FACULDADE INTEGRADA BRASIL AMAZÔNIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA E CULTURA AFROBRASILEIRA E AFRICANA











Edivana Eduardo dos Santos





A escravidão e o cotidiano do escravismo em Belém do Pará (1880 à 1888)



Belém - Pará
2011

Edivana Eduardo dos Santos





A escravidão e o cotidiano do escravismo em Belém do Pará (1880 à 1888)



Monografia apresentada como requisito
Parcial para a obtenção do título de
Especialista em História e cultura Afro-
brasileira e africana.
Faculdade Integrada Brasil Amazônia-
FIBRA.
Área de concentração: História.
Orientadora: Prfª Ms.Erika Amorim.






Belém- Pará
2011


Edivana Eduardo dos Santos



A escravidão e o cotidiano do escravismo em Belém do Pará (1880 à 1888)




Monografia apresentada como requisito
Parcial para a obtenção do título de
Especialista em História e cultura afro-brasileira
e africana.
Faculdade Integrada Brasil Amazônia-
FIBRA.
Área de concentração: História.
Orientadora: Prfª Ms. Erika Amorim

Data de aprovação:____/____/____
Banca examinadora:
_______________________________- Orientador(a)
Profª MS. Erika Amorim
_______________________________
_______________________________
Conceito:_______________


























" Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"
Chico Xavier


AGRADECIMENTOS


Em primeiro lugar agradeço à Deus, por me dar a força necessária para chegar ao fim almejado.
Ao meu marido Cleber, por ter me incentivado e estimulado constantemente a minha trajetória profissional.
Aos meus pais, que me fizeram forte para sempre ir em busca dos meus ideais.
Aos meus filhos Lucas, Rodrigo e Rafael que amo tanto.
A minha orientadora pelo apoio.
A todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho.












A ESCRAVIDÃO E O COTIDIANO DO ESCRAVO EM BELÉM DO PARÁ ( 1880 À 1888)

EDIVANA EDUARDO DOS SANTOS
[email protected]
Orientadora Profª: Erika Amorim
Faculdade Integrada Brasil Amazônia
[email protected]

RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar os fatores pedagógicos que interferem na aprendizagem de alunos de escola pública acerca do escravismo em Belém do Pará. O estudo destaca a escravidão e o escravismo no Estado do Pará, observando sua trajetória histórica no contexto brasileiro e em Belém do Pará; assim como, o percurso metodológico da pesquisa.
Adotei o método quantitativo e qualitativo, delineando e interpretando os resultados obtidos por meio de questionário, com questões de resposta aberta, realizados com professores e alunos do ensino médio em uma escola estadual de Ananindeua. Verifica- se que o corpo docente questionado possui pouco conhecimento sobre a metodologia de ensino necessário para ensinar alunos do ensino médio acerca da temática deste trabalho; observei que, devido a isso, há pouco interesse e, conseqüentemente, pouco entendimento sobre a história local. Mesmo com todas as barreiras e as inadequações no processo do ensino- aprendizagem as aulas continuam. Imaginei então como seria se este processo de ensinar e aprender fosse realmente afetivo.

PALAVRAS-CHAVES: Escravidão. Trabalho escravo. Cotidiano. Prática de ensino.




1 INTRODUÇÃO

O ensino escolar brasileiro, nos debates atuais sobre o ensino de História, têm diante de si o desafio de promover a reflexão e a visão crítica do aluno, para que ele possa avaliar sua própria importância como agente dinâmico do processo histórico.
Deste modo, é imprescindível que estes alunos recebam metodologias adequadas ao processo de ensino- aprendizagem, considerando o contexto onde está inserido. Para tanto, é necessário que os professores organizem suas práticas pedagógicas, suas estratégias para que possam fazer com que tais alunos sejam estimulados a buscar conhecer a escravidão e o cotidiano do escravismo em Belém do Pará.
Minhas discussões a respeito do escravismo no Estado do Pará estiveram pautadas em teóricos como: SALLES, BEZERRA NETO, FREYRE. Considerando a importância que têm os pressupostos teóricos dos autores ora citados, quero enfatizar que a base discursiva na qual apresento tem dado um norte para as pesquisas sobre o escravismo paraense em busca de novas formas de ver e olhar sem preconceito e discriminação. Como sujeitos de investigação, tenho professores de escolas pública do Estado do Pará.
Comumente os professores vivenciam dificuldades contínuas relacionadas ao processo de ensino- aprendizagem, tendo que desenvolver metodologias diversificadas que proporcione um aprendizado mais prazeroso. Imagine quando se trata da disciplina de História por ser uma disciplina essencialmente teórica.
Partindo desse pressuposto, o presente trabalho traz como ponto de reflexão a seguinte problematização: como os professores do ensino médio abordam assuntos concernentes ao escravismo no Estado do Pará? Tal questionamento se traduz em três questões norteadoras.
A primeira refere- se a: Qual a concepção que os alunos tem acerca do escravismo no Estado do Pará? Como os livros didáticos direcionam o estudo do escravismo no Estado do Pará? Quais as estratégias utilizadas pelo professor para estimular o pensamento reflexível dos alunos em sala de aula a respeito do escravismo no estado do Pará? São questões norteadoras que podem servir de fontes de investigações no campo investigativo, considerando que a escola é um universo diferenciado de culturas e de aspectos pessoais e sociais.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. TRABALHO ESCRAVO EM BELÉM-PARÁ
Em Belém, o retrato do negro não diferenciava muito do restante do Brasil. Para iniciar a discussão sobre o negro em Belém escolhi como ponto de partida um anúncio no Diário de Belém do dia 2 de janeiro de 1880 (jornal bastante popular da época), que diz assim:
"A escassez das amas sadias e boas, o seu preço elevado, tem tornado a introdução da farinha láctea da Nestlé um verdadeiro benefício para o Brasil. Hoje uma mãe pode ter a satisfação de criar seu filho com o leite que tiver pouco ou muito sem risco de enfraquecer, nem sofrer, na sua saúde dando como complemento, de Nestlé, tão gabado pelas médicas do Hemopa. Já anunciada como despesa mensal que não chega a 10% pode-se hoje nutrir uma criança de peito nas melhores condições possíveis também e muito receitada a farinha Nestlé a todas as pessoas idosas, fracas que sofrem do estômago e que precisam de um alimento de fácil digestão."
Este anúncio vem mostrar um passado onde os escravos eram considerados uma espécie de mercadorias. Sendo assim, a partir de então percebemos a mão-de-obra escrava sendo explorada tendo em vista o interesse nos lucros possibilitando uma boa economia.
Convém deter-nos sobre o que significou a escravidão em Belém, em que se tem lido na história sobre violência contra os escravos durante a penosa vida de servidão ao seu senhor. Penosa porque moravam em cativeiros chamados de senzalas, comiam e viviam como animais e eram castigados duramente, onde todos estes fatores contribuíam para que o escravo tivesse uma vida breve; um pouco mais de dez anos depois que chegavam para o trabalho árduo aqui em Belém, as doenças também contribuíam muito para esta breve vida de sofrimentos e amarguras dos escravos.
Havia escravos por toda parte da cidade de Belém, os chamados de "ganhos", que se auto-sustentavam e, às vezes, a seus senhores. Em caso de senhores quase falidos, os escravos de ganho eram o último recurso que tinham para sobreviver; alguns se satisfaziam com a renda de um par de escravos semanalmente. Ter um escravo era o investimento mais comum e também um meio de vida habitual dessa época. Até os escravos que conseguiam sua alforria, que eram poucos, compravam assim, que podiam seus próprios escravos.
Era comum ter escravo nas instituições públicas em Belém, Vicente Salles, deixa bem claro, onde cita que havia escravos em várias instituições, e cita entre outros a Santa Casa de Misericórdia de Belém, o que podemos ver no seguinte trecho:
"Entre as instituições possuidoras de escravos, merece destaque a santa Casa de Misericórdia do Pará. Em 1787, o bispo Caetano Brandão inaugurou as novas edificações com grande solenidade. A Santa Casa era mantida por doações particulares, em grande parte subvencionada pelo o Estado, tanto que este chegou a assumir a responsabilidade por sua manutenção, atribuindo-se legislação específica, de que há abundante material na coleção de leis do Grão-Pará. Além das estatísticas periódicas, sobre o números de escravos, qualificação, procedência, sexo, habilitação, etc., havia na Santa Casa duas classes de escravos: aqueles empregados nos serviços das diversas fazendas e estabelecimentos rurais e os chamados escravos artistas". (SALLES,1988).

