Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos através dos quais não somente se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis.

O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem sua história de vida.

O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não de forma efusiva. A relação terapêutica deve ser encarada com um dado de análise da entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou qualquer outro sentimento do cliente. As atitudes deste não devem ser "domadas" ou subjugadas, não se trata de querer triunfar e nem se impor perante o mesmo.  Compete ao entrevistador averiguar como essas atitudes funcionam e como o afetam.

Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiências que são adquiridas através de estágio, supervisão; seminários e/ oficinas. É preciso desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, saber lidar com a própria subjetividade e com a subjetividade do outro (cliente), facilitando assim que seu universo, um tanto livre das "ameaças", se descortine.

A entrevista seja inicial ou dentro do processo é o instrumento através do qual cliente e psicoterapeuta encontram uma linguagem comum, um sentimento comum e uma comum visão do mundo. Ela não visa mudar, transformar o cliente, é, antes, o cliente se auto-revelando, se reconhecendo como pessoa e se orientando no sentido de ser e estar no mundo de uma maneira harmoniosa entre suas aspirações e seu poder pessoal.

O psicoterapeuta precisa adquirir à habilidade da "dissociação instrumental", e ser capaz de adentrar esse universo, sem juízo de valor, sem preconceito, para que assim possa estar com o cliente, conhecer, não temer, se perder e se achar e, finalmente, voltar à realidade do contexto. E de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e considerações, de modo axiomático, considerado que a utopia da neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma concepção de prevalência sobre o cliente, que é mais importante e assim deve ser respeitado.

Nessa investida, é fundamental que o profissional se "conheça", e que faça de rotineiras as reflexões sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de que tenha também flexibilidade em reformulá-los, quando necessário. Muito do trabalho do psicólogo certamente vem em conseqüência do auto "mergulho" que lhe dará a base na qual se apóiam à sua atuação e intervenção com toda transparência.