necessário buscar ser compreendida e que não se sinta e esteja sozinha.

Foi possível identificar que o sofrimento estava presente na experiência, pois estava relacionado na percepção que a mulher tem de si como portadora de câncer e com a reformulação e construção de uma nova identidade para mulher com diagnóstico de câncer de mama.

Apreciação feita através dos dados evidenciados nos artigos analisados deixa nítido o impacto causado pelo câncer de mama no cotidiano das mulheres, evidenciando a possibilidade de desenvolvimento de ações efetivas direcionadas à assistência integral.

Viver com uma doença estigamatizante, conviver com sentimentos negativos e enfrentar o tratamento e suas consequências significaram para essas mulheres estarem constantemente inseguras e com incertezas, momento este em que se torna importante a participação do profissional de saúde, especialmente das enfermeiras, por percebem que tal diagnóstico traz um significado em suas vidas e suas formas de enfrentamento, com o fim de ajuda-las a explorar seus sentimentos, expectativas e estratégias de ajustamento.

Travelbee (1979, apud Gracioli et al, 2003) parte do pressuposto que o sofrimento é uma experiência comum que toda pessoa vivencia em algum momento de sua vida, particularmente em torno da doença. Essa experiência é dividida desde o primeiro encontro até a fase do rapport.

Os resultados do trabalho puderam evidenciar a oportunidade para que a assistência dos profissionais de saúde inclua medidas para prevenir ou minimizar a angustia referida pela mulher diante do diagnóstico. Entender as questões referentes ao ajustamento psicossocial permite avaliar e assistir a mulher mais apropriadamente.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

BITTENCOURT, J.F.V.; CADETE, M.M.M. Vivências da mulher a ser mastectomizada: esclarecimentos e orientações. Rev. Bras. Enferm., v. 55, n. 4, p.420-423. 2002a.

BITTENCOURT, J.F.V.; CADETE, M.M.M. Deus é a presença incondicional à mulher com possibilidade de vir a ser mastectomizada. Rev. Min. Enf., v. 6, n. 1/2, p. 73-77. 2002b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Câncer de Mama. Disponível em: http://www.saude.gov.br/ [Acesso em 29 jan. 2004].

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Falando sobre o câncer de mama. Rio de Janeiro: INCA, 2003. CD-ROM.

CALIRI, M.H.L.; ALMEIDA, A. M.; SILVA, C.A. Câncer de mama: a experiência de um grupo de mulheres. Rev. Bras. de Cancerol, v. 44, n. 3, p. 239-247.1998

GRACIOLI, Michelle Araújo da Silva; LEOPARDI, Maria Tereza; GONZALES, Rosa Maria Bracini. Assistência de Enfermagem a Mulheres Mastectomizadas com Bases nos Conceitos e Pressupostos de Joyce Travelbee. Separata de: COSTENARO, Regina G. Satini. Cuidando em Enfermagem: da Teoria à Prática. Rio Grande do Sul: Unifra, 2003. cap. 04, p.121-165

INCA - Instituto Nacional de Câncer (2006b). Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama “Viva Mulher”. Recuperado em 12 de junho de 2006, de http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=140

SAMPAIO, A.C.P. (2006). Mulheres com câncer de mama: análise funcional do comportamento pós-mastectomia. Tese de Mestrado, Universidade Católica de Campinas. Acesso em 18.10.06. Disponível em http://dominiopublico.mec.gov/download/texto/cp000360.pdf