Com isso autor deixa evidente a existência de forças de trabalho, onde o escravo sofreu com trabalho árduo, conseguindo sobreviver as duras viagens da África até o Brasil. Aqui eram vendidos como mercadorias, por meio de um jogo de interesses que se obtinha um grande lucro para os traficantes.
Pode-se dizer que o escravo lutou muito, reagindo de diferentes formas contra sua condição de escravo, tais como: evitando filhos, suicidando-se, matando feitores ou até mesmo fugindo; enfim, o escravo tentava buscar sua liberdade a qualquer forma.
Constata-se que, devido a isso, surgiram os quilombos ou mocambos que os escravos formavam durante sua fuga, "onde os negros se reuniam, solidários entre si (...) A fuga deve ter sido, no começo, a solução bastante difícil e arriscada, além de empreitada individual"(SALLES, 1988).
Na década de 1755, foi criado pelo governo colonial Português a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão que deu inicio a importação sistemática de escravos africanos para a Amazônia, até então abastecida de forma irregular através de encomendas feitas por fazendeiros e comerciantes locais aos navios negreiros cujo principal porto de desembarque era São Luís. A importação regular e maciça de africanos reduzidos à condição de escravidão era um dos principais elementos da estratégias do Marquês de Pombal de consolidar a dominação lusa no Norte do Brasil e que previa também a abolição do cativeiro indígena, com a concessão de cidadania lusitana, sob determinadas condições, aos indígenas destribalizados e o fim das missões jesuítas com a conseqüente expulsão destes prelados do território amazônico. Tal estratégia partia do reconhecimento de que a colonização da Amazônia era tarefa impossível de ser realizada apenas com a imigração portuguesa e açoriana.
O escravo ao longo do século XVII e XVIII teve sua participação ignorada nas contribuições ligadas a nossa cultura. Mesmo diante dessas opressões percebemos a contribuição herdada por meio das: crenças, religiões, costumes, hábitos que favoreceram para a construção da nossa identidade. Isso tudo aconteceu com a vinda da coroa portuguesa que adentraram em nossas regiões transportando vários grupos de etnias. Sendo que já existiam na região amazônica os elementos nativos que eram os índios, sendo os primeiros a serem escravizados pelos europeus, eram forçados a entrarem na mata para coletar as especiarias. Segundo Bezerra Neto (2004, p 17):
"(...) ao longo do século XVII e XVIII, no vale amazônico houve a estruturação das condições necessárias ao desenvolvimento das atividades de apresamento dos indígenas ao lado da coletae comercialização das chamadas drogas do sertão".
Desse modo percebemos que houve resistência indígena no trabalho imposto pelos portugueses, que os levou a explorar a mão-de-obra escrava africana na expansão agrícola.
Portanto, José Maria Bezerra Neto (2001, p. 17) esclarece:

"Todavia, restringir nossa compreensão do processo de ocupação portuguesa da dita região unicamente em função de uma economia extrativista baseada na exploração do trabalho dos índios parece ser uma leitura empobrecida desta mesma realidade uma vez que não dá conta de que o processo descolonização lusa na Amazônia que implicou igualdade no estabelecimento de uma economia e sociedade lastreada em atividades em atividades agrícolas e criatórias voltadas para mercado, explorando igualdade o trabalho cativo dos índios e, sobre tudo, o trabalho escravo de origem africana.

Diante disso, compreendemos a introdução do escravo africano no estado africano e no Grão-Pará, para entender os colonos que usaram sua mão de obra na implantação do extrativismo animal, vegetal e agrícola nos respectivos estados. Salles (1988) apud (Bezerra Neto, 2001, p. 22) esclarece:
"(...) de 1682 a 1684 os escravos africanos introduzidos na região Amazônia pela companhia de comercio do maranhão visando entender as demandas dos colonos lusitanos das capitanias situadas nas cidade do maranhão e grão-pará acabou ficando no maranhão , onde já havia uma lavoura capaz de absorver a mão-de-obra africana".
As necessidades de mão-de-obra escrava deslocando o escravo para o maranhão no período compreendido entre os aos de 1692 a 1721.
A tabela a seguir mostra os escravos americanos importados ao maranhão "169 em 1721, totalizavam 1208 negros. Sendo que 145 importados em 1692; 145 em 1693; 218 em 1698; 200 em 1708 e 150 em 1721".
Percebemos que o tráfico de escravos africano na Amazônia estava muito ausente, não conseguindo suas produções de cultivo. Assim, após a criação da companhia de comercio do grão-pará e maranhão desenvolvidas nas colônias.
(...) criação de companhia geral do grão-pará e maranhão, em 1755. Igualmente, desenvolvia-se na colônia outras atividades relativas ao cultivo de cana-de-açúcar, tabaco, café, algodão, arroz, bem como a criação de gado bovino, que seria maior ou menor beneficiado, o estabelecimento da companhia geral do comercio, haja em vista que os antigos problemas da produção cacaueira a falta de trabalhadores marítimos regular, razoavelmente resolvidos(...) (BEZERRA NETO, 2001, p. 27)

Assim, percebemos que houve monopólio em vários tipos de trabalho exercido pelo escravo, onde eles eram "utilizados" como objetos destinados somente para os trabalhos aos seus senhores.
A violência registrada no cotidiano da vida colonial era constante pelo povo colonizado com muita crueldade, humilhações, doenças ou, ainda, chegavam a morrer pelos maus tratos de senhores, feitores e outros destinados a cuidar dos negros.
No Estado do Pará, mais especificamente, na cidade de Belém, existiam muitos escravos oriundo da África, que chegaram por meio do tráfico negreiro e fizeram parte da história paraense em diversos aspectos. Assim sendo, Salles (2004), p.18) esclarece que"não se pode considerar desprezível a contribuição cultural africana na Amazônia. Esta contribuição se manifestou nos folguedos populares, na culinária, nos vocábulos, enfim nos vários aspectos do folclore regional".
Partindo desse pressuposto, é possível considerar alguns hábitos e costumes herdados dos africanos para a construção de nossa história. Não esquecendo da contribuição indígena que foi de muito valia e originada por meio de costumes, crenças, música, culinária, religião, entre outros fatores que foram muito relevantes em nossa construção.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho procura discutir e rever o ensino da história regional, tendo como foco principal da discussão o cotidiano e o escravismo em Belém do Pará, que se mostra como um assunto de relevante importância e que não tem a devida atenção de professores e alunos. Le Goff (1984, p. 169) afirma que:
"A contradição mais flagrante da história é, sem dúvida, o fato de seu objeto ser singular, um acontecimento, uma série de acontecimentos, de personagens que só existe uma vez, enquanto que seu objetivo, como o de todas as ciências é atingir o universal, o geral, o regular".

3.1 TIPO DE ESTUDO
O tipo deste trabalho em questão, trata-se de um estudo descritivo e analítico-crítico, de caráter quantitativo e qualitativo, delineando e interpretando os resultados obtidos por meio de questionários, com questões de resposta aberta, realizada com professores e alunos do ensino médio, no período da manhã e tarde em uma Escola estadual de Ananindeua.
Minha opção pelo estudo descritivo se explica a partir da realização da investigação de um problema que se apresenta generalizado no ambiente escolar e de descrevê-lo com exatidão.
3.2 MÉTODOS
Buscando, então, desvelar a realidade escolar no que se refere o ensino sobre o escravismo no Pará, optei através da aplicação de questionários abertos a professores de História e alunos da escola Luiz Nunes Direito.
Foram utilizadas metodologias praticas de história oral, baseadas em entrevistas e questionários, os quais o público alvo foi professores e alunos do Ensino médio das escolas públicas de Belém.
3.3 OBJETO DA PESQUISA
A objeto focal investigado foram os professores e alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Luiz Nunes Direito, que está localizada em Ananindeua no Pará.
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS
Para a realização desta pesquisa, primeiramente, foi feito um contato do pesquisador com a direção da escola, em que foi exposta a proposta de trabalho para promover o interesse desta em participar do projeto. Após a autorização da direção da escola, houve um encontro com os professores e alunos para verificar o interesse em participar da pesquisa. Tanto a diretora como os professores e alunos mostraram-se bastante interessados e disponíveis em participar do processo de pesquisa.
3.5 ANÁLISE DE DADOS
Visando delinear as circunstâncias reflexivas identificadas e percebidas no decorrer da pesquisa de campo abaixo serão subscritas as análises dos dados coletados em campo, de modo que possamos traçar paralelos entre o arcabouço teórico, o qual aguçou minhas reflexões. Para tanto irei analisar as falas dos sujeitos alvos da pesquisa colocando em foco os pontos relevantes acerca da temática do trabalho.
4 ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO
1- Você utiliza metodologias dinâmicas para abordar o contexto histórico do escravismo?
P1-SIM, através de material paradidático áudio-visual em algumas vezes.
P2- SIM, através de outras fontes.
P3- SIM, através do uso de fontes como imagens e documentos.
P4- SIM, usamos uma dinâmica que o livro didático e o conhecimentos dos alunos nos proporciona a se motivar em trazer novas fontes.
P5- SIM, usamos livros didáticos, no entanto, a extensão do conteúdo programático e em outras
P6- SIM, razoável, pois a carga horária era extensa e, muitas vezes, terminava por impedir uma maior dedicação e preparação das aulas.
P7- SIM. Procuro mostrar exemplos atuais relacionados com os dos passado.
P8- SIM, através de suportes informativos, atividade do professor envolvendo aluno com a temática.


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Objetivando identificar a realidade da escola pesquisada quanto ao ensino sobre o escravismo no Estado do Pará questionei aos professores com relação a metodologias utilizadas para abordar o assunto em questão.
Conforme a fala dos professores percebe- se que todos os professores de História da referida escola abordam sobre o escravismo em sala de aula, utilizando-se de metodologias diversas. Estas falas dão ênfase a formação continuada como pressuposto para uma boa prática docente.


2- Você estimula o pensamento crítico dos alunos no ensino da disciplina de História acerca do escravismo?
P1- SIM. Abordo o conteúdo histórico e relaciono a experiência do passado com a realidade do presente, situações-problema, casos na mídia e o cotidiano do aluno.
P2- SIM. É trabalhado através da relação cotidiana. É preciso fazer comparações para que o aluno se interesse com a realidade através da história.
P3- SIM. Fazendo uma análise crítica da condição do escravo no séc. XIX.
P4- SIM. Mostro o quanto a escravidão prejudicou os negros até hoje.
P5- SIM. Trabalho superficialmente, pois os livros são muitos superficiais.
P6- SIM. Este é um item com o qual me preocupo muito. Considero que sem uma visão crítica, o ensino da história perde muito em conteúdo, em relação ao passado e presente.
P7- SIM, levando- os a entender a realidade atual, uma vez que, uma série de preconceitos ainda existe.
P8- SIM. Abordo o contexto histórico, tipo de escravismo, valorização da história da África nos conteúdos da cultura dos grupos étnicos.


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Ainda falando da ação docente questionei os professores se trabalham na tentativa de despertar a consciência crítica dos alunos, no ensino da disciplina de História, acerca do escravismo. Sendo que, do grupo de professores pesquisados todos responderam positivamente, demonstrando considerar um assunto de suma importância. Isso é um bom resultado.
3- Em sua prática docente, baseia- se somente em um livro didático para o ensino da escravidão?
P1- NÃO. É necessário fontes históricas e textos de apoio.
P2- NÂO. Há uma diversidade de material que se trata da temática.
P3- NÂO. É preciso utilizar uma bibliografia.
P4- NÂO. Procuramos outros métodos.
P5- SIM. Pela falta de tempo.
P6-NÂO. Procuro utilizar livros didáticos e outras referências, como documentação de arquivo público, notícias de jornal, letras de música, literatura e etc.
P7- NÂO. É importante estar verificando outros materiais que falem sobre o tema.
P8- NÂO. O livro didático é apenas um dos recursos informativos. O professor precisa articular com outras referências, filme, música, documentos, etc.


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Com relação aos recursos utilizados na prática de ensino, constatei que 90% dos entrevistados responderam não embasar suas aulas sobre escravismo em apenas um livro didático. Comumente, apropriam-se de outros recursos, como: documentação de arquivo público, notícias de jornal, letras de música, entre outros. Sendo que, do grupo de professores pesquisados, apenas P5 respondeu se basear somente por um livro didático, devido a sua falta de tempo. Nesse sentido Karnal(2007, p.09), complementa dizendo que "uma aula pode ser muito dinâmica e inovadora utilizando giz, professor e aluno. Em outras palavras, podemos utilizar meios novos, mas é a própria concepção de História que deve ser repensada".
4- Você utiliza documentos históricos quando discute a temática em sala de aula?
P1- SIM
P2- SIM
P3- SIM
P4- NÃO
P5- NÃO
P6- SIM
P7- SIM
P8- SIM


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Entre os professores entrevistados, apenas P4 e P5 não se apropriam de documentos históricos elaborados pelos escravos nas discussões sobre a temática em sala de aula. É gratificante saber que a maioria dos professores se preocupam em utilizar documentos históricos, pois os mesmos são de grande relevância para o aprendizado do aluno.
5- Está incluso em seu conteúdo programático o assunto escravismo?
P1- SIM
P2- SIM
P3- SIM
P4- NÃO
P5- SIM
P6- SIM
P7- SIM
P8- SIM


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Ao questionar sobre a inclusão do assunto escravismo no Estado do Pará no conteúdo programático, os respectivos entrevistados, em sua maioria, respondeu que ministrava o assunto em suas aulas. Com isso, torna-se evidente que para os professores faz-se necessário discutir o respectivo assunto, para que haja resgate de valores culturais e que, em alguns momentos, estão esquecidos.
6- Você costuma promover discussões sobre a história do escravismo em sala de aula? Como?
P1- SIM. Por meio da valorização de imagens, músicas, comerciais, literaturas, (...) baseado em conteúdo que dê suporte ao aluno.
P2- SIM. Está claro em nossa cultura, em nossa sociedade, portanto, a temática não pode ser desprezada.
P3- SIM. Correlacionando discussões e tendo cuidado com anacronismos. Utilizo diversas fontes e problematizo junto com os alunos.
P4- SIM. Falo da injustiça, da exclusão do escravo, onde sua participação em nossa história não pode ser desprezada.
P5- SIM. Trabalho em cima dos livros e procuro outras fontes e em sala de aula debates a respeito do assunto.
P6- SIM. Devemos estar antenados com novas linhas historiográficas utilizadas no Brasil.
P7- SIM. Mostrando que está muito presente, este grande mal da humanidade, principalmente no contexto brasileiro.
P8- SIM. Com utilização de documentos escritos, literaturas e contos.




FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Pode-se verificar com os professores, segundo as respostas, que todos promovem discussões sobre a história do escravismo em sala de aula, por meio de debates, valorização de imagens, músicas, comerciais, literaturas entre outros métodos para facilitar o processo de ensino aprendizagem.
= ANALISANDO OS DADOS DA CATEGORIA ALUNOS
1- O professor de História aborda em seu conteúdo programático acerca do escravismo no Pará?
A1- NÃO. O que foi abordado foi apenas o escravismo no Brasil.
A2- Considero importante conhecermos os acontecimentos do tempo da escravidão em nosso Estado.
A3- SIM. Aborda sobre a mão-de-obra escrava no Pará, onde algumas pessoas não têm seus direitos.
A4- SIM. Não foram só os africanos que fizeram parte dessa história, alguns indígenas também foram escravizados.
A5- SIM. Muito superficialmente. Nunca o professor se aprofunda.
A6- NÂO. É contada apenas a história sobre a escravidão no Brasil.
A7- SIM. Porém muito superficial.
A8- SIM. Como um momento de muita violência contra o negro africano.
A9- NÃO. É contada apenas a história oficial sobre a escravidão no Brasil.
A10- SIM. Escravos que foram aprisionados e maltratados durante toda a sua vida.

FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Quando questionei, 70% dos alunos pesquisados responderam haver, em sala de aula, a promoção de discussões sobre a história do escravismo em Belém do Pará. Entretanto, alguns complementaram respondendo que o assunto é visto superficialmente. Os outros 30% responderam negativamente.
Com isso, concordo com Souza quando assegura que:
"a partir dos PCN?s, os docentes podem desenvolver em sala de aula temas que permitem formar o cidadão consciente, possibilitando o aluno a ampliar seu horizonte existencial, cultural e crítico por meio das próprias matérias regulares do currículo". (SOUZA, 1999 apud MUNANGA, 2005, p. 07)
Passados 107 anos desde a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, o Brasil ainda convive com as marcas deixadas pela exploração de mão-de-obra escrava sendo que, na Amazônia se encontram as principais causas do trabalho escravo contemporâneo. Daí a relevância deste tema ser abordado na sala de aula.
2- Você costuma refletir sobre o regime de escravidão ocorrido no Brasil?
A1- SIM. Os escravos foram demasiadamente explorados no Brasil.
A2-SIM. Foi de fundamental importância para o crescimento econômico e cultural do nosso país.
A3- SIM. Hoje, apesar de toda evolução que teve no Brasil ainda existe repressão e pessoas que vivem como escravos.
A4- SIM. Os europeus vieram para o Brasil em busca de mão-de-obra barata, então escravizaram indígenas e depois vieram os escravos.
A5- SIM. Foi uma escravidão violenta e injusta.
A6- SIM. O que o livro didático nos ensina.
A7- SIM. Sei que uma das piores do mundo.
A8- SIM. Como um momento de muita violência contra os negros africanos.
A9- SIM. Época em que os escravos eram tratados como animais.
A10- SIM. Riquezas para os senhores de escravos, onde eram aprisionados e maltratados durante toda a sua vida.





FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
O repensar constante sobre o homem, os problemas que os afligem, suas ações, complexidades e contradições, exige um permanente reposicionamento diante da história. Nesse sentido, procurei verificar se o aluno costuma refletir sobre o regime de escravidão no Brasil e todos (100%) responderam refletir sobre essas questões.
Quanto à importância de refletirmos sobre essas questões Silva (1994) pensa que "o estudo da história nos proporciona maior capacidade para perceber de que maneira, há milhares de anos, o homem vive da exploração do trabalho de outro homem e, com isso, vem criando profundas desigualdades sociais".
A reflexão sobre a história desenvolve nosso senso crítico, permitindo que nos posicionemos em relação às injustiças sociais que marcam as sociedades contemporâneas.
3- Você já observou como a escravidão é contada nos livros de história? Comente.
A1- SIM. Os escravos foram introduzidos como mão-de-obra, mostra também a luta para se libertar dos maus-tratos e a riqueza de sua cultura.
A2- SIM. Os livros descrevem como os escravos foram inseridos como instrumento de trabalho contra sua própria vontade desencadeando revoltas.
A3- SIM. É contada de uma forma muito superficial sem detalhes de todo o sofrimento que passaram.
A4- SIM. Alguns africanos viram para o Brasil em navios negreiros e mais tarde seriam submetidos a escravidão.
A5- SIM. Constam os castigos e abusos contra os escravos.
A6- SIM. É contada de forma de difícil compreensão.
A7- SIM. Superficialmente contam suas histórias de sofrimento e injustiça.
A8- SIM. É contada uma história oficial, mas, sabemos que a escravidão foi diferente em cada Estado.
A9- SIM. Faz uma visão geral do escravismo, sem mencionar certos detalhes.
A10- SIM. A escravidão é mostrada na visão do brancos.


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Os alunos questionados demonstraram estar bastante atentos quanto aos conteúdos inseridos nos livros didáticos. Considera- se que um bom livro didático deve propiciar uma visão de História, segundo uma perspectiva crítica. Como explica Bittencourt (2004, p. 311)
"para uma análise dos livros didáticos de história além da identificação dos valores e da ideologia de que é necessariamente portador, é preciso estar atento a outros três aspectos básicos que dele fazem parte: sua forma, o conteúdo histórico escolar e seu conteúdo pedagógico".
Ao realizar a escolha deverão ser avaliados os embasamentos teóricos, a fidelidade à verdade histórica, o estímulo à curiosidade, a pesquisa e a criatividade.
4- O professor utiliza metodologias dinâmicas para abordar a história sobre o escravismo em sala de aula?
A1- SIM. Aulas explicativas no quadro, textos, análise de músicas que retratam a vida dos escravos e pesquisas em livros.
A2- SIM. Apostilas e explicações no quadro.
A3- SIM. Através de livros, filmes e figuras.
A4- SIM. Livros, filmes, documentários que explicam como começou a escravidão.
A5- NÂO. Apenas o livro didático.
A6- SIM.
A7- NÂO. Somente leitura do livro e explicação.
A8- SIM. Leituras de textos e debates.
A9- SIM. Apresentação de arquivos de jornais da época e textos.
A10- SIM. Com filmes e textos que abordam o assunto.


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Dessa vez, indaguei os alunos para verificar se o professor utiliza metodologias dinâmicas para abordar assuntos concernentes ao escravismo no Estado do Pará, dentre os alunos 80% disseram que o professor apresenta arquivos de jornais da época, textos, filmes e estimula ao debate. No entanto, 20% discordam, afirmando que se utiliza somente o livro didático e aula expositiva.
Dessa maneira, a metodologia "deve se sustentar sob bases dialógicas, ensejadas pela animação docente, e na atividade de pesquisa e investigação".(NIKITIUK, 2007)
5- Você considera que os escravos tiveram uma participação importante na formação da sociedade brasileira?
A1-SIM. Foi importante para o crescimento econômico no período colonial e adotamos alguns costumes dos escravos.
A2-SIM. Os escravos tiveram grade importância, contribuindo culturalmente para nossa sociedade.
A3-SIM. Apesar de todo o sofrimento dos escravos, contribuíram bastante em nossa cultura.
A4-SIM. Hoje em dia, a escravidão é vista como um fato importante na nossa sociedade e até hoje somos influenciados culturalmente.
A5-SIM. Tiveram grande influência na cultura e costumes do Brasil.
A6-SIM. Movimentaram a economia colonial.
A7-SIM. São a base da sociedade brasileira, juntamente com o índio.
A8-SIM. Os escravos contribuíram muito na nossa cultura.
A9-SIM. Importância significativa na economia.
A10- SIM. Contribuíram para a formação da nossa sociedade.


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Quando questionei a respeito da importância dos escravos na formação da sociedade brasileira 100% dos sujeitos da investigação responderam positivo. Sendo que, A1, A2, A3, A4, A5 e A8 evidenciaram a influência dos escravos na cultura e para a formação da nossa sociedade.
Assim, Salles (2004, p.18) esclarece que "não se pode considerar desprezível a contribuição cultural africana na Amazônia. Esta contribuição se manifestou nos folguedos populares, na culinária, nos vocábulos, enfim nos vários aspectos do folclore regional".
6- A abordagem sobre o escravismo é facilmente compreendida no ensino de história?
A1-SIM.
A2-SIM.
A3-SIM.
A4-SIM.
A5-SIM.
A6-NÃO
A7-NÃO.
A8-SIM.
A9-SIM.
A10- SIM.


FONTE: Pesquisa realizada na E.E.E.F.M. Luiz Nunes Direito.
Dentre os alunos questionados, apenas 20% respondeu que a abordagem que o professor faz, em sala de aula, quando trabalha a questão do escravismo não ser de fácil compreensão. Percentual que deve ser considerado. Por isso, é interessante refletir sobre a importância da metodologia para o desenvolvimento de uma ação pedagógica de qualidade, pois é fundamental que aconteçam atividades que tornem possível o desenvolvimento da criatividade e do raciocínio reflexivo-crítico que vão instrumentalizar o educando para a compreensão do seu contexto histórico, cultural e social tornando-o apto para agir positivamente em sua transformação. Farias (1999, p. 363) diz:
"Cabe ao professor a tentativa de desenvolver nos alunos o entendimento crítico da dinâmica, história, tornando- os sujeitos atentos à reflexão dos acontecimentos históricos, oportunizar aos mesmos a desmistificação da história dita oficial; aplicar a pedagogia da descoberta, de forma a elucidar e debater as várias problemáticas referentes a história".
O autor defende um ensino crítico a partir de uma revisão historiográfica e de uma metodologia dinâmica e participativa.
5 REFLEXÕES ACERCA DA PRÁTICA DOCENTE
5.1- O ENSINO DA HISTÓRIA
A proposta central do tema em questão é procurar rever as discussões ligadas a debates acerca da historiografia regional dentro da sala de aula, tendo como foco principal a discussão sobre o cotidiano do escravismo em Belém do Pará, no período que antecede a abolição. Durante toda esta dissertação procurei debater o tema e apontar as falhas encontradas acerca desta discussão, entretanto procurei demonstrar o que é história, como discutir história local, nacional e universal além do surgimento da história no Brasil.
A História no Brasil como disciplina surge em meados do século XIX, no colégio D. Pedro II, sem uma discussão apurada, além de pouco ou nada a valorizar a história nacional, valorizando mais a história dos europeus como se antes da chegada dos conquistadores aqui não houvesse história, que começou a partir da chegada dos europeus no Brasil. Segundo Nadai (1992) apud (CAINELLI E SCHIMIDT, 2004, p.10):
"Num primeiro momento ensinou-se a história da Europa ocidental, apresentada como a verdadeira história da civilização. A história da pátria surgia como seu apêndice, sem um corpo autônomo e ocupando um papel extremamente secundário. Relegada aos anos finais do ginásio, com um número ínfimo de aulas, sem uma estrutura própria, consistia em um repositório de biografias de homens ilustres, de datas e batalhas".
Pode-se notar que a disciplina história no começo de sua implantação como disciplina desprezava a história dos nativos que aqui habitavam antes da chegada dos europeus, em outras palavras era como: "a história do Brasil se iniciou quando os ibéricos se lançaram ao mar, chegaram ás novas terras e plantaram as sementes da civilização cristã". (ABUD, 1992) apud (CAINELLI E SCHIMIDT, 2004, p. 10). No entanto, a partir de 1860, apesar de a Europa continuar a ser o centro da discussão histórica, começa a amadurecer o ensino da história nacional.
A partir da proclamação da república dar-se início a amplas discussões que procuravam rever o ensino da história, principalmente pelo fato de a história ganhar força por ser responsável em formar cidadãos mais nacionalistas. Como exemplifica as autoras Schimidt e Cainelli (2004, p.11), no livro "Ensinar História", quando diz que "os principais conteúdos de história do Brasil tinham como objetivo a constituição e a formação da nacionalidade, com seus heróis e marcos históricos, sendo a pátria o principal personagem desse tipo de ensino".
A história ganha forças definitivas como disciplina crítico-social, a partir da década de 1980 quando inúmeras reuniões, discussões e debates que o tema central era o fim desta história anacrônica, factual, positivista e temporal estanque onde o aluno e professor tinham papéis hierárquicos que o professor era o transmissor de conhecimento e o aluno um mero receptor deste conhecimento. Definitivamente, na década de 1980 procurou-se combater a história tradicional como demonstra Schmidt e Cainelli (2004, p. 12):
"Assim, a década de 1980 foi marcada pelos debates acerca de questões sobre a retomada da disciplina história como espaço para um ensino crítico, centrado em discussões sobre temáticas relacionadas com o cotidiano do aluno, seu trabalho e sua historicidade. O objetivo era recuperar o aluno como sujeito produtor da história, e não como mero espectador de uma história já determinada, produzidas pelos heróicos personagens dos livros didáticos".
Hoje a historiografia enfrenta um debate que confronta o ensino da história nos níveis, fundamental e médio, com a história ensinada nas universidades, além das informações que provem da mídia e acabam por forma a influenciar os jovens. Partindo da afirmação de Bittencourt (1993) apud (CAINELLI E SCHIMIDT, 2004, p. 13):
"As mudanças curriculares devem atender a uma articulação entre os fundamentos conceituais históricos, provenientes da ciência de referência, e as transformações pelas quais a sociedade tem passado em especial as que se referem às novas gerações (...). diversidade cultural, problemas de identidade social e questões sobre as formas de apreensão e domínio das informações impostas pelos jovens formados pela mídia, com novas perspectivas e formas de comunicação, têm provocado mudanças no ato de conhecer e aprender o social".
Neste trecho podemos notar o quanto a disciplina de história torna-se responsável pela formação crítica dos jovens que hoje se encontram alienados e poucos interessados pelas discussões acerca do social.
Atualmente os alunos passaram a ter certa nostalgia ou fobia ao ensino de história, e parte desta fobia é culpa das metodologias e formas de se transmitir o ensinamento histórico. O ensinar história hoje deve partir da análise da realidade social a qual vive o aluno, desta forma o conhecimento histórico deve ser compreendido pelos professores com base nos procedimentos históricos, tornando o conhecimento histórico uma prática reflexiva e dinâmica fazendo com que o aluno possa compreender a realidade em que vive e os contrastes sociais dentro do seu bairro, município, Estado e até mesmo no país.
Este na verdade mostra-se como o grande objetivo, não apenas do ensino da história, mas também o objetivo desta dissertação, pois a partir do momento que os alunos passam a compreender melhor o contexto o qual o escravo viveu no Brasil por mais de 300 anos sem educação, saneamento ou até mesmo o direito de ir e vir, este aluno passará a entender o porquê de inúmeras políticas e leis que defendem e amparam negros e indígenas no Brasil e o porquê destes serem olhados, muitas vezes, de forma preconceituosa por muitos, além de os alunos negros compreenderem sua história e de onde provém os preconceitos os quais estes são alvos, e para o aluno branco entender o porquê não deve descriminar e sim agradecer aos inúmeros negros que padeceram erguendo este país. Desta forma Schmidt e Cainelli (2004, p. 51) afirmam que:
"Esse trabalho baseado na experiência dos alunos remete, de um lado, à compreensão de que uma das funções do ensino da história é fazer os alunos e professores, de um dialoga entre presente e passado, poderem identificar as possibilidades de intervenção e participação na realidade em que vivem".
Outro ponto em abrangente discussão no meio historicista seria o debate acerca da história local, onde muitas das vezes esta história local é desprezada pelos conteúdos programáticos e os livros didáticos, isto pode ser afirmado a partir das pesquisas realizadas na análise dos dados do trabalho em questão. A historiografia local encontrou grandes obstáculos pelo fato de ser escrita por pessoas do povo e muitas vezes relatada oralmente por estes populares, desta forma inúmeras críticas foram construídas acerca da história local. Todavia a sede por recuperar a história das pessoas comuns e das sociedades como um todo, fez com que esta discussão ganhasse espaço dentro das academias, influenciando diretamente nas propostas curriculares nacionais. Partindo da análise de Schimidt e Cainelli (2004, p. 112) que:
"(...) nos parâmetros curriculares nacionais para o ensino fundamental (1997- 1988) e para o ensino médio (1999), nos quais as atividades relacionadas com o estudo do meio e da localidade são, enfaticamente, indicadas como renovadoras para o ensino da história e salutares para o desenvolvimento da aprendizagem".
Desta forma podemos exemplificar o quanto a discussão acerca da historiografia local se mostra de fundamental importância para a formação do aluno.
A problematização do conhecimento histórico em sala de aula perpassa pela dificuldade do professor fazer com que o aluno se localize dentro da história, ou seja, que este aluno possa se ver como um agente ativo dentro do saber histórico. Desta forma podemos afirmar que:
"É necessário, também, destacar que, do ponto de vista didático-pedagógico, só é relevante a aprendizagem que seja significativa para o próprio aluno. Tal fato pressupõe o trabalho com o conhecimento histórico em sala de aula, particularmente, em duas direções; na primeira, o conteúdo precisa ser desenvolvido na perspectiva de sua relação com a cultura experiencial dos alunos e com suas representações já construídas; na segunda, para uma aprendizagem significativa, é necessário construir, em sala de aula, um ambiente de compartilhamentos de saberes" (SCHIMIDT e CAINELLI,2004, p. 51).
A partir desta afirmação pode-se compreender que professores e alunos devem compartilhar experiências e saberes históricos, compreendendo relacionar o conteúdo trabalhado com a realidade e o dia-a-dia dos alunos, dinamizando e facilitando o conhecimento histórico.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentro do campo das investigações que me propus a trilhar no decorrer da elaboração deste trabalho, destaquei alguns pontos fundamentais, por exemplo: a escravidão e o cotidiano do escravismo no estado do Pará no ensino de História. Porém na prática, as barreiras são muito presentes, inclusive demandam (em alguns casos) estratégias inviáveis e até de difícil compreensão. Assim, percebi que este assunto não é abordado de maneira satisfatória.
Quando objetivei questionar sobre como os professores abordam em sala de aula assuntos concernentes ao escravismo no Estado do Pará, qual a concepção que os alunos têm acerca do escravismo no Estado do Pará e quais as estratégias utilizadas pelo professor para estimular o pensamento reflexível de seus alunos a respeito do escravismo no Estado do Pará. Tive como meta traçar paralelos entre discussões teóricas presentes neste trabalho com a realidade escolar nos dias atuais.
Embasada nesta premissa é válido citar que consegui encontrar respostas para meus questionamentos e ainda me foi possível fazer análises bem contextuais acerca da temática do trabalho. Portanto, mais do que um tema pertinente, discutir a escravidão e o escravismo no Estado do Pará, especialmente no ensino médio, me faz compreender que precisamos avançar no campo dos debates, pois somente com a persistência é que poderemos driblar os obstáculos e conquistar caminhos plausíveis rumo a uma sociedade mais humanizada e conhecedora de sua própria história.
Contudo, consegui acrescentar no aspecto pessoal mais que conhecimentos científicos. Para mim este trabalho possibilitou compreender o quanto o ser humano precisa ser valorizado em sua essência. Logo individualmente adquiri valores, os quais farão a diferença em minha vida à medida em que entrei no campo profissional, pois a escravidão não atinge apenas direitos sociais, mas todos os direitos humanos, e, por isso, deve- se promover o resgate de todos os direitos e da dignidade da pessoa vitimada.
No campo acadêmico, então nem se fala. Os momentos que me foi possível vivenciar de forma significativa me valeu a criar metodologias, reflexões e até conhecimentos sobre a temática de meu trabalho. Somente uma instituição de ensino de qualidade que tem profissionais capacitados como é o caso da FIBRA, pode oferecer e permear a formação de profissionais comprometidos com as problemáticas da sociedade.
E com relação às contribuições formativas adquiridas ao longo da elaboração deste artigo no espaço social, surgiram gradativamente. Passo- a- passo fui conhecendo a escola, suas inferências e seus sujeitos. Isso me possibilitou enxergar bem mais do que paredes e pessoas, mas seres humanos que possuem limitações, mas mesmo assim, são sujeitos que merecem o nosso respeito e nossas preocupações.
Frente a tudo que ressaltei enquanto reflexões, gostaria de concluir dizendo que precisamos ver a escola a partir de sua realidade. E mais, olhar seus sujeitos como pessoas que merecem ser enxergados não só pela crítica, mas pela possibilidade de juntar forças para fazer um ambiente escolar um lugar que eduque todas as pessoas para o exercício da cidadania. Este pode ser considerado o cume de meu trabalho, compreender que docentes e discentes são sujeitos de um processo social e que, portanto, a eles devem ser dadas as condições necessárias para o cumprimento da função social da educação, que tanto os princípios democráticos acentuam atualmente no Brasil.






ABSTRAT


This study aimed at analyzing the factors that affect learning teaching students about slavery in Belem do Para The study highlights the bondage and slavery in the state of Para, watching its historical path in the Brazilian context and in Belem, the slavery past and present, as well as the methods used in the research.
I adopted the quantitative and qualitative method, outlining and interpreting the results obtained by questionnaire with open-response conducted with teachers and high school students at a state school in Anantapur. It appears that faculty have not questioned broad knowledge about the teaching methodology required to teach high school students about the theme of this work, noted that because of this, there is little interest and, consequently, little understanding of local history . Even with all the barriers and gaps in the teaching-learning the lessons continue. I wondered then how would it be if this process of teaching and learning could be really affective.

Key-words: slavery, slave labor, daily, practice of teaching.

REFERÊNCIAS
ALENCASTRO, L. F. de. O Trato dos Viventes ? Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

BEZARRA NETO, J. M. Escravidão Negra na Amazônia (sécs. Xvii ? xix). Belém:Paka- Tatu, 2001.

BURKE, P. (org.) A escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: Ed. UNESP, 1992.

BRASIL. Direitos humanos no cotidiano. 2ª Ed. Brasília: Ministério da Justiça, UNESCO, Universidade de São Paulo,2001.

BRASIL.: Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CANDAU, V. M. (org) Magistério: construção cotidiana. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Mini Aurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2000.

.FREYRE, G. casa- grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51ª Ed. São Paulo: Global, 2006.

GOMES, L. 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora planeta do Brasil, 2007.

GROSSI, Y. de S.; FERREIRA, A. C. Razão narrativa: significado e memória. Revista da associação brasileira de história oral. São Paulo, n. 4, 38, jun.2001.

KARNAL, L. História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: contexto, 2007.

KNAUSS, P.. Sobre a norma e o óbvio: a sala de aula como lugar de pesquisa. In. NIKITIUK, S. M. L. (org.) Repensando o ensino de História. ? Ed.. ? São Paulo, Cortez, 2007.

LE GOFF, J. Memória; calendário; Monumento/Documento. In: Enciclopédia Einaudi. Lisboa, Imprensa Nacional, vol. 1 Memória-História. 1984.

LÜDKE, M; ANDRÉ, M. Pesquisa em Educação: Abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MEIHY, J. C. S. B. manual de História Oral. São Paulo: Loyola, 1996.

MUNANGA, K. Superando o racismo na escola. Brasília. MEC; 2005.

SALLES, V. O negro no Pará: sob o regime da escravidão. 2ª Ed. Brasília: ministério da cultura; fundação cultural do Pará "Tancredo Neves", 1988.

__________. O negro na formação da sociedade paraense. Textos reunidos. Belém: Paka- Tatu, 2004.

SCHIMIDT, M. A. & CAINELLI, M. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.

KARASCH, MARY C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro. Companhia das Letras,2000.

MATTOSO, KÁTIA M. DE QUEIRÓS. Ser escravo no Brasil. São Paulo: Brasiliense,2003.